Ben abriu um intervalo longo em sua agenda para falar sobre suas experiências de pagar por sexo. Envergonhado e levemente nervoso, ele confessa:
– Espero que falar sobre isso possa me ajudar a entender porque faço isso.
O projeto de pesquisa contempla seis países.
Estes homens não fazem parte do óbvio estereótipo. Têm entre 18 e 70 anos, são brancos, negros, asiáticos ou europeus. A maioria tem empregos e foi além do ensino médio. São bem apresentáveis, educados e sociáveis. Muitos são maridos ou têm namoradas – mais da metade deles, inclusive, está em algum relacionamento com uma mulher.
constatou-se que o número de homens que pagam por sexo dobrou em uma década. Se atribue esse crescimento a uma "grande aceitação do contato sexual comercializado", ainda que muitos, para este novo projeto internacional tenham dito o que Ben falou no início desta : uma sensação de intensa culpa e vergonha por procurarem prostitutas.
"Não fiquei satisfeito em minha mente" é como um dos homens descreveu seus sentimentos. Outro disse que ficou "desapontado", mais um comentou que é um "desperdício de dinheiro" e expressões como "ainda me sinto solitário" foram citadas. Na verdade, muitos dos homens demonstraram uma grande contradição. Apesar destas experiências "terríveis", todos continuaram se encontrando com garotas de programa.
12 homens foram entrevistados. Foi uma experiência fascinante. Um contou sobre sua experiência de crueldade e negligência durante a infância e conectou isso com sua inabilidade de ficar íntimo de qualquer pessoa, especialmente mulheres. Alex(nome fictício) admitiu que sexo com prostitutas o faz se sentir "vazio", mas não tem ideia de como poderia fazer para conhecer mulheres da maneira tradicional.
– Minha prostituta ideal é aquela que não age como uma – disse. – Precisa fingir que é minha namorada ou um encontro casual, não uma forma de ganhar a vida ou algo mecânico. Para uma terceira pessoa deve parecer que estamos apaixonados.
Outro entrevistado, era jovem e atraente. Perguntado sobre se ele achava que as garotas de programa com as quais transou haviam curtido o sexo, ele respondeu:
– Não quero que elas sintam nenhum prazer. Estou pagando para ter sexo e é o dever dela dar prazer a mim. Se ela curtisse, inclusive, eu me sentiria traído.
Um outro homem, quando questionado sobre se a prostituição um dia terminaria, respondeu com uma grande gargalhada: "Matem todas as garotas de programa" para que isso aconteça.
Voltando aos resultados da pesquisa: mais de um terço dos homens disse que as prostitutas que conheceram foram traficadas para Londres vindas de outro país. Isso porque suspeitaram do sotaque ou que elas não sabiam se comunicar corretamente na língua do país.
Uma das descobertas é intrigante: alguns entrevistados mencionaram homens que "precisariam" estuprar alguém se não pudessem pagar por sexo. Um deles disse o seguinte:
– Quando você acha que estupraria alguém, você pode compensar e ir numa prostituta. Um homem que precisa de sexo tão desesperadamente poderia sim estuprar alguém.
Quase a metade dos entrevistados que pagaram por sexo no Reino Unido disse que sua primeira experiência com prostitutas ocorreu quando tinham menos de 21 anos.
– Meu pai levou a mim e meu irmão mais velho – disse um dos homens participantes do projeto. – Meu pai pagou por tudo. Talvez ele quisesse apenas ter certeza de que meu irmão e eu não éramos gays. Acho que ele nunca contou isso para minha mãe.
Bob( nome fictício), outro homem entrevistado, compartilha sua teoria:
– Homens que pagam por sexo porque dá a sensação de que podem ter o que quiserem e quem quiserem na hora que desejarem. Muitos homens vão a prostitutas porque aí podem fazer coisas que mulheres reais não topariam.
Ainda que alguns homens tenham dito que as mulheres também curtiram o sexo, muitos outros admitiram que a garota de programa deveria estar se sentido "enjoada", "miserável", "suja" ou ainda "assustada".
Somente 6% dos homens quem conversei foram presos por conta de usarem serviços de prostituição.