Achei apropriado ao local:
Para ir a um puteiro, o único item imprescindível é o dinheiro. Todo o resto, inclusive o tesão, é dispensável. Por outro lado, a lista de itens opcionais que os putanheiros escolhem para levar aos bordéis não tem fim. Como explica Mademoiselle Cleah:
— Eu tinha um cliente com a fantasia de ser tratado como uma empregada doméstica. Quando a gente saía, ele levava uma maletinha com uniforme completo. Tinha vestidinho, avental, pano de chão, espanador... Ele vestia a roupa e depois queria que a gente obrigasse ele a limpar o quarto todo.
Madame Cleah tinha outros clientes que também gostavam de levar seus "extras" para o quarto.
— Tinha o Doutor Pinochi, um empresário rico lá do Norte. Era um velhinho magricelo, seco. Da primeira vez, ele chegou curvado numa bengala, arrastando as perninhas fininhas. Quando ele tirou a roupa, eu tive que segurar para não dar risada. Não subia mais nada lá. E nem precisava, porque ele logo abriu uma maletinha e tirou de lá um consolo preto. Enorme! Comprido e grosso. Eu fiquei assustada e já fui falando: "Você não vai enfiar isso em mim, não". "Não é pra você, não, minha filha", ele disse. "É pra mim." O velhinho ficou de quatro na cama. Amarrei o troço na cintura e fui entuchando no homem.
— E ele agüentou?
— Ih, aquele ali! Entrava até o talo. Depois de um tempo, ele ainda começou a gritar: "isso, Jorjão, força, Jorjão, vai, Jorjão". E eu lá, de Jorjão, indo e vindo... O pior é que ele tinha o intestino frouxo. Quando vi, a cama foi ficando marrom. Fiquei sabendo o que ele tinha comido na janta. Era açaí.
Na falta de um item opcional, é preciso improvisar.
— Tipos como esse Pinochi é o que mais tem. Outro dia apareceu um que era a cara do Fidel Castro. A barba, o jeito. Só faltava o uniforme. Pensei: esse aí vai me fazer suar. Quando fomos para o quarto da boate, não levantava de jeito nenhum. A gente fazia numa posição, fazia em outra, e nada. Eu já entendi o que ele queria, mas fui na manha, porque fiquei com medo dele ficar bravo e me bater. Passei de leve a mão na bunda dele. Tóóóóiiiim, o pau dele levantou. Ah, era isso, mesmo. Vesti a camisinha na mão e fui. Um dedo. Dois dedos. Três. O Fidel Castro queria mais. Perguntei se ele não queria que eu saísse do quarto pra buscar um vibrador lá no bar, e ele: "Acho que vai pegar mal, porque é a primeira vez que eu venho aqui. Você não teria outra coisa?". Acabei enfiando um desodorante de rolo nele. O cara adorou e ainda voltou outras vezes.
Às vezes, as garotas não precisam se esforçar para fornecer ao cliente o adicional desejado. Basta seguir os impulsos da natureza. Era o caso de um cliente especial da Mademoiselle Cleah.
— Ele chegava na casa e começava a pagar champanhe para a gente. Eu ia tomando, tomando... Quando eu levantava e pedia "me dá uma licença", o cara se acendia: "Não, vamos descer". Arrastava a gente para o quarto. Da primeira vez, eu não entendi o que ele queria. O cara lá sem roupa, deitado na cama. Eu, toda apertada, falei: "Dá uma licença, eu vou no banheiro". "Não, não," ele disse, e apontou para a boca aberta: "Faz aqui, faz aqui". E lá fui eu me esvaziar em cima do homem. Estava tão bêbada que não conseguia mirar e ele teve que ficar se contorcendo pra receber o jato na boca.
E a lista de opcinais de Mademoiselle não acaba.
— Tem de tudo, meu filho, tem de tudo. Você acredita que tinha um homem que levava pílula purgante para dar às meninas? Eu saí só uma vez com um desses. Eu tive a diarréia de olho fechado, em cima dele, e depois saí correndo para o banheiro. Não tive coragem de olhar para o cara. Tive vontade de vomitar. Também tinha um que queria ser feito de escravo. Com uma coleirinha, lambia o chão inteiro do motel, e depois bebia a água da privada.
Moral da história.
— E sabe o que é pior? Esses caras, todos, têm namorada ou são casados. Depois de tudo, eles vão para casa e beijam as mulheres deles na boca. Que nojo! E ainda perguntam por que a gente não beija.
O nome de Cleah é fictício, mas suas histórias são todas reais.
Pois é...