O que é o “Caboclo Esnobe”? É aquele brasileiro assalariado, que precisa ralar para sobreviver, tem rendimentos limitados, mas não se conforma com o seu status social mediano, sente a necessidade irrefreável da autoafirmação, pensa que o que sai caro é melhor.
A história do “Caboclo Esnobe” é um diário de melancolia. Ele frequenta bordéis caríssimos, mas só consegue pagar por um ou dois programas dentro do mês, pois se gastar mais do que isso sabe que irá sobrar mês no fim do salário.
O “Caboclo Esnobe” não quer trepar, ele quer atenção, quer a amizade das Putas, isso é o seu prazer. Ele deseja um quarto bem pintado, um ar-condicionado potente, lençóis de cetim, cama de casal king size, um Cafetão simpático para bajular e bundas para olhar.
O sexo? O sexo é secundário para o “Caboclo Esnobe”.
É nesse contexto que surge a principal faceta do “Caboclo Esnobe”, sua perversidade intrínseca, ele tem ojeriza pelo que é barato e odeia a Zona com todas as suas forças. A Zona é a antítese do “Caboclo Esnobe”, é a realidade possível e o “Caboclo Esnobe” só venera a ilusão do luxo.
O “Caboclo Esnobe” é o sujeito que foi meia dúzia de vezes na Zona, mas se considera um grande conhecedor de putaria, um cientista de puteiro.
O “Caboclo Esnobe” ama os números e não é incomum vê-lo se denunciando ao citar que possui uns tantos anos em putaria; se ele pudesse, pediria a algum órgão do governo um atestado que comprovasse o tempo que passou sentado nos bordéis, observando e apalpando nádegas.
Para o “Caboclo Esnobe” não existe mulher gostosa, existe o preço. A mulher pode ser um atentado ao pudor de tão deliciosa, mas se cobrar menos de R$ 200,00 é um lixo. No entanto, se ele avistar uma gorda e souber que pede R$ 300,00 pela trepada, será ela a merecer todo o seu louvor.
Aos olhos do “Caboclo Esnobe” a Terma pode ser velha, caindo aos pedaços, sem chuveiros nos quartos, mas se cobrar R$ 300,00 pelo programa de 40 minutos, irá lhe parecer o próprio Club Med.
O “Caboclo Esnobe” é o retrato de uma boa parte do nosso Brasil, é o preconceituoso ignorante, pois abomina o que mal conhece e se guia pelos rótulos.
O Putanheiro de Fé se orienta pelo bom senso, não nutre preconceitos, mas se apega ao real, vai onde os valores se revertem em trepadas.
O “Caboclo Esnobe” se contenta em contemplar, o Putanheiro de Fé quer é transar.
O “Caboclo Esnobe” diz que a Zona é um lugar legal para beber, não para foder; mas o “Caboclo Esnobe” esquece que passa a maior parte do tempo só bebendo também nos Bordéis que frequenta.
Nós não nutrimos hostilidade contra o “Caboclo Esnobe”, mas ele nos discrimina pelo nosso senso crítico, por aceitarmos comer mulher barata, por nos divertirmos na Zona.
O “Caboclo Esnobe” é um Bovarista, prefere se fingir amigo daqueles que imagina serem milionários; ele mesmo, o Caboclo, se dissimula um ostentador. O “Caboclo Esnobe” não aceita sequer sua condição de caboclo, pensa que é branco, um ariano.
O “Caboclo Esnobe” é o melhor retrato de uma parte medíocre da nossa burguesia: burro, preconceituoso e muito pior do que um pobre de dinheiro, ele é um pobre de espírito.