A obra, de 275 páginas, foi lançada na última Bienal de São Paulo pela Livro Pronto, mas fez tanto sucesso que a editora já prepara a segunda edição. “Só espero que o livro não seja relacionado ou confundido com pornografia. Retrato a realidade nua e crua de mulheres do País todo que vêm parar em Copacabana para vender o corpo. É uma bofetada na análise do homem que frequenta prostíbulos”, analisa Carolina.
O livro, que também pode ser encomendado pelo site www.livropronto.com.br, reúne 69 casos da rotina numa termas com 40 mulheres e idade entre 18 e 26 anos, a maioria oriunda do Nordeste, Minas Gerais e do Rio, que se revezam em dois turnos. “Motivos financeiros e doenças na família são sempre os argumentos usados pelas mulheres na prostituição. Nunca vi nenhuma delas dizendo: ‘Eu sou feliz me prostituindo’”, conta a escritora. No livro, a recepcionista tem ojeriza aos homens que procuram a termas, estrangeiros em sua maioria, que acabam sendo ridicularizados pela dependência por sexo.
A escritora lembra que encontrou a oportunidade do emprego, que rendia R$ 600 apenas por mês, pelos classificados de um jornal: “Como falo espanhol, inglês, francês e italiano, foi fácil conseguir a vaga”. Ao mesmo tempo que seu texto provoca gargalhadas, faz o leitor refletir sobre os sonhos e ilusões das prostitutas, os mesmos de outras mulheres.
Através do texto, percebe-se que as prostitutas, como qualquer outra mulher, querem um príncipe, um homem amigo e gentil. Nas termas, porém, se passam por “falsas cinderelas, enganadas o tempo todo, tanto pela maioria dos clientes, quanto pelos patrões, que só querem levar vantagens”.
Muçulmano arrependido tenta calote
Um dos capítulos mais engraçados do livro é o que se refere a um grupo de muçulmanos que chegou ao estabelecimento anunciando que queria apenas conhecer a casa, sem sexo, como manda o Corão (a Bíblia dos muçulmanos). “O problema é que um deles acabou se rendendo ao velho ditado de que a carne é fraca, se envolveu com uma das garotas e não queria pagar pelo sexo oral. Teve acareação e tudo depois!”, lembra Carolina.
Às gargalhadas, ela não esquece do dia em que um cliente esqueceu pênis de borracha na cabine e de quando um americano “bem apessoado” não estava interessado nas garotas, mas nela. “Tive que ser firme”, recorda-se. Ela não esconde, porém, que chegava a chorar quando ouvia os gritos das prostitutas. “Aquilo não é prazer, é tortura”, crê.
“São excessivamente punidas por qualquer motivo. Se a aparência está descuidada, se deixam de ir ao médico, se não fazem exames”, detalha. Mesmo assim, esse mundo ainda atrai universitárias da Zona Sul, muitas casadas. “É pelo dinheiro. Muitas ganham na semana mais de R$ 5 mil”, calcula.