Título: Sem punição exemplar, casos de racismo se repetem pelo mundo
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Fechar os portões de um estádio por apenas um jogo é punição exemplar para torcedores que são denunciados, de forma recorrente, por agressões racistas, xenófobas e antissemitas — ao menos na visão da Uefa, confederação responsável por regulamentar o futebol no continente.
Em sanção anunciada ontem, a entidade obrigou a equipe russa CSKA Moscou a fazer uma partida com arquibancadas vazias na próxima vez em que disputar uma competição continental. O time foi punido porque torcedores exibiram símbolos e entoaram cânticos nazistas durante a partida contra o Victoria Plzen, da República Tcheca, em 10 de dezembro, pela fase de grupos da Liga dos Campeões.
A confederação europeia afirma tratar a luta contra a discriminação como prioridade, mas, na nova resolução antirracismo da Uefa, publicada em junho do ano passado, não há punição mais pesada do que um jogo sem torcida. A tal política de tolerância zero só funciona de verdade quando o denunciado é um atleta: suspensão mínima de 10 jogos. Quando a injúria racial sai das arquibancadas para atingir o campo, a entidade praticamente lava as mãos.
Um torcedor que tenha sido condenado por comportamentos racistas deve ser banido dos estádios, apregoa a Uefa. A Rússia, no entanto, não tem legislação contra esse tipo de discriminação — no ano passado, 15 pessoas morreram e 163 ficaram feridas no país devido a crimes de ódio racial, segundo dados do Centro de Direitos Humanos Sova.
Além disso, os times locais costumam acobertar seus seguidores. “Sempre procuram alguma razão para desmoralizar o futebol russo. Os ingleses criam uma verdadeira histeria”, minimizou o diretor-geral do CSKA, Roman Babaev, em outubro, quando o time foi denunciado pelos insultos sofridos pelo volante marfinense Yaya Touré, do Manchester City.
Ao menos por enquanto, as arquibancadas vazias do estádio do CSKA — com mais 50 mil euros de multa — representam a maior punição já vista por crimes de injúria racial. Na América do Sul, a esperança de uma sanção exemplar diminuiu ontem, após entrevista do presidente da Conmebol, Eugenio Figueiredo, no congresso técnico da Fifa realizado em Florianópolis.
“Temos de condenar os atos de racismo, mas isso foi feito pela torcida, e não por um jogador dentro de campo. Isso não existe só no mundo do futebol, é uma coisa da sociedade”, comentou Figueiredo, ao ser questionado sobre o julgamento do Real Garcilaso. O time peruano pode até ser excluído da Libertadores por causa das ofensas de sua torcida ao cruzeirense Tinga.
A tendência, no entanto, é que a transgressão passe impune, pela enésima vez.