Homem do Sapato Branco. O putanheiro. O cafajeste. A lenda.

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Homem do Sapato Branco. O putanheiro. O cafajeste. A lenda.

#1 Mensagem por ElPatrio » 04 Jan 2006, 17:08

Esse era o cara. Canastrão, cafajeste, beberrão, boêmio e principalmente um putanheiro assumido. Vai aqui minha homenagem póstuma a esse grande ícone do mundo cão e da putaria. Frequentador de inferninhos centranos e adjacências, Jacinto Figueira Junior o lendário. Fonte de inspiração para a imprensa marrom, azul, verde, branca...Como não poderia deixar de ser morreu na miséria, esquecido e fracassado. Com seu sapato branco e sua cachaça, a lenda se foi.



http://64.233.179.104/search?q=cache:w9 ... o&hl=pt-BR


Como eu assistia este programa... ainda me lembro dele correndo num descampado a noite, só com a iluminação dos equipamentos de filmagem procurando dar um flagrante em um ritual de magia negra onde supostamente se fazia o sacrificio de crianças !!! Este é o homem do Sapato Branco. Numa distante noite dos anos 70 ! Como mudou pouca coisa no Brasil não é Ratinho ?

É das mulheres que o Bon Vivant mais sente saudades. Jet Set das noites de São Paulo das décadas de 60 e 70, Jacintho Figueira Júnior, O Homem Do Sapato Branco, Hoje solteiro e sem filhos lamenta não ter se casado. Quase nada se vê do apresentador de tevê que um dia derrubou do horário Hebe Camargo da Poderosa Rede Record dos tempos da Familia Paulo Machado de Carvalho,herói dos pobres, playboy da zona Central foi o deputado estadual mais votado do Brasil.

Há quinze anos Jacintho vive num apartamento deixado por uma de suas ex-paixões.Delas também ganhou um ¨Pinto de ouro¨ em formato de chaveiro a muito roubado. Hermogina, que ele conheceu há 15 anos numa boate, e o filho dela, Bruno, de 9 anos vivem com ele.

Com apenas 1,3 mil mensais que ele recebe como pensão as dividas se acumulam “Devo R$ 7 mil na praça”, afirma. Com a saúde prejudicada por um derrame, que o deixou sem equilíbrio e paralisou-lhe parte do lado esquerdo do corpo e com a operação de próstata a que se submeteu cinco meses atrás ele reclama ¨Fiquei Broxa¨.

Jacintho começou na vida cantando country. Após estrelar os programas Câmera Indiscreta e Um Fato em Foco, Na Cultura e Na Bandeirantes logo foi para a Globo com o programa que o consagraria: O Homem do Sapato Branco. A última aparição foi no ‘Aqui Agora’, jornalístico do canal de Silvio Santos exibido entre 1991 e 1997. “Eu inventei a palavra mundo-cão”,.“O Ratinho faz exatamente o que eu fazia.” Em dois anos, Jacintho brilhou com seu Sapato Branco. Ele levou ao ar o primeiro transplante de córnea do País, abriu fogo contra os bicheiros e o Esquadrão da Morte.Criador do estilo levado adiante ainda por Márcia e João Kléber, não vê qualidade nesses, que chama de imitadores. ‘Eu boto eles no chão’.



O Nome curiosos nasceu da leitura de Friedrich Nietzsche e Schopenhauer e vendo em vários trechos, os homens que usavam sapato branco. E os homens de sapato branco eram dentistas, médicos, enfermeiros, pessoas que,realmente, desejavam o bem dos outros. Então, nasceui o nome ‘O Homem do Sapato Branco’. Um Putz Marketing !!!

O Programa tinha de tudo. Ele era uma peneira, o que caísse de era colocado no ar.

No final dos anos 60, a rebote do seu inacreditavél IBOPE Jacintho foi eleito deputado estadual pelo então MDB. O político recebia uma média de 150 pessoas por dia em seu gabinete. Eles transformavam os corredores da Assembléia Legislativa num acampamento. Dormiam, se alimentavam e até urinavam ali mesmo. Conta Folclore que um dia o então Presidente da Casa revoltado Chamou-o para uma conversa, Jacintho disse: “Isso aqui não é casa do povo? Então, se querem mijar, deixem eles Mijar Porra !!!”.



Walter Clark [1936-1997]. Em todas as entrevistas que deu e até em livro disse: ‘Quem botou a Globo em primeiro lugar foi o ‘Sapato Branco’. Todo mundo sabe disso, mas segundo Jachinto, ¨Esqueceram, não interessa, porque era um programa popular. Mas a Globo vai acabar caindo nessa de popular outra vez, porque televisão hoje é isso. A Tupi foi a maior do Brasil. Acabou. Aí ficou quem? A Record. Quem acabou com a Record? Eu. Pois ela estava em primeiro lugar, em segundo estava a Tupi, em terceiro estava a Globo. Quando eu cheguei lá [à Globo] eu dava 60 de audiência. Então, eu a coloquei em primeiro lugar. Quando ela ficou em primeiro e não precisavam mais de mim, acabou o contrato. É um ciclo. A TV do Silvio Santos vai passar a Globo. Logo, logo. E ela terá de voltar a ser popular para conseguir sobreviver.¨

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#2 Mensagem por Maestro Alex » 04 Jan 2006, 17:22

bem lembrado Colega ElPatrio...
já assistí muito... quando vinha de férias ao Brasil... minha vovozinha querida era fã do cara... achava ele o máximo... como achava o titio Silvio... mas.. não podemos esquecer de outro grande expoente do mundo cão... o grande e único Nelson Rodrigues...

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#3 Mensagem por ElPatrio » 04 Jan 2006, 17:44

maestroalex escreveu:...não podemos esquecer de outro grande expoente do mundo cão... o grande e único Nelson Rodrigues...
Com certeza... grande Nelson Rodrigues, porem eu acho o Nelson mais classe média do que mundo cão. Nelson retratou em suas brilhantes obras os podres por de baixo do carpete de típicas familias da classe média cariocas e brasileiras. Os confrontos psicológicos e as perversões de quem tem alguma reputação a esconder ou algo a zelar. Nelson Rodrigues foi fantástico, sem dúvida, mas muito classe média para meu gosto.

O Jacinto não tinha nada a esconder, ele era um misto de bop e cafajeste assumindo relações com meretrizes e fazendo do seu estilo de vida seu ganha pão. Jacintho era aquilo mesmo.


O SS não tem nada a ver com o Homem do Sapato Branco, os programas do Homem do Sapato Branco eram populares mas não popularescos. Existia um q de sofisticação ali. Jacintho não oferecia dinheiro aos telespectadores, não armava pegadinhas, não humilhava ninguém frente as cameras, ele mostrava apenas um lado perverso da realidade. A realidade da periferia, do lado marginal da sociedade, do grotesco, das mazelas do ser-humano e do infâme mostrados através de um olhar cinico de quem blefa jogando cartas. Jacintho nos mostrava a medusa através do espelho, esse era o segredo.

Seus sapatos brancos e seu terno eram simbolos do bom e velho malandro, de alguém que fazia questão de aparentar alguma dignidade mesmo andando por ruas e becos imundos entre gente morimbunda.

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Muito bem lembrado!!

#4 Mensagem por MaosDeFada » 04 Jan 2006, 19:50

Bem lembrado, amigo ElPatrio.

Antes do Nelson Rodrigues os textos teatrais eram todos europeus e as falam em nada ilustravam a realidade brasileira.
Nelson criou personagens reais e falas corriqueiras, como convinha (e convém) à contemporaneidade. Sem contar que tornou o teatro mais acessível ao povo brasileiro.
Suas peças são apresentadas e ovacionadas em vários outros países, o que nos orgulha como brasileiros.

O Jacintho foi o criador do jornalismo policial, hoje tão popular na televisão brasileira que ninguém mais lembra de seu surgimento "brega" (povo de memória fraca...)

Saudações,

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Re: Muito bem lembrado!!

#5 Mensagem por ElPatrio » 04 Jan 2006, 20:31

MaosDeFada escreveu:Bem lembrado, amigo ElPatrio.

Antes do Nelson Rodrigues os textos teatrais eram todos europeus e as falam em nada ilustravam a realidade brasileira.
Nelson criou personagens reais e falas corriqueiras, como convinha (e convém) à contemporaneidade. Sem contar que tornou o teatro mais acessível ao povo brasileiro.
Suas peças são apresentadas e ovacionadas em vários outros países, o que nos orgulha como brasileiros.

O Jacintho foi o criador do jornalismo policial, hoje tão popular na televisão brasileira que ninguém mais lembra de seu surgimento "brega" (povo de memória fraca...)

Saudações,
Mãos de Fada ?!

Antes de mais nada seja bem vinda ao mundo encantado de Walt Disney.

Talvez o Brasil seja o único país no mundo onde a TV é encarada com tamanha "seriedade". Alguns programas de TV são taxados de baixaria mas todos assistem. Os jornais e programas de TV jornalisticos classificados como sérios são aqueles que tratam de temas relacionados ao PODER, a politica, economia...Falar ou escrever sobre o cotidiano, a necessidade e os interesses de pessoas comuns sempre foi visto com maus olhos por aqui. Para os orgãos de imprensa "sérios", tratar de temas populares é taboo. No Brasil o termo popular é associado a coisas de má qualidade e reputação. Sendo assim o jornalismo marrom era uma forma de reação contrária a esse tipo de discriminação, uma reação passional, uma forma de esfregar na cara as víceras daquilo que era taxado, de forma pejorativa, de popular. Jacintho fez isso com propriedade, ao contrário de SS com seu oportunismo filho da puta. Daí surgiu o mundo cão aos olhos de todos e a partir de então estava evidente a distinção de classes refletida no mundo televisivo. O NP também fez isso.


Nesse sentido Nelson Rodrigues também foi revolucionário a seu modo. Ele rompeu inclusive com os modernistas e suas teorias de antropofagia, mistura de raças e essas coisas todas. Nelson Rodrigues, sem muita filosofia, abordou temas que tratavam do obscuro por trás do cotidiano da classe média mas antes disso tratou de dissecar a alma humana e seus desvios de comportamento independentemente de mistura de raças, pompa européia ou brasileirismos baratos.

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neuronio
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#6 Mensagem por neuronio » 04 Jan 2006, 20:42


...E pensar que,
quando moleque, eu ainda ostentando um moicano(ano de 1986), o ví dobrando a esquina e entrando naquela ruazinha que contorna o Copan...
Fui atrás dele para conversar, ele bem que ressabiado por minha imagem que na época era incomum, coisa de subversivo declarado e autêntico "ísca de polícia", responder simpáticamente e se esgueirando para se desvencilhar de mim, e decepcionado por não ter a chance de interagir com tal celebridade underground, continuei minha caminhada até o Carbono 14, que ainda me estava longe...

Hoje em dia não se fazem mais personagens assim!
Aliás, personagens não, melhor dizendo, pessoas originalmente desimpedidas de conceitos comportamentais e padrões pré estabelecidos por normas do "Stablishment" e dedicados ao decifrar do submundo contemporâneo, apoiado por nossos inconscientes coletivos inconfessáveis, protegidos pelo manto da madrugada...
Estava falando com minha mãe por telefone na noite do Reveillon e do nada surgiu um comentário por parte dela que aurtomáticamente adotei em minha linha de raciocínio:
_ "Caso o AI-5 fosse instaurado hoje,
não haveriam mais porões e nem mesmo exilados/torturados políticos..."

O engajamento político libertário, a militãncia em nome de uma causa já é algo jurássico, hoje em dia, ninguém mais é solidário nem tampouco comprometido com mais nada, isso por culpa da mídia imbecilizante e também da despolitização que desde a Globo até mesmo outros segmentos da sociedade contribuem para nosso dispersar, e quando cito estes últimos, cutuco desde o Sertanojo, o Sambanejo, as bandinhas de Rock EMO altamente comerciais, o "Tuf-Tuf-Tuf" insandecido das Raves, a Internet, desembocando até mesmo no que fazemos aquí diáriamente, pois enquanto estamos trocando $$$ por sexo para cobrir carências, volúpia etc, o sistema nos mantém ocupadíssimos no bundalêlê para que os bastidores desenvolvam suas variadas formas de manipulações...
Cada vêz que passo frente a um bingo, vejo quantos umbigos declaram alarmantemente de forma silenciosa o descomprometimento com o que está aí a minha volta... Para que depois, eu é que seja enxergado como uma espécie de vírus social, "Persona Non Grata"!
O GPGuia me reafirmou ainda mais o respeito e admiração pelas minorias e o ódio por determinadas classes, admiro hoje a coragem que travestís tem de ancarar a sociedade, as GP's que desesperadas por suas contas a vencer encaram o preconceito de quem nunca bateu em suas portas para oferecerem nada, os atravessadores do velho trotoar...
Como diria o já citado Nelson Rodrigues, "O brasileiro só é solidário na......."

E mesmo sob uma ditadura,
o Velho Jacinto Mello Aquino Rego Figueira Júnior expunha tal ferida tal qual o velho anarquista Abelardo Barbosa o fazia com sua buzina...

A cena que mais marcou minha memória foi quando num programa do velho "WhiteShoes", um travestí se dispunha a doar seu pênis para um operário que havia perdido o seu membro num acidente de trabalho, e como era autônomo, estava jogado as moscas...

Por isso, eu pergunto:

QUEM ROUBOU NOSSA CORAGEM?
Hunf!!!

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#7 Mensagem por Cadelão » 04 Jan 2006, 21:00

Bem lembrado realmente o cara era um icone na TV.......mas hoje na TV seu estilo nao faria sucesso.

Sobre Programas Populares eles tem audiencia mas nao patrocinio.....pois os patrocinadores acreditam quem ve programas populares sao da Classe C e D e nao interessa a grandes anunciantes.



So tem uma coisa quem responder a este topico com certeza tem mais de 40 anos :lol: :lol:

Somos do tempo que Domingo era Macarronda e Silvio Santos

fui.............

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neuronio
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#8 Mensagem por neuronio » 04 Jan 2006, 21:15

virgenzinha23 escreveu: So tem uma coisa quem responder a este topico com certeza tem mais de 40 anos :lol: :lol:

Somos do tempo que Domingo era Macarronda e Silvio Santos

fui.............
...Um ex-Punk de quarenta anos que já era moleque quando o Fantástico fêz alarme na Globo por causa do Movimento Punk, e que ainda hoje sai na mão com seguranças do Órion e vai em cana a cada semestre...

Mas se vc olhar na minha cara, achará que não tenho mais de trinta!
Quantos anos vc dá p/ mim? 8)

Hunf!!!
:lol: :D

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#9 Mensagem por MaosDeFada » 04 Jan 2006, 21:44

ElPatrio

Obrigada pelas boas-vindas!
É sempre um privilégio desfrutar de companhias cultas.

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S1
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#10 Mensagem por S1 » 05 Jan 2006, 00:02

Alguém disse que a avó era fã dele?! Que sacanagem...EU assistia também, mas pô não sou tão velho assim...

Esse cara eu também vi muito pelo lados da Nestor Pestana, Ipiranga, Praça Roosevelt, centro da cidade. Aliás, outras figuraças como Plínio Marcos, sempre ali no Cultura Artística, o Raul Seixas na Praça da República e na Frei Caneca...

Mas este Homem do Sapato Branco foi marcante. Ele andava mesmo de sapato branco, às vezes um terno branco e camisa vermelha, bem excêntrico.

Naquela época ele já era velho para mim e uma lenda viva. Acho que ele viveu bastante seus bons momentos, independentemente do lado financeiro. Mas tanta gente com grana e uma vida medíocre, sem deixar uma história como este cara deixou...

Assisti muitos programas em um dos retornos dele. Bem underground e exótico. A impressão que me dava é que ele era na vida real o que aparecia na tv, ao contrário dos caras de hoje, metido a estrelas.

Bem lembrado, El Patrio, de certa forma, esse cara tem muito a ver com a gente...

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Che
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O Homem do Sapato Branco

#11 Mensagem por Che » 05 Jan 2006, 11:31

ElPatrio, e aí, beleza?
Cara, é muito legal a sua homenagem!!
Eu me recordo com satisfação que citei o truta, há quase 2 anos, na primeira crônica do GPGuia:

"São Paulo, 2004, 450 anos

“Feliz aniversário
Envelheço na cidade” (Ira!)

A minha vida se insere no contexto da cidade, para o bem e para o mal, alimentando meu amor e meu ódio, como a de muitos paulistanos, migrantes e imigrantes que fizeram e fazem da cidade o seu lar ou a responsável pela exclusão.

“Têm dias que eu digo não, inverno no meu coração
Meu mundo está em tuas mãos
Frio e garoa na escuridão
Sem São Paulo
O meu dono é a solidão” (365)

Eu me recordo com nostalgia que, quando garoto, relia os jornais lidos pelo meu pai, os quais me fizeram descobrir a masturbação, alimentando o desejo ardente de conhecer aqueles antros da perdição, entre eles os sobreviventes Áurea e Los Angeles, diariamente expostos nas páginas do falecido Notícias Populares (lembram-se dele?) que, além do submundo erótico, retratava fielmente o mundo-cão em tons de preto e branco, através das colunas fantásticas do Gil Gomes e do Jacinto Figueira Júnior (lembram-se dele?), o popular “O Homem do Sapato Branco”, ícone da malandragem, cafonice e canalhice paulistana, e precursor dos programas de tv toscos com barracos diante das telas promovidos para e pelo povão.

Eu apreciava ver as mulheres da Rua Formosa e da região da Avenida São João, perto do antigo Mappin, fazendo trottoir, achava incrível o Centrão mudar de aparência após as 6 da tarde, quando engravatados e trabalhadores comuns davam lugar a prostitutas, proxenetas, bichas, malandros e correlatos, como se estivessem trancafiados nos subterrâneos, nas vielas, nos esgotos, aguardando o sol se pôr, enfim, no horizonte. Mix de luxúria e decadência. Boca-do-Lixo.

Eu consumia churrasco grego [de carne de terceira] e aquele suquinho ralo como combustível para me dar forças nas minhas andanças e descobertas por Sampa.

Eu conheci o Plínio Marcos, já falecido, de quem tenho livro autografado, na feira de artesanato da Praça da República.

Eu me acabava nos fliperamas, naquelas máquinas da Taito (lembram-se delas?), e nas primeiras sessões de cinema pornô e do Bruce Lee vistas com avidez e olhos de adolescente.

Eu me lembro da única vez em que fui roubado, foi na Praça Ramos de Azevedo, quando dois malacos me deram uma gravata na goela para levar um relógio de pulso, imitação de Rolex.

Eu freqüentava a Galeria do Rock, berço do meu gosto pelo punk rock, Ira!, 365, Violeta de Outono, Golpe de Estado, Inocentes, Hojerizah e Cólera.

São Paulo, no final das contas, é isso para mim: a mistura do caos; dos sons, cores e néons; das lembranças vazias, rotas e esfarrapadas; das histórias toscas, insólitas e hilariantes; das desesperanças; da “deselegância discreta de suas meninas”, e do sexo como um fim, não como um meio, muitas vezes pago, às vezes casual. Ah, lógico, e berço do único e último campeão mundial interclubes de futebol do mundo!

“Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João” (Caetano Veloso)"

Um abraço do Che!

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Hiro
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#12 Mensagem por Hiro » 05 Jan 2006, 12:23

El Pátrio, parabéns pelo tópico, você e o Neurônio são os grandes cronistas e historiadores da boêmia para o GPguia...

O brasileiro além de ter memória curta, não dá valor para figuras épicas como o Homem do Sapato Branco, mas agora....alguma figura vai se lembrar e o JFJ vai virar.....nome de rua!!! ....bem...pelo menos que seja uma que tenha motel....drive-in...privê...ou qualquer casa do gênero...

Não sei por quê???? me vem agora na memória a figura também da grande Dercy Gonçalves....ainda vivíssima e mostrando os seios....de vez em quando ela aparece na TV....e diverte a gente mais que o apresentador .....

São de estórias, lendas, contos, causos....que a noite é apaixonante, pois entre um copo e outro, uma música e outra, um td e outro, uma casa e outra, é de lembrarmos de figuras como o Jacintho Figueira Júnior que tornam a vida noturna romântica/trágica/cômica e atrativa prá todos nós.

Hiro

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Re: O Homem do Sapato Branco

#13 Mensagem por ElPatrio » 05 Jan 2006, 16:31

Che escreveu:ElPatrio, e aí, beleza?
Cara, é muito legal a sua homenagem!!
Eu me recordo com satisfação que citei o truta, há quase 2 anos, na primeira crônica do GPGuia:

"São Paulo, 2004, 450 anos

“Feliz aniversário
Envelheço na cidade” (Ira!)

A minha vida se insere no contexto da cidade, para o bem e para o mal, alimentando meu amor e meu ódio, como a de muitos paulistanos, migrantes e imigrantes que fizeram e fazem da cidade o seu lar ou a responsável pela exclusão.

“Têm dias que eu digo não, inverno no meu coração
Meu mundo está em tuas mãos
Frio e garoa na escuridão
Sem São Paulo
O meu dono é a solidão” (365)

Eu me recordo com nostalgia que, quando garoto, relia os jornais lidos pelo meu pai, os quais me fizeram descobrir a masturbação, alimentando o desejo ardente de conhecer aqueles antros da perdição, entre eles os sobreviventes Áurea e Los Angeles, diariamente expostos nas páginas do falecido Notícias Populares (lembram-se dele?) que, além do submundo erótico, retratava fielmente o mundo-cão em tons de preto e branco, através das colunas fantásticas do Gil Gomes e do Jacinto Figueira Júnior (lembram-se dele?), o popular “O Homem do Sapato Branco”, ícone da malandragem, cafonice e canalhice paulistana, e precursor dos programas de tv toscos com barracos diante das telas promovidos para e pelo povão.

Eu apreciava ver as mulheres da Rua Formosa e da região da Avenida São João, perto do antigo Mappin, fazendo trottoir, achava incrível o Centrão mudar de aparência após as 6 da tarde, quando engravatados e trabalhadores comuns davam lugar a prostitutas, proxenetas, bichas, malandros e correlatos, como se estivessem trancafiados nos subterrâneos, nas vielas, nos esgotos, aguardando o sol se pôr, enfim, no horizonte. Mix de luxúria e decadência. Boca-do-Lixo.

Eu consumia churrasco grego [de carne de terceira] e aquele suquinho ralo como combustível para me dar forças nas minhas andanças e descobertas por Sampa.

Eu conheci o Plínio Marcos, já falecido, de quem tenho livro autografado, na feira de artesanato da Praça da República.

Eu me acabava nos fliperamas, naquelas máquinas da Taito (lembram-se delas?), e nas primeiras sessões de cinema pornô e do Bruce Lee vistas com avidez e olhos de adolescente.

Eu me lembro da única vez em que fui roubado, foi na Praça Ramos de Azevedo, quando dois malacos me deram uma gravata na goela para levar um relógio de pulso, imitação de Rolex.

Eu freqüentava a Galeria do Rock, berço do meu gosto pelo punk rock, Ira!, 365, Violeta de Outono, Golpe de Estado, Inocentes, Hojerizah e Cólera.

São Paulo, no final das contas, é isso para mim: a mistura do caos; dos sons, cores e néons; das lembranças vazias, rotas e esfarrapadas; das histórias toscas, insólitas e hilariantes; das desesperanças; da “deselegância discreta de suas meninas”, e do sexo como um fim, não como um meio, muitas vezes pago, às vezes casual. Ah, lógico, e berço do único e último campeão mundial interclubes de futebol do mundo!

“Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João” (Caetano Veloso)"

Um abraço do Che!

Che, só pelo seu post já valeu este tópico,vc que anda tão sumido, como era bom ler oq vc escrevia. Vc é outra lenda! Volte meu camarada, volte.

Grato Hiro e OSK700, acho que o Jacintho meio que simboliza os velhos e bons tempos do gpguia. Lembro de uma enquete que abri logo quando cheguei ao fórum perguntando quem era o cara que simbolizava o espirito do fórum e uns dos mais votados foi o Homem do Sapato Branco então nada mais justo que homenageá-lo.


E Mãos de Fada...culto?? Acho que vc quis dizer curto, não é? :wink:

De qualquer forma valeu pelo comentário.

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#14 Mensagem por S1 » 05 Jan 2006, 22:52

Queria muito ler uma biografia destas figuras todas que os amigos estão lembrando. Li o "Anjo Pornográfico" mas achei muito "light", o escritor é ótimo mas cool demais...faltava algo mais cortante, explícito, underground mesmo.
A vida do JFJ daria um belo livro com direito a filme...

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#15 Mensagem por Zooboo » 01 Set 2006, 09:01

neuronio escreveu:
virgenzinha23 escreveu: So tem uma coisa quem responder a este topico com certeza tem mais de 40 anos :lol: :lol:

Somos do tempo que Domingo era Macarronda e Silvio Santos

fui.............
...Um ex-Punk de quarenta anos que já era moleque quando o Fantástico fêz alarme na Globo por causa do Movimento Punk, e que ainda hoje sai na mão com seguranças do Órion e vai em cana a cada semestre...

Mas se vc olhar na minha cara, achará que não tenho mais de trinta!
Quantos anos vc dá p/ mim? 8)

Hunf!!!
:lol: :D
Eu estou batendo na trave dos 40 anos, para menos !!! :D

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