Literatura – HQ´s - História – Filosofia –

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#121 Mensagem por Maestro Alex » 12 Abr 2006, 22:11

mais um devasso...

Pietro Aretino

(1492 - 1556)

Poeta e jornalista italiano nascido em Arezzo, famoso por seus versos mordazes e até pornográficos, destinados a escandalizar seus concidadãos. De família humilde, não teve formação clássica e viveu principalmente em Veneza, cidade onde se tornou amigo de reis e papas e, no outro extremo, protetor de vagabundos e indigentes, e também onde morreu. Conta-se que enriqueceu chantageando poderosos, que temiam a agressividade de seus escritos, porém fez questão de permanecer plebeu, avesso a todos os mitos morais que sustentavam as concepções literárias da época. Famoso por suas violentas críticas aos grandes da época, aos artistas e aos religiosos, granjeou inimigos que chegaram a ameaçá-lo de morte, também ficou conhecido por seus escritos pornográficos, sobretudo em obras como I ragionamenti (1534-1536), Os Capitoli (1540), e Sonetti lussuriosi (1525). Também destacou-se como jornalista, onde publicou críticas mordentes e às vezes caluniosas no Pasquino, em Roma, e em Delle Lettere (1538-1557) e na literatura, onde, utilizando uma linguagem popular, como na tragédia Orazia (1546), e faleceu em Veneza.

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#122 Mensagem por Maestro Alex » 12 Abr 2006, 22:13

Sexo e Literatura


Manon Lescaut, As onze mil varas e Madame Bovary

A França, seguindo a sua tradição literária, desenvolveu obras-primas da novela erótica, como, por exemplo, Manon Lescaut, do Abade Prévost, no século XVIII, e As Onze mil Varas, de Guillaume Apollinaire, no século XIX, entre centenas de outros títulos.

Esses autores assinavam suas obras com pseudônimo, para fugirem da censura da época. As meras passagens eróticas, que hoje nos pareceriam ingênuas diatribes de adolescentes, naquele tempo causavam furor público e processos, como por exemplo o que enfrentou Gustave Flaubert com a publicação de Madame Bovary, também no século XIX.

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#123 Mensagem por Maestro Alex » 12 Abr 2006, 22:59

Bertolt Brecht

Hábitos de amar

Não é exacto que o prazer só perdura.
Muita vez vivido, cresce ainda mais.
Repetir as mil versões prévias, iguais
É aquilo que a nossa atracção segura:

O frémito do teu traseiro há muito
A pedi-las! Oh, a tua carne é ardil!
E a segunda é, que traz venturas mil,
Que a tua voz presa exija o desfruto!

Esse abrir de joelhos! Esse deixar-se coitar!
E o tremer, que à minha carne sinal solta
Que saciada a ânsia, logo te volta!
Esse serpear lasso! As mãos a buscar-
-Me. Tua a sorrir!
Ai, vezes que se faça:
Não fossem já tantas, não tinha tanta graça!


(Tradução de Aires Graça)

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#124 Mensagem por Maestro Alex » 18 Abr 2006, 17:40

Um conto erótico de uma escritora brasileira...

Joyce Cavalccante

Fantasia assinada

Tínhamos, não sei por que nem quando, combinado que ele ia fazer meu retrato, mas nunca dava tempo e nenhum dos dois se organizava pra conseguir uma brecha na agenda. Um dia era ele que esperava a visita de um galerista importante, outro era eu que não acreditava em duendes e tinha que trabalhar. Enquanto isso, rodando como um fundo musical, uma euforia que ainda não era concretamente um tesão; mais parecida era com a excitação pela idéia de fazer o que jamais havia feito: posar para um pintor.

Nada que justificasse tanto alvoroço. Ninguém tinha combinado que eu deveria me despir para posar. Mas, lá no íntimo, já eu partia desse pressuposto. Querendo. Imaginando muito mais. Temendo.

Até quando nos encontramos numa festa. Ele veio conversar e baixinho, rouco, como se conspirando, perguntou quando eu poderia ir vê-lo em seu atelier. Olhei para os lados pra me certificar se meu namorado não estava nas proximidades e marquei dia e hora. Selamos o acordo.

Sem nada assumir, escolhi calcinhas de cetim verde escuro quase preto, combinando com um sutiã rendado. Meias novas e um figurino irretocável, sugerindo pecado. Banho, ao começar a me aprontar, perfume gostoso espalhado pelo corpo inteiro, inclusive entre os dedos dos pés. Surpresa me critiquei: Ainda não conseguiram pintar a imagem dos cheiros.

Consumindo-me em fantasias, depois de tanta preparação, ali estávamos um em frente ao outro. Ele, de macacão salpicado de tinta de todas as cores e ocasiões, mas o rosto barbeado e, se não me engano, exalava um leve cheiro de madeira perfumada como os perfumes da moda.
Foi me explicando como fazia suas próprias tintas, como com elas invadia as telas. Segurou-me com carinho pelo queixo, a luz do sol examinou meu rosto e minha mão, para decidir qual matiz seria o mais apropriado. Pôs-se a trabalhar, enquanto eu, caladinha, sentada no único divã de veludo cor de maravilha, alisava o tecido, observando. Mais tarde veio conferir a tonalidade que encontrara para minha cor: entre cambraia e pêssego, comentou, quase inaudível. Em seguida, parecia que eu já não estava mais ali. Concentrava-se para esboçar-me.

Pincelava na tela meu rosto que não se parecia comigo de início para depois começar a parecer-se. Vinha e apalpava meus olhos com os polegares. Voltava ao cavalete. Olhava-me. Olhava a tela à distância. Examinava-me longa e lentamente; gesto sempre despudorado. Aproximava-se e me acariciava o nariz, medindo-o. Voltava a seu posto. Trocou de pincel, pegando agora um bem mais delicado. Desceu aos lábios de forma aplicada. Voltou a manipular as tintas numa paleta que trouxe para perto, e me explicou que estava inventando uma cor para meus lábios, descrevendo-os com gulosa luxúria. Experimentando a cor, passou o tímido pincel pelos contornos de minha boca, ato demorado, cuidadoso, ilícito; me deixando arrepiada, me obrigando a suspirar alto, quase me traindo. E para que ele não adivinhasse o estado de mi¬nhas calcinhas, fechei os olhos e o deixei servir-se, modular-me. Voltou à tela e depois de me pincelar à vontade, foi até a janela e decidiu que o sol já não mais o satisfazia. Continuaríamos no dia seguinte. Eu estava tonta. Rubra. Afogueada. Ele notou e indagou com cinismo se no dia seguinte eu conseguiria ficar como agora. Ria pelo cantinho da boca quando o deixei, respondendo: talvez.

Ao chegar o tal dia seguinte, ele tinha se adiantado e já desenhado meu pescoço. Contou-me que passou a noite inteira a fazer isso, me imaginando. Dizendo assim passava os dedos pelas minhas linhas, na tela, mais uma vez me arrepiando cá, me umedecendo lá.

Chegando perto ainda mais ousado, deslizou o olhar por mim inteira, descendo pela curva dos seios por entre o decote, adivinhando-os em tamanho e formato, desenhando-os demoradamente. Acariciava um depois o outro com o pincel. A partir daí me olhava com o rabo de um só olho, enquanto com a cabeça do polegar esfumava sombras em meus mamilos, que em mim se iam encolhendo, ficando durinhos. E ele a me fitar como se estivesse percebendo o arco-íris por baixo de minha blusa.

Acho que está ficando seca. Vou molhá-la mais. Estava se referindo à tinta. Deu lambidinhas nas linhas do pescoço, descendo até um dos meus peitos em figura, enquanto passava os dedos pelo outro, com ternura.

O corpo dele se avolumava também me querendo, fazendo de seu macacão uma tenda armada, assim como o meu o queria, regando-se. Mas graças à diferença eu estava absolutamente confiante que ele não sabia do que acontecia em mim, pois meu corpo não se denunciava como o dele, assim. Maliciosa, ria do que nele se passava, e ele não podia se rir igualmente de mim por ser masculino, expressionista.

Foram muitas essas sessões entre tardes ensolaradas ou escuras. De todas elas eu saía excitada, sentindo um não sei o quê, que vinha não sei de onde, e doía não sei por quê. Era tudo feito muito vagarosamente, prolongando os momentos. Fatalmente chegou o dia em que ele, já depois de ter me definido o umbigo e me acariciado o ventre com seus instrumentos, revelou minhas coxas e o que está entre elas, meu sexo, feixe das emoções mais fortes dessa vida. Me fez de pêlos louros e ralos, como sou. Me fez de pernas largas e abertas esperando sua visita, como estava. E para se certificar de que seria bem-vindo, acrescentou ao quadro duas gotinhas soltas descendo pela minha virilha esquerda, sugerindo já saber dos líquidos que de mim se geravam, mistérios da alma indiscreta que denuncia o querer feminino, cheio de ambivalências impressionistas.

Querendo comparar criação e criatura, quando o retrato ficou pronto, me pediu agora, finalmente, para tirar a roupa toda. Precisava ver-me. Eu precisava dele.

Nua, me conduziu pelos ombros, colocando-me ao lado da obra, na mesma posição da imagem. Como outras vezes já tinha feito, tomou distância para avaliar o resultado. Enquanto olhava para nós também se desnudava. Seu pincel, seu sexo já se preparavam para o ato final. Foi só quando veio a completar esse seu trabalho, satisfazendo-lhe o último detalhe, imprimindo em meu dentro sua assinatura e no canto inferior direito do quadro, seu orgasmo.

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DragonballZ
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#125 Mensagem por DragonballZ » 19 Abr 2006, 10:46

Para os feriados futuros, uma dica de leitura.

Romance nipônico: MUSASHI vol.1 e vol.2

Autor: EIJI YOSHIKAWA

LI E RECOMENDO!
::ok::

Sinopse:

Este romance épico baseado diretamente na história japonesa narra um período da vida do mais famoso samurai do Japão, que viveu presumivelmente entre 1584 e 1645. O início é antológico, com Musashi recuperando os sentidos em meio a pilhas de cadáveres do lado dos vencidos na famosa batalha de Sekigahara. Perambula a seguir em meio a um Japão em crise onde samurais condenados ao desemprego e à miséria por senhores feudais derrotados semeiam a vilania ditando a lei do mais forte. Musashi será mais um dentre estes inúmeros pequenos tiranos, derrotando impiedosamente quem encontra pela frente até que um monge armado apenas de sua malícia e alguns preceitos filosóficos zen-budistas consegue capturá-lo e pô-lo rudemente à prova. Musashi consegue fugir graças a uma jovem admiradora, para ser novamente capturado, e agora fica três anos confinado numa masmorra onde uma longa penitência toda feita de leituras e reflexões o fará ver um novo sentido para a vida assim como novos usos para sua força e habilidade descomunais. Os caminhos rumo à plenitude do ser jamais são fáceis, e em seus anos de peregrinação em busca da perfeição tanto espiritual quanto guerreira enfrentará os mais diversos adversários, tendo inclusive que sair-se várias vezes de situações desesperadoras. É numa dessas situações que, totalmente acuado, usará pela primeira vez, em meio ao calor da luta e quase inconscientemente de início, a surpreendente técnica das duas espadas, o estilo Niten ichi, que o tornaria famoso pelo resto dos tempos.
Eiji Yoshikawa dividiu sua obra em sete livros: A Terra, A Água, O Fogo, O Vento, O Céu, As Duas Forças e A Harmonia Final. Destes, os cinco primeiros são uma referência ao gorin, os cinco elementos básicos de que se compõe, segundo o Budismo, toda e qualquer matéria, ou ainda os ciclos por que passa o espírito humano para alcançar a perfeição, começando pela terra impura até atingir o estágio mais alto, o céu, ou segundo a concepção budista, a paz do nada, o nirvana.
Yoshikawa compõe portanto ao longo dessa longa obra uma magistral metáfora dos duros estágios por que tem de passar um guerreiro para alcançar a perfeição técnica que lhe permite lutar com uma espada em cada mão. De garoto selvagem e sanguinário, Musashi transforma-se aos poucos em guerreiro equilibrado, um espírito evoluído capaz de entender e amar tanto a esgrima quanto as artes, tornando-se assim o maior e mais sábio dos samurais.

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#126 Mensagem por Maestro Alex » 20 Abr 2006, 16:30

Um pouco de Bocage

SONETO ANAL

"Ora deixe-me, então... faz-se criança?
Olhe que eu grito, pela mãe chamando!"
Pois grite (então lhe digo, amarrotando
Saiote, que em baixá-lo irada cansa):

Na quente luta lhe desgrenho a trança
A anágua lhe levanto, e fumegando,
As estreitadas bimbas separando
Lhe arrimo o caralhão, que não se amansa:

Tanto a ser gíria, não gritava a bela:
Que a cada grito se escorvava a porra,
Fazendo-lhe do cu saltante pela!

— Há de pagar-me as mangações de borra,
Basta de cono, ponha o sesso à vela,
Que nele ir quero visitar Gomorra.

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#127 Mensagem por Maestro Alex » 28 Abr 2006, 10:32

momento cultural:

Você Sabia...

Napoleão Bonaparte durante suas batalhas, sempre usava uma camisa de cor vermelha.
Para ele era importante, porque se fosse ferido, com sua camisa vermelha não se notaria o
sangue,de algum ferimento, e seus soldados não se preocupariam, e também não
deixariam de lutar. Toda uma prova de honra e valor.
Duzentos anos mais tarde, Lula usa sempre calça marrom.

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#128 Mensagem por Maestro Alex » 28 Abr 2006, 17:41

voltando ao tema os artistas clássicos putanheiros...

GUY DE MAUPASSANT (1850-1893)



Um dos maiores contistas de todos os tempos, Guy de Maupassant teve uma infância e uma juventude aparentemente felizes no campo francês, em companhia da mãe, uma mulher culta, depressiva, que fora abandonada por um marido infiel. Na década de 1870, ele dirigiu-se a Paris, onde se notabilizou como contista e travou relações com os grandes escritores realistas e naturalistas da época: Zola, Flaubert e o russo Turgueniev.
Entre 1875 e 1885, produziu a maior parte de seus romances e contos. Escreveu pelo menos 300 histórias curtas, das quais algumas tornaram-se universalmente conhecidas, como Bola de sebo, O colar, Uma aventura parisiense, Mademoiselle Fifi, Miss Harriett, entre outras. De forma muito rápida, conquistou o coração do público francês e o de outros países. Talvez tenha sido, nos últimos anos do século XIX, o escritor mais lido no mundo.

A riqueza e a fama bateram à sua porta, e ele teve uma profusão de casos amorosos. No entanto, a partir de 1884 a sífilis manifestou-se em seu organismo, ocasionando-lhe uma doença nervosa feita de angústias inexplicáveis, de estremecimentos e de alucinações. Algumas dessas sensações estranhas e opressivas foram registradas em contos tão célebres quanto assustadores, como O Horla e É ele. Em 1882, após terríveis sofrimentos, tentou o suicídio. Hospitalizado, veio a morrer no ano seguinte, em estado de semidemência, com apenas 43 anos de idade.

O primeiro aspecto que chama atenção na obra de Maupassant é a sua variedade temática. Poucos escritores conseguem dar esta impressão de registro de totalidade da existência, de criação de um universo fecundo, múltiplo e quase inesgotável. Escreve sobre Paris, então capital do Ocidente, enfocando várias classes: burgueses, operários, prostitutas, boêmios, intelectuais, funcionários. Escreve também sobre a vida rural, fixando a avareza, a selvageria e a capacidade de resistência dos camponeses. Algumas de suas obras-primas referem-se à Guerra Franco-Prussiana, de 1870. No fim da vida, atormentado por pesadelos, cria histórias cheias de personagens paranóicas.

Há contos para todos os gostos: dos cômicos aos dramáticos, dos pitorescos aos trágicos. Alguns mostram a dor da passagem do tempo; outros, a alegria do presente. Há os que celebram o amor ideal e há os que cantam a brevidade do amor erótico. Muitos registram o cotidiano, alguns enveredam pelo caminho da assombração. Como um pintor impressionista, Maupassant pinta as luzes de Paris: as que reverberam no Sena, as que cintilam nos parques e as que brilham à noite nos boulevards. Luzes que envolvem as personagens nos dramas essenciais da condição humana: a paixão, o prazer, a solidão, o tédio, a morte. É o cronista da vida européia do fim dos Oitocentos, mas também um escritor de dimensão universal.

Quanto à estrutura do gênero, Maupassant fundamenta e dá prestígio a um tipo de narrativa breve, hoje chamada de conto tradicional ou conto anedótico. Caracteriza-se por uma reviravolta surpreendente, quase sempre no desfecho da história. Ou seja, o final do relato deve apresentar algo de inesperado e de impactante ao leitor. Para que esse efeito de surpresa se realize, o contista francês confere a seus textos um teor objetivo mediante a máxima economia de detalhes, da linguagem seca e direta e do diálogo coloquial. Além disso, entre suas virtudes principais situa-se a capacidade de, em poucos traços, definir caracteres e revelar a classe social dos protagonistas.

Há quem julgue Maupassant um artista de superfície, por tentar reproduzir apenas a realidade exterior, sem maior aprofundamento psicológico. Alguns de seus contos, de fato, são crônicas de época; outros, meras anedotas. Contudo, como observou um crítico, “o escritor é profundo na aparente superficialidade porque reconhece o vazio da vida de suas personagens, que buscam o prazer, mas que encontram apenas a destruição fatal”.

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#129 Mensagem por Maestro Alex » 03 Mai 2006, 17:35

Mais um escritor clássico que utilizou a obscenidade e a escatologia:

Aristófanes

(Atenas, 450 a. C.? - 385? a. C.)


Comediógrafo grego. É considerado o mais brilhante autor de comédias da literatura grega.

São poucos os dados que temos da sua vida. Da sua obra depreende-se que é homem de grande cultura literária e artística e que menospreza a ignorância e a rudeza. Intervém nas lutas e polémicas de Atenas a favor do partido aristocrático, serve-se do teatro como campo de batalha. Conservador nos seus gostos e na sua atitude política, Aristófanes transporta para o teatro as questões sociais, políticas, artísticas e religiosas da Atenas da sua época, critica com dureza e humor satírico as novidades que considera demagógicas e inoportunas. Dirige a sua enorme capacidade satírica contra os renovadores do pensamento, como Sócrates, e contra todos os inovadores do teatro, como Eurípides, que ataca pelas suas ideias democráticas. No decurso da guerra do Peloponeso, Esparta derrota Atenas. Esta situação favorece o partido aristocrático, que se instala no poder, mas a liberdade de expressão desaparece, o que modifica a atitude de Aristófanes como escritor dado que o impede que trate em cena temas políticos da actualidade. Este facto histórico determina a divisão das suas obras em dois grandes grupos: as escritas antes e depois do referido facto. Goza da estima do público e ganha em diversas ocasiões o concurso anual de teatro, mas nem sempre as suas obras têm êxito. Chegam até aos nossos dias onze comédias inteiras, além de um milhar de fragmentos.

Da primeira época são Acarnenses, na qual manifesta a sua atitude antibélica; Cavaleiros, ataque contra o demagogo Cléon, que o Salsicheiro, demagogo mais hábil do que ele, e os cavaleiros da aristocracia derrotam; Nuvens, sátira das novas filosofia e pedagogia, em que ataca Sócrates e os sofistas; Vespas, sobre a paixão que os Atenienses mostram pelos processos judiciais; Paz, obra antibelicista; As Aves, em que descreve o fantástico reino dos pássaros, que dois atenienses dirigem e que, na forma como agem, conseguem suplantar os deuses; Lisístrata, obra especialmente alegre, em que as mulheres de Atenas, dado que os seus maridos não acabam com a guerra, resolvem que, entretanto, não há qualquer actividade sexual; Mulheres Que Celebram as Tesmofórias, paródia das obras de Eurípides; e Rãs, novo ataque contra Eurípides.

Da sua segunda época são Assembleia das Mulheres (em que Aristófanes satiriza um Estado imaginário administrado pelas mulheres, no qual tudo é de todos e as velhas têm prioridade para reclamar o amor dos jovens) e Pluto, fábula mitológica em que esta divindade da riqueza, que na sua cegueira favorece os malvados, recupera a vista.

A sua linguagem, de extraordinária riqueza, é rica em jogos de palavras, incongruências jocosas e alusões directas. Serve-se sem temor da obscenidade e da escatologia.

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#130 Mensagem por Maestro Alex » 10 Mai 2006, 17:01

Mais um escritor clássico chegado em putas...


O Poeta Exilado

Est tamen humani generis iactura dolori omnibus, et, quae sit terrae mortabilibus orbae forma futura, rogant, quis sit laturus in aras tura, ferisne paret populandas tradere terras. Talia quaerentes (sibi enim fore cetera curae) rex superum trepidadre uetat sobolemque priori dissimulem populo promittit origine mira.

(Da triste humanidade o fim lhes custa: perguntam qual será da terra, a face, qual forma a sua, dos mortais vazia? Quem irá às aras ministrar incenso? Será talvez o mundo entregue às feras? O que foi dos homens será entregue aos brutos?)

Ovídio - Metamorfose, verso 245-250


Ovídio, o grande vate romano, teve, até os cinqüenta anos de idade, tudo o que um poeta pode almejar: fama, fortuna e um grande sucesso entre as mulheres. Foi então que um raio imperial o alcançou. Um decreto com o lacre de Augusto jogou-o, desterrado, para bem longe de Roma. O imperador, sempre cioso em manter uma fachada de respeitabilidade, encontrou entre os pertences da sua ex-mulher, Júlia, vocacionada à libertinagem, a Ars amatoria (A arte de amar) de Ovídio. Tratava-se de um manual de intriga e sedução escrito em versos, provavelmente no princípios do ano I, a quem o novo César atribuiu os desatinos da ex-imperatriz. Além disso, a dissolução dos costumes era combatida oficialmente pelos censores e demais magistrados. Na tentativa de manter elevada a fidelidade aos valores do Estado romano. Do dia para noite, a atrevida vida mundana de Ovídio, que trafegava nas serestas romanas como o desembaraço de um verdadeiro soberano da letras latinas (a maioria dos grande poetas, como Virgílio, Propércio e Horácio, havia morrido), fôra-se para sempre.


Confirma-se o desterro


O poeta, já no caminho do exílio para Tomos, um distante lugarejo na costa do Mar Negro, onde ele veio a falecer nove anos depois, no ano 17, não poupou lágrimas e choramingas mil - registradas no seu Tristia, uma interminável lamuria - na tentativa de demover o senhor de Roma a rever a punição. Nem quando Augusto morreu, no ano 14 , ele pode manter as expectativas de um retorno. O sucessor dele, o sisudo Tibério, também casara com uma doidivanas, cultora de Vênus, a quem os intrigantes diziam ter também aspirado as estrofes envenenadas de erotismo do pobre exilado. Assim, o poder esqueceu-se de Ovídio. Mas, felizmente, não o mundo das letras.


A Idade do Ouro

Talvez fosse o surpreendente desabar do seu belo mundo, da doce vida que ele levava em Roma, que de alguma forma contribuiu para que, num instante de premonição poética, carregasse tanto na ruptura, descrita no seu grande poema Metamorfoses (*), provavelmente terminado no ano em que embarcou para o exílio, entre a Idade do Ouro e na sua oposta, a Idade do Ferro. Antes, tudo ia bem naquele mundo mítico do bem, conta Ovídio. Não havia lei nem propriedades. Logo, insistiu o poeta, ninguém saía a cata de riquezas, nem desconfiava do outro. Nem sequer muros as moradas tinham. A fé e a justiça abundavam e ninguém temia o castigo ou o medo, nem ouviam-se ameaças de alguém. A paz era permanente, não havendo precisão de armas ou de soldados. O clima, sempre o mesmo, permitia que a natureza fosse generosa com todos. Morangos, cerejas, amoras, tudo encontrava-se à vontade. Nos rios corria leite, nas árvores, pendurados, favos de mel, doce e pegajoso. E eis que, num nada, o clima inteiro muda. Então, na emergente Idade do Ferro "todo o horror, todo o mal rebentam nela".

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#131 Mensagem por Maestro Alex » 12 Mai 2006, 10:42

Para animar a pág. 130 da versão 2.0 do Jurássic, um pouco de Bukowski, um dos ícones da literatura devassa...



Homem e mulher na cama às dez da noite – de Charles Bukowski



eu sou a fim de uma lata de sardinhas, ela disse.

eu sou a fim de um band-aid, eu disse.

eu sou a fim de um sanduíche de atum, ela disse.

eu sou a fim de um tomate fatiado, eu disse.

eu sou a fim de que fosse chover, ela disse.

eu sou a fim de que o relógio parasse, eu disse.

eu sou a fim de que a porta estivesse destrancada, ela disse.

eu sou a fim de que um elefante entrasse, eu disse.

eu sou a fim de que nós pagássemos o aluguel, ela disse.

eu sou a fim de que nós arrumássemos um emprego, eu disse.

eu sou a fim de que você arrumasse um emprego, ela disse.

eu não sou a fim de trabalhar, eu disse.

eu sinto que você não liga pra mim, ela disse.

eu sinto que nós devíamos fazer amor, eu disse.

eu sinto que nós temos feito amor demais, ela disse.

eu sou a fim de que fizéssemos mais amor, eu disse.

eu sou a fim de que você arrumasse um emprego, ela disse.

eu sou a fim de que você arrumasse um emprego, eu disse.

eu sou a fim de um drinque, ela disse.

eu sou a fim de um uísque, eu disse.

eu sinto que vamos acabar no vinho, ela disse.

eu sinto que você está certa, eu disse.

eu sou a fim de desistir, ela disse.

eu sou a fim de tomar um banho, eu disse.

eu sou a fim demais de que você tomasse um banho, ela disse.

eu sou a fim de que você lavasse as minhas costas, eu disse.

eu sinto que você não me ama, ela disse.

eu sinto que te amo, eu disse.

eu sinto aquela coisa em mim agora, ela disse.

eu sinto aquela coisa em você também, eu disse.

eu sinto que te amo agora, ela disse.

eu sinto que te amo mais do que você a mim, eu disse.

eu me sinto incrível, ela disse, eu sou a fim de gritar.

eu sou a fim de que continuasse para sempre, eu disse.

eu sou a fim de que você possa, ela disse.

eu sou a fim, eu disse.

eu sou a fim, ela disse.

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#132 Mensagem por Maestro Alex » 16 Mai 2006, 16:45

Milo Manara... vale a pena...

Clic

Publicada na Itália em 1983 e, no Brasil, pela primeira vez três anos depois, "Clic", a obra mais conhecida e aplaudida de Milo Manara, é publicada em cores pela primeira vez por aqui. O livro é um clássico do erotismo em quadrinhos e o segundo volume de uma nova coleção da Conrad Editora chamada Eros, cuja estréia foi o ótimo "Garotas de Tóquio", do francês Frédéric Boilet.

"Clic" (Conrad Editora, 56 páginas, R$ 23,00) conta a história de Claudia Christiani, uma jovem casada e recatada que, sexualmente reprimida, reage com repulsa ao assédio de um amigo de seu marido, o Dr. Fez. Ao descobrir a existência de um aparelho capaz de despertar a lascívia ao simples clicar de um botão, o doutor sequestra seu objeto de desejo e a usa como escrava sexual. Claudia passa a se masturbar em público e a fazer sexo com estranhos ao clique da máquina.

A Conrad Editora promete publicar toda a série Clic, composta de quatro volumes. Tomara que mantenham o ótimo preço deste número, pois, tirando os gibis de super-heróis, é difícil encontrar uma HQ de qualidade, colorida e bem impressa nas bancas e livrarias do Brasil custando tão pouco. O primeiro "Clic" é um fenônemo comercial: vendeu mais de um milhão e meio de exemplares em todo o mundo, virou filme francês em 1985, americano em 1997 e série de tv nos EUA.

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karlmarx
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#133 Mensagem por karlmarx » 31 Mai 2006, 11:24

Dica de leitura leve, unindo duas obsessões deste irascível comuna (sexo e comida):

INSATIABLE: Tales From a Life of Delicious Excess
By Gael Greene

"With her passion for fine food, her nose for hypocrisy and social humbug, and, above all, her appetite for love and life, Greene traces her rise from a Velveeta cocoon in the Midwest to journalist wannabe, to powerful critic of New York magazine. What timing - to be un grand fromage in the world of food, just when eating well was becoming a national obsession. Love and food, foreplay and fork play, haute cuisine and social history-all become inextricably linked as the author embarks on what seemed, at times to her, a frivolous quest to satisfy insatiable hunger."


http://www.livrariacultura.com.br/scrip ... 8CC10&uid=

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#134 Mensagem por Zooboo » 05 Jun 2006, 11:11

182 páginas ???? P U T A QUE O P A R I U !!

BOM, não vou começar lendo do príncípio, mas aí vai minha colaboração ao tema:
maestroalex escreveu:
kd o cadeado?


ENQUANTO o cadeado não vêm, eu gostaria de demonstrar cordialidade aos BOPPS e indicar o site abaixo

http://cseabra.utopia.com.br/poesia/

Assim, não apenas podem mandar simples beijos para as suas queridinhas, mas tembém lhes escrever verdadeiras odes literárias, e enveredar pelo bopismo romântico erótico.

A título de exemplo, vejam o poema abaixo, como é inspirador:

Posse intemporal
Fazer amor contigo
não é espelhar teu corpo nu
no vítreo do meu espaço
não é sentir-me possuída
ou possuir-te

É ir buscar-te
ao abismo de milénios de existência
e trazer-te livre.

OU ENTÃO esse outro:

Orgasmo
beijo seus pêlos
até um pentelho descansar entredentes
chupo seu clitóris
com sabor de licor de chocolate
enfio meu gozo dentro de seu poço
e relaxo
língua com língua

Este é um poema especial para o Sr. Clinton,

O affair Clinton – moral da história
Se um dia, menina, fores achada
chupando o duro membro masculino
e se alguém exclamar – grande mamada!
não cores nem lamentes teu destino.

Cita antes a doutrina dimanada
do Congresso americano, como um hino -
não há o sexo oral, o broche é nada,
um contacto, talvez, mas pequenino...

E deixa-os lá dizer – olha a brochista!
ou olhar-te de soslaio com ar trocista
ou fingir que não te vêem, por maldade

porque a lusa moral é uma pindérica
comparada com a verdade da América
onde tudo é questão de oralidade.





Espero ter colaborado
Zooboo

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Literatura – HQ´s - História – Filosofia –

#135 Mensagem por Maestro Alex » 07 Jun 2006, 08:50

A disposição... em breve muita coisa do Jurássic 2.0 aqui...

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#136 Mensagem por Maestro Alex » 08 Jun 2006, 08:53

Qua, 07 Jun - 20h41
Instituto Cervantes abre mostra de quadrinhos espanhóis em SP

Agência EFE



São Paulo, 7 jun (EFE).- O Instituto Cervantes de São Paulo abriu hoje a mostra "As Histórias em Quadrinhos da Democracia Espanhola: 1975-2005/6", uma exposição que reflete a evolução do gênero na Espanha após a queda do regime franquista.

Através da mostra, que reúne cerca de cem originais de 84 autores, o visitante pode perceber que até 1975 a estética e os conteúdos da história em quadrinhos tinham linha de pensamento e obra "politicamente correta", baseada nos costumes e freqüentemente pueris.

Em suas páginas, os artistas retratavam as boas maneiras que as moças deveriam seguir, aventuras de heróis pátrios e peripécias de personagens simpáticos e inofensivos. Por trás das passagens aparentemente inofensivas, escondiam-se críticas veladas à ditadura.

Com a transição democrática e o histórico período de 1975 a 1982, surgiu uma heterodoxa geração de desenhistas que introduziu temáticas até então inéditas, que incluiam o homossexualismo e as drogas.

"Nascia assim uma sátira sobre a realidade imediata, que passou a ocupar as páginas de publicações como 'El Popus' ou 'El Jueves', numa das crônicas mais incisivas feitas na Espanha", disse à Efe José María Conget, escritor e curador da mostra.

A mostra apresenta autores como o ácido Álvarez Rabo e o iconoclasta Miguel Angel Martín, cuja obra chegou a ser censurada em outros países.

"Não pretendo que todos estejam presentes, há gente muito boa dos anos 70 que não estão, porque seus originais não existem mais", afirmou Conget.

Todas as obras expostas são originais, exceto uma reprodução de Mauro Entrialgo, que abandonou o papel pelo computador, segundo o curador.

"Dos jovens, é o único que tem duas obras na exposição", acrescenta Conget em relação ao autor basco, cuja obra, "uma crônica de costumes com pessoas de sua geração", está fortemente influenciada pela cultura do rock.

"Esta exposição é uma homenagem às pessoas que fizeram história em quadrinhos em condições heróicas, e uma forma de divulgar no exterior um meio nem sempre reconhecido culturalmente", disse Conget.

"Industrialmente, nossa história em quadrinhos é deficiente, mas esteticamente muito valiosa, já que temos autores de primeira, comparáveis a figuras européias ou americanas", concluiu Conget. EFE hm mac/an

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#137 Mensagem por Maestro Alex » 08 Jun 2006, 11:23

e a água é a bebida por excelência, para Tom Standage, em seu livro História do mundo em 6 copos, há mais seis bebidas que se destacaram na trajetória da humanidade: a cerveja, o vinho, os destilados, o café, o chá e a Coca-Cola. Segundo Standage, nos últimos 10 mil anos, elas assumiram funções variadas, chegando a ser usadas em transações de escravos como moeda, em rituais religiosos e até como fonte de inspiração filosófica e artística. Algumas têm servido para ressaltar
o poder da elite ou para subjugar e apaziguar os oprimidos. E, ainda, para celebrar nascimentos, homenagear mortos, estabelecer e fortalecer relações sociais, selar negócios e tratados, aguçar os sentidos, entorpecer a mente, curar ou envenenar.

Essas bebidas – das quais três contêm álcool, três cafeína – ganharam proeminência em momentos, lugares e culturas diversos, desde as aldeias da Idade da Pedra até os salões de festas da Grécia antiga. A descoberta de uma forma rudimentar de cerveja, por exemplo, na Mesopotâmia, pode ser associada às primeiras técnicas de plantio e armazenamento de grãos.

Já o vinho surgiu séculos depois, no auge da civilização grega, como indicativo de posição social. O mais antigo registro do seu consumo data de cerca de 870 a.C., quando o rei assírio Assurnasirpal II, comemorando a inauguração da nova capital Nimrud, serviu a seus 70 mil convidados o equivalente a 10 mil jarros da bebida para demonstrar sua riqueza. Então vieram os romanos, que adotaram os vinhos mais finos e as técnicas de preparo da Grécia, chegando a transplantar videiras das ilhas gregas.

A etapa seguinte na evolução das bebidas se deu com o conhecimento do processo de destilação, um dos muitos aspectos da sabedoria antiga preservados e aprimorados pelos árabes. O aparecimento dos destilados ocorreu ao mesmo tempo em que os exploradores europeus começavam a abrir as rotas marítimas em direção ao Oriente e ao chamado Novo Mundo. Primeira bebida globalizada, o rum já era consumido em Barbados quando os navegadores ingleses ali aportaram. De lá, o “mata-diabo” (como era chamado) espalhou-se pelo Caribe e para além dele, e influenciou a relação das metrópoles européias com suas colônias. Sua taxação precipitou o processo de independência dos Estados Unidos através da Lei do Melaço, imposta pelo governo britânico. Da mesma forma, o chá provocou embates na Ásia, onde a disputa pelo comércio das folhas resultou na Guerra do Ópio e na exploração crescente da China.

Intitulado na obra como “o grande incentivador da sobriedade” e precursor da Idade da Razão – em que os pensadores ocidentais avançaram para novas idéias –, o café teve sua difusão ligada à propagação do racionalismo na Europa e ganhou status de “epítome do progresso”. As casas de café fomentavam o encontro dos intelectuais e o debate do pensamento vigente. E o autor nomeia a Coca-Cola como a bebida do século XX, ícone da ascensão dos Estados Unidos, do triunfo do capitalismo sobre o comunismo e do avanço da globalização. Para encerrar a jornada líquida, ele dedica um capítulo à primazia da água – primeira a direcionar o curso da história humana e forte candidata a símbolo do futuro.

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#138 Mensagem por Maestro Alex » 10 Jun 2006, 12:01

Seg, 05 Jun - 14h24
ENTREVISTA-John Updike traz terrorista simpático em novo livro

Por Claudia Parsons

NOVA YORK (Reuters) - O escritor John Updike foi testemunha ocular da queda da primeira torre do World Trade Center, mas, mesmo assim, fala com afeto do jovem muçulmano idealista que é o protagonista de seu novo romance, "Terrorist", que planeja explodir um túnel em Nova York.

As resenhas do 22o. romance de Updike, a ser lançado na terça-feira, vêm sendo positivas, embora o retrato simpático feito do personagem-título -- Ahmad, de 18 anos -- provoque inquietação entre algumas pessoas.

"Me pareceu a coisa mais evidente do mundo. Qualquer pessoa pode escrever um romance sobre um terrorista malévolo", disse o escritor premiado com o Pulitzer, em entrevista concedida no domingo.

"Eu procurei mostrar como um americano totalmente humano pode ver-se convocado para fazer parte de uma conspiração catastrófica. Eu quis levar o leitor para dentro da cabeça de um terrorista."

Ahmad é filho de uma americana de origem irlandesa e de um estudante egípcio que fez intercâmbio nos EUA e que abandonou mulher e filho depois de alguns anos. Quando criança, Ahmad adere ao islamismo e, na época em que está concluindo o secundário, sente-se enojado pelo o que vê à sua volta em uma fictícia cidade industrial de Nova Jersey.

"'Demônios', pensa Ahmad. 'Esses demônios tentam afastar meu Deus."' É a primeira linha do livro, em que Ahmad olha para a cena em seu colégio, onde garotas expõem as barrigas e parte dos seios, enquanto ele próprio é maltratado por seus colegas negros e latinos.

Rejeitando a idéia de fazer faculdade, Ahmad é aconselhado por seu imã a aprender a dirigir caminhões e consegue trabalho numa empresa de móveis. Seduzido pela idéia do paraíso, ele concorda em levar um caminhão-bomba para explodir o túnel Lincoln, que liga Nova Jersey a Manhattan.

Apesar disso, como diz o crítico do New York Times Charles McGrath, "Ahmad é amável, ou, pelo menos, uma pessoa que atrai. Sob muitos aspectos, é o personagem mais moral e mais atencioso do livro inteiro."

Updike disse que se interessou pelo misto, presente em adolescentes e jovens, de idealismo, religião e incerteza quanto ao futuro.

"Senti muita empatia por ele quando ele se vê sozinho em sua missão", disse o escritor com afeto, comparando o momento em que Ahmad caminha pela rua para buscar o caminhão-bomba com as caminhadas que ele próprio fazia quando jovem, planejando seu futuro como escritor.

"É o mesmo senso de missão secreta, algo que diferencia você do resto do mundo", disse ele.

Updike comentou que, desde que assistiu em pessoa à queda da primeira torre do World Trade Center, sente uma ligação com o desastre. Para ele, o livro, cujo primeiro título provisório foi "Land of Fear" (Terra do Medo), foi um passo óbvio.

Na realidade, o livro diz respeito menos a política do que às raízes do ódio, especialmente as tensões raciais, e Updike reconhece que não é politicamente correto.

Apesar de ser um dos escritores americanos de ficção mais bem-sucedidos da atualidade, Updike admite que não tem tido sucesso com o cinema.

"Este livro vem sendo proposto a diversos estúdios, mas não tenho conhecimento de nenhum interesse sério", disse ele. No cinema, "as pessoas esperam conseguir identificar os personagens bons e os maus. Mas o meu interesse é indagar 'o que é bom e o que é mau?"'

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#139 Mensagem por Maestro Alex » 10 Jun 2006, 18:46

Sáb, 10 Jun - 12h54
Coleção de Marthin Luther King será leiloada no fim do mês

Agência EFE



Víctor Martin Nova York, 10 jun (EFE).- Uma coleção com mais de 10 mil livros e manuscritos do pastor e líder do movimento dos direitos civis Martin Luther King está a procura de um destino, o que será decidido em um leilão organizado pela casa Sotheby's no próximo dia 30.

"A coleção é sem dúvida alguma o mais importante arquivo americano do século XX em mãos privadas", afirmou David Redden, vice-presidente da casa de leilões, ao anunciar a venda, que acontecerá em Nova York e que deve obter de US$ 15 a US$ 30 milhões.

Os herdeiros impuseram como condição que a coleção seja adquirida em sua totalidade e se possível por uma grande instituição que se encarregue de preservá-la e disponibilizá-la a acadêmicos e pesquisadores.

A morte de Coretta Scott King, viúva do reverendo, no último dia 31 de janeiro, acelerou o desejo "de que o processo para encontrar um destino adequado" para a coleção termine logo, segundo os herdeiros de Martin Luther King.

Os documentos pessoais, muitos dos quais nunca foram expostos publicamente, abrangem mais de duas décadas de intensa atividade - entre 1946 e 1968 - e dão detalhes sobre a dimensão espiritual e humana de King, assassinado em 4 de abril de 1968 em Memphis (Tennessee).

A coleção inclui textos de quase todas as proclamações e discursos feitos durante a década de 60, entre os quais o que ele pronunciou quando ganhou Prêmio Nobel da Paz, em 10 de dezembro de 1964.

Luther King foi o terceiro negro a receber o prêmio e o mais jovem, já que tinha 35 anos quando foi agraciado.

Entre os itens que serão leiloados, está a minuta da reflexão que fez pouco após o assassinato do presidente John F. Kennedy, em 22 de novembro de 1963, e que constituiria o núcleo de um artigo intitulado "Quem matou John F. Kennedy?".

"A grande pergunta hoje é 'Quem matou Kennedy?'. (Kennedy) fala a cada um de nós em sua morte. Ele não está morto", escreveu King, para quem o vigor, a vitalidade e a inteligência do presidente assassinado simbolizaram "a coragem e a esperança do século XX".

Outro dos maiores atrativos da coleção é "a caixa de sermões", um arquivo que King conservava em sua biblioteca e no qual guardava quase uma centena de notas com meditações teológicas escritas entre a década de 1950 e começo da de 1960.

A coleção também inclui um dos primeiros rascunhos do famoso discurso "I Have a Dream" (Eu tenho um sonho), pronunciado em Washington em 28 de agosto de 1963, perante 250 mil pessoas, por ocasião de grande manifestação na qual se reivindicava mais emprego e liberdade nos EUA.

Outros documentos e anotações pessoais ilustram diferentes períodos da luta de King pelo reconhecimento dos direitos civis para a comunidade negra, o que o levaria a prisão em várias ocasiões e a se pronunciar em funerais de ativistas e inocentes assassinados por racistas.

A biblioteca pessoal de King contém cerca de mil volumes, desde livros de infância e do período de formação escolar e universitário a outros de conteúdo literário, filosófico e teológico, muitos com anotações pessoais e dedicatórias.

Mais de meia centena de livros e folhetos são relacionados com a vida e a obra de Mahatma Ghandi, o ideólogo do pacifismo e autêntica fonte de inspiração para King por sua luta ferrenha e pacífica contra a injustiça racial.

Todo o material que será leiloado ficará exposto ao público na sede da Sotheby's entre 21 e 29 de junho. EFE vm mac/sc

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#140 Mensagem por binho1979 » 10 Jun 2006, 21:54

O ocidente e a verdade do sexo

v “L’Occident et la vérité du sexe”, Le Monde, n. 9885, 5 novembre 1976, p. 24, Traduzido por Wanderson Flor do Nascimento.



Um inglês, que não deixou o nome, escreveu, nos fins do séc. XIX uma imensa obra que foi impressa em uma dezena de exemplares, não foi nunca a venda e acabou ficando com alguns colecionadores ou em raras bibliotecas. Um de seus livros mais desconhecidos, chama-se My Secret Life. O autor cita meticulosamente uma vida que foi essencialmente consagrada ao prazer sexual. Noite após noite, dia após dia, ele conta até suas menores experiências, sem fausto, sem retórica, com o único cuidado de dizer o que aconteceu, como, segundo qual intensidade e com qual qualidade de sensação.

Com este único cuidado? Talvez. Porque desta tarefa de escrever o cotidiano de seu prazer ele fala como de um puro dever. Como se tratasse de uma surda obrigação, um pouco enigmática, à qual ele não saberia recusar submeter-se: é preciso tudo dizer. E, entretanto, há outra coisa que, para esse inglês teimoso, trata-se de, neste “jogo-trabalho” combinar justamente um com o outro o prazer, o discurso verdadeiro sobre o prazer e o prazer próprio enunciado nesta verdade; trata-se de utilizar este diário – ao qual ele relê em voz alta, que ele escreve à medida – no desenvolvimento de novas experiências sexuais, segundo as regras de certos prazeres estranhos onde “ler e escrever” teriam um papel específico.

Steven Marcus consagrou a este obscuro contemporâneo da Rainha Vitória algumas páginas notáveis. Eu não seria tentado, de minha parte, a ver nele um personagem da sombra, localizado de um “outro lado” em uma época de pudicidade. É antes uma revanche discreta e risonha sobre a pudicidade da época? Parece-me, sobretudo, situado em um ponto de convergência de três linhas de evolução bem pouco secretas em nossa sociedade. A mais recente é aquela que dirigiria a medicina e a psiquiatria da época para um interesse quase entomológico pelas práticas sexuais, suas variantes e todo seu disparate: Krafft-Ebing[ii] não está longe. A segunda, mais velha, é aquela que, desde Rétife e Sade, tem inclinado a literatura erótica a buscar seus efeitos não somente na vivacidade e raridade das cenas que imaginaram, mas na busca obstinada de uma certa verdade do prazer: uma erótica da verdade, uma relação da verdade até intensidade são características desta nova “libertinagem” inaugurada no final do séc. XVIII. A terceira linha é a mais antiga; ela tem atravessado, desde a Idade Média, todo o Ocidente cristão: é a obrigação estrita para cada um de ir buscar no fundo de seu coração, para a penitência e exame da consciência, os traços, mesmo imperceptíveis, da concupiscência. A quase clandestinidade de My Secret Life[iii] não deve iludir. A relação do discurso verdadeiro com o prazer do sexo tem sido um dos cuidados mais constantes das sociedades ocidentais. E isso desde séculos.

O que não se disse sobre esta sociedade burguesa, hipócrita, pudica, avara de seus prazeres, teimosa em não querer nem reconhecer e nem a nomeá-los? O que não se tem dito sobre a mais pesada herança que ela teria recebido do cristianismo – o sexo-pecado? E sobre a maneira como o séc. XIX utilizou esta herança para fins econômicos: o trabalho mais que o prazer, a reprodução das forças mais do que o puro gasto de energias?

E não estava ai o essencial? E se houvesse no centro da “política do sexo” engrenagens bem diferentes? Não de rejeição e ocultação mas de incitação? E se o poder não tivesse por função essencial dizer não, interditar e censurar, mas de ligar, segundo uma espiral indefinida a coerção, o prazer e a verdade?

Imaginemos somente o zelo com o qual nossas sociedades têm multiplicado, já há muitos séculos, todas as instituições que são destinadas a extorquir a verdade do sexo e que produzem para elas mesmas um prazer específico. Imaginemos a enorme obrigação da confissão e todos os prazeres ambíguos que, ao mesmo tempo, a perturbam e a tornam desejável: confissão, educação, relação entre pais e filhos, médicos e doentes, psiquiatras e histéricas, psicanalistas e pacientes. Se diz, as vezes, que o Ocidente não foi nunca capaz de inventar um único novo prazer. Não conta para nada a vontade de escavar, extrair, interpretar brevemente o “prazer de análise”, no sentido largo do termo?

Mais que uma sociedade dedicada à repressão do sexo, eu veria a nossa dedicada à sua “expressão”. Que me perdoem essa palavra desvalorizada. Eu veria o Ocidente obstinado em extrair a verdade do sexo. As ciências, as barreiras, os ocultamentos não devem ser subestimados; mas eles apenas podem se formar e produzir seus duvidosos efeitos sobre o fundo de uma vontade de saber que atravessa toda nossa relação com o sexo. Vontade de saber, nesse ponto imperiosa e na qual somos envolucrados e pela qual chegamos não só a buscar a verdade do sexo, mas a enviá-la à nossa própria verdade. A ela caberia dizer o que somos. De Gerson a Freud, toda uma lógica do sexo é edificada e organiza a ciência do sujeito.

Nós nos imaginamos de bom grado como pertencentes de um regime “vitoriano”. Parece-me que nosso reinado é mais aquele imaginado por Diderot em Os beijos indiscretos: um certo mecanismo, uma pena invisível, faz falar o sexo em uma tagarelice quase interminável. Estamos em uma sociedade do sexo que fala.



*



Assim, talvez seja preciso interrogar uma sociedade sobre a maneira com a qual ela organiza as relações do poder, da verdade e do prazer. Parece-me que se pode distinguir dois regimes principais. Um é o da arte erótica. A verdade é ai extraída do prazer mesmo, recolhido como experiência, analisado segundo sua qualidade, seguindo ao largo de suas reverberações no corpo e na alma e esse saber quintessenciado é, sob o selo do segredo, transmitido por iniciação magistral àqueles que se mostraram dignos e que souberam fazer uso ao nível mesmo do seu prazer, para intensificá-lo e torná-lo mais agudo e mais acabado.

A civilização ocidental, em todo caso, há séculos, quase nada conheceu da arte erótica; ela amarrou as relações de poder, do prazer e da verdade, sobre uma outra forma: uma “ciência do sexo”. Tipo de saber onde o que é analisado é menos o prazer do que o desejo, onde o mestre não tem a função de iniciar, mas de interrogar, de escutar, de decifrar, onde o processo não tem por fim uma majoração do prazer, mas uma modificação do sujeito (que se encontra perdoado ou reconciliado, curado ou liberto).

Desta arte à esta ciência, as relações são muito mais numerosas como que se pudesse fazer uma linha de divisão entre dois tipos de sociedade. A que trata da direção da consciência ou da cura psicanalítica, o saber do sexo ligado aos imperativos do segredo, uma certa relação com o mestre em todo um jogo de promessas que aparecem ainda na arte erótica. Creríamos que, sem essas relações turvas, alguns pagariam tão caro o direito bi-semanal de formular laboriosamente a verdade de seu desejo e esperar com toda paciência o benefício da interpretação?

Meu projeto seria fazer a genealogia desta “ciência do sexo”. Empreendimento que não é por ele mesmo uma novidade, eu o sei; muitos o fazem hoje e mostram o quanto de recusa, de ocultamento, de medos, de desconhecimento sistemático tiveram muito tempo em sua margem todo um saber eventual do sexo. Mas eu gostaria de tentar esta genealogia em termos positivos, à partir das incitações, dos focos, das técnicas e procedimentos que têm permitido a formação deste saber; gostaria de seguir desde o problema cristão da carne, todos os mecanismos que tem construído sobre o sexo um discurso de verdade e organizado em torno dele um regime misto de prazer e poder. Na impossibilidade de seguir globalmente esta gênese, eu tentaria, em estudos distintos, marcar algumas destas estratégias, as mais importantes, em relação às crianças, às mulheres, às perversões e à regulação dos nascimentos.

A questão que tradicionalmente se coloca é esta: Por que o Ocidente culpabilizou tanto tempo o sexo e como, sobre o fundo desta recusa ou deste medo, se veio a colocar através de muitas reticências a questão da verdade? Por que e como, desde o fim do séc. XIX se tem tentado levantar uma parte do grande segredo e isto com uma dificuldade da qual inclusive a coragem de Freud é ainda testemunha?

Eu gostaria de colocar uma questão totalmente outra: por que o Ocidente se tem interrogado continuamente sobre a verdade do sexo e exigido que cada um a formule sobre si? Por que se quis, com tanta obstinação que nossa relação conosco mesmos passe por esta verdade? É preciso então se espantar que no início do séc. XX nós tenhamos sido tomados por uma grande e nova culpabilidade, que nós tenhamos experimentado um tipo de remorso que nos fez crer que há séculos estamos em falta a respeito do sexo.

Parece-me que nesta nova culpabilização que nos parece tão ávida - o que é sistematicamente ignorante – é justamente esta grande configuração do saber que o Ocidente não cessa de organizar em torno do sexo, através de técnicas religiosas, médicas e sociais.

Suponho que estejam de acordo neste ponto. Mas ainda assim me dirão: "Esta grande confusão em torno do sexo, esse cuidado constante teve, até pelo menos o séc. XIX apenas um objetivo: Proibir o livre uso do sexo". Certamente, o papel das proibições foi importante. Mas o sexo é, em qualquer condição, proibido? Ou antes as proibições não são armadilhas no interior de uma estratégia complexa e positiva?

Toca-se aqui em um problema mais geral que seria preciso tratar antes como um contraponto desta história da sexualidade, o problema do poder. De uma maneira espontânea, quando se fala do poder se o concebe como lei, como interdição, com proibição e repressão; e somos bastante desarmados quando se trata de segui-lo em seus mecanismos e efeitos positivos. Um certo modelo jurídico pesa sobre as análises do poder, dando um privilégio absoluto à forma da lei. Seria preciso escrever uma história da sexualidade que não fosse ordenada pela idéia de um poder-repressão, de um poder-censura, mas por uma idéia de um poder-incitação, de um poder-saber; seria preciso desprender o regime de coerção, de prazer e de discurso que é não inibidor, mas construtivo deste domínio complexo que é a sexualidade.

Eu desejaria que esta história fragmentária da “Ciência do sexo” pudesse valer igualmente como o esboço de uma analítica do poder.





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Marcus, S. The Other Victorians. A Study of Sexuality and Pornography in MidNineteenth Century. England, New York: Basic Books, 1966.

[ii] Krafft-Ebing (R. von), Psychopathia Sexualis: eine klinisch-forensische Studie, Stuttgart, Ferdinand Enke, 1886. La seconde édition développa l'étude de la «sensibilité sexuelle contraire»: Psychopathia Sexualis, mit besonderer Berücksichtigung der conträren Sexualempfindung. Eine klinisch-forensische Studie, Stuttgart, Ferdinand Enke, 1887. A obra, disponível em francês, é a tradução da nova edição elaborada e ampliada por Albert Moll em 1923 a partir da décima sexta e décima sétima edições alemãs: Psychopathia Sexualis. Étude médico-légale à l'usage des médecins et des juristes (trad. R. Lobstein), Paris, Payot, 1969

[iii] My Secret Life (anonyme), Amsterdam, 1890, Il vol. (rééd. par Grove Press en 1964). Des extraits parurent en français sous le titre My Secret Life. Récit de la vie sexuelle d'un Anglais de l'époque victorienne (trad. C, Charnaux, N. Gobbi, N. Heinich, M. Lessana), avec une préface de Michel Foucault, Paris, Les Formes du secret, 1977.


Se Foucalt estivesse vivo e conhecesse o Gp guia, ele poderia produzir uma nova teoria do sexo e do poder! É uma pena. Estou pensando em produzir algo do genero, utilizando o Gp Guia como paradigma.
No momento estou pensando em como fazer isso sem cair nos seguintes equívocos:
1-Não ser uma etnografia antropológica
2-Não ser um estudo de fenomeno grupal
3-Não ser apenas um mapeamento da sexualidade pós-moderna.
Também preciso pensar
1- Em como não expor o Gp Guia.
2- Não expor os colegas do Gp Guia.
3- Não expor minha vida de putaria.
Preciso pensar nessas estratégias!

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#141 Mensagem por karlmarx » 12 Jun 2006, 01:59

Xico Sá é ótimo... crônica excelente... na FolhaSP de hoje:

Em inferninhos da rua Augusta, a pátria veste e tira biquínis e shortinhos

Amigo torcedor, amigo secador, o inferno são os outros, o inferninho somos nós todos. O melhor lugar para ver esse torneio chinfrim chamado Copa do Mundo é a casa alheia, a casa de tolerância, a casa das moças, a casa da luz vermelha.
Deixemos para os nossos lares, doces lares, apenas o futebol de verdade, o futebol sagrado do dia-a-dia, o futebol dos nossos times, o futebol que merece muito mais nosso respeito.
No inferninho, a pátria não está em chuteiras, a pátria se despe do seu verde-e-amarelo conforme o gosto do freguês, como nos strips patrióticos da rua Augusta.
A nossa "Red Light District", melhor do que a badalada área de prostituição de Amsterdã, está toda voltada para a Copa. A pátria está em biquínis e shortinhos com o verde de nossas matas e o amarelo do ouro que um dia foi de Serra Pelada...
Na boate Casarão, na citada área nobre da Augusta, a cada gol do Brasil o amigo torcedor terá, durante o torneiozinho da Fifa, uma rodada de cerveja e churrasquinho-de-gato de graça. No Caribe, rolará um strip cada vez que o Brasil for às redes. Solta o quadrado mágico, Parreira!
"Aqui não tem 0 a 0, pode ter lá na Alemanha. Aqui a gente dá um jeito", diz Cinthia, 21, "nome artístico", cheia de boas maldades e metáforas futebolísticas. "O perigo é o cliente sair de maca, de tão satisfeito."
Na Maison, nos mesmos arredores, a tabela da Copa ocupa toda a fachada. "Trabalho aqui há três anos, mas só agora estou de roupa completa. Os homens têm tesão de me ver tirar esse verde-amarelo", conta Márcia, 25.
O chão de estrelas pintado sobre o asfalto já indica que no My Love a pátria merece todo o respeito desse mundo.
E haja brasileirinhas mestiças, daquelas que valem por mil teses de Gilberto Freyre, nos colos dos mais tarados dos "japas".
Todos equipados com telões na pista e TVs nos quartos, para que o amigo não perca um só momento de emoção, os inferninhos estão mais festivos do que os treinos do time de Parreira.
Ali, temos a certeza de que a Copa é apenas uma celebração amistosa da nossa loucura futebolística, não vale um Pânico x Grêmio 100 Juízo, para citar o clássico-mor que une os timaços de Cajamar e Francisco Morato, aqui no cinturão da Grande São Paulo.
Só descendo a um inferninho temos a noção de que a Copa é apenas uma festa, não aquele futebol cotidiano que nos sufoca e enfarta.
"O bicho pega é num Corinthians x São Paulo, né? Com a seleção, está tudo em casa, só vai ter briga se a Argentina de Tevez fizer a final contra o Brasil", alerta Edy, da recepção do Love Story, um clássico da madrugada do centrão de Sampa.
"Vai ter briga porque os corintianos, se Tevez for titular, serão todos argentinos."
O bom mesmo é que, na Augusta e nas boates do centro, a pendenga entre o presidente Lula e Ronaldo já está resolvida: a ordem é comer, beber e viver sem culpa.

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#142 Mensagem por Maestro Alex » 14 Jun 2006, 00:34

Ter, 13 Jun - 18h43
Buenos Aires homenageia Borges no 20º aniversário de sua morte


Hernán Di Bello Buenos Aires, 13 jun (EFE).- Há 20 anos, Jorge Luis Borges morria em Genebra, longe de sua amada Buenos Aires, que a partir de hoje lembra o grande escritor e poeta argentino com mostras, homenagens e publicações.

Segundo as palavras de seu biógrafo, Alejandro Vaccaro, Borges "era um ser literário" no qual conviveram o vanguardista e o clássico, o tradutor e o jornalista, o mestre da língua e o objeto de culto, o ensaísta irônico e o genial contista.

A partir dessa multiplicidade de ângulos, a cidade que em 23 de agosto de 1899 viu nascer o autor de "O Aleph" promove a partir de hoje várias atividades em sua homenagem, as quais vão de exposições a um passeio por regiões "borgeanas" de Buenos Aires.

O escritor também será homenageado em Genebra, onde morreu em 14 de junho de 1986 e onde estão seus restos mortais; e na Biblioteca de Alexandria, onde haverá uma série de conferências e uma mostra sobre sua obra.

Apesar da devoção que sentia por sua cidade natal, homenageada em várias de suas obras, como o poema "Fervor de Buenos Aires", Borges escolheu a cidade suíça onde viveu na infância com a família para passar seus últimos dias.

"Borges dizia que em Genebra tinha passado uma época maravilhosa de sua vida. Sentia-se à vontade porque achava que não havia invasão em sua vida", lembra sua viúva, Maria Kodama, com quem o autor de "Ficções" se casou meses antes de sua morte.

"Em Buenos Aires (sua vida) teria sido um inferno", conta Kodama, que ressalta que o escritor "adorava" a capital argentina "porque foi onde viveu e onde sua obra foi feita": "Mas ele dizia que era o dono da escolha do lugar em que morreria como gostaria".

Às vésperas do 20º aniversário de sua morte, o Centro Cultural Borges de Buenos Aires inaugura hoje uma exposição de fotos, textos, desenhos, poemas e cartas do autor.

O Ministério da Cultura de Buenos Aires organizou para esta semana uma série de visitas guiadas por especialistas pelos lugares da cidade nos quais Borges viveu, trabalhou ou passou momentos especiais de sua vida.

Por sua vez, a Fundação Jorge Luis Borges, liderada por Kodama, realizará amanhã, quarta-feira, a jornada "Borges e os outros", na qual será abordada a relação do escritor com a filosofia, o tango e a ciência.

No mesmo dia, a Assembléia Legislativa de Buenos Aires fará uma sessão solene em homenagem ao autor de "O livro de areia", ao passo que a Editora Emecé lançará uma reedição das obras completas de Borges.

Por conta dos 20 anos do seu falecimento, nas últimas semanas foram publicados vários livros sobre o escritor na Argentina, entre eles "Literatos e originais: os ancestrais ingleses de Jorge Luis Borges", que revela uma espécie de mandato familiar que empurrou o argentino às letras.

Vaccaro, presidente da Associação Borgesiana de Buenos Aires, destaca que, além de sua condição de "grande escritor", Borges foi "o leitor mais importante do século" XX, já que era "capaz de ler e de reciclar tudo o que lia".

Do Borges "humano", o biógrafo ressalta o "homem austero, generoso e bondoso", ao qual "a fama e os benefícios pessoais e econômicos jamais interessaram", o que "também faz parte de sua obra".

"Cometi o pior dos pecados que um homem pode cometer. Não fui feliz", disse em um dos seus poemas o homem que, por causa de uma cegueira hereditária, não foi capaz de ler e escrever durante mais de 30 dos seus 86 anos de vida.

A propósito do 20º aniversário da morte de Borges, o escritor argentino Guillermo Martínez reflete sobre "duas reações típicas, e aparentemente opostas, que permitem dar a medida da grandeza de um autor depois que ele morre".

"A primeira é a tentativa de apropriação da sua figura por correntes contraditórias entre si ou pelas quais o autor em vida nunca teria se inclinado. A segunda é o ataque obstinado, as sucessivas tentativas de minar sua figura ou destroná-la", afirma.

Segundo o autor do livro "Borges e a matemática", reeditado recentemente, "ultimamente Borges teve o privilégio" de ser vítima das duas situações. EFE hd mac/sc

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#143 Mensagem por Maestro Alex » 15 Jun 2006, 09:34

Livro sobre Shakespeare é premiado na Inglaterra


LONDRES (Reuters) - A história de um ano na vida de William Shakespeare, descrita como "uma pequena pérola" por um dos juízes, venceu o maior prêmio para uma obra de não-ficção em língua inglesa, na quarta-feira.

O livro de James Shapiro, "1599: Um Ano na Vida de William Shakespeare", descreve o 35o ano do dramaturgo, quando ele escreveu o primeiro rascunho de "Hamlet".

O livro traz "uma notável contribuição para o entendimento da nossa maior figura cultural", disse Robert Winston, presidente do júri do prêmio Samuel Johnson, que distribuiu premiação de 55 mil dólares.

Segundo Winston, um dos jurados elogiou o grau de detalhamento do livro, e outro disse se tratar "de uma pequena pérola".

Shapiro, professor de inglês na Universidade de Columbia, em Nova York, inspirou-se em uma crítica literária do estudioso de Shakespeare Simon Davis. Nela, Davis disse estar cansado das tediosas "biografias convencionais" que focalizam uma vida inteira e fez um apelo por livros que olhem para uma parte da vida em detalhes. O livro de Shapiro segue Shakespeare no ano em que ele se tornou sócio do recém-construído Teatro Globe, completou "Henrique 5o" e rapidamente escreveu "Júlio César" e "Como lhe Aprouver" ("As You Like It"), argumentando que aquele foi o período em que o dramaturgo alcançou a genialidade.

Foi também uma época tumultuada para a Inglaterra, envolvida em uma guerra contra a Irlanda e dominada pelo medo de um ataque naval espanhol. Os trabalhos dos contemporâneos de Shakespeare, Thomas Nashe e Christopher Marlowe, foram queimados em praça pública.

REUTERS FM CZ

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sugestão livro sobre Luxúria

#144 Mensagem por MaosDeFada » 15 Jun 2006, 11:15

Estou lendo e me divertindo com "A Casa dos Budas Ditosos"

Maestro, você pode pesquisar sobre esta obra do João Ubaldo Ribeiro?
E apagar este meu comentário, claro, pra ficar tudo limpinho. :wink:

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Re: sugestão livro sobre Luxúria

#145 Mensagem por Maestro Alex » 15 Jun 2006, 11:51

MaosDeFada escreveu:Estou lendo e me divertindo com "A Casa dos Budas Ditosos"

Maestro, você pode pesquisar sobre esta obra do João Ubaldo Ribeiro?
E apagar este meu comentário, claro, pra ficar tudo limpinho. :wink:
Não faz falta... devemos manter o jeito Jurássic de ser nos tópicos :wink:

Luxúria - A Casa dos Budas Ditosos
João Ubaldo
164 páginas R$27,90
Coleção Plenos Pecados
Capa e projeto gráfico: Victor Burton
Ilustração da capa: Adriana Varejão


Quando vários jornais anunciaram que João Ubaldo Ribeiro estava escrevendo um romance sobre a luxúria, para a coleção Plenos Pecados, da Editora Objetiva, o escritor foi surpreendido com um misterioso pacote em sua portaria. Eram os originais de "A Casa dos Budas Ditosos", livro que ele agora publica, permitindo a seus leitores conhecerem uma personagem fascinante e excepcional em todos os sentidos: CLB, uma mulher de 68 anos, nascida na Bahia e residente no Rio de Janeiro, que jamais se furtou a viver - com todo o prazer e sem respingos de culpa - as infinitas possibilidades do sexo.

Seriam as memórias desta senhora devassa e libertina um relato verídico? Ou tudo não passa de uma brincadeira do autor? Nunca saberemos. Importa é que ninguém conseguirá ficar indiferente à franqueza rara deste relato e a seu humor corrosivo.

Com a maestria que o consagrou como um dos mais importantes escritores brasileiros contemporâneos, João Ubaldo Ribeiro nos brinda com esse depoimento "socio-histórico-lítero-pornô". Um romance impudico e provocador. Às vezes chocante, às vezes irônico, sempre instigante. Um livro, que, não por acaso, ele dedica às mulheres. Com a deliciosa sugestão de que, realmente, não existe pecado do lado de baixo do Equador.

João Ubaldo Ribeiro é um dos mais importantes escritores brasileiros contemporâneos, autor de clássicos como Viva o povo brasileiro, que já superou a marca dos 120 mil exemplares vendidos. Baiano, 58 anos, é membro da Academia Brasileira de Letras e escreveu mais de 15 livros, traduzidos em 16 países.

Ficção

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#146 Mensagem por Maestro Alex » 17 Jun 2006, 15:51

Sex, 16 Jun - 22h28
Um chute, uma paixão

BR Press


(São Paulo, BR Press) - Ele é bancado pela Umbro e teve uma grande e óbvia sacada – fotografar a paixão pelos futebol nos quatro cantos do mundo. O resultado é One Love Book, que o fotógrafo britânico Levon Biss lança na Livraria da Vila, nesta segunda (19/06), às 18h30.
Retrato fiel e global

Presentaço para amantes do futebol e da fotografia, a obra é uma autêntica viagem atrás da bola e de diversas culturas. Biss visitou 26 países, para documentar essa manifestação em campo. Viajando a América do Norte e do Sul, Europa, Oceania, Ásia, Oriente Médio e África, o fotógrafo capturou um retrato fiel e global do esporte.

Estas imagens representam o esporte em todos os seus níveis, dos treinos de futebol profissional aos jogadores de fim de semana. Meninos jogando bola em campinho nos Andes peruanos, a torcida holandesa soltando fumaça colorida, garotas jogando bola nos Estados Unidos, a torcida russa vibrando em um estádio de futebol, um homem fazendo embaixadinha ao mesmo tempo em que segura mais de dez cadeiras de praia em Copacabana, no Rio de Janeiro, garotos em uma “pelada” de fim de tarde no Uruguai, são alguns exemplos das imagens encontradas no livro.

Entre uma foto e outra, há frases de grandes nomes da filosofia, da música, das artes, da política e do mundo da bola como Jean Luc Godard, Jean Paul Sartre, Ronaldinho, Pelé, Zinedine Zidane, Diego Maradona, Rivellino, Garrincha, Gilberto Freyre, Thierry Henry, Tostão, Ronaldo, David Beckham, Romário, Alessandro Del Piero e até Che Guevara e Bob Marley – que jogou uma partida com Chico Buarque.

No Brasil, serão comercializados apenas 120 exemplares do One Love Book, a R$ 200,00 cada.

Livraria da Vila - Rua Fradique Coutinho, 915

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#147 Mensagem por Maestro Alex » 01 Jul 2006, 09:31

Sáb, 01 Jul - 08h55
Apocalípticos e integrados em Paraty

Agência Estado

A quarta edição da Festa Literária Internacional da turística cidade reúne escritores de diferentes tribos, cores e tendências

A redescoberta de Jorge Amado (1912-2001) na Europa e EUA já seria um bom motivo para uma homenagem ao escritor baiano na 4.ª Festa Literária Internacional (Flip) de Paraty (de 9 a 13 de agosto), não fosse o autor a expressão espiritual de um encontro heterodoxo que vai reunir 37 autores de diferentes credos e tendências, desde esquerdistas (Tariq Ali, Olivier Rolin) até poetas rastafári (Benjamin Zephaniah), passando por ganhadores do Nobel (Toni Morrison) e militantes gays (Edmund White). Amado, o mais popular entre os escritores brasileiros, uniu militância política, livros, sensualidade e religião em livros como "Gabriela, Cravo e Canela" (cuja versão cinematográfica, aliás, foi rodada em Paraty). Gabriela acaba de ser relançado pela Bloomsbury na Inglaterra, a mesma editora da série "Harry Potter", publicada, aliás, por iniciativa de um dos idealizadores da Flip, a editora inglesa Liz Calder.


A presidente da Flip não está mais no comando da programação da festa, cargo ocupado há dois anos pela editora brasileira Ruth Lanna. De Londres, por telefone, a inglesa elogia a seleção deste ano, mas diz que a sugestão da homenagem a Amado - justíssima, segundo a mesma - não partiu dela. Assume, sim, a indicação de alguns autores, entre eles o DJ e dramaturgo Benjamin Zephaniah, o ensaísta político Tariq Ali e a romancista escocesa Ali Smith, que vai lançar na Flip seu elogiado "Por Acaso" (The Accidental, prêmio Whitebread de melhor romance do ano que passou na Inglaterra). Ali tem 44 anos e já publicou quatro livros, entre eles Hotel World (2001), que conta um dia na vida de cinco mulheres numa grande cadeia de hotéis e resume as principais questões existenciais de Ali, entre elas a urgência de uma nova visão da sexualidade humana.


O antecessor da autora na questão é o norte-americano Edmund White, autor da biografia do escritor francês Jean Genet (publicada aqui pela Record). White foi considerado pela ensaísta Susan Sontag (com justiça) um dos melhores escritores dos EUA, mas a autobiografia do autor ("My Lives: an Autobiography", 2005) continua inédita, privando o leitor brasileiro da leitura da história comovente desse americano atípico.


White não é a estrela da festa, mas outra americana, Toni Morrison, que recebeu o Nobel de Literatura em 1993. A autora escreve sobre a causa negra, o que não transforma a Flip num evento político, garante Liz Calder. "Ela continua sendo uma festa das letras, da boa literatura acima de tudo", diz. "É uma coincidência que a Flip seja uma tapeçaria de várias tendências, trazendo desde veteranos como Toni Morrison, uma superstar em qualquer festival literário, a jovens de origem africana como Ondjaki e Uzodinma Iweala", conclui.


Esse encontro da nova com a velha geração - sendo a lendária figura do jornalismo americano Lillian Ross, sua maior representante - aconteceu por acaso, na hora de montar as mesas de debates, segundo a diretora de programação Ruth Lanna, editora cujo currículo responde por alguns dos melhores livros publicados pela Companhia das Letras. Na mesa dos escritores que passaram pelo exílio está, por exemplo, Ferreira Gullar, associado aleatoriamente ao palestino Mourid Barghouti ("Eu Vi Ramalah"), que passou 30 anos longe de sua terra. Mesmo o encontro do peruano Alonso Cueto, crítico do regime Fujimori, com o maoísta francês Olivier Rolin e o gaúcho Luiz Antonio Assis Brasil, na mesa sobre literatura e política, foi casual, segundo a diretora.


"Tinha alguns temas em mente quando montei a programação, como a nova literatura africana, mas alguns escritores estavam impossibilitados de aceitar o convite", diz Ruth Lanna. Foi o caso, por exemplo, do novelista e dramaturgo nigeriano Wole Soyinka, ganhador do Nobel de 1986. Mesmo assim, ela organizou uma mesa (a penúltima do evento) para discutir a literatura do continente africano, reunindo o nigeriano-americano Uzodinma Iweala e o angolano Ondjaki. Com discussões sobre temas para todos os gostos , a Flip deve atrair a Paraty mais de dez mil turistas, que vão disputar 600 lugares na tenda principal para assistir a quase duas dezenas de mesas-redondas. Democrática, a festa vai chegar à população local e aos demais turistas por meio de um telão instalado na praça principal , graças ao patrocínio (estimado em R$ 3,8 milhões) do Unibanco e da Tim, que também bancam o show de abertura com Maria Bethânia.


São 18 os convidados estrangeiros: Ali Smith, Alma Guillermoprieto, Alonso Cueto, Benjamin Zapheniah, Christopher Hitchens, David Toscana, Edmund White, Jonathan Safran Foer, Lillian Ross, Mário de Carvalho, Mourid Barghouti, Nicole Krauss, Olivier Rolin, Odjaki, Ricardo Piglia, Tariq Ali, Toni Morrison e Uzodinma Iweala. Entre os 19 brasileiros, destacam-se Ignacio de Loyola Brandão, Adélia Prado e Carlos Heitor Cony. Informações sobre a venda de ingressos (a partir do dia 12) podem ser obtidas pelo telefone (11) 6846-6000. Outros Estados: 0300-7896846.

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#148 Mensagem por Maestro Alex » 02 Jul 2006, 21:32


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#149 Mensagem por binho1979 » 02 Jul 2006, 22:17

Maestro Alex escreveu:VALE VISITAR:

http://www.nelsonrodrigues.com.br/home.php
Nelson é genial, mas perto do Plinio Marcos, é brincadeirinha de criança

Nelson Rodrigues é o autor preso na moralidade, nos valores da familia e na denuncia de sua degradação. Em certo sentido Nelson Rodrigues é familiar, e conservador. Adoro esse autor por sua dupla vertente: Ao mesmo tempo em que é profano, é absolutamente conservador.

Plinio Marcos é a pura explosão! Ele é para além da familia, para além do bem e do mal. Ele não é moral ou imoral ou amoral. O teatro de Plinio Marcos flerta com o limite da linguagem, é quase irrepresentável! Esse autor conhece a carne, enquanto Nelson Rodrigues conhece a alma!

O teatro rodrigueano é o teatro da alma, do horror do incesto.Enquanto o teatro de Plinio é o teatro da carne e do desespero da existência.

Em certa medida Nelson Rodrigues é a civilização e Plinio Marcos vai além da civilização, ele busca o ponto em que nos tornamos humanos e o retorce.

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#150 Mensagem por binho1979 » 03 Jul 2006, 16:02


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