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Ponto de Rua (Lapa - Rua do Rezende)

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-Dante
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Ponto de Rua (Lapa - Rua do Rezende)

#1 Mensagem por -Dante » 08 Jun 2020, 12:25

POSITIVO
Nome da Garota:Dandara

Fez Oral sem camisinha:SIM
Fez Anal:NÃO
Beijou na Boca:NÃO
Nota:7
* INTRODUÇÃO FILOSÓFICA AO TD: SOBRE PIOLHO DE BORDEL VERSUS LIBERTINO

Há quem goste de se unir aos piolhos de bordel. Passam-se e escolhem o picareta do momento. E o que é um piolho? É uma sub-raça, é aquele que cria intrigas, tem apreço por fofocas, é desleal, omisso, promove mentiras, alguns guardam conflitos de identidade de gênero, é o pedinte de fiado, o caloteiro. Vive sob o verniz de bom sujeito, exibindo a moralidade de outdoor, é isso que torna a sua deplorável existência um projeto viável. É um complexado, um aborto. Sim, o piolho de bordel é um personagem peçonhento, mas piores são os parasitas que o seguem, aqueles que se reúnem em torno dele na mesa da infâmia. Existem muitos desses tipos no universo da luxúria, são os recalcados, os ressentidos, os covardes, os ignaros, os velhacos, os lunáticos e os sem talento. O puteiro é um aquário de água turva e quando o libertino mergulha na promiscuidade sabe que encontrará a piranha-zombeteira, o baiacu de bordel, o peixe-boi-de-lamparina, a enguia-de-óculos, o pacu-careca, o traíra-de-fumódromo e algumas outras espécies ordinárias que vicejam nesta insidiosa cadeia alimentar. O libertino é, antes de tudo, um sobrevivente.

Sobre o libertino, não pense que é aquele que não ama. O libertino é o intrépido que ama demais, repetidas vezes, é um ingênuo na busca incansável pela perfeição e pelas boas amizades boêmias, que são raríssimas. O bordel é um ambiente de competição, de jogo de interesses e de ostentação, difícil brotarem bons sentimentos em territórios com essa atmosfera. O libertino é a representação da elegância, da fineza. Ao contrário do piolho de bordel, conhecido pelo gosto duvidoso, pelo desalinho e pelos ardis inescrupulosos. O libertino é um esteta apaixonado pela beleza feminina e pela polidez dos gestos. É um contemplador silencioso, um discípulo do bom-humor, um eterno aprendiz da sedução. Diante disso, afeiçoado forista, guarde na memória que o melhor libertino não é “sub” nem “super”, mas é humano.

É óbvio que o piolho de bordel e o libertino são figuras heterogêneas, antagônicas. O piolho, por ser um espírito medíocre, sempre se lançará contra o libertino com a cólera do fanfarrão, tachará de maluco, irá jurá-lo de morte ou de injustas agressões que alimentem sua autoafirmação. Todo medíocre precisa se autoafirmar constantemente, na tentativa vã de ocultar de si mesmo a própria mediocridade. Atente, o piolho de bordel é um bajulador de cafetão, abana o rabo a espera de um biscoito ou de qualquer vantagem, ou simplesmente bajula por considerar que ser amigo do cafetão aumenta seu status no puteiro e entre seus pares. O libertino, porém, carrega a misteriosa grandeza que os medíocres não compreendem nem alcançam.

Veja, destemido forista, a mediocridade não está atrelada a nível de instrução, berço ou condição financeira. O medíocre carrega a mediocridade como um traço da pessoal, tenha ele curso superior, doutorado ou apenas o curso primário. A mediocridade é uma condição. O piolho de bordel existe nesta condição.

Depois do tratado de filosofices, espera-se a ação. Toda história tem um começo, que invariavelmente ocorre na maternidade. No exemplo deste causo, ele teve início em outro tópico cuja visita não custará esforço demasiado à obstinação do valoroso leitor. O link segue abaixo.

viewtopic.php?f=192&t=203322&p=2592210#p2592169


* CONTINUAÇÃO DE OUTRO RELATO

A fera estava à distância de dois fôlegos quando consegui retomar o controle do Sucatão. Acelerei em fuga, sem olhar para trás e atravessei às margens do campo imperial da Quinta da Boa Vista direção à bucólica Tijuca.

Passaram-se alguns dias e chegamos à semana do meu aniversário. Aniversário é uma palavra contraditória para quem adentra pela velhice. Para os outros, soa como comemoração; para quem envelhece é como assistir a repetidos crepúsculos, até o pôr do sol definitivo. Mas enquanto há vida, há sexo. Meu dilema continuava, me equilibrava entre o irrefreável desejo libidinoso e o receio da contaminação pelo vírus. Refleti muito e cheguei à conclusão de que seria correto eu me oferecer um presente na minha data, uma banal ejaculação ao menos. Empenhei-me em traçar uma estratégia que preservasse a minha segurança caso conseguisse um momento de lascívia. Fui separar o traje para a ocasião, calça comprida, blusa de mangas, camiseta por baixo, luvas, boina, óculos de segurança, botas, meias, álcool gel e desodorante.

– Desodorante? Por que isso, Dante? – Questionaria o forista desconfiado.

Aguarde, meu dileto colega. Estas linhas tortas revelarão as razões do autor.

Levei um borrifador com álcool para o Sucatão, disparei em cada canto da cabine. Finalmente, quando me sentei à frente do volante, a sensação foi de estar no prefácio de uma viagem para o espaço sideral. Eram os libertinos astronautas? Eu me sentia um, a roupa pesava e o suor começava a brotar da testa. Girei a ignição, o carro ronca como um leão despertado à força. Piso no acelerador, solto a embreagem e ganhamos, eu e o bravo Sucatão, o negrume imprevisível do asfalto.

As ruas semidesertas, poucos carros trafegando por onde eu passava, um clima noir reinava sobre a cidade em quarentena. Em alguns momentos, eu parecia estar num filme de ficção científica, daqueles em que a Terra foi devastada numa batalha decisiva, em que a humanidade foi quase extinta. Sabendo que não tinha muitas opções, rumei para a Vila Mimosa.

Estaciono na rua Ceará e é quando escuto uns gritos.

– Dotô, dotô. Vai pra zona?

Rodo o pescoço e vejo a figura cavernosa de um flanelinha subnutrido cuspindo perdigotos para todos os lados. Rapidamente, meti a mão na carteira e puxei dois reais.

– Ô, dotô. Dois reais não dá nem pro café, dotô.

– Quanto você quer, meu filho?

– Pode ser dez reais, dotô.

Dei os dez reais.

– Cê me lembra meu avô, Dotô.

Aqui, dei as costas e segui meu caminho, antes que a carência dele o fizesse me abraçar.

Submergi na rua Sotero Reis. Provavelmente, fui o único passante vestido com máscara e luvas dentro dos corredores. O cenário deprimia. Somente mulheres horríveis, com olhar suicida, teimavam em estar ali. Pouquíssimas almas se arriscavam como eu. O peso do vírus também oprimia a velha VM. Dei duas voltas sentindo engulhos ao olhar para as casas e me retirei.

Volto ao Sucatão. Ligo o carro e o flanelinha faquir surge à frente gesticulando como se estivesse orientando a decolagem de um avião. Acelero e disparo na pista.

Decidi novamente arriscar a Lapa, já que rumores falavam sobre a abertura dos bares. Entrei pela árida rua da Relação, embiquei na soturna Gomes Freire, saí na irreconhecível Mem de Sá, pequei a calada Riachuelo, retornei pela lúgubre Lavradio. A conclusão é que nem o vírus devia estar circulando por ali. Só avistei cracudos esparsos e dois pés-sujos abertos. Por um reflexo involuntário, dobrei à direita, na rua do Rezende ao ver um boteco funcionando. Ao lado dele, no Hotel Andorinha, umas cinco meninas com roupas decotadas dançavam eufóricas em frente à garagem. Parei o Sucatão numa vaga entre as milhares de vagas ociosas de uma insólita noite de sexta-feira. Desci do carro e caminhei para o boteco fazendo questão de passar próximo às meninas. Sim, forista sem fé, eram meninas. Eu também cheguei a supor que fossem travestis, mas eram mulheres legítimas, sem vestígios de implantes paraguaios.

No boteco, pedi algo que há muito tempo não tomava, uma dose de Ypioca com Catuaba. Desceu como lava vulcânica pela minha garganta. Engasguei, mas insisti numa segunda dose imaginando que não esbarraria com blitz da Lei Seca. Foi na terceira dose que a vi, vaporosa, bela e insensata, entrou pisando sobre os ladrilhos do botequim e me ofereceu seu beijo inebriante: era ela, a Felicidade do ébrio, pois apenas os ébrios enxergam a Felicidade.

Semitrôpego, deixei o boteco com a intenção de voltar ao Sucatão. Passo novamente em frente ao Hotel Andorinha. Uma das meninas me encara e manda um beijinho. Estanquei o passo. Aproximei-me dela e perguntei sem rodeios à branquinha como poderíamos ficar juntos.

– Cem reais, bebê.

Confesso, estimado forista, a palavra “bebê” para mim é o anticlímax do tesão, uma puta que chama o cliente de “bebê” já demonstra que é má profissional. Foi por isso que escolhi a que estava ao lado da que falou comigo, uma negra suntuosa e de pernas bem torneadas. Fiz a entrevista básica e informei que talvez só me restringisse à necessidade do boquete até o fim. Ela aceitou os termos. Apresentou-se como Dandara. Entrei no Hotel Andorinha. Alcova...

Mantive a máscara ao rosto e não tirei a camisa. Nada de beijos. Arriei a calça, sentei na beira do colchão e a negra me engoliu com os lábios carnudos. O que eu senti? Dor indescritível. A puta não chupava, mordia. Aquilo não foi um boquete, mas uma sessão de tortura que tornava o Hotel Andorinha, nome tão singelo, numa filial futurística do DOI-CODI. Por alguma razão que me escapa, tentei aguentar aquelas dentadas na esperança de que tudo iria melhorar. Antes que a menina decepasse meu pênis, entreguei os pontos. Sim, colega forista, é aqui que entra a utilidade do desodorante, levei o desodorante para que ele cumprisse o papel de desinfetante. Sacudi a cápsula e borrifei o pau com Rexona. Foi neste dia que conheci a Lua. Ardeu muito, ardeu demais. O contato do álcool com a fissura das mordidas da canibal causou-me um espasmo de aflição atroz, minha vista chegou a embaçar. A garota, vendo a minha agonia, começou a assoprar meu membro combalido. Aos poucos, a ardência foi se dissipando e revivi.

Como já estava tudo fodido, pedi para a menina tirar a calcinha e ficar de quatro. Meti, mas com algum receio de que aquela vagina pudesse ter alguma inclinação canibalesca. Bombeei com força e velocidade. A mulher gemia gostoso. Gozei. Creia, afeiçoado forista, por segurança borrifei novamente o Rexona no pau. Dessa vez, a ardência extrema não me surpreendeu, mordi o pacote da camisinha para suportar. Eu tratei 80 reais com a menina, que pedia 100, mas terminei dando os 100. A avareza não é digna de um libertino.

Dentro do Sucatão, ligo o rádio, giro a chave, pé no acelerador. Os pneus se movem sobre o enigma do asfalto, o destino não é previsto pela meteorologia. O carro ganha velocidade. Sinto uma onda de euforia, mas sei que o mundo não está bonito. A última fronteira para o libertino é o resgate da adrenalina e da aventura que conheceu no início da vida sexual. Pelas caixas de som transborda A$AP Rocky - Everyday ft. (Rod Stewart, Miguel, Mark Ronson). O céu cinza e noturno não refletia esperança. Acelerei. Que venham. O libertino é um sobrevivente.

Everyday
Editado pela última vez por tio chota em 08 Jun 2020, 12:40, em um total de 1 vez.

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