Alunos da USP em conflito com a PM

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#106 Mensagem por ZeitGeist » 11 Nov 2011, 23:28

Compson escreveu:Mais um bom texto, tocando de modo mais corajoso no aspecto político:
A Polícia Militar na USP

PAULO ARANTES, MARCUS ORIONE E JORGE LUIZ SOUTO MAIOR

Com a PM no campus, há a presença física que sempre se coloca à disposição para eventual repressão de atos ligados à expressão de ideias

Todos concordam que, no Estado de Direito, ninguém está acima da lei. Com base nessa premissa, não é possível conceber-se espaços isentos do controle de legalidade estatal. Por que, então, se essa é uma premissa razoável, defender que a Polícia Militar não possa fincar raízes na USP para o controle da legalidade? Por que ela pode estar em outros espaços públicos e não se pode conceber sua presença ali?

Primeiro, para que a legalidade seja observada, não basta a presença da PM, sendo que há outros meios mais eficazes para a sua preservação -seja na USP, seja em qualquer lugar. Aliás, poderíamos dizer que o ideal é que a legalidade, cujos instrumentos decorram de processos efetivamente democráticos, não dependa de qualquer tipo de fiscalização para ser respeitada.

Segundo, e mais relevante, para que uma universidade pública tenha importância para um país, faz-se indispensável que seja um centro de excelência em geração de ideias. Para que elas possam ser geradas, a liberdade é fundamental.

A partir daí, os pensamentos gestados se transformam em atos, que podem ser elaborados também no plano político.

A presença constante de qualquer agente com potencialidade repressiva, e que possa ser acionado por um poder central, certamente é elemento inibidor da gestação de ideias e, por consequência, da força motriz da universidade e de sua relevância para a sociedade.

O limite é tênue entre o crime comum e o político; entre a criminalização de condutas e a de ideias.

Um agente como a Polícia Militar certamente não está, mesmo por não ser essa a sua função no Estado de Direito, habilitado a fazer essa distinção. Somente se põe a executar a ordem superior.
A reitoria pode, sob a alegação de suposto interesse público, de ofício, acionar tais meios repressivos.

Pode fazê-lo também se a PM estiver fora do campus universitário? Óbvio que sim. Mas, com certeza, mantendo-se no local um corpo militar, há a presença física que sempre se coloca, não somente de forma simbólica, à disposição para eventual repressão de atos ligados à livre expressão de ideias.

Nem se diga que a criminalização das ideias e das movimentações sociais geradas têm sido, por exemplo, uma exceção na atual gestão.

Atualmente, cinco dirigentes sindicais encontram-se em vias de demissão, e 25 alunos estão às portas da expulsão. Por "coincidência", todos se envolveram em atos políticos de reivindicação.


Ora, um campus militarizado, certamente, é extremamente daninho ao cumprimento das finalidades que são necessárias à construção de uma sociedade em que imperem a igualdade e a justiça.

Afinal, ensina a história, coturno e liberdade de expressão nunca caminharam juntos.

No entanto, resta a pergunta: como fazer para que aquele espaço não fique imune à responsabilização dos crimes comuns? Certamente, a ausência da PM não implica impunidade naquele espaço.

Inicialmente, porque ela sempre pode ser acionada, como se dá com qualquer cidadão que, na cidade de São Paulo, não tem uma viatura no seu bairro.

Por outro lado, não é crível que aquela que chamam de maior universidade da América Latina não possa, a partir de estudos dos maiores especialistas nas diversas áreas do conhecimento, várias ligadas à segurança pública, resolver o seu próprio problema de segurança.


Aliás, seria interessante que o fizessem. Assim, talvez não apenas o problema da militarização no espaço destinado à produção de ideias estaria resolvido. Quem sabe algumas das soluções pudessem ser revertidas para a sociedade que, como um todo, vive também assolada pela crescente militarização, sem que isso represente um efetivo aumento da sensação de segurança.

PAULO ARANTES é professor da FFLCH-USP.

MARCUS ORIONE GONÇALVES CORREIA é livre-docente e professor de direito previdenciário da Faculdade de Direito da USP.

JORGE LUIZ SOUTO MAIOR é professor associado da Faculdade de Direito da USP.
Ressalva inevitável: antes de confiar nos dois últimos autores, aguardemos o parecer do oGuto...
Porra, só a presença da PM dentro da USP dá medo nos caras? Ter uma base da polícia lá não significa que a escola esta militarizada!

O cara não faz idéia o que é um lugar militarizado!

Não vejo os alunos acordando as 3:00h da manhã, fazendo exercícios até às 7:00h e fazendo treinamento de combate durante o dia.

A polícia esta lá apenas para manter a segurança e coibir a criminalidade, quando o campus puder fazer isto por si só, a polícia poderá sair de lá.

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Compson
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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#107 Mensagem por Compson » 12 Nov 2011, 10:10

ZeitGeist escreveu:Porra, só a presença da PM dentro da USP dá medo nos caras? Ter uma base da polícia lá não significa que a escola esta militarizada!
Militarização, no caso, significa apenas a presença de um poder militar, não a aplicação de uma disciplina militar.
ZeitGeist escreveu:A polícia esta lá apenas para manter a segurança e coibir a criminalidade, quando o campus puder fazer isto por si só, a polícia poderá sair de lá.
Mas o que o texto está dizendo é que a polícia não está lá apenas para manter a segurança...

Não porque a polícia necessariamente seja utilizada com fins políticos, mas porque a polícia não é o agente adequado para distinguir entre uma transgressão política e um ato criminoso.

Já que o texto do pessoal da FFLCH não está colando, segue relado de um estudante da Poli, postado em seu perfil do Facebook:
Eu saí da minha aula e sentei num banco em frente ao prédio do biênio, na POLI, para conversar com um amigo. Nesse instante, mais 3 bixos se juntaram, pois acabavam de sair de suas aulas também. 5 pessoas conversando foi motivo suficiente para que 2 policiais da rocam nos enquadrassem e revistassem cada bolsinho de nossas carteiras, cada recipiente em nossas mochilas, em um procedimento repleto de ameaças que durou mais de 40 minutos.

Um aluno da elétrica lia sozinho, sentado em um banco, um livro. Suspeitíssimo, foi enquadrado pela PM.

Meus bixos organizaram um café da manhã para discutir uns livros, lá na Poli. Ora, alguns rapazes comendo em volta de uma mesa e discutindo, situação suspeitíssima. Enquadrados pela Rocam.

Em que lugar da cidade ou do estado, é normal uma garota em menos de 2 semanas ser abordada 3 vezes pela pm???

Em que lugar da cidade ou do estado é normal um garoto ser abordado pela polícia mais de uma vez em 2 semanas, sem ser procurado, sem estar portanto nenhum entorpecente ou apresentando comportamento suspeito??

Esses são apenas alguns casos que presenciei.

E tem mais. Ontem nos reunimos para discutir a atuação da PM no campus. Em 5 minutos, uma viatura passou 2 vezes, a 5 km por hora, nos encarando. Ótimo, não fazíamos nada suspeito, então não fomos enquadrados. Mas minha namorada sai todo dia às 23h da aula e tem que caminhar até o ponto de ônibus. Ela vê alguma viatura a essa hora? Ela se sente protegida?

Sou a favor da PM no campus sim, mas para proteger os estudantes, e não para reprimir. Minha namorada não se sente mais segura e eu me sinto incomodado em sentar para ler um livro no banco da minha faculdade e acabar perdendo um compromisso.

A PM deve enquadrar suspeitos. Pessoas usando drogas, pessoas que caminhem com atitudes estranhas nos estacionamentos (o que tem de monte), devem ser abordadas. Pessoas lendo, discutindo, comendo ou mesmo repousando, pessoas com carteirinha usp sem nenhuma atitude suspeita.. estas não precisam sofrer tamanha violência à sua liberdade, o que são as abordagens da PM.

Se a PM for continuar no campus, ela deverá passar por um treinamento, porque a abordagem que eles estão tendo com os alunos não faz o menor sentido. Ou você se sentiria à vontade sendo revistado, tendo sua mochila revistada, sendo ameaçado, sem ter feito nada toda semana? Se sentindo preocupado em conversar com um grupo de amigos na frente da faculdade?
O único erro é ele achar que a PM é boçal por falta de treinamento... Não, eles são treinados para ser boçais!

Não vou postar o FB e o nome do cara, mas o texto está reproduzido aqui:
http://anidabar.wordpress.com/2011/11/1 ... ortellado/

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wheresgrelo
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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#108 Mensagem por wheresgrelo » 12 Nov 2011, 13:35

As coisas estão melhorando, irão estabelecer uma base FIXA da PM Dentro da USP...

Isso é ótimo...

WG

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Carnage
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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#109 Mensagem por Carnage » 12 Nov 2011, 14:27

Antes de mais nada, vou esclarecer que a princípio sou favorável a presença de policiamento na USP, desde que eles fossem devidamente orientados em como proceder e melhor preparados, o que parece que não aconteceu e as estatísticas apresentadas pelo Compson dizem tudo.
Também não sou favorável a ocupação da reitoria, mas acredito que a situação poderia ter sido resolvida pacificamente, ou melhor, politicamente.
Pra completar, mandar 400 policiais pra remover 70 estudantes desarmados é coisa de débil mental.

http://colunas.epoca.globo.com/paulomor ... as-na-usp/
Guerra de ilusões e fantasmas na USP
08:08, 9/11/2011
Paulo Moreira Leite
Política Tags: PM, Universidade


Quem chegasse à 91a. delegacia de Policia Civil de São Paulo, na manhã de ontem encontraria um ambiente de paz. Na rua, três ônibus de cortinas negras, fechadas, traziam os 70 estudantes detidos que, pouco a pouco, seriam chamados a prestar depoimento sobre a invasão da reitoria da USP. No lado de dentro, delegados e policiais conversavam com os primeiros repórteres que apareceram.

A idéia, disse um delegado, era denunciar os estudantes por um ato de desobediência, incontornável depois que eles não acataram a ordem da Justiça de deixar a reitoria.
O passo seguinte seria um “Termo Circunstanciado de Ocorrencia”, documento que é menos relevante do que o célebre Boletim de Ocorrencia usado até para batida de automóvel. Feito isso, se dizia, eles seriam enviados para casa.
Ao meio dia, a conversa havia mudado. Chamado para atuar nessas horas, o deputado estadual do PT Adriano Diogo compareceu a um encontro fechado com tres delegados e uma delegada envolvidos diretamente no caso. O deputado me pediu para acompanhá-lo como testemunha.

Naquele momento, pretendia-se enquadrar os estudantes em três artigos. Além da desobediência, haveria o dano qualificado de patrimonio, em função de depredações encontradas na reitoria, e até por crime ambiental, por causa de pinturas nas paredes. (Ao longo do dia, essa postura mudaria mais uma vez e se abandonaria a acusação por crime ambiental.)

“NÃO CHEGAMOS AOS CABEÇAS’

Na reunião com Adriano Diogo, os delegados disseram que eram crimes graves. Avisaram que iriam pedir a prisão provisória dos estudantes e que já estavam procurando presídios onde pudessem ser alojados. Lembrando que a única hipótese de escapar era pagar a fiança, que, estipulada inicialmente em R$ 1050, fora rebaixada para um salário minimo, um deles disse: “dificilmente todos poderão ir para um mesmo lugar. Eles serão divididos. Quem sabe tenham de passar a primeira noite aqui.”

Um delegado insinuou que o deputado do PT poderia pagar a fiança. Adriano Diogo ficou irritado. Era uma tentativa de colocar o partido por trás de uma mobilização política que é comandada por estudantes cujo esquerdismo desafia padrões da pura racionalidade política. Fazendo ironia, ele perguntou se o delegado estava falando em propina ou se queria receber na forma de emendinha.

Uma explicação para a mudança de atitude da polícia é tecnica. Decidira-se por uma punição branda logo cedo, quando não havia sido feito um levantamento completo dos estragos na reitoria. “Depois se viu que a coisa era mais grave,” disse um assessor da Secretaria de Segurança. Mas ganhou curso em conversas entre pessoas envolvidas com a desocupação uma explicação política: os policiais foram instruídos a aplicar punições mais duras como parte de um esforço de imagem do governador Geraldo Alckmin. Como a maioria da população não enxerga o movimento dos estudantes com simpatia, uma reação considerada enérgica seria uma forma de associar Alckmin com uma preocupação em defesa da ordem. “Até segunda ordem a ordem é dar o exemplo,” me disse, ironico, um dos policiais que recebera os jornalistas pela manhã.
No encontro com Adriano Diogo, um dos delegados falou que as redes sociais deixavam claro que havia muito repúdio da população contra os estudantes. É um argumento estranho, já que o grau de periculosidade de uma pessoa não pode ser medida por sua aprovação maior ou menor no Ibope, nas colunas sociais ou na internet. O problema são os fatos.
O deputado perguntou se não era uma punição demasiada. ”Ainda é pouco,” disse um delegado, que acrescentou, num tom que embutia até uma certa possibilidade de ampliar os interrogatórios e quem sabe, as investigações: “ainda não chegamos aos cabeças,” acrescentou, referindo-se aos sindicatos de funcionários da USP que mantém um convívio estreito com as organizações dos estudantes.
Um pouco antes, a policia montou uma dessas vitrines fotograficas com parte do material encontrado na reitoria. Eram caixas de fogos de artifício, que um jornal descreveu erradamente como morteiro. Também foram exibidas meia duzia de garrafas de coquetéis Molotov. Os estudantes negam que tivessem levado o material para lá. O cenário ficou seriamente prejudicado, porém. Esse material foi apreendido quando os estudantes já não se encontravam na reitoria, o que pode dar credibilidade ao argumento de que era uma armação.

No encontro com o deputado, o mesmo delegado prosseguiu: “não enquadramos posse de arma de fogo. Seria pior ainda para eles, pois é inafiançável.”

A sentença era dura: “eles vão ter o que procuraram.”
O tom da conversa era este. Por uns minutos, parecia que estávamos diante de uma equipe policial que acabara de apanhar um grupo subversivo dos anos 60 e 70. Minha impressão era que montara-se uma combinação de enganos.
Lá fora, muitos estudantes diziam — com convicção — que seu movimento expressa a alvorada de um levante popular, exemplo do que acontece com a insurreição estudantil no Chile, a revolta dos indignados na Espanha, a ocupação de Wall Street e tudo mais. Na sala com os delegados, ouvia-se argumentos típicos da polícia política do regime miltar.
Os confrontos políticos fazem parte da vida em sociedade. São mais claros e produtivos quando seus protagonistas sabem do que falam. Tornam-se confusos e desgastantes quando se baseiam em ilusões.
A sensação ali na delegacia era de um espetáculo no qual nenhum dos protagonistas tinha idéia do enredo que estava representando. Não é obrigatório ter consciência de tudo o tempo inteiro. Mas quando enganos mútuos acontecem é mais fácil caminhar-se para o erro e o desastre.
Nessa situação, as pessoas tomam iniciativas e atitudes sem base no conhecimento da realidade, o que torna difícil atingir objetivos pretendidos. Ao contrário do que ocorreu em outras situações políticas, quando os estudantes eram aplaudidos ao fazer passeatas nas grandes cidades, hoje eles estão fechados em seu próprio mundo, conversando com eles mesmos.
Isso se reflete em sua atitude em relação a USP, a mais respeitada universidade do país, sonho tão distante da vida da maioria dos brasileiros que eles sequer conseguem imaginar que seus filhos possam alcançá-lo, um dia.

Ao sabe que iria me levar para a 91a. delegacia, o taxista lembrou que o rádio havia noticiado que este seria o destino dos estudantes e observou: “aquele movimento deles tá meio fraquinho, né…”

Andando pela delegacia, Adriano Diogo não conseguia evitar um leve riso irônico ao relembrar a origem da ocupação da reitoria. “Os conservadores do PSOL e do PSTU eram contra,” diz ele, mudando o tom de voz na palavra “conservador,” mencionando a sigla mais à esquerda do Congresso brasileire e uma organização de atuação extraparlamentar, que rompeu com a CUT e hoje anima uma corrente sindical agressiva e voluntariosa, o Comlutas.

Estudantes ligados ao PSOL e ao PST, que dirigem do DCE, eram contrários a invasão da reitoria. Numa assembléia tumultuada, onde cada parte acusa a outra de dar mais um golpe clássico em deliberações estudantis, os alunos favoraveis assumiram os trabalhos e decidiram fazer a invasão.
Um dirigente de uma das tendencias mais antigas dentro do Partido dos Trabalhadores apareceu na delegacia para encontrar dois militantes que participaram da invasão sem saber direito por que. “Nós discutimos e explicamos porque não deviamos apoiar essa ação. Mas, depois que a assembléia aprovou a invasão, eles acabaram entrando no bolo.”
O mundo estudantil sempre teve a fisionomia de um aquário mas, neste caso, as particularidades parecem maiores do que a média. As duas ou três organizações que estiveram à frente da invasão da reitoria exibem um radicalismo que um dia teve suas ligações com o pensamento de Leon Trotski, o primeiro líder comunista a reconhecer que o regime saído da revolução russa de 1917 caminhava para um fracasso que poderia produzir um retorno ao capitalismo.

Eles detestam a mídia, questionam a distribuição de renda ocorrida nos últimos anos como puro consumismo. Uma estudante me disse que a luta deles é difícil porque estão combatendo “essa democracia.”

A fraqueza desses estudantes em relação a própria massa estudantil é enorme. Nas últimas eleições para o DCE, uma chapa conservadora mostrou uma presença que não se via há muitas décadas. Muitos se perguntam o que teria acontecido se os votos de uma faculdade onde essa chapa tinha boa penetração tivessem sido anulados. A maioria dos observadores acredita que só irá crescer na próxima eleição.

Há concretamente um choque de civilizações entre estudantes e a PM. Habituada a fazer seu trabalho junto às parcelas humildes da população, que não tem meios de defesa nem canais de denúncia e reivindicação, ao atravessar a universidade a PM entra em rota de colisão com um mundo diferente, com outros códigos e discursos — e mais poder de retaliação.

Em vez de encontrar cidadãos socialmente indefesos, os soldados estão diante de brasileiros e brasileiras que tem outra condição social. As estatisticas informam que as universidades públicas estão longe de constituir um abrigo exclusivo de filhinhos de papai, como sustentam os advogados de sua privatização, mas são uma instituição que abriga pessoas que estão condenadas a agir e reagir como personagens de nossa elite cultural.

Essa possibilidade de resistência dificulta a aplicação, nas universidades, do simples jogo bruto que é comum em outros lugares. Ontem ouvi três histórias de violência que chamaram a atenção:

1- Uma estudante de Filosofia me disse que passou 40 minutos de pavor e
agressão, por volta das cinco da manhã, quando começou a desocupação. Foi arrastada e jogada no chão, teve sua câmara de filmar e fotografar quebrada. Ao gritar por socorro, foi silenciada com um instrumento de borracha enfiado em sua boca. Mais tarde, apertaram seu pescoço com um cassetete. Quando me deu um depoimento, chorou várias vezes e mostrou o lábio com manchas internas escuras, que eram marcas da agressão, disse.
2- Um estudante de Letras contou que foi apanhado pela PM do lado de fora da reitoria. Derrubado, foi algemado, enquanto um PM usava o pé para apertar sua cabeça contra o chão. O pai deste estudante, um funcionário público, disse que viu imagens da cena na câmara de um cinegrafista de TV que cobria a cena. “Minha mulher também viu e não pára de chorar até agora. Era tão estranho ver aquela cena que eu não conseguia acreditar que fosse meu filho.”
3 – Um terceiro estudante me mostrou um corte no supercilio esquerdo por baixo de um curativo grosseiro, com esparadrapo. Disse que fora agredido por um PM durante a desocupação da reitoria. “Ele me acertou com um escudo,” disse o estudante.

PROTESTO COM APOIO DE MINISTRO

Entrevistei o major PM Sofner, da Comunicação Social. Perguntei sua resposta a estes depoimentos. O major me disse que haviam apurado e que não era nada sério. Perguntei especificamente sobre o depoimento daquela estudante que foi arrastada, empurrada, jogada no chão. Ele me disse que não era verdade mas que estavam investigando. O ar era de quem não acreditava naquilo. Mas também parecia pura formalidade diante de um jornalista.

Vamos combinar que não há comparação possível entre a violencia cotidiana da PM contra a população humilde de São Paulo e das grandes cidades brasileiras. Por essa critério, a atuação dos policiais com os estudantes poderia ser classificada como educadíssima.

O ministro da Educação e candidato a prefeito de São Paulo Fernando Haddad – antigo aluno da USP – condenou publicamente a invasão, um apoio que os estudantes comemoravam discretamente em volta daqueles onibus em que ficaram detidos durante 17 horas. Talvez não haja mais curioso sinal dos tempos do que um protesto estudantil com apoio de ministro da Educação. Mas Haddad declarou que a universidade “não é cracolandia” e uma das vítimas da violencia da PM reclamou porque “nós não achamos que seria correto fazer na cracolandia o que fizeram na USP.”

O esforço de criminalização dos estudantes inclui a técnica de dizer e repetir a besteira de que eles não passam de maconheiros interessados em livrar-se da PM para fumar seus baseados à vontade. É injusto, mentiroso e irresponsável. Basta ler jornais para ter uma idéia das mazelas que envolvem a Polícia Militar e é importante que se discuta isso. A PM tem uma postura agressiva em relação a estudantes, quando poderia ter uma atuação mais ponderada. Precisa ser controlada e dirigida e isso cabe à quem responde por seus serviços, a reitoria. Mesmo que se diga que é proibido fumar maconha, é preferível ver a PM cuidado de crimes mais graves e importantes quando faz seu trabalho na USP.

Mas não concordo com sua reivindicação, ”Fora PM.”

Como a maioria dos brasileiros, acho que a segurança é um direito da população e um dever do Estado. A população quer tranquilidade para trabalhar, andar pela rua, divertir-se. A menos que se prove que os dados divulgados são falsos, o que não se fez até o momento, a entrada da PM na USP trouxe benefícios evidentes neste quesito.

Sei que a corporação acumula um comportamento violento e autoritário que vai muito além do razoável. Isso está errado e é inaceitável. Mais perturbadores, ainda, são relatos de ações de espionagem política sobre as organizações dos estudantes e sobre o sindicato de funcionários da USP. Numa das assembléias anteriores a invasão, um grupo de cidadãos à paisana, que se dizia jornalistas, teve um comportamento típico de agentes provocadores, dando pontapés e cometendo agressões contra estudantes.

O debate sobre segurança é atual e tem uma dimensão nacional. Mas nenhuma proposta de reforma ou mesmo reconstrução da PM, autoriza que se dispense o serviço da corporação.

A boa educação política ensina que é preciso separar as coisas. Numa democracia, todos precisam aprender isso.

A presença da PM na universidade não pode servir de desculpa para agressões contra estudantes.

http://www.blogcidadania.com.br/2011/11 ... esbalda-2/
Enquanto PM brinca de ditadura na USP, bandidagem se esbalda

Posted by eduguim on 08/11/11 • Categorized as Crônica


O elevador para em um dos andares inferiores enquanto desce para a garagem. A vizinha embarca de cabeça baixa, emite um bom dia quase inaudível e permanece de perfil para nós. Geralmente simpática, está equidistante. A patroa puxa papo. A mulher não tem como deixar de se voltar e responder. Aí entendemos a razão da esquiva.

Um Band-aid se estende espalhafatosamente pela face esquerda. Tina, espontânea como de costume, espanta-se e solta um gemido, ao que a cutuco pedindo discrição. A vizinha baixa os olhos e, inevitavelmente, fica constrangida. A curiosíssima e indiscreta companheira não deixa por menos:

– Meu Deus! Está tudo bem?

Cutuco de novo, em vão. A curiosidade da companheira é tão grande quanto o coração. Seu tom carinhoso e solidário, porém, solta a língua da vizinha.

– Aconteceu alguma coisa, querida? A gente pode ajudar?

– Eu… Fui assaltada ontem, no trânsito.

– Nossa! Mas onde? Te agrediram?

– Ali no fim da Frei Caneca, no semáforo. Comecei a chorar e ele me espetou com o canivete. Quase pega no olho…

A esta altura, a voz da mulher já está embargada e os olhos, rasos d’água. A Tina a abraça e lhe acaricia os cabelos, pedindo “calma, calma, calma…”.

O elevador para no térreo e desembarcamos com a vizinha, apesar de que estávamos indo para a garagem. Sentam-se no sofá do hall do prédio e continuam a conversa.

– Você deu queixa?

– Pra que? Pra nada… Fui cuidar do machucado. Eu acho, acho que… E se ficar marca?

A mulher volta a chorar, agora copiosamente.

*

Chegamos tarde ao escritório. A vizinha nos tomou, pelo menos, uma meia hora. Já são nove e meia. Mas, enfim, manifestar solidariedade é uma obrigação, sobretudo entre vizinhos.

Não há vaga para estacionar. A universidade em frente à casa em que fica meu escritório consome cada vaga em um raio de pelo menos uns 500 metros ao redor. Começo a percorrer a redondeza e, surpreendentemente, encontro vaga menos distante do que de costume quando chego tarde.

Quando começo a manobrar para estacionar, minha passageira de todas as manhãs me adverte que pare porque a vaga está cheia de “cacos de vidro”. Paro o carro e desço para olhar. Não são cacos de um vidro qualquer, são cacos de um para-brisa ou de qualquer outra janela de um veículo.

A cena é comum em São Paulo. É difícil que alguém que possua um veículo nunca tenha sido vítima desse tipo de depredação de seu patrimônio. Não há semana em que não se encontre cacos de vidro de automóveis espalhados pela rua. O roubo de toca-fitas ou do próprio veículo é uma praga que só faz aumentar, por aqui.

*

Roubos, furtos, assassinatos, estupros, latrocínios, agressões racistas e/ou homofóbicas, tudo isso se tornou incontrolável, em São Paulo. Regiões movimentadas e centrais como a avenida Paulista, por exemplo, não têm policiamento. Aqui e ali, uma dupla de policiais entediados em guaritas adornadas com os motivos da Polícia Militar.

Não há policiamento, em São Paulo. Por conta disso, até na principal avenida da cidade os paulistanos podem ser vitimados por ataques de gangues, assaltos etc. É comum encontrar alguém consumindo drogas tranquilamente, por ali. Dia desses, passei por um casal que fumava um verdadeiro charuto de maconha despreocupadamente.

Quando se olha para os contingentes imensos que a Polícia Militar paulista costuma deslocar para reprimir manifestações de professores ou de alunos, por exemplo, a questão vem à mente: onde fica toda aquela polícia, no resto do tempo? Para desocupar a USP, cerca de QUATROCENTOS policiais. Helicópteros, viaturas, um verdadeiro aparato de guerra.

A imprensa, em vez de denunciar a falta de polícia para proteger os cidadãos, une-se ao pequeno exército de policiais militares que o governo tucano de São Paulo mobilizou para produzir cenas como a da imagem que encima este texto. Apontar um trabuco desses para um estudante… O governo paulista enlouqueceu. Seria ridículo, se não fosse trágico.

E os repórteres da grande imprensa hostilizando os estudantes? É papel da imprensa insultar manifestantes? A repórter do SBT que chamou os estudantes da USP de “maconheiros” estava lá para colher informações ou para ajudar a polícia que desguarneceu ainda mais as ruas para combater os “perigosos” garotos e garotas que ocuparam a reitoria da universidade?

Não dá para criticar os estudantes da USP. Pouco importa se o método que escolheram para protestar contra o aumento do efetivo da PM no campus foi equivocado. Quando o governo monta uma operação de guerra com um contingente policial desse tamanho enquanto a cidade pena nas mãos dos bandidos, tudo mais perde o sentido.

Esse episódio simboliza à perfeição o massacre que a educação sofre no Estado de São Paulo por obra dos governos fascistas do PSDB. E a polícia tucana, em vez de policiar a cidade, só dá as caras contra “perigosos” mestres ou alunos que ocupam o lugar dos criminosos nas mentes reacionárias que governam este Estado decadente.
http://www.blogcidadania.com.br/2011/11 ... -bandidos/
Grandes operações da PM de SP não são contra bandidos

Posted by eduguim on 10/11/11 • Categorized as denúncia


Nas primeiras horas da última terça-feira, um efetivo de 400 policiais militares de São Paulo usou 50 veículos, dois helicópteros e um pequeno exército de jornalistas apoiadores para prender cerca de 70 garotos e garotas magrelos que ocupavam a reitoria da USP armados com livros e cadernos de alto calibre. Foram quase seis policiais militares para cada estudante.

Armados com fuzis, escopetas, bombas e o que mais se puder imaginar em termos de armamento pesado, a operação em tela foi uma das maiores que a Polícia Militar de São Paulo empreendeu neste ano. Cada um dos parrudos policiais militares armados até os dentes que se envolveram naquela operação teria condições de render, agora sim, pelo menos seis manifestantes.

As raras grandes operações que a polícia militarizada de São Paulo faz no Estado são sempre contra cidadãos rebelados, sim, mas que não são bandidos. Quem buscar na internet alguma operação desse porte contra o crime organizado ou desorganizado só encontrará operações de reintegração de posse ou de repressão a manifestações de rua.

Enquanto polícia como a do Rio de Janeiro empreende ocupações de favelas trocando tiros com criminosos fortemente armados e de altíssima periculosidade, a polícia paulista só investe contra famílias para retirá-las de habitações precárias que se equilibram em terrenos de grandes empresas ou de multimilionários, ou então contra manifestações legítimas da sociedade civil.

Quando se fala em operações policiais de porte em São Paulo, vêm a mente as reintegrações de posse que colocam mulheres, crianças e velhos pobres com seus móveis, roupas e utensílios domésticos no meio da rua ou a repressão à Marcha da Maconha ou as manifestações de professores da rede estadual em reivindicação por salários decentes.

Diante da situação de escandalosa insegurança pública que vige em São Paulo, não se entende onde ficam esses imensos contingentes de policiais quando não estão espancando jovens magricelos e professores ou enxotando famílias de seus barracos insalubres.

Há regiões no Estado de São Paulo, sobretudo na capital, em que nenhum desses jornalistas que vivem garantindo que o Estado está cada vez mais seguro ousaria dar as caras. Tanto quanto a polícia. A Cracolândia, por exemplo, incrustada como uma chaga no centro velho da capital, escandaliza muito mais devido à dimensão do caos que vige ali.

Apesar de outras cidades brasileiras terem pontos de tráfico e de consumo de drogas, nenhum tem a dimensão e a ousadia da Cracolândia paulistana. São centenas e centenas de mortos-vivos convivendo com traficantes de drogas procurados. É um local em que morre gente em ações violentas o tempo todo e onde qualquer um que passe pelo local pode ser vitimado.

Nos bairros pobres, as portas das escolas públicas atraem o tráfico e gangues violentas. Mesmo nas regiões mais abastadas da cidade, a elite se vê acossada em cada semáforo, ainda que trancada em seus carrões. A avenida Paulista se tornou uma selva até mesmo durante o dia. Mas é de noite que o bicho pega.

Gangues atacam cidadãos por qualquer razão. Este blogueiro ficou meses dormindo em um hospital naquela avenida para acompanhar a filha doente. Pelo menos uma vez foi ameaçado por uma dessas gangues na porta daquele hospital, ao sair de madrugada para comprar cigarros – eram quatro rapazes que frearam bruscamente o carro e que ameaçaram agredir sem razão inteligível.

Esses exércitos de policiais, porém, só dão as caras, em São Paulo, para combater cidadãos reivindicando direitos ou que sofrem os efeitos da pobreza e da desigualdade. É nesse contexto que a operação de desocupação da reitoria da USP se torna surreal. É como se a polícia paulista não tivesse nada de mais importante para fazer.

Como cada brucutu daqueles que invadiram a USP daria conta de render pelo menos uma meia dúzia daqueles garotos que não ofereceram resistência alguma e que se encolheram ordenadamente no chão ou contra a parede, estima-se que dez por cento do efetivo policial deslocado para aquela operação teria sido mais do que suficiente.

Além disso, é grave a suspeita de que aquela meia dúzia de Coquetéis Molotov exibida para a imprensa pela polícia sob alegação de que foram encontrados com os estudantes pode ter sido plantada pela própria polícia de forma a justificar o tamanho desproporcional da operação. Até agora, a polícia não apontou de quem seriam os artefatos.

Houve um linchamento dos estudantes pela imprensa, sobretudo pela tevê aberta e pela imprensa escrita, que praticamente não deram voz aos amotinados. Nos telejornais, alguns segundos para os advogados deles e longos minutos para seus acusadores e detratores, que se somavam às opiniões dos apresentadores.

A sociedade paulista está anestesiada. O povo de São Paulo tem que investir sem parar em segurança e, assim mesmo, todos sabem que podem sofrer ações criminosas e violentas a qualquer momento. Contudo, essa população não se espanta com a exibição de força de uma polícia que nunca está por perto quando se faz necessária.

Assassinatos, latrocínios, estupros, ataques de gangues, roubos, furtos… Tudo que é crime só faz aumentar em São Paulo. As estatísticas anunciadas pela polícia, apesar de refletirem tal situação, sofrem acusações incessantes de manipulação.

Isso sem falar que o povo paulista, como o senso comum reconhece, costuma nem se dar ao trabalho de prestar queixa de ações criminosas. Parece pouco polêmico afirmar que, em São Paulo, os alvejados pelo crime sempre argumentam que dar queixa na polícia “não adianta nada”. Ou seja, então: as estatísticas mal refletem a realidade de insegurança no Estado.

Essas dondocas que andam promovendo reuniões para criticar os estudantes da USP, para elogiar a desproporcional ação da PM e para articular a tal “marcha contra a corrupção” que promete sair às ruas no próximo dia 15, mal sabem que, por sua estupidez, no próximo semáforo poderão ser alvo de algum garoto de dez anos enlouquecido pelo crack.
http://www.viomundo.com.br/politica/mau ... rmado.html
Reações a doença de Lula e à PM na USP evidenciam crise ideológica e cultural

por Maurício Caleiro, em seu blog, sugerido pela Maria Frô

As reações, na internet, a dois eventos recentes – o anúncio de que o ex-presidente Lula está com câncer e a atuação da PM na USP – têm causado perplexidade e repulsa pelo modo agressivo com que se expressam e pelo que evidenciam de falta de educação, preconceito e inadaptabilidade ao debate democrático. Mas, como veremos, há mais pontos em comum entre essas duas manifestações de intolerância do que à primeira vista sugerem.

Agressões ao doente

Receber a notícia de que alguém está com câncer – ou com outra doença tida como grave – costuma despertar compaixão no ser humano. Alguns atribuem tal reação a uma suposta bondade inerente à nossa espécie, acreditando que por baixo das máscaras que adotamos para a vida em sociedade vicejam corações plenos de boa intenção; os não-rousseaunianos, mais reticentes, afirmam tratar-se de uma reação ditada pelo instinto de preservação: o temor de que venhamos a padecer da mesma enfermidade faz com que nos identifiquemos com a dor alheia como forma de esconjurá-la.

Seja como for, considera-se que festejar e regojizar-se com o anúncio da doença alheia é reação que ultrapassa todos os limites do bom senso e da convivência em sociedade. É por isso que o que se viu, na internet mas também nas redações, logo após o anúncio de que Lula está acometido de um câncer na laringe, marca um dos pontos mais baixos do debate público no Brasil. No momento de maior fragilidade do ex-mandatário, deu-se vazão a todo o ódio e preconceito de classe acumulado nos anos em que ele esteve no poder.

O texto definitivo sobre o caso veio da pena cada vez mais afiada de Maria Inês Nassif, que entre outros pontos relevantes apontou que não é de hoje que o respeito mínimo devido a todo presidente eleito não tem lugar quando se trata de Lula da Silva – e que entre os que através de tal procedimento desrespeitam a própria instituição da Presidência está a própria mídia, que deveria dar o exemplo.

Insultos aos estudantes

Pois nem bem as forças democráticas se recuperavam de tais excessos agressivos – que levaram até jornalistas notadamente conservadores a reclamar – e o país já se via diante de um novo efeito-manada, uma onda de insultos contra estudantes da USP que, em reação contrária à decisão (tomada em assembleia própria) de desocupar o prédio administrativo da FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas) decidiram ocupar a Reitoria para continuar protestando contra a ação da PM no campus, com revistas constantes, que culminaram na prisão de três alunos de Filosofia flagrados com um cigarro de maconha.

Daí em diante o que se viu, mesmo entre autointitulados esquerdistas, foi uma onda de protestos contra o que chamam de “os maconheiros da USP”. Mesmo deixando de lado a generalização descabida, há, em pleno século XXI – quando as principais democracias reconhecem que o uso de maconha é questão de foro pessoal e do âmbito da saúde, não da segurança pública – algo de intrinsecamente anacrônico no uso do ajetivo “maconheiro” como forma de promover estigmatização e desqualificação. Além disso, assim como ocorreu com a doença do ex-presidente, o que o fenômeno da reação virulenta à invasão da Reitoria da USP nos traz é, uma vez mais, o ódio de classe e os recalques de fundo psicológico, vindos à tona de forma agressiva e com vocabulário tosco. A internet enquanto catarse.

A herança do desmanche

A realidade, porém, é bem mais complexa do que os histéricos querem fazer crer. Como explica de forma detalhada o professor da USO Pablo Ortallado, em ótimo artigo, a violência na instituição está diretamente ligada a um processo de restrição cada vez maior do exercício da democracia interna. Por meio deste, a USP é, hoje, uma das universidades públicas brasileiras em que professores, servidores e alunos têm o menor peso nas decisões importantes, a cargo de colegiados de membros de estâncias burocráticas superiores que se transformaram em verdadeiros feudos, onde o poder se perpetua nas mãos de poucos.

Em decorrência disso, cerceia-se ao máximo o raio de ação política dentro das regras do jogo por parte de alunos, professores e funcionários. Ora, quem já pássou por uma ditadura sabe: quando as regras reprimem o exercício da democracia, é dever do democrata desobedecer e lutar pela modificação delas. Achar que a brutal repressão institucional a que a USP vem sendo submetida nos últimos 20 anos iria ser aceita passivamente é subestimar a inteligência dos uspianos.

Agrava essa situação o modelo urbanístico adotado pela universidade paulista, que é criticado, entre outros, pela arquiteta e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/USP) Raquel Ronik, o qual colaboraria para a segregação social no campus e entre moradores da cidade e uspianos, como apontam os alunos de Relações Internacionais Leonardo Calderoni e Pedro Charbel, em artigo que denuncia a forma manipuladora como o conceito de autonomia é instrumentalizado pela mídia e pelas autoridades universitárias.

O PSDB tem um papel preponderante nesse estado de coisas, não só porque, à frente do governo de São Paulo há 17 anos, é co-responsável pelo estágio urbanístico-social-institucional da USP, mas porque José Serra – que não nomeou o candidato a reitor que ocupava o primeiro lugar na lista tríplice, preferindo o polêmico Rodas – e Geraldo Alckmin estavam a cargo do governo nas duas vezes em que a Tropa de Choque da PM, num ato inimaginável numa verdadeira democracia, invadiu o campus – a mais recente na manhã de hoje -, utilizando de violência desmedida contra estudantes desarmados.

PM no campus

A reação de apoio à ação da polícia, mesmo nas raras vezes em que é expressada de forma polida e educada, evidencia o profundo conservadorismo que marca a sociedade brasileira atual. Trata-se de um paradoxo: no momento mesmo em que 28 milhões deixaram de ser miseráveis e 40 milhões ascenderam à classe média, e que o Brasil tornara-se efetivamente um player na política internacional, o debate sobre questões internas involui não apenas na forma (a difamação e os ataques pessoais substituindo o diálogo civilizado e a argumentação), mas também no conteúdo (com pressupostos que há pouco eram exclusivos de fanáticos de direita tornando-se de uso corrente entre os estratos médios e altos).

Seria preciso uma alta dose de auto-engano para não se aperceber que o país, tanto em termos culturais quanto ideológicos, claramente retrocedeu, se comparado àquele de 40, 50 anos atrás. Não há como comparar o nível das discussões públicas hoje, no Brasil, àquele que se deu, por exemplo, no bojo do processo de redemocratização do país.

Regredimos?

Antes que as palavras aqui ditas sejam distorcidas, cabe assinalar que não se quer com isso, de forma alguma, sugerir que o ambiente da ditadura era mais profícuo em termos culturais e ideológicos do que os atuais. Ainda que isso seja verdade em alguns períodos – notadamente entre 1964 e 1967, hiato que o crítico literário Roberto Shwarz qualificou como os “anos de hegemonia cultural da esquerda” -, isso se deve mormente ao ímpeto antiditatorial de artistas da coragem e do talento de um Chico Buarque ou de um Vianinha – e à necessidade de unir-se no combate a um inimigo em comum.

Na verdade, a crise ideológica e cultural que hoje uma vez mais se agrava tem como origem justamente a ação sistemática da ditadura contra as formas culturais mais autênticas e mais revolucionárias, em prol do investimento vultoso na constituição de uma sociedade televisiva de massas – uma herança que os civis de direita que marcaram o longo período de transição para a democracia só açularam, muitos com proveito eleitoral.

O preço da desideologização

Há uma década, a centro-esquerda tem sido eleita, é verdade, mas, como as eleições que culminaram com a vitória de Dilma Rousseff evidenciaram de forma inconteste, não foi através de uma proposta programática de perfil ideológico – muito pelo contrário: tal como o “Lulinha Paz e Amor” de oito anos antes, a hoje presidenta submeteu-se ao regime padrão de marquetagem, chegando, ao final da campanha, ante as baixarias desmedidas de José Serra, a retroceder em questões de suma importância, como o aborto.

É precisamente quando se evidencializou de forma mais clara, àqueles que não se recusaram a ver, que a crise ideológica transcendia as questões colocadas pelo neoliberalismo, as quais dominaram o período imediatamente anterior (e, muitas delas, continuam na ordem do dia), e que a crise cultural, como qualquer crise estética, era também uma crise ética.

“Mas o importante é que eles venceram” – dirá o esquerdista pragmático. Sim, venceram, mas o preço que a sociedade brasileira como um todo vem pagando por essa recusa em um debate ideológico é uma despolitização da política, uma desideologização da esfera pública que ao final só beneficia os grandes grupos de mídia corporativa, os quais têm como interesse precípuo obter pontos no Ibope, e não levar cultura e educação ao público espectador, como “exige” a Constituição.

Dieta indigesta

A sobreposição do marketing à política e a naturalização das telecomunicações como meio de entretenimento – seja através das narrativas ficcionais das novelas ou das narrativas protojormalísticas dos telejornais – certamente desempenham um papel fundamental nesse processo de alavancagem do conservadorismo desinformado, pois não há como evoluir ética e ideologicamente com uma dieta de Datenas, Lucianos Huck, CQCs e coisas do gênero. Um país que, há 11 anos, quase para durante meses para assistir a Big Brother Brasil está profundamente enfermo em termos de ideologia, ética e estética – e negar isso em nome de uma suposta pluralidade democrática de escolhas é tapar o sol com a peneira.

E a relação entre política e mídia está diretamente imbricada na questão: cada vez que o governo Dilma demite um ministro após um factoide da Veja, não só estimula um jornalismo-denúncia – forte em escândalo mas fraco em evidências -, mas, ao fortalecer a posição da revista ante o público, está, na prática, incentivando a difusão de um ideário conservador (inerente à publicação) que transcende a política e se torna moeda corrente em questões comportamentais e culturais.

É pelas razões acima expostas que já passa da hora dos governos ditos de centro-esquerda renunciarem à ferrugem neoliberal que emperra o protagonismo do Estado na área cultural e tomarem as rédeas de um projeto de elevação do nível educacional e cultural do povo brasileiro, sob a pena não apenas de serem derrotados eleitoralmente, mas de legarem ao futuro um país ainda mais conservador, ignorante e truculento do que o que herdaram.

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Carnage
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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#110 Mensagem por Carnage » 12 Nov 2011, 14:30

http://maierovitch.blog.terra.com.br/20 ... e-maconha/
A hora e a vez da Rocinha e o campus da USP: Rio prende traficante e, São Paulo, universitários usuários de maconha
Tags:Rocinha, Traficante Nem, Unidade Pacificadora - walterfm1 às 12:03


Na favela-bairro da Rocinha — localizada na zona sul do Rio de Janeiro com mais de 60 mil moradores —, a organização denominada Amigos dos Amigos (ADA) controla o tráfico de drogas ilícitas e exerce forte influência social.

Pelo cronograma da Secretaria da Segurança Pública do Rio, a Rocinha, dada como a maior favela do Brasil, será a próxima a abrigar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e representará um grande desafio para os responsáveis pela atual e moderna política de segurança do Rio.

Pela primeira vez será implantada uma unidade em área dominada pelo ADA: as anteriores foram em territórios que estavam sob controle de facções do Comando Vermelho (CV).

A propósito, enquanto o Rio de Janeiro enfrenta a criminalidade organizada com uma adequada política de segurança (substituiu a militarizada e populista posta em prática irresponsavelmente pelo governador Sergio Cabral), a do governador Geraldo Alckmin optou, com apoio na linha neofascista da Lei&Ordem, pela perseguição a universitários que fumam maconha no campus da Universidade de São Paulo (USP). Isto com finalidade lúdico-recreativa (não medicinal).

Em tempo de imunidade penal pelo mundo civilizado, como se nota por vários institutos premiais (plea bargaining, delação premiada, pattegiamento, bagatela, remição, desassociação etc), investe-se em São Paulo no de menor potencial ofensivo, enquanto o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma organização criminosa que já desmoralizou as polícias paulistas, espalha-se e difunde o medo na periferia da capital.

Como se vem observando no Rio de Janeiro, e ficou claro na “fuga” de covardes traficantes do Complexo Dona Marta e Alemão, a migração deliquencial é a regra, com o anúncio do avanço da implantação das unidades pacificadoras. Ocorre, no entanto, que os chefões deixam o local mas mantêm microtraficantes com o objetivo de corromper os agentes envolvidos na pacificação.

Recentemente, verificou-se que soldados do Exército foram subornados no Complexo do Alemão.

O poder econômico do tráfico proporcionou a corrupção de grande parte das polícias fluminenses. E ex-policiais associados, com os da ativa e do corpo de bombeiros, criaram as milícias, outra espécie de organização do gênero crime organizado de matriz pré-mafiosa.

Na quarta-feira (9), o megatraficante Nem (Antonio Bonfim Lopes) resolveu deixar a Rocinha e não enfrentar diretamente os policiais destacados para a reconquista de território do Estado, e não da delinquência. Isso pode ser indicativo da tática do ADA de não resistir para, depois da implantação, voltar a se infiltrar e tentar dominar.

Nem, avisado da ocupação da Rocinha, tentou fugir no porta-malas de um automóvel que acabou, por obra do acaso, selecionado para vistoria quando em trânsito pela Lagoa Rodrigo de Freitas.

O espantoso, como verificado na véspera, é que comboios de policiais continuam sendo usados para transportar, com segurança, membros de organizações criminosas. Nesta semana, cinco policiais foram presos quando transportavam traficantes da Rocinha.

Wálter Fanganiello Maierovitch

Passeata pede renúncia do reitor da USP
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... tor-da-usp

http://blogln.ning.com/profiles/blogs/e ... a-s-secret
Eduardo Socha: A PM na USP e o desfile da Victoria’s Secret

por Eduardo Socha


Sejamos diretos. Não é preciso ler as páginas de Foucault nem o editorial da Veja para constatar que, no Brasil, o reacionarismo mais cafona e cenozóico dispõe de estratégias eficientes para sua manutenção. Uma pesquisa realizada em 18 países da América Latina pela ONG chilena Latinobarómetro e divulgada no mês passado pela Folha de São Paulo indica que o “apoio à democracia no Brasil” (sic) sofreu queda de 9 pontos percentuais (54% para 45%) de 2010 a 2011. No período de um ano, a parcela da população que resolveu sair do armário ideológico e assumir seu desdém pela democracia atingiu níveis alarmantes.

Por mais discutíveis que sejam os critérios, aparentemente binários, de uma pesquisa que visa mapear o “apoio à democracia”, o resultado não chega a surpreender. Bem ou mal, acaba confirmando aquilo que todos nós sentimos no dia-a-dia: como a política no Brasil vive ainda sob o espectro vigilante de seu passado autoritário, ficamos habituados a brincar o jogo de uma democracia protocolar, de fachada, bonita no papel, mas que resiste a transformações que possam realizar aquilo que preconiza. Ao contrário do que acontece no jogo do bicho, no que se refere à constituição brasileira, nem sempre vale o que está escrito.

Parece natural, portanto, que setores da imprensa resolvam acompanhar (ou incentivar) o movimento de retração democrática indicado na pesquisa. Deixando de lado as teorias bizantinas sobre o papel deformador da “mídia” (termo gasto, mas ainda funcional), é preciso reconhecer que aquelas artimanhas da direita mais carnívora na imprensa brasileira são paradoxalmente sutis. Consistem em reafirmar, por exemplo, com serenidade modernosa, o mito da imparcialidade do jornalismo, declarando ideologicamente o fim das ideologias. No plano da linguagem, impõem o estilo ‘clean’, adaptado à realidade dinâmica do mercado: pouca adjetivação, indiferença sintática e lexical quanto à natureza da notícia, simplificações que remetem ao consenso opinativo do repertório conservador da Casa Grande.

Urso Knut e “baderneiros”

Basta acessar a página principal de um dos principais portais de internet para perceber, num breve e pedagógico lance de olhos, a maneira com qual a mídia organiza sua gôndola de notícias circulantes. Depois de conhecer detalhes da saudade provocada pela ausência do urso Knut no zoológico de Berlim, de saber sobre a queda iminente de um ministro, sobre os impasses da contratação do Neymar e sobre o desfile de lingerie da Victoria’s Secret em Nova York, eis que o leitor se depara com o rol de notícias sob a rubrica “invasão na USP”; um assunto socialmente inconveniente, mas que, no jargão da área, repercute.

E repercute não apenas nos comentários dos leitores-consumidores que não cessam de reproduzir o entulho autoritário, traduzindo em linguagem cotidiana a violência cifrada da linguagem jornalística. “Baderneiros”, “maconheiros safados e vagabundos”, expressões para se referir aos estudantes da USP, atingem rapidamente as paradas dos trending topics. Dessa vez, os próprios jornalistas resolveram ir às vias de fato e partir para o gozo do insulto. Dias atrás, Gilberto Dimenstein havia lamentado a reação estúpida de seus leitores nos comentários em relação ao câncer de Lula, reconhecendo que “a interatividade democrática da internet é, de um lado, um avanço do jornalismo, e, de outro, uma porta direta para o esgoto do ressentimento e da ignorância”. Apesar do reconhecimento, Dimenstein não pensou duas vezes em chancelar de “delinquentes mimados” os manifestantes que ocuparam a reitoria da universidade. Reconciliou-se, talvez de pronto, com seus leitores.

Que fique claro: os alunos que decidiram ocupar a reitoria estavam errados, pois a ação não contava com a legitimidade da assembleia (por sinal, o reitor João Rodas, segunda opção da lista tríplice encaminhada ao então governador José Serra, ostenta também certo déficit de legitimidade junto à comunidade acadêmica). A ocupação, de fato, não havia sido referendada pelo movimento estudantil.

No entanto, deveria suscitar no mínimo curiosidade, para não dizer indignação, o uso da força de 400 policiais da Tropa de Choque e da Cavalaria da Polícia Militar, um helicóptero, policiais do GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais) e do GOE (Grupo de Operações Especiais), para expulsar 73 ocupantes desarmados. Não havia molotov nem espírito sanguinário aguardando a PM dentro da reitoria.

Spread ideológico

Ao noticiar que a PM apenas cumpriu reintegração de posse, o jornalismo unidimensional puxa assim o coro dos afeitos ao poder do cassetete (“tinham de descer o sarrafo mesmo nesses baderneiros”, exalta o leitor malufista que já saiu do armário). Talvez tenha passado longe da cobertura desses setores da imprensa o fato de que a desproporção entre o ato dos ocupantes e o imenso aparato policial, orquestrado para uma intervenção espetacularizada, sinaliza claramente um spread político e ideológico, a ser rapidamente embolsado pelo governador do Estado (para quem “a polícia demonstrou eficiência”) e por um Datena de plantão.

Esse enorme descompasso pode nos levar à constatação de outros procedimentos corriqueiros da grande imprensa. Entre eles, o de ridicularizar divisões como esquerda/direita, o de tornar obsoletas expressões como “injustiça social” ou “opressão”, o de distorcer as ações e os discursos de qualquer mobilização social. Um jornalista do Estado de São Paulo, na edição sabática de 5 de novembro, ironicamente noticiava que o termo-hit das assembleias da FFLCH era o “para além de” e que vigorava uma patrulha austera quanto ao uso de expressões como “portas de fábrica”, “O Capital”, etc, em meio a conversas sem pé nem cabeça. O texto teria deliciado leitores e alguns colegas de profissão, ao retratar o movimento estudantil com traços infantilóides e desvairados. Trata-se de uma peça exemplar, típica da soberba, do desrespeito e da repressão discursiva que tem espaço cativo na imprensa – de todo modo, para além do tom professoral do jornalista, seria interessante apresentar esse mesmo texto a um estudante de letras ou de ciências sociais da FFLCH para a análise da retórica e dos interesses de classe.

Acontece que, contrariando a descrição do jornalista e incomodando parte dos cidadãos que torcem o nariz para a democracia, os estudantes sabem muito bem o que fazem. Organizam-se em assembleias e, mediante encaminhamentos claros e específicos, solicitam maior segurança dentro do campus – plano de iluminação nas diversas unidades, aumento do efetivo da guarda universitária, ampliação dos ônibus circulares, abertura do campus à população. Decidiram pela greve, pois estão conscientes de que o tradicional método repressor da PM não é a forma adequada para garantir a segurança da comunidade. O lamentável episódio da terça-feira, dia 8, veio demonstrar a truculência anunciada. Em resumo, os estudantes estão fazendo política, para espanto daqueles que acreditavam no colapso prático da ideias.

Mas esse debate pouco interessa à parcela da mídia de encosto autoritário. Esta, com o perdão da lembrança, também é composta por empresas com identidade, nome fantasia, CNPJ, interesses comerciais. Interessa a elas muito mais reduzir o conflito entre PM e estudantes a um confronto tópico entre a lei e a permissividade anômica de “delinquentes mimados” que gostariam de fumar seu cigarro de maconha. Interessa anestesiar politicamente seu consumidor para que ele se sensibilize com a tensão das modelos do desfile de lingerie da Victoria’s Secret. Interessa, afinal, dissipar a esperança de que a democracia possa sair do âmbito da utopia por meio de manifestações autênticas e organizadas como essas dos estudantes da maior universidade da América Latina.

Eduardo Socha é mestre e doutorando em filosofia pela FFLCH-USP.

http://www.brasil247.com.br/pt/247/bras ... reitor.htm
Pesquisadores repudiam PM na USP e atacam reitor
Ação de policiais no campus é herança da ditadura militar - cravam acadêmicos; eles acusam João Grandino Rodas de adotar medidas violentas; alunos marcam nova assembleia para depois do feriado

12 de Novembro de 2011 às 09:04


Diego Iraheta_247 - Um grupo de 43 pesquisadores da Universidade de São Paulo atribui a crise recente ao ranço de ditadura militar que persiste na USP. Em nota, os acadêmicos condenam a ocupação do campus pela Polícia Militar e a ação que levou à prisão de 73 estudantes, na terça-feira, 8. Os professores e estudiosos também atacam o reitor João Grandino Rodas, que, na avaliação deles, está adotando medidas violentas em sua gestão - o que impede a efetiva participação dos integrantes da comunidade universitária nos processos decisórios dentro da USP.

"O que está em jogo é a incapacidade das autoritárias estruturas de poder da universidade de admitir conflitos", criticam os pesquisadores. Entre as medidas consideradas autoritárias, estão: a interferência do governo estadual no processo de escolha do reitor, a manutenção do regime disciplinar de 1972 e a ausência de eleições representativas na USP. De acordo com os acadêmicos, João Grandino é "laureado pela ditadura militar".

Os alunos convocaram greve na semana passada, mas uma pequena parcela da instituição foi atingida pela decisão. Estão de braços cruzados estudantes de pelo menos três cursos: Filosofia, Letras e Comunicação. O Diretório Central dos Estudantes da USP convida todos a participarem de uma nova assembleia depois do feriado - no dia 17 de novembro, às 18h30, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Leia a nota dos acadêmicos na íntegra:


Nós, pesquisadores da Universidade de São Paulo auto-organizados, viemos por meio desta nota divulgar o nosso posicionamento frente à recente crise da USP.

No dia 08 de novembro de 2011, vários grupamentos da polícia militar realizaram uma incursão violenta na Universidade de São Paulo, atendendo ao pedido de reintegração de posse requisitado pela reitoria e deferido pela Justiça. Durante essa ação, a moradia estudantil (CRUSP) foi sitiada com o uso de gás lacrimogêneo e um enorme aparato policial. Paralelamente, as tropas da polícia levaram a cabo a desocupação do prédio da reitoria, impedindo que a imprensa acompanhasse os momentos decisivos da operação. Por fim, 73 estudantes foram presos, colocados nos ônibus da polícia, e encaminhados para o 91º DP, onde permaneceram retidos nos veículos, em condições precárias, por várias horas.

Ao contrário do que tem sido propagandeado pela grande mídia, a crise da USP, que culminou com essa brutal ocupação militar, não tem relação direta com a defesa ou proibição do uso de drogas no campus.

Na verdade, o que está em jogo é a incapacidade das autoritárias estruturas de poder da universidade de admitir conflitos e permitir a efetiva participação da comunidade acadêmica nas decisões fundamentais da instituição. Essas estruturas revelam a permanência na USP de dispositivos de poder forjados pela ditadura militar, entre os quais: a inexistência de eleições representativas para Reitor, a ingerência do Governo estadual nesse processo de escolha e a não-revogação do anacrônico regimento disciplinar de 1972.

Valendo-se desta estrutura, o atual reitor, não por acaso laureado pela ditadura militar, João Grandino Rodas, nos diversos cargos que ocupou, tem adotado medidas violentas: processos administrativos contra estudantes e funcionários, revistas policiais infundadas e recorrentes nos corredores das unidades e centros acadêmicos, vigilância sobre participantes de manifestações e intimidação generalizada.

Este problema não é um privilégio da USP. Tirando proveito do sentimento geral de insegurança, cuidadosamente manipulado, o Governo do Estado cerceia direitos civis fundamentais de toda sociedade. Para tanto, vale-se da polícia militar, ela própria uma instituição incompatível com o Estado Democrático de Direito, como instrumento de repressão a movimentos sociais, aos moradores da periferia, às ocupações de moradias, aos trabalhadores informais, entre outros. Por tudo isso, nós, pesquisadores da Universidade de São Paulo, alunos de pós-graduação, mestres e doutores, repudiamos o fato de que a polícia militar ocupe, ou melhor, invada os espaços da política, na Universidade e na sociedade como um todo.

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#111 Mensagem por bullitt » 12 Nov 2011, 17:13

Nota do Centro Acadêmico da Engenharia de Produção
09/11/2011
http://caep.poli.usp.br/?p=603

A gestão do Centro Acadêmico da Engenharia de Produção da Escola Politécnica tomou conhecimento da decisão tomada ontem de se convocar uma greve geral dos estudantes da USP, a ser iniciada imediatamente.

Durante esses últimos dias tão turbulentos no campus, nos incomodou profundamente o fato de certos grupos serem deliberadamente excluídos do debate que deveria envolver todos os alunos da universidade. Relatos de agressões verbais, ameaças e intimidações a alunos que questionaram os métodos usados pelo movimento dito estudantil não são difíceis de se encontrar. Chegou-se ao ponto de um grupo derrotado em Assembleia agir contra a decisão geral, realizando uma nova votação após encerrada a assembleia quando muitos estudantes já haviam se retirado, para tentar legitimar sua ação. Absurdo ver tais atos vindos de um grupo que diz lutar pelo diálogo e repudiar o autoritarismo e a repressão. Infelizmente as pessoas a nos censurar foram nossos próprios companheiros estudantes.

Os ataques completamente desnecessários feitos por ambos os lados levaram a uma polarização que reduziu a discussão sobre a segurança no campus a “Fora PM” ou “Fica PM”. É lamentável ver uma discussão tão complexa ser reduzida a isso, mas ainda mais triste foi ver temas que são praticamente unânimes entre os alunos de toda a USP serem abandonados pela falta de diálogo entre as partes. Reinvidicações como uma melhor iluminação nos campi, melhor treinamento da Guarda Universitária, maior frequência de poda das árvores, a criação de um batalhão feminino com treinamento especial, entre outras, não podem ser abandonadas.

Finalmente, ontem, terça-feira, foi convocada uma assembleia a ser realizada no mesmo dia. A enorme maioria dos quase noventa mil alunos da Universidade de São Paulo nem sequer soube de tal assembleia, e muitos não tiveram como comparecer devido ao tempo desprezível que tiveram entre o aviso e a própria assembléia.

Tendo em vista todos os pontos acima levantados, o CAEP decidiu convocar uma assembleia dos estudantes de Engenharia de Produção, para esclarecer os últimos acontecimentos e para averiguar a posição dos alunos. Essa assembleia ocorrerá dia 11/11/11, às 11h30, no anfiteatro da produção.

Até lá, recomendamos aos estudantes de Engenharia de Produção que não participem da greve e não apoiaremos esse movimento. Esperamos o bom senso de todos, e torcemos para que o Movimento Estudantil passe a trabalhar com métodos legítimos e democráticos. O extremismo e o fechamento ao diálogo que vem sendo observados nos últimos dias não condizem com um ambiente universitário e em nada contribuem para a comunidade USP.

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#112 Mensagem por bullitt » 12 Nov 2011, 17:24

Carnage escreveu:Diego Iraheta_247 - Um grupo de 43 pesquisadores da Universidade de São Paulo atribui a crise recente ao ranço de ditadura militar que persiste na USP. Em nota, os acadêmicos condenam a ocupação do campus pela Polícia Militar e a ação que levou à prisão de 73 estudantes, na terça-feira, 8. Os professores e estudiosos também atacam o reitor João Grandino Rodas, que, na avaliação deles, está adotando medidas violentas em sua gestão - o que impede a efetiva participação dos integrantes da comunidade universitária nos processos decisórios dentro da USP.

Uma dúvida bem simples, quem são os 43 pesquisadores?
Até tentei procurar pela nota no google, pois o texto não cita a autoria...

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#113 Mensagem por Compson » 12 Nov 2011, 17:55

bullitt escreveu:
Carnage escreveu:Diego Iraheta_247 - Um grupo de 43 pesquisadores da Universidade de São Paulo atribui a crise recente ao ranço de ditadura militar que persiste na USP. Em nota, os acadêmicos condenam a ocupação do campus pela Polícia Militar e a ação que levou à prisão de 73 estudantes, na terça-feira, 8. Os professores e estudiosos também atacam o reitor João Grandino Rodas, que, na avaliação deles, está adotando medidas violentas em sua gestão - o que impede a efetiva participação dos integrantes da comunidade universitária nos processos decisórios dentro da USP.

Uma dúvida bem simples, quem são os 43 pesquisadores?
Até tentei procurar pela nota no google, pois o texto não cita a autoria...
São os pós-graduandos e pós-graduados... Foram bem mais que 43...
Nota pública sobre a crise da USP

Nós, pesquisadores da Universidade de São Paulo auto-organizados, viemos por meio desta nota divulgar o nosso posicionamento frente à recente crise da USP.

No dia 08 de novembro de 2011, vários grupamentos da polícia militar realizaram uma incursão violenta na Universidade de São Paulo, atendendo ao pedido de reintegração de posse requisitado pela reitoria e deferido pela Justiça. Durante essa ação, a moradia estudantil (CRUSP) foi sitiada com o uso de gás lacrimogêneo e um enorme aparato policial. Paralelamente, as tropas da polícia levaram a cabo a desocupação do prédio da reitoria, impedindo que a imprensa acompanhasse os momentos decisivos da operação. Por fim, 73 estudantes foram presos, colocados nos ônibus da polícia, e encaminhados para o 91º DP, onde permaneceram retidos nos veículos, em condições precárias, por várias horas.

Ao contrário do que tem sido propagandeado pela grande mídia, a crise da USP, que culminou com essa brutal ocupação militar, não tem relação direta com a defesa ou proibição do uso de drogas no campus. Na verdade, o que está em jogo é a incapacidade das autoritárias estruturas de poder da universidade de admitir conflitos e permitir a efetiva participação da comunidade acadêmica nas decisões fundamentais da instituição. Essas estruturas revelam a permanência na USP de dispositivos de poder forjados pela ditadura militar, entre os quais: a inexistência de eleições representativas para Reitor, a ingerência do Governo estadual nesse processo de escolha e a não-revogação do anacrônico regimento disciplinar de 1972.

Valendo-se desta estrutura, o atual reitor, não por acaso laureado pela ditadura militar, João Grandino Rodas, nos diversos cargos que ocupou, tem adotado medidas violentas: processos administrativos contra estudantes e funcionários, revistas policiais infundadas e recorrentes nos corredores das unidades e centros acadêmicos, vigilância sobre participantes de manifestações e intimidação generalizada.

Este problema não é um privilégio da USP. Tirando proveito do sentimento geral de insegurança, cuidadosamente manipulado, o Governo do Estado cerceia direitos civis fundamentais de toda sociedade. Para tanto, vale-se da polícia militar, ela própria uma instituição incompatível com o Estado Democrático de Direito, como instrumento de repressão a movimentos sociais, aos moradores da periferia, às ocupações de moradias, aos trabalhadores informais, entre outros. Por tudo isso, nós, pesquisadores da Universidade de São Paulo, alunos de pós-graduação, mestres e doutores, repudiamos o fato de que a polícia militar ocupe, ou melhor, invada os espaços da política, na Universidade e na sociedade como um todo.
http://desformas.blogspot.com/2011/11/n ... es-da.html

A lista mais completa de assinaturas está aqui:

http://mariafro.com.br/wordpress/2011/1 ... a-publica/
Editado pela última vez por Compson em 12 Nov 2011, 17:59, em um total de 1 vez.

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#114 Mensagem por Compson » 12 Nov 2011, 17:56

bullitt escreveu:A enorme maioria dos quase noventa mil alunos da Universidade de São Paulo nem sequer soube de tal assembleia, e muitos não tiveram como comparecer devido ao tempo desprezível que tiveram entre o aviso e a própria assembléia.
E aí, quantos desses caras que reclamaram da maior assemblei secreta da história foram na assembleia devidamente marcada para quinta?

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Re: Many people are astonished at ways very affordable it is usually to buying a fisherman's motorboat

#115 Mensagem por wheresgrelo » 12 Nov 2011, 19:03

injeniamnS escreveu:Ski boat towing or just trailering around the Nation is going to be foreclosures completely different claim regulations as much as highest possible velocities, trailer home supplies conditions, trailers specifications, brakes, insurance packages, in addition to extras along the lines of reflectors have concerns. Will need to permit to get riverboat towing in each and every one state government also is requested.
Thanks, but I have a boat of 70 feet ...
This is not the place to be posting ads, I hope you find somewhere better next time.

WG

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#116 Mensagem por bullitt » 12 Nov 2011, 19:25

Carnage escreveu:Antes de mais nada, vou esclarecer que a princípio sou favorável a presença de policiamento na USP, desde que eles fossem devidamente orientados em como proceder e melhor preparados, o que parece que não aconteceu e as estatísticas apresentadas pelo Compson dizem tudo.
Também não sou favorável a ocupação da reitoria, mas acredito que a situação poderia ter sido resolvida pacificamente, ou melhor, politicamente.
Pra completar, mandar 400 policiais pra remover 70 estudantes desarmados é coisa de débil mental.

Como estava presente no campus do Butantã no dia da desocupação posso dizer que de fato pareceu uma ação muito exagerada e truculenta da polícia.

Eu sou a favor de um debate que envolva a participação de toda comunidade da USP, não somente de um grupo ou outro. Infelizmente um grupo radical dentro da universidade resolveu armar toda essa confusão, clamando representar os estudantes da USP, e o resultado todo mundo sabe. O reitor indicado pelo Serra, e que por sinal quase ninguém na USP o admira, acabou saindo vitorioso e a opinião pública sobre os alunos então em se fala...

Se de fato os alunos da FFLCH ou de outras unidades querem que a polícia militar vá embora do campus, deveriam ter iniciado uma campanha de esclarecimento na comunidade USP, de modo a explicar o que vem ocorrendo, e principalmente juntando evidências que suportem suas denúncias. A maior parte da comunidade USP entende que a presença da PM dá segurança adicional às pessoas, mas isso pode ser revertido quando existem denúncias fundamentadas e bons argumentos dentro da própria comunidade. Formas de divulgação e de reunião dentro do campus não faltam.

Juntando todos os incidentes/relatos disponíveis e supondo que todos são verídicos, incluindo também o relato da abordagem de um estudante negro pela PM, não dá mais de meia dúzia de incidentes em uns 5-6 meses de policiamento dentro de um campus de dezenas de milhares de pessoas. Só na FFLCH são uns 10 ou 11 mil alunos. Não estou dizendo que sou favorável a tais abordagens dentro do campus, mas parece uma amostra bem pequena para uma área equivalente a um bairro inteiro.

Todo mundo que estuda na USP sabe que certas áreas da FFLCH são usadas para o consumo de maconha, isso é bastante claro para quem conhece a USP. Vi relato até de professor fumando em sala de aula. Então, qual a impressão que toda essa manifestação de revolta dos alunos da FFLCH passa para o restante da comunidade? Tal impressão ficou pior ainda com aquele pequeno grupo invadindo a reitoria...

Além disso, será que os alunos e professores da FFLCH que são mais moderados são ouvidos? Que a comunidade da FFLCH então desfaça essa imagem, começando pelo diálogo aberto com o restante da USP. O que parece não acontecer, como na nota do grêmio de uma unidade da Poli que postei anteriormente.

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#117 Mensagem por bullitt » 12 Nov 2011, 19:40

Compson escreveu:
bullitt escreveu:A enorme maioria dos quase noventa mil alunos da Universidade de São Paulo nem sequer soube de tal assembleia, e muitos não tiveram como comparecer devido ao tempo desprezível que tiveram entre o aviso e a própria assembléia.
E aí, quantos desses caras que reclamaram da maior assemblei secreta da história foram na assembleia devidamente marcada para quinta?

Ainda bem que agora existe alguma assembléia para debate e não convenientes reuniões-relâmpago.

Espero que surjam soluções para o problema e não um simplório "fora PM." :doubt:

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#118 Mensagem por Gilmor » 13 Nov 2011, 01:50

A PM é serviço publico, deve estar a serviço da população onde é mais necessária, para reprimir assaltos, homicídios etc.

Não deveria ser utilizada como ferramenta politica e muito menos para coibir o uso de substancias psicoativas dentro de universidades, enquanto a grande maioria da população não tem direito a segurança.

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#119 Mensagem por pepsicool » 13 Nov 2011, 08:53

bullitt escreveu:Nota do Centro Acadêmico da Engenharia de Produção
09/11/2011
http://caep.poli.usp.br/?p=603

A gestão do Centro Acadêmico da Engenharia de Produção da Escola Politécnica tomou conhecimento da decisão tomada ontem de se convocar uma greve geral dos estudantes da USP, a ser iniciada imediatamente.

Durante esses últimos dias tão turbulentos no campus, nos incomodou profundamente o fato de certos grupos serem deliberadamente excluídos do debate que deveria envolver todos os alunos da universidade. Relatos de agressões verbais, ameaças e intimidações a alunos que questionaram os métodos usados pelo movimento dito estudantil não são difíceis de se encontrar. Chegou-se ao ponto de um grupo derrotado em Assembleia agir contra a decisão geral, realizando uma nova votação após encerrada a assembleia quando muitos estudantes já haviam se retirado, para tentar legitimar sua ação. Absurdo ver tais atos vindos de um grupo que diz lutar pelo diálogo e repudiar o autoritarismo e a repressão. Infelizmente as pessoas a nos censurar foram nossos próprios companheiros estudantes.

Os ataques completamente desnecessários feitos por ambos os lados levaram a uma polarização que reduziu a discussão sobre a segurança no campus a “Fora PM” ou “Fica PM”. É lamentável ver uma discussão tão complexa ser reduzida a isso, mas ainda mais triste foi ver temas que são praticamente unânimes entre os alunos de toda a USP serem abandonados pela falta de diálogo entre as partes. Reinvidicações como uma melhor iluminação nos campi, melhor treinamento da Guarda Universitária, maior frequência de poda das árvores, a criação de um batalhão feminino com treinamento especial, entre outras, não podem ser abandonadas.

Finalmente, ontem, terça-feira, foi convocada uma assembleia a ser realizada no mesmo dia. A enorme maioria dos quase noventa mil alunos da Universidade de São Paulo nem sequer soube de tal assembleia, e muitos não tiveram como comparecer devido ao tempo desprezível que tiveram entre o aviso e a própria assembléia.

Tendo em vista todos os pontos acima levantados, o CAEP decidiu convocar uma assembleia dos estudantes de Engenharia de Produção, para esclarecer os últimos acontecimentos e para averiguar a posição dos alunos. Essa assembleia ocorrerá dia 11/11/11, às 11h30, no anfiteatro da produção.

Até lá, recomendamos aos estudantes de Engenharia de Produção que não participem da greve e não apoiaremos esse movimento. Esperamos o bom senso de todos, e torcemos para que o Movimento Estudantil passe a trabalhar com métodos legítimos e democráticos. O extremismo e o fechamento ao diálogo que vem sendo observados nos últimos dias não condizem com um ambiente universitário e em nada contribuem para a comunidade USP.



excelente post do colega Bullit ...............destacando a frase em vermelho..............acho que alguns tem preguiça de ler ...........

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#120 Mensagem por ZeitGeist » 13 Nov 2011, 20:44

Ouvi pela CBN, que rolou uma pesquisa na USP onde, a maioria dos alunos aprova a permanência da PM no campus, destes constatou que dos alunos de exatas quase 80% é favorável e nas de humanas tem maior reprovação à PM.
Das de humanas, a escola de filosofia tem maior reprovação, 70%. De todo o universo do campus 58% aprovam a presença da PM.

Parece que a pesquisa é do Datafolha.

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