Uma análise do programa Bolsa Família

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#16 Mensagem por Compson » 09 Fev 2011, 16:01

Bob Guccione escreveu:É vergonhoso o que acontece com as mulheres nos rincões do Brasil, usadas e abusadas como máquinas de procriar. Todo ano, uma gestação. Sem mencionar que os "garanhões" também arrumam filhos fora do casamento.
Não sei se a coisa ainda é assim tão horrível... Creio que essa realidade descrita seja a de 20 ou 30 anos atrás. Ainda assim, o BF ajuda nesse sentido, pois é pago à mulher, que não apenas se torna mais independente para melhor administrar o cumprimento de suas "obrigações matrimoniais", como se coloca como principal provedora da casa.
Rover escreveu:Seria muito bom que tivessem no mínimo a volta de certas condicionalidades e programas de capacitação e de geração de renda para poder tornar desgrudar o cidadão dessa dependência do governo e aumentar sua auto-estima.
Eu já acho que as poucas condicionalidades (acho que existe algo relacionado a ter os filhos frequentando escola) é o ponto forte do plano.

O BF não deve ser visto como um programa de desenvolvimento social, é um programa de emergência social. Ninguém troca um emprego com salário mínimo pelo benefício, cujo teto, aliás, não dá pra pagar um TD das freelancers de SP. O cara que recebe BF é o fudidaço, é o cara que precisa da grana pra poder comer todo dia...

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#17 Mensagem por Tricampeão » 09 Fev 2011, 20:15

Compson escreveu:O BF não deve ser visto como um programa de desenvolvimento social, é um programa de emergência social. Ninguém troca um emprego com salário mínimo pelo benefício, cujo teto, aliás, não dá pra pagar um TD das freelancers de SP. O cara que recebe BF é o fudidaço, é o cara que precisa da grana pra poder comer todo dia...
Exatamente o que eu penso e quis dizer lá atrás, obviamente não com a clareza necessária para ser entendido.
Além do motivo apontado, acrescento outro. Historicamente, no Brasil a ajuda sempre veio acompanhada da exigência de contrapartidas, que na maior parte das vezes consistiam no chamado "voto de botina". Uma das qualidades do programa é justamente que ele não tem como se transformar em balcão de troca de assistência por votos.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#18 Mensagem por Carnage » 08 Mar 2011, 22:14

http://osamigosdopresidentelula.blogspo ... e-194.html
Bolsa família tem reajuste médio de 19,4%. Para as crianças, reajuste é de 45,5%

A presidenta Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira (1º), em Irecê (Bahia), o aumento do Bolsa-família. Os números são:

- reajuste médio dos benefícios: 19,4% (de R$ 96 para R$ 115)
- aumento real (acima da inflação) médio: 8,7%
- bolsa para criança até 15 anos (limite de 3 bolsas): 45,5% (de R$ 22 para R$ 32)
- bolsa para jovem entre 16 e 17 anos (limite de 2 bolsas): 15,2% (de R$ 33 para R$ 38)
- benefício básico (para famílias como renda por pessoa de até R$ 70 por mês): 2,9% (de R$ 68 para R$ 70)
- benefício máximo por família subiu de R$ 200 para R$ 242
- benefício mínimo por família subiu de R$ 22 para R$ 32
- aumento no orçamento da união: R$ 2,1 bilhões
- investimento no Bolsa Família é cerca de 0,4% do PIB
- famílias atendidas: 12,9 milhões
- pessoas atendidas: cerca de 50 milhões com renda por pessoa de até R$ 140 por mês

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, explica:

“Não se trata de um simples reajuste. O aumento significativo dos benefícios variáveis é exatamente o de maior impacto sobre a extrema pobreza”

Impactos positivos do Bolsa Família:

- Índice de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos fora escola diminui em 36%, na comparação entre beneficiários (5,4%) e não beneficiários (8,4%)
- A evasão de adolescentes no ensino médio reduz à metade, comparado os índices de jovens beneficiários (7,2%) e não beneficiários (14,2%)
- A desnutrição infantil caiu de 12,5% para 4,8% de 2003 a 2008, entre crianças menores de 5 anos;
- Bolsa Família foi o responsável pela saída de 3 milhões de pessoas da extrema pobreza (Ipea/Pnad 2009);
- Distribui renda, desenvolve a economia e reduz as desigualdades sociais e regionais do país com impacto direto sobre um quarto da população brasileira
- De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cada R$ 1,00 investido no Bolsa Família aumenta em R$ 1,44 o PIB brasileiro.

http://economia.ig.com.br/gasto+com+bol ... 27945.html
Gasto com Bolsa Família aumenta PIB em R$ 23,7 bi
Ipea mostra que 56% dos gastos sociais retornam aos cofres públicos em arrecadação de impostos


O governo vai gastar R$ 2,1 bilhões a mais com o reajuste que a presidenta Dilma Rousseff anunciou hoje para o Bolsa-Família. Conhecido por fazer a economia girar, o programa social terá um orçamento da ordem de R$ 16,5 bilhões em 2011. Além de beneficiar diretamente cerca de 50 milhões de pessoas que vivem abaixo ou no limite da pobreza, o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) é da ordem de R$ 23,7 bilhões - um retorno comparável a investimentos em commodities, de acordo com cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),

"O reajuste do Bolsa Família (de 19,4% em média) é uma demonstração clara de que o ajuste fiscal faz parte de um pacote de medidas pontuais, de um governo que vai readequar despesas sem interromper o processo de redistribuição de renda", afirma ao iG Márcio Pochmann, presidente do Ipea. "Além do impacto no PIB, temos ainda benefícios significativos na saúde e educação", acrescentou.

Exportado para pelo menos 11 países, o Bolsa Família melhora a saúde e a educação das famílias beneficiárias. O índice de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos fora escola diminui em 36%, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e de Combate à Fome. A desnutrição infantil caiu de 12,5% para 4,8% de 2003 a 2008, entre crianças menores de 5 anos atendidas pelo Bolsa Família.

Estudo do Ipea divulgado em fevereiro mostra que 56% dos gastos do governo em programas sociais voltam para os cofres públicos por meio de arrecadação de impostos. Cada R$ 1 investido no programa aumenta em R$ 1,44 o PIB. O Ipea mostra ainda que o programa reduziu em três milhões o número de pessoas extremamente pobres em 2009.

O iG visitou recentemente Junco do Maranhão, cidade com a maior cobertura do Bolsa Família - 91,6% da população recebia o programa em setembro de 2010. Nos últimos três anos, foram abertas uma loja de eletrodomésticos, pet shop, hortifruti, padaria, lanchonete, lan house, duas farmácias, duas lojas de material de construção, dois postos de gasolina, dois pontos de atendimento bancário, alguns mercadinhos, açougues e várias lojinhas de roupas. A paisagem mudou com o comércio e a substituição de casas de pau-a-pique por alvenaria.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#19 Mensagem por Carnage » 27 Mar 2011, 16:55

http://www.correiobraziliense.com.br/ap ... ilia.shtml
26% dos responsáveis por criança que mendiga nas ruas recebe Bolsa Família
Especialistas defendem melhor estruturação do programa

Renata Mariz


Um quarto dos meninos e das meninas que vivem nas ruas do Brasil recebem dinheiro do Bolsa Família por meio de seus pais ou responsáveis. Eles representam, mais precisamente, 26% das 23.973 crianças e adolescentes que perambulam por semáforos, esquinas, praças e pontes nas médias e grandes cidades do país. Os dados, levantados por estudo financiado pela Secretaria de Direitos Humanos, ligada à Presidência da República, colocam em xeque justamente um dos princípios do maior programa de transferência de renda do governo federal: exigir a frequência escolar dos contemplados, bem como o acompanhamento da caderneta de saúde. Tais aspectos, sempre invocados quando surge a acusação recorrente de que o Bolsa Família tem um caráter meramente assistencialista, ficam extremamente comprometidos quando se trata de uma população tão vulnerável socialmente.

O estudo, intitulado 1º Censo Nacional de Crianças e Adolescentes em Situação de Rua 2010, aponta ainda que a proporção de contemplados com o programa do governo federal pode ser ainda maior, já que 27,4% dos entrevistados disseram não saber ou não lembrar se a família recebe algum benefício. Para a vice-presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Miriam Maria José dos Santos, o dado causou “surpresa”. “A gente tende a pensar que todo o problema se resolve com renda, mas o que vemos é a necessidade de outras políticas sociais”, diz. Segundo Miriam, o Estado precisa fiscalizar a frequência escolar dessas crianças, mas também envolver os educadores e toda a sociedade no combate ao desafio da mendicância, do trabalho infantil e de outras formas de exploração. A reportagem solicitou entrevista com algum representante da Secretaria de Direitos Humanos, mas não teve retorno.

Juiz da Vara da Infância e Juventude do Recife, Humberto Costa vê o risco de o programa social do governo “morrer” caso não haja uma estruturação mais efetiva. “Considero o Bolsa Família de suma importância, mas para dar o ‘start’, para tirar a pessoa do ponto morto. Agora, se o Estado continua ofertando o Bolsa Família e a sociedade segue dando esmolas, isso vira um negócio sem fim”, destaca o magistrado. Ele defende a exigência da contrapartida, mas entende como extremamente difícil fiscalizar meninos que passam os dias nas ruas, tanto no que diz respeito à frequência escolar quanto à real aprendizagem obtida nas aulas. O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) informou, via e-mail, que, desde 2008, iniciou uma estratégia de cadastramento de famílias em situação de rua, mas não soube precisar quantas já estão recebendo o benefício, em função de dificuldades técnicas.

Ao destacar que as exigências de frequência escolar e o acompanhamento da saúde se aplicam também às famílias que vivem nas ruas, o MDS informou que o processo de fiscalização é “idêntico ao dos demais alunos”. E completou: “A diferença é que, nesse caso, quando a criança estiver com dificuldades de acessar a escola, a equipe de assistência social do município faz o atendimento no serviço de proteção básica ou especial”.

Problemas na escola

O MDS destacou ainda que, no último período de acompanhamento, em outubro e novembro de 2010, 297 beneficiários com problemas na escola tiveram registrado o motivo “Mendicância/Trajetória de rua”. Depois de uma notificação e três suspensões temporárias do benefício, o repasse é cancelado na quinta vez que um problema semelhante é constatado pela equipe de fiscalização.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#20 Mensagem por Sempre Alerta » 20 Abr 2011, 11:07

Desigualdade: o Brasil é rico, mas não é justo

Por Frei Betto*

Relatório da ONU (Pnud), divulgado em julho, aponta o Brasil como o terceiro pior índice de desigualdade no mundo. Quanto à distância entre pobres e ricos, nosso país empata com o Equador e só fica atrás de Bolívia, Haiti, Madagascar, Camarões, Tailândia e África do Sul.
Aqui temos uma das piores distribuições de renda do planeta. Entre os 15 países com maior diferença entre ricos e pobres, 10 se encontram na América Latina e Caribe. Mulheres (que recebem salários menores que os homens), negros e indígenas são os mais afetados pela desigualdade social. No Brasil, apenas 5,1% dos brancos sobrevivem com o equivalente a 30 dólares por mês (cerca de R$ 54). O percentual sobe para 10,6% em relação a índios e negros.
Na América Latina, há menos desigualdade na Costa Rica, Argentina, Venezuela e Uruguai. A ONU aponta como principais causas da disparidade social a falta de acesso à educação, a política fiscal injusta, os baixos salários e a dificuldade de dispor de serviços básicos, como saúde, saneamento e transporte.
É verdade que nos últimos dez anos o governo brasileiro investiu na redução da miséria. Nem por isso se conseguiu evitar que a desigualdade se propague entre as futuras gerações. Segundo a ONU, 58% da população brasileira mantém o mesmo perfil social de pobreza entre duas gerações. No Canadá e países escandinavos, este índice é de 19%.
O que permite a redução da desigualdade é, em especial, o acesso à educação de qualidade. No Brasil, em cada grupo de 100 habitantes, apenas 9 possuem diploma universitário. Basta dizer que, a cada ano, 130 mil jovens, em todo o Brasil, ingressam nos cursos de engenharia. Sobram 50 mil vagas… E apenas 30 mil chegam a se formar. Os demais desistem por falta de capacidade para prosseguir os estudos, de recursos para pagar a mensalidade ou necessidade de abandonar o curso para garantir um lugar no mercado de trabalho.
Nas eleições deste ano votarão 135 milhões de brasileiros. Dos quais, 53% não terminaram o ensino fundamental. Que futuro terá este país se a sangria da desescolaridade não for estancada?
Há, sim, melhoras em nosso país. Entre 2001 e 2008, a renda dos 10% mais pobres cresceu seis vezes mais rapidamente que a dos 10% mais ricos. A dos ricos cresceu 11,2%; a dos pobres, 72%. No entanto, há 25 anos, de acordo com dados do IPEA, este índice não muda: metade da renda total do Brasil está em mãos dos 10% mais ricos do país. E os 50% mais pobres dividem entre si apenas 10% da riqueza nacional.
Para operar uma drástica redução na desigualdade imperante em nosso país é urgente promover a reforma agrária e multiplicar os mecanismos de transferência de renda, como a Previdência Social. Hoje, 81,2 milhões de brasileiros são beneficiados pelo sistema previdenciário, que promove de fato distribuição de renda.
Mais da metade da população do Brasil detém menos de 3% das propriedades rurais. E apenas 46 mil proprietários são donos de metade das terras. Nossa estrutura fundiária é a mesma desde o Brasil império! E quem dá emprego no campo não é o latifúndio nem o agronegócio, é a agricultura familiar, que ocupa apenas 24% das terras, mas emprega 75% dos trabalhadores rurais.
Hoje, os programas de transferência de renda do governo – incluindo assistência social, Bolsa Família e aposentadorias – representam 20% do total da renda das famílias brasileiras. Em 2008, 18,7 milhões de pessoas viviam com menos de π do salário mínimo. Se não fossem as políticas de transferência, seriam 40,5 milhões. Isso significa que, nesses últimos anos, o governo Lula tirou da miséria 21,8 milhões de pessoas. Em 1978, apenas 8,3% das famílias brasileiras recebiam transferência de renda. Em 2008 eram 58,3%.
É uma falácia dizer que, ao promover transferência de renda, o governo está “sustentando vagabundos”. O governo sustenta vagabundos quando não pune os corruptos, o nepotismo, as licitações fajutas, a malversação de dinheiro público. Transferir renda aos mais pobres é dever, em especial num país em que o governo irriga o mercado financeiro engordando a fortuna dos especuladores que nada produzem. A questão reside em ensinar a pescar, em vez de dar o peixe. Entenda-se: encontrar a porta de saída do Bolsa Família.
Todas as pesquisas comprovam que os mais pobres, ao obterem um pouco mais de renda, investem em qualidade de vida, como saúde, educação e moradia.
O Brasil é rico, mas não é justo.

http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=79186

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#21 Mensagem por Carnage » 07 Mai 2011, 02:15

Olhem só! Provavelmente o Banco Mundial está querendo comprar votos!!

http://correiodobrasil.com.br/experienc ... al/235485/
Experiência brasileira de erradicação da pobreza chama a atenção do Banco Mundial

4/5/2011 5:05, Por Redação, com ABr - de Brasília
Banco Mundial

O Banco Mundial quer copiar o sistema de combate à miséria no país


O Banco Mundial quer detalhes sobre a execução do Plano Brasil Sem Miséria, desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e anunciado na véspera. A instituição também quer maiores informações sobre o Programa Bolsa Família. Ambos servirão de base a um plano internacional para a próxima década, cujo foco é a renovação das estratégias de atuação nas áreas de proteção social e trabalho.

O Brasil é o único país latino-americano cujos projetos sociais serão tomados como referência para a execução de um plano mundial. O secretário executivo do MDS, Rômulo Paes de Sousa, esteve na semana passada em Paris, na reunião do Bird, para definir os pilares que sustentarão esse planejamento internacional.

Paes de Sousa disse a jornalistas que há consenso geral de que as medidas adotadas se sustentem em políticas públicas de geração de trabalho e transferência de renda. A ideia, segundo ele, é adotar um plano mundial que estimule a inclusão produtiva, que tenha tenha uma abordagem conjunta, mas que respeite as distinções entre as necessidades dos moradores das zonas rural e urbana.

– A experiência já mostrou ao mundo que nem sempre o que é aplicado em um país pode ser usado em outro. Mas as experiência bem-sucedidas podem e devem ser tomadas como exemplos e adaptadas às necessidades de cada região para que assim funcionem. Há consenso geral sobre o que não deve ocorrer – afirmou o secretário.

Paes de Sousa disse que tanto o Bird quanto especialistas dos países em desenvolvimento elogiaram os avanços sociais registrados no Brasil durante as reuniões em Paris. Ao apresentar o modelo brasileiro, destacando o Bolsa Família e o futuro Plano Brasil Sem Miséria, o secretário disse que ouviu das autoridades estrangeiras elogios e perguntas sobre detalhes dos programas.

Aos estrangeiros, o secretário afirmou que a política social do governo brasileiro se baseia no tratamento não comercial do tema, no envolvimento de setores distintos dos governos federal, estadual e municipal, na elaboração de um cadastro eficiente com os nomes dos beneficiados e seus históricos, a integração entre os programas e a associação desses elementos com o “Estado forte e sólido”.

Segundo Paes de Sousa, o principal impasse dos países em desenvolvimento é definir se aguardam os resultados do crescimento econômico ou se o associam à execução de políticas sociais. Para o Brasil, o ideal é adotar um sistema associado, o que ocorre desde a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com o secretário.

Além do Brasil, foram chamados pelo Banco Mundial para mostrar suas experiências autoridades da Costa Rica, da Libéria, da China, do Bahrein, dos Estados Unidos e da Rússia.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome informou que de 2003 a 2008 aproximadamente 24,1 milhões de brasileiros deixaram a linha de pobreza. Os programas de transferência de renda condicionada, como o Bolsa Família, atendem a cerca de 12,9 milhões de famílias. De 2003 a 2010, mais de 13 milhões de empregos formais foram criados, segundo o relatório enviado ao Banco Mundial.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#22 Mensagem por Carnage » 15 Mai 2011, 20:20

http://www.cartacapital.com.br/politica ... a-da-dilma
O Bolsa Família de Dilma Rousseff
Marcos Coimbra 13 de maio de 2011 às 13:37h


Uma das mais importantes decisões do governo Dilma Rousseff está prestes a se concretizar e poucas pessoas estão sabendo. Até o fim de maio, depois de meses de estudos e reuniões (que contaram com a participação ativa da presidenta), o Programa Brasil sem Miséria deverá ser lançado.

A meta é ambiciosa: de agora até 2014, acabar com a miséria absoluta no Brasil, mudando radicalmente a vida de 16,2 milhões de pessoas, sua população-alvo. Em nossa história, nenhum governo havia se colocado em um desafio desse porte.

Pena que algo tão relevante fique em segundo plano nas discussões políticas e nas atenções da mídia. Obcecados com o tema do “retorno da inflação”, ninguém se interessa por outra coisa. Ficamos presos à velha agenda: “Gastos públicos descontrolados”, “fatores de instabilidade” e “limites ao crescimento”.

Enquanto isso, um programa totalmente novo está em gestação. Se der certo, o Brasil sem Miséria vai ajudar a resolver um problema que sempre consideramos insolúvel e revolucionar a nossa sociedade.

É algo que Dilma anunciou na campanha como um de seus principais compromissos, mas que passou quase despercebido. No meio de tantas coisas sem pé nem cabeça que estavam sendo prometidas, é até compreensível que isso tivesse acontecido.

Depois da eleição, uma das tarefas nas quais ela mais se empenhou foi na finalização do programa. A versão que será em breve anunciada tem sua marca pessoal.

Aliás, na hora de escolher o slogan do governo, ela optou pela frase “País Rico É País sem Pobreza”, no lugar do que Lula preferia, “Brasil: um País de Todos”. Ou seja, o novo programa é bem mais que apenas outro na área social.

A ideia é simples de enunciar, mas a concretização é complicada. Como disseram suas responsáveis diretas, a ministra do Desenvolvimento Social e a secretária extraordinária para a Erradicação da Pobreza, em entrevista recente, a premissa do programa é que, para erradicar a miséria, é preciso dirigir aos segmentos mais vulneráveis da população ações que assegurem: 1. A complementação de renda. 2. A ampliação do acesso a serviços sociais básicos. 3. A melhora da “inclusão produtiva”.

Como se pode ver, é muito mais que o Bolsa Família, mas dele decorre. Sem a experiência adquirida nos últimos anos, seria impensável um programa como esse, que exige integração de vários órgãos do governo federal, articulação com estados e municípios e capacidade de administrar ações em grande escala. Além disso, é mais complexo, pois implica desenhar soluções específicas para cada segmento, comunidade ou até família, em vez de lhes destinar um benefício padronizado, por mais relevante que seja.

Com ele, tomara desapareçam duas coisas aborrecidas de nosso debate político. De um lado, a reivindicação de paternidade do Bolsa Família que Fernando Henrique e algumas lideranças tucanas repetem a toda hora. De outro, as opiniões preconceituosas contra programas do gênero, típicas de certas classes médias, para quem transferir renda é uma esperteza que subordina beneficiários e perpetua a pobreza. Daí a dizer que Lula é produto do Bolsa Família é um passo.

O curioso na pendência a respeito de quem inventou o Bolsa Família é que o Bolsa Escola, criado no governo FHC, tem sua origem em algo que nasceu dentro de uma administração petista, a do Distrito Federal, quando Cristovam Buarque foi governador. O que foi implantado em Campinas à época em que o tucano Magalhães Teixeira era prefeito tinha pouco a ver com desempenho ou frequência- -escolar, pré-requisitos do Bolsa Escola.

Discussões como essa perdem sentido ante o novo. Onde estaria seu DNA peessedebista se o Bolsa Escola era algo tão mais limitado e menor? Como insistir no discurso do “Fui eu que fiz?”

Aos críticos do maquiavelismo petista, o Brasil sem Miséria responde com sua concepção inovadora e disposição de fazer. Quem levou o Bolsa Família a ser o que é tem crédito para se propor um desafio dessa envergadura.

Mas o importante mesmo é a perspectiva que se abre de que a miséria seja enfrentada para valer. Essa é uma dívida que o País precisa pagar.
Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#23 Mensagem por Carnage » 11 Jun 2011, 00:58

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... os-coimbra
Programa Brasil sem Miséria e o caso Palocci

por Marcos Coimbra, no Correio Braziliense


Ministros em apuros são mais a regra que a exceção em nossa experiência recente. Se alguém se desse ao trabalho de calcular quantos dias passamos, nos últimos 20 anos, sem que pelo menos um estivesse complicado, veríamos que não foram muitos.

O que é realmente importante na informação que recebemos todo dia sobre o sistema político? E o que é secundário, referindo-se a coisas que não duram muito e apenas parecem ter maiores consequências?

Neste momento, por exemplo, o noticiário sobre a crise causada pelos problemas de Antonio Palocci domina os meios de comunicação. Ela é importante?

Certamente sim, pois qualquer dificuldade que afete um ministro central no governo é relevante. Ainda mais se for alguém como ele, que foi, nos primeiros meses, quase um primeiro ministro.

Embora a crise seja, de fato, significativa, ela está longe de ser tudo que acontece no governo. E nem é tão original assim. Ministros em apuros são mais a regra que a exceção em nossa experiência recente. Se alguém se desse ao trabalho de calcular quantos dias passamos, nos últimos 20 anos, sem que pelo menos um estivesse complicado, veríamos que não foram muitos.

O próprio Palocci já viveu essa história. No fim do primeiro governo Lula, quando ocorreu o caso Francenildo, ele não era tão menos que agora. Como ministro da Fazenda que contava com apoio unânime do empresariado e da mídia, e depois que vários de seus colegas tinham tombado vítimas do mensalão, achava-se que Lula dependia dele para sobreviver. Pois bem, Palocci saiu, Lula ganhou a eleição e foi adiante para se confirmar como a maior liderança de nossa história (goste-se ou não dele).

Palocci pode estar vivendo, de novo, um inferno astral, mas isso não é fundamental. No médio e, especialmente, no longo prazo, sua permanência ou saída são secundárias. Como foram as de antecessores seus em governos passados. Ministros são parecidos a outras pessoas insubstituíveis, das quais, como diz o ditado, os cemitérios estão cheios.

As coisas que realmente importam são outras. Como o lançamento do programa Brasil sem Miséria, que ocorreu enquanto olhávamos para a “crise”.

Se medirmos a centimetragem a ele dedicada pelos nosso maiores veículos ou o tempo nos telejornais de maior audiência, ficaríamos com a impressão que é um assunto quase insignificante. Pelo espaço e a atenção que recebeu, que o novo programa é apenas mais um na rotina da burocracia.

Na verdade, um pouco pior que isso. O tom da cobertura foi claramente negativo, com insinuações de que era uma manobra para desviar a atenção da opinião pública do que seria realmente importante, a “crise”.

Como se fosse sequer possível inventar um programa da complexidade do Brasil sem Miséria na última hora. Como se não tivesse exigido meses de estudos e formulações preliminares. Como se seu lançamento não estivesse anunciado há muito tempo e não ocorresse no prazo estipulado antes da eclosão da “crise do Palocci”.

O programa passou a ser visto como uma pirotecnia algo ingênua. Foi reduzido a uma manobra, no fundo, inútil, pois incapaz de produzir suas “verdadeiras intenções”.

Tudo nele passou a ser enxergado a partir desse prisma. Até a cerimônia inicial. O número de convidados, a solenidade, os discursos, cada detalhe foi interpretado como parte de um “estratagema” diversionista. O que pensavam? Que Dilma lançaria um programa desse porte às escondidas? Que ele não era suficientemente importante para justificar o evento?

É possível que nossa imprensa ache que faz “bom jornalismo” quando ignora, coloca sob suspeita ou trata como irrelevante um programa como o Brasil sem Miséria. Que o certo é deixar tudo de lado e manter-se focada na “crise do Palocci”.

O curioso é que, ao comentá-lo, não se afirmou que era inviável, fantasioso ou irrelevante. Ninguém argumentou contra suas propostas concretas. Não foram questionadas suas metas ou estratégias.

Parece, portanto, que ela não discorda do programa. E não vê razões para duvidar que o governo tenha capacidade de executá-lo.

Apenas acha que é pouco importante, pelo menos em comparação com a “crise”. Será que é? Será que um programa destinado a solucionar, em quatro anos, o mais grave problema do Brasil pode mesmo ser considerado irrelevante? Para os 16 milhões de beneficiários, pode ser tudo, menos desimportante.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#24 Mensagem por Carnage » 24 Jun 2011, 20:23

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=17917
Serra requenta discurso usado contra o Bolsa Família
Após perder as eleições presidenciais e a disputa interna no PSDB, o ex-governador de São Paulo, José Serra, luta para se manter sob os holofotes disparando críticas quase diárias ao governo de Dilma Rousseff. Um dos alvos do tucano tem sido o programa Brasil sem Miséria, lançado recentemente pelo governo federal. Para Serra, um “factoide destinado a ganhar um passageiro espaço gratuito nos jornais e na televisão”, ou então, “a nova versão do Fome Zero do Lula, que ficou só no nome”. Ao fazer isso, o ex-candidato requenta discurso já utilizado, sem sucesso, contra o programa Bolsa Família.

Marco Aurélio Weissheimer


Após acumular duas pesadas derrotas, na eleição presidencial de 2010, e na disputa pelo comando de seu partido, agora em 2011, o ex-candidato José Serra ganhou como uma espécie de prêmio de consolação a presidência do recém criado Conselho Político do PSDB. A partir deste cargo, Serra vem procurando se manter sob os holofotes disparando críticas quase diárias ao governo de Dilma Rousseff. Um dos alvos do tucano tem sido o programa Brasil sem Miséria, lançado recentemente pelo governo federal. Para Serra, um “factoide destinado a ganhar um passageiro espaço gratuito nos jornais e na televisão”, ou então, “a nova versão do Fome Zero do Lula, que ficou só no nome”.

Não é essa a opinião do chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcelo Néri, que qualificou o lançamento do Plano Brasil sem Miséria como um “momento histórico” para o país. Na avaliação do economista, o Brasil deverá colher uma “safra muito boa” de indicadores sociais na próxima década. Um dos principais avanços do plano, disse Marcelo Néri à Agência Brasil, é que ele dá ao combate à miséria um peso institucional inédito. Além disso, enfatizou, o programa sinaliza continuidade em relação aos resultados sociais obtidos nos últimos anos, em especial a queda de 67% da pobreza extrema desde o Plano Real. “A desigualdade está no mínimo histórico. E, nesse momento, você resolve abrir outra frente para plantar e colher outros resultados, mas já usando a própria colheita como semente”.

O economista da FGV também chamou atenção para o que chamou de “federalismo social” do programa. Os municípios, observou, tiveram uma atuação muito importante no combate à pobreza, mas com pouca participação relativa dos estados. Néri também elogiou a decisão de elevar o número de filhos, de três para cinco, que passarão a contar com os benefícios do programa Bolsa Família. Segundo ele, no próximo mês a miséria já vai ser menor com a incorporação de 1,3 milhão de pessoas, basicamente, crianças. Néri também contestou também a crítica de alguns economistas sobe o impacto fiscal do programa, observando que “é barato combater a pobreza”.

A economista Maria da Conceição Tavares também saiu em defesa do programa e criticou as declarações de Serra: “O ex governador José Serra escreveu, recentemente, um artigo desaforado sobre o Plano Brasil sem Miseria, no estilo que usou na sua campanha eleitoral. Aproveitou, além disso, no seu estilo agressivo, para atacar o governo da Presidenta Dilma em todas as frentes, da política econômica à social. Serra, como de costume, não tem razão. Seria bom os cidadãos, de modo geral, se informarem a respeito do Plano Brasil sem Miséria”.

Em artigo publicado nesta quarta-feira, no jornal O Globo, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, reafirmou o compromisso de retirar 16 milhões de brasileiros da situação de extrema pobreza. “Vamos aperfeiçoar o Bolsa Família em dois pontos: com a busca ativa dos que têm perfil de receber transferência de renda e ainda não recebem, incluiremos mais 800 mil famílias; e com a ampliação de três para cinco filhos por família que recebem a parcela variável, serão beneficiadas 1,3 milhão de crianças e adolescentes”, destacou a ministra.

Tereza Campello enfatizou ainda que esses 16 milhões de pobres extremos “têm nome, endereço e direitos”. “Desses, 40% têm até 14 anos, 71% são negros e 47% vivem no campo. Estão espalhados por esta imensa nação, refletindo sua diversidade nas diferentes caras da miséria”. E lembrou a disposição já demonstrada de governadores e prefeitos em participar do programa: “O plano conta com o conhecimento adquirido em experiências positivas de inclusão em todos os níveis, com a disposição já demonstrada de governadores e prefeitos, independentemente de suas opções partidárias”.

As críticas de Serra ao programa requentam, na verdade, uma estratégia já adotada pela oposição no início do governo Lula, por ocasião do lançamento do Bolsa Família. No início, o programa foi atacado como uma política assistencialista, insuficiente e como uma ameaça para a estabilidade fiscal. Quando os resultados começaram a aparecer, as críticas deram lugar à uma disputa pela paternidade do programa que foi reivindicada, entre outros, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo falecido senador Antônio Carlos Magalhães.

Houve ainda, naquela época, teses mais exóticas, como a defendida pelo jornalista Gilberto Dimenstein. Em um artigo publicado na Folha de S. Paulo, em 2 de abril de 2006, o jornalista defendeu que o então presidente Lula representava uma “ameaça” ao Bolsa Família. “Para sobreviver, o programa teria de ser visto como um patrimônio nacional, e não como marca pessoal de Lula”. O “risco Lula”, segundo Dimenstein, seria a exploração eleitoral do programa.

Nenhuma das previsões e advertências de Dimenstein acabou se confirmando. Pelo contrário. De 2006 para cá, o Bolsa Família consolidou-se como um programa reconhecido internacionalmente. Lula encerrou um ciclo de oito anos de governo firmando-se como uma liderança mundial. Não só pelo Bolsa Família, obviamente, mas também por ele. E o programa vem sendo tema obrigatório em todas as eleições de lá para cá, sem prejuízo para a sua execução. Passadas as eleições, a disputa pela paternidade do programa cessa e retornam as críticas originárias. Em um período onde luta para não submergir na cena política, Serra, que na campanha eleitoral prometeu aumentar o valor do Bolsa Família, requenta esses discursos, tentando dar-lhes uma roupagem nova.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#25 Mensagem por Carnage » 14 Jul 2011, 22:41

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... na-lavinas
http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/201 ... 864940.asp
Paternidade impossível
Publicada em 08/07/2011 às 16h45m
LENA LAVINAS


O candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, governador José Serra, publicou nesta página do GLOBO dias atrás um artigo pretensamente analítico sobre as perspectivas de sucesso do Programa de Erradicação da Miséria, recém-lançado pelo governo federal. As imprecisões são tantas que demanda esclarecimentos, pois desinformar é um ato de desutilidade pública. Geralmente é o que acontece quando a fraseologia de oportunidade prevalece sobre os fatos e o bom senso.

Olhar para o passado recente implica reconhecer que as ações compensatórias no Brasil deixaram para trás um status menor e desvalorizado, marcado pela inoperância e pela inefetividade, para tornar-se uma verdadeira política pública, fundada em direitos e regras estabelecidas e transparentes, que podem, inclusive, ser monitoradas. Vamos recordar que o maior programa de combate à miséria da primeira gestão FHC foi a doação de alimentos - mais de 27 milhões de cestas em 1998 -, cujos resultados foram inócuos. Ademais, custava caro, gerava inúmeras ineficiências (desperdícios alarmantes na estocagem e na distribuição, por exemplo) e acabou sendo abandonado pelo próprio governo diante das evidências irrefutáveis de que era melhor ampliar programas de transferência de renda monetária direta.

Durante o segundo mandato FHC, o Comunidade Solidária consolidou-se como o grande programa de enfrentamento da pobreza, mas pecou pelas debilidades inerentes ao seu desenho: iniciativas altamente pulverizadas no território e nos objetivos, pontuais, que jamais permitiram uma avaliação rigorosa do que logrou realizar de fato o programa, tamanha a fragmentação de boas ações, que, por melhores que possam ter sido, jamais se configuraram em política. O Comunidade Solidária não mudou a cara da pobreza no Brasil. Essa é uma obviedade incontestável qualquer que seja o ângulo - conservador ou progressista - da mirada!

É verdade que, ao final do segundo mandato FHC, o MEC resolveu adotar em nível nacional o Programa Bolsa Escola, cujas iniciativas bem-sucedidas se multiplicavam em vários municípios. Porém, o teto de cobertura do Bolsa Escola federal não passou do milhão de famílias, e o valor do benefício por criança era de R$ 15, o que não lhe assegurava a escala necessária, nem a eficácia requerida para ter um impacto na magnitude do problema a sanar. A política econômica do governo FHC tornava impeditiva uma política social eficaz nos seus propósitos.

Ao contrário do que afirma, em seu artigo, o candidato à Presidência derrotado, o Bolsa Família não é a mera unificação dos vários cadastros de programas que existiam antes, dispersos em muitos ministérios e todos, igual e inequivocadamente, inexpressivos em termos de resultados. O Bolsa Família constitui-se numa ruptura com as iniciativas pretéritas no campo dos programas assistenciais porque ele vai garantir uniformidade no atendimento, escala na cobertura e institucionalidade da política pública de assistência social, nos marcos da regulação existente e não à margem e na contramão, como o fez por oito anos o governo FHC.

Entretanto, dado que o Bolsa Família não é um direito, acabou por excluir alguns milhões de famílias dentre as mais destituídas embora cumprissem os critérios de elegibilidade para tornarem-se beneficiárias. O novo Plano de Erradicação da Miséria vem talhado para reparar essa falha grave e introduzir algumas inovações, a mais promissora delas o intento de associar satisfação de necessidades com promoção de oportunidades.

Há quem julgue que mantras produzem os efeitos esperados, pois seriam portadores de um poder específico. Deve ser essa a crença dos que repetem incessantemente que a novidade do crescimento com um pouco menos de desigualdade e um pouquinho mais de redistribuição, ampliação das camadas médias, mais crédito e a volta das políticas de infraestrutura social estavam nos genes do que precedeu o Bolsa Família. Não há exame de DNA possível para comprovar essa hipótese. Uma certeza temos, no entanto: a de que as urnas deram a vitória a quem soube, para além da garantia da estabilização, trazer segurança e prosperidade para que sonhos e projetos possam novamente alavancar o futuro da nação.

LENA LAVINAS é professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#26 Mensagem por Compson » 06 Out 2011, 14:20

Precisamos acabar com essa merda de bolsa-família e seguir o exemplo dos americanos!

Ops...

Nearly Half of U.S. Lives in Household Receiving Government Benefit
http://blogs.wsj.com/economics/2011/10/ ... /?mod=e2tw

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#27 Mensagem por Carnage » 12 Out 2011, 00:13

http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgi ... 735&sid=43
Transferência de renda e autonomia

O governo federal brasileiro anunciou, no início de setembro, uma série de alterações no programa Bolsa Família, que transfere renda para a população pobre e miserável. Dentre as novas regras, há a ampliação do número de beneficiários por família, que passam de três para cinco filhos com até 15 anos. O programa atende atualmente cerca de 13 milhões de famílias, com valores que variam de R$ 32 a R$ 306, que precisam cumprir exigências relativas à educação e à vacinação das crianças e dos adolescentes.

A medida desencadeou uma onda de críticas que associam a transferência de renda a um suposto estímulo à natalidade. A crítica não é nova, remonta ao ano de 2004, quando o governo federal institui o Bolsa Família, com o objetivo de combater a pobreza e a miséria, concedendo a titularidade do benefício à mulher. Em entrevista ao CLAM, a cientista política e professora da Unicamp Walquíria Domingues Leão Rêgo discute como política públicas de cidadania, como o Bolsa Família, repercutem nos beneficiários e nas relações de gênero que atravessam a pobreza.

Como a sra. avalia a dinâmica de transferência estatal de renda do Programa Bolsa Família?

A obtenção de renda é o primeiro patamar indispensável para, de um lado, garantir condições mínimas à construção da cidadania. E como nos mostra a história da cidadania, esta depende dos processos políticos mais gerais e, ainda, de um conjunto de políticas publicas específicas. Tais como: políticas culturais, educacionais, habitacionais, transportes e, em especial, a garantia às pessoas que suas regiões de moradia possuam os benefícios do progresso técnico, tanto do ponto de vista quantitativo, como em qualidade, para lhes garantir a vida digna.

Sem dignificação da vida não existe cidadãos. Em um país injusto como o nosso e desequilibrado em termos de benefícios regionais, para milhões de brasileiros a vida já começa em condições de extrema desigualdade de oportunidades, em todos os sentidos. Vejo o Bolsa Família como o início importante de um processo potencialmente formador de cidadãos.

A titularidade do benefício da Bolsa Família é da mulher. A presidente Dilma Rousseff reiterou, há alguns meses, que o programa Bolsa Família é feito justamente para elas. De que forma essa centralidade na mulher repercute nas relações de gênero que existem no interior das famílias?

Na situação de miséria extrema, a garantia da vida pelo recebimento de renda monetária regular, entre brasileiros em estado de extrema pobreza, é uma experiência muito nova entre nós. Nas minhas pesquisas, percebi mulheres pobres muito conscientes de sua superioridade no gerenciamento da economia doméstica.

Seus maridos procuram trabalho e não o encontram, ou o encontram de modo irregular, recebendo uma remuneração humilhante. Eles queixaram-se muito mais desta situação do que de qualquer outra coisa e pareciam estar dando graças que alguém na família tem renda regular. Tanto quanto suas mulheres, eles são, de modo geral, analfabetos, sem nenhuma qualificação profissional que lhes capacite a disputar o mercado de trabalho nestas regiões completamente abandonadas pelo Estado há muito tempo. Os conflitos conjugais e familiares estão muito ligados ao alcoolismo masculino e à ausência de qualquer política pública específica para homens miseráveis.

No caso das relações de gênero, as mudanças que foram percebidas são mesmo moleculares. A experiência brasileira e sua forte cultura machista, patriarcal e dominadora constituem um tecido forte e historicamente muito denso para ser removido em tão pouco tempo. A cultura, em seu senso mais amplo, é um importante fator de legitimação da dominação masculina. Contudo, a pesquisa encontrou um caso ou outro onde se percebe que a mulher foi capaz de tomar algumas decisões de ordem moral, como pedir a separação no caso de casamento infeliz, ou devido ao alcoolismo e à violência dos maridos. Mas, na sua grande maioria, ainda impera o medo dos homens e da família.

Por todos estes motivos, ainda não se pode dizer muito sobre o impacto da Bolsa Família para estas questões de ordem moral e íntima das pessoas. O pouco que observei apenas dá para perceber que a renda monetária potencializa a conquista de maior autonomia decisória para as mulheres, inclusive sobre seu próprio corpo. Começam a decidir sobre o número de filhos que querem ter, recorrendo à cirurgia chamada de laqueadura. Contudo, esta questão é ainda muito delicada, pois existem interdições religiosas atuando muito fortemente sobre elas.

Em termos gerais, podemos afirmar que a dinâmica da transferência de renda centrada na mulher contribui para o seu empoderamento?

Percebe-se já alterações em direção à certa autonomização na vida das mulheres recebedoras da Bolsa Família. Sabemos de antemão que a cultura pode ser um fator fortíssimo de impedimento a sua liberação. A cidadania como processo histórico é uma construção política permanente, tanto quanto a democracia. Portanto o empowerment das mulheres e sua consequente autonomização também dependem de várias outras políticas públicas e, no caso, específicas, como afirmei anteriormente. Ou seja: políticas culturais, educacionais, assim como estruturas públicas de apoio, como escolas, creches, etc. Nenhuma política pública é poderosa e onipotente que possa dispensar complementos para que de fato se formem, com sua implementação, cidadãos demandantes de direitos. A história da cidadania demonstra que a cidadania democrática sempre contou na sua formação com conjuntos articulados de políticas públicas, bem como com o indispensável auxílio de processos políticos mais fundos e mais gerais.

As críticas mais freqüentes ao Bolsa Família sugerem que a transferência de renda seria uma forma de “acomodar” os beneficiários a ficarem em tal situação e não trabalharem, sendo o valor transferido uma espécie de “bolsa esmola”. Como a senhora avalia essas críticas?

Georg Simmel, o grande sociólogo alemão, em um ensaio de 1904 intitulado “Os Pobres”, já advertia que os ricos e privilegiados atribuem aos pobres todos os vícios e a si próprios todas as virtudes. Na verdade, os olham como se fossem uma massa homogênea e compacta de seres humanos, desprovidos de individualidades, personalidades, e histórias pessoais distintas. Em suma, os percebem como uma subumanidade. As pesquisas, não somente brasileiras e nem somente as minhas, comprovam exatamente o contrário destes estereótipos elitistas: as pessoas não se acomodam, querem mais da vida.

O ser humano é um ser “desejante”. A vivência de uma melhoria desperta nele vontade de obter outras, como qualquer pessoa do mundo. Querem trabalhar e, mesmo com obtenção da Bolsa Família, procuram desesperadamente trabalho. No caso das mulheres pobres que não encontram estruturas públicas, como creches e escolas de tempo integral, para deixar seus filhos na eventualidade de conseguir trabalho, que como dissemos anteriormente, inencontráveis nas regiões abandonadas pelo Estado, que podem fazer?

Programas de transferência de renda podem influenciar o planejamento reprodutivo, bem como a saúde sexual das mulheres?

O programa Bolsa Família é focado nas mulheres e impõe condicionalidades: freqüência atestada das crianças na escola e controle da sua saúde, que é atestado pelos boletins de vacinação, feitos nos postos de saúde, etc. Segundo muitos relatórios e documentos, feitos inclusive por órgãos e avaliações internacionais, houve queda significativa de morte por parto, e outras doenças femininas, assim como reduziu-se drasticamente a mortalidade infantil.

Como todas as mulheres, as mulheres pobres que recebem o Bolsa Família também temem a gravidez e gostariam de ter menos filhos. Uma das suas demandas mais comuns é poder fazer a laqueadura para não gerarem mais filhos. Sabemos que a taxa de fecundidade diminui onde entra informação sobre os funcionamentos do corpo e o esclarecimento geral sobre a reprodução da vida. Contudo, isto não se altera assim do dia para a noite. Pesam sobre elas fatores culturais, desinformação e tabus de origem religiosa. Mas, sempre que podem, manifestam o desejo de terem menos filhos e demandam a cirurgia que pode fazer cessar a gravidez indesejada. Ou seja, porque seria diferente para elas, somente porque são pobres, não têm vontades e desejos de uma vida melhor?

A senhora participou de uma pesquisa que buscou analisar os efeitos da autonomização das mulheres, no Brasil e na Índia, quando tomadas como foco principal de políticas de transferência de renda. Os efeitos são os mesmo ou o panorama social e as questões de gênero de cada país impõem conseqüências distintas?

Devo sempre advertir que a Índia é um mundo quase impenetrável a nós. Sua cultura, no sentido forte do termo, em relação à religião, às castas, às classes, é absolutamente própria e diversa da nossa. Por tudo isto, a comparação é muito difícil. De fato, estive na Índia para observar a política de micro crédito focada nas mulheres pobres. Deve-se lembrar que semelhante política ao caso indiano não constitui na sua grande maioria política de Estado, mas sim de bancos privados, com taxas de juros altas.

Isto mostra suas dificuldades e muitos fracassos na sua implementação. Sei que foi muito festejada nos anos 90 do século passado, mas pessoalmente voltei muito decepcionada com seus resultados. Estive com sociólogos e economistas indianos muito céticos sobre sua eficácia liberadora das mulheres. Aliás, muito ao contrário, eram muito críticos dos resultados das tais políticas.

Como sempre quando falamos de uma sociedade da complexidade da indiana devemos ser muito cautelosos com qualquer juízo que possamos fazer. Políticas de crédito para pobres devem ser precedidas de muita cautela e estudos cuidadosos para não transformá-las em mais um fator de sofrimento dos pobres. O caso indiano está pleno de sofrimentos e angústias das mulheres temendo não poder pagar aos bancos, trazendo como conseqüência, inclusive, o crescimento do número de suicídios. O fracasso de um empreendimento financiado pelo micro crédito recai completamente sobre os ombros das mulheres, que muitas vezes não resistem à pressão que a responsabilidade pela quebra da honra familiar lhes impinge.

No Brasil, o Bolsa Família é um programa estatal de transferência direta de renda para as mulheres. Não há nenhuma pressão insuportável sobre elas, como é o caso do crédito indiano. Não se pode falar em pressão sobre as mulheres beneficiadas pelo Bolsa Família semelhante à sofrida pelas mulheres indianas referida acima. Talvez nossas mulheres sofram angústia e pressão presentes na situação de pobreza extrema que sempre viveram e agora àquelas advinda das condicionalidades que o programa exige. Como por exemplo, as relativas ao desempenho escolar dos filhos na escola e as relativas à saúde das crianças. De longe, não pode ser comparado ao sofrimento da mulher indiana pobre, alvo das políticas de micro crédito implementadas por banqueiros privados.

O Brasil tem assistido a um movimento de migração das classes D e E para a classe C, isto é, um incremento da classe média. Qual a sua avaliação sobre o futuro desse modelo de transferência de renda pelo Estado em um quadro de redução, mesmo que sensível, das desigualdades e da pobreza?

Em primeiro lugar, estamos no início de uma grande experiência social e ainda não construímos espaços avaliativos adequados dela. Precisamos fazê-lo com cautela analítica. Em segundo, precisamos abrir um grande debate público para corrigir rumos e alterar desenhos institucionais com o objetivo de implementar em nosso país, pela primeira vez, um programa de justiça social, .amplo e vigoroso e assim fortalecer o convívio democrático. Somente assim poderemos criar uma nação como comunidade política de cidadãos.

Um passo que nos aguarda é transformar o programa Bolsa Família em um vigoroso programa de renda básica universal. Gostaria de concluir lembrando que, sem um conjunto articulado de políticas públicas e programas de cidadania, não aprofundaremos nossa democracia.

Tudo somado, a questão distributiva continua a ser o grande desafio para a conquista da democracia substantiva entre nós. E sem justiça social a democracia é frágil e vulnerável a regressões políticas e civilizatórias em sentido amplo e profundo.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia ... mbate-fome
Pela terceira vez, Brasil lidera ranking de combate à fome
10/10/2011 - 6h27

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil


Brasília - O Brasil lidera pela terceira vez o levantamento da organização não governamental (ONG) ActionAid, divulgado hoje (10), que lista os países que mais combatem a fome. Desta vez, o anúncio de mais investimentos para a agricultura familiar levou o Brasil ao topo do ranking. Malauí, Ruanda, Etiópia e Tanzânia completam as cinco primeiras posições.

O relatório lista resultados do Programa Fome Zero, que levou à redução da desnutrição infantil em 73% entre 2002 e 2008, e elogia a inclusão do direito à alimentação na Constituição Federal em fevereiro de 2010.

A iniciativa mais recente do país no combate à insegurança alimentar, segundo a ONG, foi o anúncio de R$ 16 bilhões para o Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/2012, para investimentos na produção de alimentos, geração de renda no campo e organização econômica de agricultores familiares, assentados da reforma agrária e povos e comunidades tradicionais.

Apesar dos bons resultados, segundo a ActionAid, o Brasil precisa avançar na distribuição de terras, uma das mais desiguais do mundo. De acordo com o relatório, 56% da terra agricultável estão nas mãos de 3,5% dos proprietários rurais. Os 40% mais pobres têm apenas 1% dessas terras.

“O país precisa resolver a profunda desigualdade no acesso à terra e assegurar que os novos processos de crescimento não gerem novas exclusões por meio do deslocamento das populações. E ainda há 16 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza, altamente vulneráveis à fome. Essas pessoas são profundamente excluídas, são necessárias políticas públicas muito específicas e desenhadas para esse grupo”, avaliou o coordenador executivo da ActionAid Brasil, Adriano Campolina.

Segundo ele, pode ser compartilhada com outros países a experiência brasileira em iniciativas de transferência de renda e políticas de proteção social e segurança alimentar, como os programas de merenda escolar e de construção de cisternas em regiões semiáridas.

Na avaliação global, o levantamento aponta que apesar de recentes avanços no combate à fome e à insegurança alimentar, o mundo está prestes a enfrentar uma agravamento da crise de oferta de alimentos. Entre as causas estão os efeitos das mudanças climáticas e a perspectiva de aumento de preço dos alimentos, que deverá levar mais 44 milhões de pessoas à pobreza. De acordo com a ActionAid, a demanda de terras para a produção de biocombustíveis deve continuar inflacionando o preço dos alimentos.

De acordo com Campolina, a crise econômica também deve frear os esforços internacionais de combate à fome. “Em um ambiente de crise há menos recursos disponíveis tanto para a ajuda externa quanto para o investimento doméstico em agricultura, o que pode levar a uma diminuição dos recursos que poderiam ser destinados à agricultura familiar e sustentável. Apesar que boa parte do que se ouviu até hoje sobre promessa de ajuda dos países ricos não constitui novos recursos”, acrescentou.

A ONG sugere que o G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) inclua a crise alimentar na pauta de sua próxima reunião, em novembro, em Cannes, na França, e se comprometa, por exemplo, a garantir investimentos às pequenas propriedades dos países pobres e a frear a especulação de terras para a produção de biocombustíveis.

“O G20 tem que tomar as medidas concretas para cumprir a prioridade de combater a fome. A prioridade não pode ser salvar grupos financeiros que especulam com commodities agrícolas ao custo da fome das populações pobres. É preciso investir em pequenos agricultores que produzem alimentos para consumo local e dinamizam mercados domésticos, apoiar a criação de estoques de alimentos nacionais e regionais e controlar a especulação financeira com produtos agrícolas”, defendeu o coordenador.

Edição: Graça Adjuto

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#28 Mensagem por Sempre Alerta » 14 Out 2011, 19:34

O Bolsa Família e os filhos bastardos do liberalismo

Luis Nassif

Há uma enorme dificuldade em debater conceitos ideológicos no Brasil, porque muitas vezes são subordinados a táticas de guerra política.

Continuo cada vez mais acreditando que as grandes transformações são eminentemente pragmáticas, daqueles que definem objetivos claros e buscam as soluções independentemente do rótulo ideológico que lhes é colocado.

Tome-se o Bolsa Família.

Nos anos 90 houve enorme discussão conceitual sobre políticas de transferência de renda. Os liberais defendiam ajuda em dinheiro, para que o beneficiado pudesse escolher livremente onde gastar. E também defendiam a focalização – isto é, o uso de estatísticas para "focalizar" a ajuda nos mais necessitados.
De seu lado, a esquerda era contra a focalização – julgando ser um estratagema para impedir a universalização das políticas públicas. E defendia também – aí já não com tanta ênfase – o auxílio em comida, cesta básica, vale leite etc.

O Bolsa Família incorporou as análises estatísticas dos "focalistas". Mas decidiu-se expandir ao máximo o programa. Casou-se a universalização com o "focalismo", para impedir desvio de recursos para os não necessitados. Também definiu o auxílio em dinheiro, colocando-o sob a guarda das mulheres.

O programa foi lançado, tornou-se sucesso mundial.

Aí os filhos bastardos do lilberalismo – como Ali Kamel e colegas – passaram a atacar o benefício em dinheiro, apontando os "desvios" – esses pobres desnaturados estavam utilizando os recursos para adquirirem geladeiras e fogões (!). Roberto Campos deve ter se revirado no túmulo com essa tentativa dos "liberais" de araque em direcionar o consumo dos pobres. Parece coisa do estado soviético, deve ter imaginado observando do além os desvios de conduta dessa direita inculta.

Na outra ponta, a eficácia das análises "focalistas" e o efeito cidadão da escolha – proporcionada pelo benefício em dinheiro – conquistou a esquerda. Certamente não teria sido, se implementado por um governo que não fosse de esquerda.

Outro episódio me chamou a atenção, em relação ao liberalismo militante dos anos 2000. No caso, um debate que tive com Eduardo Gianetti da Fonseca – que é muitas vezes mais preparado do que os Ali Kamel da vida.

Foi no Instituto de Estudos Avançados da USP.

Eduardo enveredou pela análise biológica da economia, para concluir que os pobres brasileiros tinham a mesma natureza dos animais que não se preparam para o inverno. Por causa deles, dessa ansiedade em se endividar para consumir, é que os juros não baixavam. Se fossem bichos previdentes, em vez de financiamentos a juros elevados, poupariam o correspondente à prestação e comprariam mais adiante à vista.

Acho um horror essas análises biológicas da economia, quase tão mecanicistas quanto os cabeças de planilha. Ignoram aspectos psicossociais, emoções, efeitos da alta e da baixa autoestima sobre os cidadãos. Falta-lhe sensibilidade sociólogica, visão psicossocial para entender os grandes fatos transformadores. O sujeito que saí da extrema pobreza é totalmente diferente do que era antes.
No debate, contei o caso de uma moça que cuidava da minha filha de 2 anos. Quando começou a onda de financiamento, foi na casa Bahia comprou sofás, uma geladeira, uma maquininha de café.

Um dia pediu para levar a Bibi para apresentar para os vizinhos. Foram de ônibus até a estrada de M'Boi Mirim.

Fomos à tarde para pegar a Bibi.

Ela nos esperava em um puxadinho pintado recentemente. Tinha uma sala bonitinha, caprichada e os sofás para nos receber. Quando chegamos, chamou os vizinhos e serviu um café coado na máquina nova e suco resfriado na geladeira.

Até um biólogo perceberia que o ato de consumir mudou a natureza da moça. Tornou-se cidadã, sociabilizou-se, estava orgulhosa de poder "receber". Essa mudança teve implicações em sua vida profissional futura, em sua vida pessoal. Deixou de ser bicho-do-mato. Perdi contato, mas possivelmente ganhou coragem para fazer cursos profissionalizantes, mudar de status funcional.

É isso que o trabalho da professora Walquíria mostra: o poder libertador do crédito, do dinheiro, para quem não tinha possibilidades.

Walquíria até sugere que o Bolsa Família passe a pensar em centros de convivência públicos. Porque uma das facetas mais relevantes desse novo cidadão é que perde a vergonha de se relacionar com terceiros de frequentar ambientes com outras pessoas. A vergonha de não ter crédito, de ser analfabeto, de não saber se vestir o afastava do convívio social.

Um dia ainda levo o Eduardo para conhecer M'Boi Mirim, para tirar essas ideias de que gente e bicho têm reações iguais.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... iberalismo

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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#29 Mensagem por Sempre Alerta » 14 Out 2011, 19:45

A inclusão das famílias sem Estado

O livro ainda não tem editora, faltam acertos finais, mas caminha para ser um clássico das ciências sociais brasileiras e um documento imperdível sobre a grande batalha iniciada anos atrás, que ajudou a tirar da miséria milhões de brasileiros.

Trata-se do trabalho da socióloga e professora da Unicamp Walquíria Domingues Leão Rego sobre esse momento histórico.

O trabalho de Walquíria não possui estatísticas complexas, não recorreu a pesquisas com questionários fechados. Durante cinco anos ela foi ouvir mulheres em regiões tradicionalmente não assistidas pelo Estado – como o Vale do Jequitinhonha e o sertão alagoano, entre outras. Sua intenção foi avaliar os impactos sobre as pessoas da renda em dinheiro – tanto do Bolsa Família quanto do aumento do salário mínimo. Quis saber os efeitos sobre a vida pessoal, a cidadania, a maneira como as pessoas passaram a se ver.

Ontem, no seminário “Regionalização do Desenvolvimento” – do projeto Brasilianas – o relato de Walquíria provocou emoções fortes tanto em pesquisadores quanto em executivos.

Em geral, os pobres são vistos como massa homogênea. Como tal, sujeitos a toda espécie de visão preconceituosa. Seriam pobres por serem preguiçosos; não poderia receber em dinheiro por não saberem fazer cálculo prudencial (calcular o dinheiro até o final do mês); gastariam em supérfluos e bebidas; as mulheres (que são as titulares do Bolsa Família) acabariam cedendo as senhas aos maridos. E assim por diante.

Com forte formação de esquerda, Walquíria se surpreendeu ao perceber a extraordinária função social do dinheiro – especialmente para quem sai da zona da extrema pobreza.

O primeiro mito a cair foi o dos cálculos para manuseio do dinheiro. Nos depoimentos colhidos, mulheres confessavam que na primeira vez que receberam do Bolsa Família, gastaram o dinheiro na primeira semana. Na segunda vez, já sabiam calcular para o dinheiro durar até o final do mês.

Do mesmo modo, não encontrou mulheres que tenham cedido às pressões do marido para outras destinações aos recursos. Primeiro, porque tinham contrapartidas a apresentar: pesar as crianças no posto de saúde, apresentar atestados de frequência escolar dos filhos. Depois – como disse uma delas, em um relato que espalhou emoções no seminário: “Isso tudo não é mais para mim. São para meus filhos. Meu tempo já passou”.

Em uma das melhores entrevistas da pesquisa, com uma senhora de Demerval Lobão, interior do Piauí, foi-lhe descrito o sentimento que se apossou dela quando descobriu que tinha “crédito” no comércio. Isto é, os comerciantes acreditavam nela. “Antes eu não era nada. Ninguém me vendia nem uma caixa de fósforos”.

A renda monetária conferiu-lhes dignificação da vida, confiabilidade. A possibilidade de escolha – entre comer feijão ou macarrão, por exemplo – mudou sua percepção sobre a vida, a cidadania, os direitos, constatou Walquíria.


http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... sem-estado
Ao acessar o site é possível ouvir a palestra da Professora Walquíria proferida no seminário “Regionalização do Desenvolvimento” – do projeto Brasilianas.

Vale a pena ouvir!!!

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kevin lomax
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Re: Uma análise do programa Bolsa Família

#30 Mensagem por kevin lomax » 15 Out 2011, 21:09

Texto publicado no site do Ministério do Desenvolvimento Social.

http://www.mds.gov.br/saladeimprensa/no ... ria-no-sul


Inclusão produtiva urbana e rural marca lançamento do Brasil Sem Miséria no Sul


14/10/2011 10:45

Compra de sementes para distribuir a agricultores familiares e qualificação profissional e emprego na construção civil e nos supermercados fazem parte das ações que atenderão à população extremamente pobre em todo o País. Com participação da presidenta Dilma, governadores e prefeitos dos três estados assinam compromisso pela superação da extrema pobreza na região.

Porto Alegre, 14 – As oportunidades de emprego na construção civil e nos supermercados e o estímulo ao aumento da produção da agricultura familiar marcam o lançamento do Brasil Sem Miséria no Sul, a quarta região a se aliar formalmente ao Governo Federal na meta de superação da extrema pobreza. O compromisso já foi assumido por governadores e prefeitos do Nordeste, Sudeste e Norte.

Nesta sexta-feira (14), em Porto Alegre, a presidenta Dilma Rousseff, ministros, governadores, prefeitos e empresários anunciaram mais uma série de iniciativas do Plano Brasil Sem Miséria voltadas ao público extremamente pobre em todo o País. De acordo com a presidenta, é importante a união de Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina ao empenho do Governo Federal pela erradicar a extrema pobreza. “O Brasil já viveu um momento importante de luta pela responsabilidade fiscal e agora viveremos um marco em nossa trajetória, com a luta pela responsabilidade social”, frisou. “Só com a união das três esferas de governo poderemos enfrentar esse imenso desafio que é a superação da extrema pobreza e fazer que com ela seja uma página virada em nossa história.”

Uma das novidades é a compra de sementes da agricultura familiar para distribuir a outros agricultores muito pobres, principalmente indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária. O governo vai adquirir 53,5 toneladas de sementes de milho de 400 agricultores familiares de três cooperativas: Coarpa, de Santa Catarina, Bionatur, do Rio Grande do Sul, e Coofaeco, do Paraná. “Com esse projeto, todos ganham. Por um lado, aumenta a produção no campo, com produtos de boa qualidade, e os supermercados podem oferecer alimentos diversificados. Por outro, a população tem acesso a mais alimentos, bons e com preços mais baixos”, argumenta a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello.

O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, lembrou a importância do empenho do Governo Federal nas ações de agricultura familiar. “Nossa missão mais importante é construir uma ação forte com foco na agricultura familiar. Aproveito a oportunidade para anunciar que vamos investir na construção de um pavilhão para atender exclusivamente aos agricultores desse segmento”, anunciou.

“Há 16 anos trabalho com a lavoura em uma região próxima a Curitiba. Com o incentivo do governo, pude me unir a outros agricultores e conseguimos inserir nosso produto no mercado local”, conta a agricultora Anibela Farias. De acordo com Anibela, através do programa Fábrica do Agricultor, que tem incentivos do Governo Federal e do BNDES, hoje os empresários contam com nove itens em sua linha de produção, distribuídas em nove estados. “Com o projeto do governo, recebemos orientação e estímulo à melhoria dos nossos produtos, com foco na segurança alimentar. De lá pra cá, já foram tantas conquistas que seria difícil enumerar aqui”, emociona-se.

Foi formalizada também com as associações de supermercados da região e o supermercado Wal-Mart a parceria já assinada com a entidade nacional do setor, a Abras. A rede varejista comprará a produção da agricultura e da agroindústria familiar, da economia solidária e de comunidades tradicionais, como os quilombolas.

Os supermercados vão adquirir os alimentos e, em alguns casos, abrir espaço nos estabelecimentos, com gôndolas específicas, para a comercialização. A oferta de qualificação profissional e emprego para que o público do Brasil Sem Miséria possa trabalhar nesses estabelecimentos comerciais faz parte do acordo com os supermercados.


Emprego em obrasEm outro acordo, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic) e o Governo Federal desenvolverão em conjunto ações de qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho para o público do Brasil Sem Miséria. A parceria envolverá 61 entidades do setor em todo o País.

A Cbic e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) já promoveram feirões de emprego no Rio de Janeiro e em Fortaleza. No total, foram ofertadas 1,9 mil vagas. Porto Alegre, Curitiba, São Luís e Belo Horizonte serão as próximas capitais a abrir oportunidades de qualificação e trabalho para os beneficiários dos programas sociais.

A expectativa de ministra Tereza Campello é que todas as vagas ofertadas sejam ocupadas. “Queremos garantir grande presença nesses feirões para que o público possa acessar oportunidades na construção civil, que oferece permanentemente emprego em obras em execução por todo o País”, ressaltou.

Ainda faz parte das iniciativas lançadas no Sul a inclusão digital. O projeto do governo vai melhorar a conexão da internet em vários municípios, o que possibilitará garantir o acesso da população mais pobre aos serviços de comunicação. A medida permite aprimorar a infraestrutura das prefeituras, para identificar e cadastrar famílias, acompanhar as contrapartidas do Bolsa Família e desenvolver trabalho integrado entre os telecentros e os Centros de Referência de Assistência Social (Cras e Creas).

(...)

Região Sul – População em extrema pobreza

Paraná – 306.638
Rio Grande do Sul – 306.651
Santa Catarina – 102.672

Total – 715.961

Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2010

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