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Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

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Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#16 Mensagem por Pinter » 27 Abr 2010, 11:44

Jean_Luc escreveu:Sobre os índios...

Não concordo muito com o Lula quando ele diz que cuidamos bem dos nossos índios, mas é fato, eles ainda estão aí, têm ajuda oficial e respeito de boa parte da população.

Agora pergunta pro James Cameron porque ele não filma os índios lá do país dele, o Canadá.

É um pé-no-saco mesmo esse monte de gringo metendo o bedelho aqui. rs.

---------

Depois falam que o FHC vendeu tudo pros gringos....


tsk tsk tsk...

Como o Lula nao sabe nada, tem que terceirizar!

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Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#17 Mensagem por ZeitGeist » 27 Abr 2010, 12:16

Eu ainda acho que se utilizarmos todos esses recursos financeiros em energias alternativas limpas com a eólica e a solar, no nordeste, por exemplo, acredito que poderíamos substituir Belo Monte.

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#18 Mensagem por Tricampeão » 27 Abr 2010, 19:17

Gerar energia através de combustão, usando biomassa ou combustíveis fósseis, é muito mais poluente.
Vento e luz solar são recursos muito mais instáveis que a vazão do rio Xingu.
Energia nuclear é controlável, abundante e relativamente limpa. Mas ainda assim, mais cara que a hidráulica. Todos os países da Europa esgotaram seu potencial hidráulico antes de recorrer a essa fonte. O Brasil ainda está longe desse esgotamento.
Tecnicamente, portanto, Belo Monte é justificável. Como citou o colega, os aspectos controversos estão mais ligados ao processo de licenciamento e licitação.
Sou a favor de diversificar a matriz energética, porque é preciso dominar as tecnologias. Mas pra tocar a economia, a melhor resposta neste momento são as hidrelétricas.
Dizem que Belo Monte serviria para alimentar uma usina de alumínio. Para se produzir alumínio é necessário muita energia elétrica. É por isso que, apesar de o elemento alumínio ser facilmente encontrado na natureza, poucos países produzem o metal em quantidade. Esta é uma vantagem que o Brasil precisa explorar. Caso contrário, terá que vender minério, produto de baixo valor agregado.

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Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#19 Mensagem por ZeitGeist » 29 Abr 2010, 11:12

Energia nuclear seria uma boa, se não fosse o problema dos resíduos gerados pelo processo :shock:, no caso lixo atômico :shock:.
O ideal mesmo seria criar um tipo de reator magnético, com grandes magnetos para girar a turbina e assim criar a eletricidade, mas entramos em outro problema. Onde conseguir tais magnetos?

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Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#20 Mensagem por Roy Kalifa » 29 Abr 2010, 13:26

O governo Lula tem méritos nas questões sociais, mas na questão ambiental é de uma inconsciência tremenda.
Para ele a natureza é uma mera reserva de recursos para alavancar projetos faraônicos, dentro de um modelo de crescimento ultrapassado.
Esta usina enterrará 516 km2 de florestas...
Até onde o nosso planeta comportará o nosso crescimento ?
Temos que desacelerar, conter a natalidade de quem não pode sorver sua prole, e assim demandarmos menos recursos naturais.

Acredito que Lula queira entrar para a historia, como o maior, o tal etc.
Mas a sua grandiosidade é atrasada, tal como um crescimento a todo custo sem medição das consequencias.

SOU CONTRA BELO MONTE.

Outras viabilidades devem ser pensadas e estudadas.

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#21 Mensagem por Tricampeão » 29 Abr 2010, 17:46

Além do destino dos resíduos, existem outros problemas no uso da energia nuclear: risco de acidentes, risco de desenvolvimento de armas atômicas a partir dos resíduos e problemas ambientais advindos da mineração do urânio. Na minha visão, este último é o mais sério.
Prevê-se que tudo será resolvido com o desenvolvimento das técnicas de fusão fria, o que deve acontecer por volta de 2030. Até lá, teremos que nos virar com o que temos.

Concordo que seria melhor gastar menos energia pra não termos que gerar mais do que já geramos. Acontece que, com relação a isso, o governo pouco pode fazer. O Peter North poderia trocar sua TV por uma de LED e passar a andar de bicicleta, mas teria que ser iniciativa dele. Já eu passar a comer arroz com pequi frio quando vou pro milharal, sem chance. Os ricões é que têm que ser penalizados se houver um racionamento.
Numa perspectiva realista, todos queremos mais indústrias para haver mais empregos. E o consumo de energia das famílias mais pobres precisa crescer muito para atingirmos uma qualidade de vida razoável para a maioria da população. Essa situação é comum a todos os países em desenvolvimento.

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Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#22 Mensagem por komekomegatas » 01 Mai 2010, 22:23

Sem energia não cresce um país, os apagões estão aí para ver ( ou não, se ficar escuro aí é q não vamos ver nada mesmo ), paises ditos desenvolvidos obviamente não querem concorrência, vide história do Brasil, até década de 40 metalurgia no Brasil era desconhecida, se não fosse GV se não me engano, em acordo com americanos e cedendo bases brasileiras à americanos durante a 2ª guerra, estaríamos como Cuba, só de comodite e olha´lá, o governo militar entrou de cabeça na energia nuclear década 70/80 ( made alemã ) meia boca e vai indo, produz uma merrequinha que ajuda, mas o potencial maior é o hidráulico, ambientalista é aquele que proibe mas não dá a solução, americano quer proteger os indios do Brasil mas mataram os deles ( lembra do forte apache ) .

em resumo, não se pode perder tempo, senão perde o trem da história e fica no escuro.


KKG

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Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#23 Mensagem por Wasabi » 02 Mai 2010, 00:12

:roll: Se for verdade que a Usina não irá ter reservatório.
Será prevista para gerar 40 Kw e em época de seca irá gerar 1 Kw.
Será um elefante branco.

Mas que tem algo errado nesta Obra tem, nenhuma construtora quer ficar com o Abacaxi, pois vai ter que pagar os emprestimos com os lucros do empreendimento.

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Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#24 Mensagem por Pinter » 02 Mai 2010, 12:58

Porque não colocam energie eólica/solar lá????????????????????????

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Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#25 Mensagem por Tricampeão » 02 Mai 2010, 14:58

Pinter escreveu:Porque não colocam energie eólica/solar lá????????????????????????
Faça as contas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_e% ... .C3.B3lica
O preço por megawatt-hora (MWh) estabelecido no Brasil para o fornecimento de energia de reserva é de R$ 189 [...] o fornecimento de energia foi negociado a R$ 71,4/MWh no caso de Jirau, e R$ 78,9/MWh para a usina de Santo Antônio.
e de R$ 77,98/MWh para Belo Monte, acrescento eu.
Energia eólica fica quase 3 vezes mais cara, e por enquanto só estão sendo instaladas em lugares onde o suprimento é extremamente favorável.
No Brasil hoje há 36 parques eólicos, que geram apenas 605 MW, menos do que Belo Monte sozinha vai gerar no pior mês da pior estação seca.
A mais moderna usina solar já construída fica em Moura, Portugal. Vai gerar 62 MW e o custo estimado é de 250 mihões de euros. O MW fica bem mais caro que o de Belo Monte, mesmo se considerarmos que ela vai custar mesmo os 30 bilhões que alguns mencionaram, e não os 19 anunciados pelo governo.
http://en.wikipedia.org/wiki/Moura_phot ... er_station

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Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#26 Mensagem por Carnage » 02 Mai 2010, 18:06

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... doras.html

http://www.correiocidadania.com.br/content/view/4572/9/

Correio da Cidadania: Belo Monte e as mineradoras

‘Belo Monte é a expressão e o significado do governo Lula-Sarney’

Escrito por Valéria Nader e Gabriel Brito, no Correio da Cidadania

25-Abr-2010


Projetada no governo Geisel, a usina hidrelétrica de Belo Monte, bandeira energética do governo Lula, tem vivido um espetáculo da mais pura improvisação. Após incessantes decisões judiciais contra e a favor da obra, o leilão que consagrou o consórcio liderado pela Queiroz Galvão e Chesf durou apenas sete minutos, sobrepondo-se à notificação da justiça que o suspendia. Logo depois, a Queiroz decidiu abandonar o empreendimento, acontecimento inédito em leilões do gênero. Para finalizar, alguns perdedores poderão participar do empreendimento, não como sócios principais, mas nas obras de construção da usina, vez que o projeto está envolto em uma série de dúvidas relativas aos custos a serem incorridos. Já há uma fila de empreiteiras interessadas. É o cabaré da energia elétrica.

Para tratar deste que é um dos assuntos mais polêmicos dos oito anos do PT no poder, o Correio da Cidadania conversou com o professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, Célio Bermann. Bermann não poupou críticas, de todos os matizes, a um projeto que foi imposto contra a vontade das populações, através de caricaturais audiências públicas e fictícias referências de custo.

Para Bermann, a explicação para a obsessão por Belo Monte é a aliança Lula-Sarney, que abarca figuras historicamente ligadas ao setor eletro-intensivo, de forma a manter a subordinação da política energética nacional aos interesses de grandes corporações econômicas. Desse modo, estaríamos vendo o início de uma radicalização na apropriação das riquezas do território amazônico, que só pode gerar trágicas conseqüências ambientais e sociais.

Correio da Cidadania: Que balanço você faz da trajetória do projeto de Belo Monte, com toda a disputa política e guerra judicial que cercam o projeto? Como avalia o resultado do leilão, que culminou com a desistência dos principais concorrentes, a Odebrecht e a Camargo Corrêa, tudo indicando que o projeto deverá ser encampado pelo governo?

Célio Bermann: Primeiramente, eu não classificaria o resultado do leilão como uma vitória. Aconteceu que, apressadamente, a partir de novembro passado, o governo empurrou de forma obsessiva o projeto Belo Monte.

O resultado indica o seguinte: em primeiro lugar, o projeto será bancado única e exclusivamente pelo dinheiro público, através, primeiramente, do financiamento do BNDES, que deverá comparecer com 80% dos 19 bilhões de reais que custará a obra – custo que, no entanto, as construtoras e fabricantes de equipamentos eletro-mecânicos dizem não ser inferior a 30 bilhões.

Outro fato é que o consórcio vencedor é fundamentalmente formado por empresas públicas, estatais, o que se verifica na medida em que a Chesf representa 50% da composição acionária e o governo pretende também incorporar ao projeto, de forma efetiva, a participação acionária da Eletronorte, que por sua vez vai gerir a hidrelétrica. É toda uma engenharia financeira baseada fundamentalmente em renúncia fiscal exacerbada, com todas as conseqüências à população e aos contribuintes.

Dessa forma, estamos na iminência de assistir a um dispêndio de dinheiro público a ser administrado de forma absolutamente incompetente, porque o preço vencedor é totalmente fictício, uma vez que não é possível remunerar tal investimento com uma tarifa de 78 reais por cada 1000 kW/h.

Isso significa que, mais uma vez, haverá necessidade – para compensar os prejuízos, que serão assumidos principalmente pelas empresas estatais – de recorrer ao Tesouro Nacional a fim de se garantir que a energia seja suprida, principalmente para reproduzir e confirmar (e essa é a maior característica do projeto de Belo Monte) o modelo de apropriação do território amazônico, baseado na tomada de seus recursos naturais, de sua água, seus rios, para proporcionar a expansão de bens de alto conteúdo energético e baixo valor agregado.

Ou seja, faço referência às indústrias minero-metalúrgicas, de minério de ferro, bauxita e também sua primeira transformação, em aço e em lingote de alumínio.

Essa forma de “promover” o desenvolvimento da região amazônica e do país é absolutamente lesiva aos interesses da população brasileira.

CC: Além de perseguir um modelo de desenvolvimento inadequado sob os aspectos social e ambiental e dos custos elevadíssimos, o projeto é também criticado pela sazonalidade da usina no suprimento da energia e pelas incertezas geotécnicas que envolvem a obra. O que você acrescentaria a estes pontos que são destacados como grandes óbices para a efetivação desse empreendimento?

CB: Além da já mencionada questão da engenharia financeira, a idéia de que é preciso uma hidrelétrica para resolver o problema de habitação e infra-estrutura de uma cidade, de uma região, também aponta uma maneira absolutamente equivocada de entender os projetos de geração de eletricidade.

O principal benefício argumentado pelo governo é prover habitações de alvenaria e melhorias de saneamento, tratamento de água e esgoto para Altamira e região. Isso significa passar a responsabilidade das políticas públicas, que necessariamente devem ser assumidas pelos escalões da administração municipal, estadual e federal, para o empreendimento. Significa também a procura do governo por uma legitimação política, principalmente junto à população local mal informada.

CC: O que pensa sobre a avaliação de estudiosos de que o empreendimento de Belo Monte, com as reformulações pelas quais passou desde seu formato original, quando ainda era a usina de Kararaô, terá um impacto significativamente menor sobre o meio ambiente?

CB: O que aconteceu, em minha compreensão, foi que efetivamente houve a tentativa de levar em consideração o problema da amplitude do reservatório na concepção do projeto, com o artifício da construção de canais. Serão construídos dois canais de medidas significativas, de forma a comportar o volume de água que inicialmente estava estabelecido e ocuparia toda a região. Com isso, reduziu-se pela metade o reservatório, que antes era de 1200km².

Um problema significativo é que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) indica um reservatório de 400 km², enquanto o edital do leilão apontava um reservatório da ordem de 600 km². Aí também havia uma brecha por onde se poderia justificar o cancelamento do empreendimento, por não reconhecer o que tinha sido referência para a discussão ambiental. Se efetivamente haverá o aumento do reservatório, problemas sócio-ambientais de maior monta serão revelados. Portanto, seria fundamental reavaliar o projeto.

Mas o problema maior é que, na medida em que o projeto procurou reduzir as resistências ambientais, ao mesmo tempo em que manteve o dimensionamento da obra, ocasionou uma concepção absolutamente equivocada, que já determina sua ineficiência.

Agora ele está nas mãos de empresas estatais, pois as privadas saíram e não participam da tomada de empréstimos e dos investimentos, o que manteve a concepção de superdimensionamento da usina, de 11,2 mil mW, quando na verdade essa energia só estará disponível durante três meses ao ano. E haverá períodos de estiagem, entre setembro e outubro, nos quais a capacidade de geração se reduzirá a 1080 mW.

Frente a esse fato, o governo passou a trabalhar com a noção de ‘média de energia’, em torno de 4000, 4500 mW ao longo do ano, o que é uma maneira enganosa de caracterizar o empreendimento. A energia que estará garantida, independentemente do regime hidrológico, é de apenas 1000, 1100 mW. O restante da energia disponibilizada terá valor comercial menor.

Dessa forma, as empresas estatais (que deveriam ser públicas, mas não são) vão arcar com esse enorme prejuízo, que vai cair no bolso do brasileiro, e assim assistiremos ao prenúncio do processo de expansão do capital internacional na Amazônia: predatório, sem levar em consideração o interesse da população brasileira, especialmente as ribeirinhas, indígenas e tradicionais, fatalmente seguido da solicitação de construção de outras três usinas rio acima para melhorar a eficiência da usina e aumentar a disponibilidade hídrica, embora o governo indique que isso não acontecerá. No entanto, aponto como inexorável a necessidade de construção de outras usinas a montante, aí sim passando diretamente pelas populações da bacia do Xingu.

CC: Por que este governo é tão determinado em dar início a um projeto de custo elevadíssimo, em um país com variadíssimo potencial energético e com toda a resistência de entidades ambientalistas e movimentos sociais, inclusive com grande repercussão internacional? A quem se destina prioritariamente os benefícios desse projeto?

CB: Precisamos realmente qualificar que governo é esse que leva adiante de forma obsessiva o empreendimento, malgrado todas as análises críticas de movimentos sociais, ambientalistas, de acadêmicos e cientistas que fizeram aquele painel de especialistas para elaborar uma avaliação crítica aos estudos ambientais e à construção.

É preciso lembrar que essa obra é um arranjo político que constitui a expressão e significado do governo Lula-Sarney. Eis a referência que aponto.

O governo lulo-sarneysista tem interesses históricos na viabilidade de Belo Monte; todo o Ministério das Minas e Energia e a Eletrobrás de hoje estão constituídos pelos chamados homens-Sarney. São a esses, que mantêm relações históricas de privilégios com o setor eletro-intensivo, e às empresas minero-metalúrgicas, que politica e economicamente satisfaz um empreendimento dessa ordem.

Para o governo Lula e a candidatura Dilma fica o equívoco de identificar o projeto Belo Monte como estratégico, prioritário do PAC. Foi um equívoco determinado pela política de aliança do governo Lula.

Em minha opinião, esse erro pode gerar, em função das repercussões, uma insatisfação da sociedade e das populações locais em relação à condução do processo, fragilizando a própria candidatura. Eu analiso que Belo Monte, da forma como foi açodadamente conduzido, pode significar o cadafalso da candidatura Dilma.

CC: Vários estudiosos da área elétrica defendem, no entanto, o projeto como uma forma de aproveitar o potencial hidrelétrico brasileiro, já que o Brasil só teria utilizado até agora um terço desse grande potencial de energia limpa, proporção bem inferior à média dos países desenvolvidos. Qual a sua opinião quanto a esta avaliação?

CB: Essa percepção da hidroeletricidade de nosso país precisa ser redefinida. Nós temos hoje uma dependência excessiva da hidroeletricidade amazônica. O fato de mais de 50% de nosso potencial hidrelétrico estar localizado naquela região não significa, em absoluto, que todos os rios da Amazônia precisam ser transformados em jazidas de megawatts.

Tanto o projeto de Belo Monte como as usinas Santo Antônio e Jirau, do Rio Madeira, apontam a idéia que marca o pensamento elétrico, de se otimizar o aproveitamento energético desconsiderando as questões ambientais e sociais. E eventualmente, como em Belo Monte, procurando incorporar algumas dessas questões, mas mantendo a concepção de geração energética. Isso indica que não há compatibilidade entre preocupação ambiental, justiça social e o pensamento hegemônico de conduzir os projetos hidrelétricos da forma que vemos.

Em relação aos apoiadores da expansão hidrelétrica, devo dizer algo, sobre o qual Belo Monte é simbólico: primeiramente, a energia hidrelétrica ficará cada vez mais cara. Se levarmos em consideração a ordem e grandeza de 30 bilhões de reais de investimento, significa que o kilowatt instalado em Belo Monte está alcançando 2700 reais, cerca de 1500 dólares por kilowatt instalado, basicamente. Internacionalmente, o preço do kilowatt hidrelétrico instalado é de 1000 dólares. Estamos fazendo uma usina cara, contrariando a informação do governo e seus apoiadores de que se trata de projeto extremamente favorável no que se refere à relação custo/investimento e benefício.

Em segundo lugar, há o problema do destino da energia. Ela não será destinada às necessidades e requerimentos da população brasileira, não será voltada à melhoria de suas condições de vida no dia-a-dia e ao aumento da oferta de energia a essas pessoas.

CC: Segundo ainda esses mesmos estudiosos, fontes de energia alternativa, como eólica, solar, podem, sem dúvida, complementar a necessidade de suprimento, em vista de nosso variado potencial energético, mas não conseguiriam suprir significativamente as demandas de nossa matriz energética. O que você teria a dizer sobre essas energias alternativas?

CB: Essas outras fontes poderiam ter um aproveitamento melhor, como a biomassa também, o que poderia ser um complemento às fontes tradicionais, mas ainda se tem a compreensão de que são caras demais para receber investimento.

Mas é extremamente importante, antes de tudo, ressaltar alguns pontos. Um deles é a redução da perda de energia do sistema termelétrico: de acordo com dados do próprio governo, temos no Brasil uma perda da ordem de 15% do momento em que a energia é gerada, entra no sistema de transmissão, depois passa pela distribuição, até chegar à tomada dos consumidores.

Sem esquecer das características de prioridade à fonte hidráulica, não podemos imaginar reduzir essa perda ao que hoje é a média em países da Europa, Japão, EUA, onde ela fica em torno de 8%. Mas poderíamos imaginar reduzir as perdas a cerca de 10%. Daria pra ganhar 5% do que é gerado, disponibilizando esse montante para o consumo. Tal investimento é bem menor que a construção de uma nova usina.

Ao mesmo tempo, considero o fato de que o sistema hidrelétrico nacional apresenta condição diferenciada daquela existente nos locais citados, cuja matriz energética é extremamente dependente de usinas a carvão e gás natural, localizadas mais próximas do centro de carga e dos consumidores, o que possibilita uma menor perda também. A distância entre o local de geração e de consumo é determinante para operacionalizar um programa desse tipo. Por isso, em minha opinião, considerando as grandes linhas de transmissão do Brasil, levando energia elétrica de usinas hidrelétricas distantes do centro de carga e dos locais de consumo, nossa característica possibilitaria trabalhar com a redução de perdas, o que é uma conta teórica, mas que poderia levar a uma economia equivalente a dois terços do que se produz de energia em Itaipu.

Outra alternativa, para a qual chamei particularmente a atenção em 2004, e que teve resposta do governo apenas no ano passado, é a repotenciação de usinas hidrelétricas que operam há mais de 20 anos. Mas, nesse estudo feito pelo governo, a EPE – Empresa de Planejamento Energético – procura reduzir as conseqüências da repotenciação vistas historicamente e acaba super-dimensionando a capacidade de geração do parque hidrelétrico atual. Com isso, apontam uma escala de ganho extremamente reduzida por meio da repotenciação.

Neste momento, estou envolvido num trabalho de investigação e pesquisa junto a uma empresa de geração do estado de São Paulo para definir concretamente as possibilidades de redução de perdas nas usinas que operam hoje, de modo a conseguir aumento de energia por meio da repotenciação. Espero que esse trabalho se transforme numa discussão teórica, baseada em ganhos advindos da repotenciação e, por outro lado, em questionamentos sobre o super-dimensionamento do atual parque hidrelétrico por parte do governo. Espero reunir elementos suficientes para, de forma concreta, indicar as possibilidades que a repotenciação pode trazer.

CC: Todas essas possibilidades juntas não alcançariam o potencial elétrico que se projeta para Belo Monte de modo bem menos lesivo ao meio ambiente e à população? Por outro lado, até que ponto suprir esse potencial elétrico supostamente originário de Belo Monte é o foco que deve acompanhar as preocupações de uma política energética e de um modelo de desenvolvimento?

CB: Todas essas alternativas não substituem as grandes usinas hidrelétricas produtoras de grandes blocos de energia, como Belo Monte. Uma energia que, no entanto, é voltada a satisfazer as necessidades e requerimentos do processo eletro-intensivo.

As formas alternativas de energia têm como foco principal trazer benefícios não concentrados em um ou outro setor da economia, e com isso há a necessidade de discutir o modelo de acumulação que vigora em nosso país.

O modelo de desenvolvimento no qual estamos hoje assentados, de meros produtores de bens primários de alto conteúdo energético e baixo valor agregado, não representa um Brasil forte em termos de produção, geração de renda e geração de energia. Pelo contrário, esse modo de apropriação dos recursos naturais em favor de poucos apenas representa e indica que o governo Lula-Sarney faz essa construção em subordinação aos interesses financeiros internacionais.

Trata-se de uma visão equivocada, de que a disponibilidade energética conduz necessariamente ao desenvolvimento. As conseqüências inelutáveis serão a degradação ambiental e o acirramento da crise social.

CC: É possível projetar o tamanho do custo ambiental da obra? Seria digno de contestação não apenas nacional, como também internacional?

CB: Embora tenha sido propagandeado que era da ordem de 1,5 bilhão de reais, o custo ambiental não teve uma contabilidade de fato, não foram citados os parâmetros para se chegar a tal resultado…

A discussão histórica é de que os empreendedores que vão tocar a obra vão buscar reduzir custos. E a procura por redução de custos se dará principalmente sobre as dimensões sociais e ambientais.

Mesmo que tais valores projetados se confirmem, só serão verificados no futuro.

CC: E quanto ao custo social, considerando todo o deslocamento das populações tradicionais, indígenas e ribeirinhas, qual a sua avaliação? Será tão desastroso como no caso de Tucuruí?

CB: O problema é que não se trata, como se pensa, de dar a essas populações opções de uma casinha ou algo assim. O que acontece historicamente é que cerca de 80% das populações atingidas por obras hidrelétricas do país não receberam nenhum tipo de indenização.

Vamos imaginar que o empreendimento consiga fazer alguma forma de ressarcimento à população. O problema reside em que o levantamento do EIA – Estudo de Impacto Ambiental – subestima a população, o que já mostra o problema de se levar em conta o custo real do deslocamento dessa população a partir de uma obra desse porte, ainda mais na região amazônica. É o mesmo que se viu em Tucuruí e se vê agora em Porto Velho (por conta das usinas do Rio Madeira), casos em que o contingente de pessoas atraídas pela busca de emprego não será absorvido, pois a obra fica preferencialmente com a mão-de-obra qualificada. E essa população é mão-de-obra desqualificada, que não dispõe de programas de qualificação previstos nos projetos.

A questão social, acrescentada ao fato de que a população atraída vai demandar equipamentos sociais, moradia, educação, não está contemplada no investimento, não está valorada, e irá se constituir numa conta não assumida pelo empreendedor.

CC: Acredita que toda a contenda em torno da construção, ou não, da usina pode ensejar novas lutas por direitos de povos indígenas, tradicionais e locais, enfim, minorias que habitam terras muito cobiçadas em nosso país por suas riquezas naturais?

CB: A perspectiva de ampliação do processo político de contestação certamente existe. O problema é saber as conseqüências que irá trazer. A depender destas conseqüências, vai ser redefinida a forma como os interesses das populações são, ou não, incorporados ao processo de discussão e de investimentos.

Em minha opinião, a natureza de tais empreendimentos, com sua subordinação aos interesses do capital internacional, determina que esta é uma luta inglória, isto é, existe uma insatisfação popular muito grande, mas que, a meu ver, não abrirá espaço para que populações tradicionais interfiram nas decisões.

Quero dizer que não há compatibilidade entre o exercício democrático e a concepção desses empreendimentos. Eles são excludentes.

CC: Qual será, de todo modo, o final dessa contenda a seu ver? A luta de ambientalistas e populações atingidas conseguirá barrar a obra? Ou, por outro lado, o governo pode acabar engavetando ou adiando o projeto em vista de todo o desgaste gerado pela construção da usina, o qual pode ser utilizado inclusive eleitoralmente pela oposição?

CB: O problema é que, nas atuais circunstâncias, o governo conta com a irreversibilidade do processo. Eu esperava que a lógica prevalecesse, e foi o que aconteceu. Dessa forma, não posso levar em consideração a incerteza do que pode acontecer.

Vai existir incerteza tanto em relação ao empreendimento como no que se refere à contestação política ao resultado do leilão. Isso vai trazer um desgaste muito grande à candidatura do governo, mas tais possibilidades não nos permitem apontar de forma conclusiva o desfecho. Porém, qualquer que seja, o desgaste é enorme e pode representar a fragilização da candidatura Dilma.

Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania; Gabriel Brito é jornalista.



http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... r-eolicas/
Substituir hidrelétrica por eólicas custaria R$ 32 bilhões, diz ministro

Josette Goulart, de São Paulo
28/04/2010


Se a energia a ser gerada pela usina de Belo Monte fosse substituída por projetos eólicos, o custo ao país seria 60% maior do que é o previsto para erguer a hidrelétrica no rio Xingu.

A conta é do ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, que diz que para instalar 14 mil MW de eólicas, que teriam a energia média produzida de 4.570 megawatts de Belo Monte, o investimento seria de R$ 32 bilhões, ante os R$ 19,5 bilhões da hidrelétrica. O ministro diz não ter nada contra a energia eólica, mas argumenta que o país tem um potencial hidrelétrico, mais barato, que precisa ser explorado.

“Nenhum subsídio foi dado a Belo Monte”, disse Zimmermann. “Na Europa, os governos concedem um subsídio de € 25 por MWh”. As usinas do Madeira já tinham desconto de imposto de renda, porque esse é um benefício para a Amazônia, segundo ele.

O enquadramento no Sudam também estaria nessa conta. E quanto ao financiamento do BNDES a longo prazo e a custo baixo o ministro explicou: “O financiamento de infraestrutura no exterior é superior a 30 anos e a juros baixos, por que não podemos fazer isso em um Brasil que nos últimos anos vive a estabilidade financeira?”

A defesa da usina de Belo Monte vem em um momento em que o projeto sofre uma série de críticas, seja da oposição política ao governo, seja de ambientalistas ou do próprio Ministério Público.

Um dos principais argumentos dos opositores é justamente o custo que a usina terá ao país, além da tarifa vencedora do leilão de R$ 78 o MWh. Pela conta destes críticos, o país pagará ainda pelos subsídios fiscais, do financiamento do BNDES e do próprio investimento a ser feito que é estimado em alguns casos em R$ 28 bilhões.

Zimmermann diz que o modelo regulatório em vigor no país prevê que o vencedor do leilão entregue a energia ao preço que vendeu, independentemente de quanto isso vai custar a ele como empreendedor. “O contrato prevê um preço de energia. Se o empreendedor conseguir gastar menos para colocar a usina em funcionamento, vai ganhar. Se a obra for mais cara, ele que vai perder, não o consumidor”, diz o ministro. “E temos uma estatal que é minoritária e que está lá a pedido do próprio setor privado.”

Isso significa que se a obra custar de fato o que as grandes construtoras como Odebrecht e Camargo Corrêa alegam que vai custar, cerca de R$ 28 bilhões, esse será um ônus dos investidores. Esse valor foi discutido por Furnas e Eletrosul, em documentos oficiais, publicados pelo jornal “O Globo”. Nesses documentos, as duas empresas argumentavam que a rentabilidade do projeto estaria prejudicada caso fossem ao leilão.

“Três dias antes do leilão é quando um consórcio está negociando com as construtoras e é normal que haja pressão dos dois lados, de um para baixar preço e de outro para elevar o contrato”, disse Zimmermann. “E é por isso que os contratantes argumentam que por determinado valor nem vão ao leilão”.

O ministro disse isso ao explicar que o valor do investimento se torna tão elevado em algumas contas em função do preço estabelecido pelas construtoras, que responde por cerca de dois terços de uma obra de uma hidrelétrica. “Esse projeto era nossa prioridade como já foi prioridade dos governos que nos sucederam”, afirmou.

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Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#27 Mensagem por ZeitGeist » 02 Mai 2010, 23:57

Esse é o inicio do fim da Amazônia :shock:, vai ficar igual à Mata Atlântica :shock: ::basta:: !

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Tricampeão
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#28 Mensagem por Tricampeão » 03 Mai 2010, 00:46

O colega Célio Bermann traz alguns argumentos Interessantes.
Mas o Tricampeão tem uma arma que nunca falha: a máquina do tempo do Mr. Google.
Através da máquina do tempo, consigo ler o que saiu na Folha Decadente de São Paulo, no dia 03/04/2008, a respeito da usina de Jirau:
O preço máximo imposto pelo governo para o leilão da usina de Jirau, a segunda do complexo no rio Madeira, deverá ficar abaixo dos R$ 100/MWh. O valor máximo, assim, será bem menor que o cobrado no leilão da usina de Santo Antônio, leiloada em dezembro --à época, o governo estipulou um preço teto de R$ 122/MWh. A hidrelétrica foi arrematada pelo consórcio encabeçado pela Odebrecht e Furnas, que ofereceu o menor lance: R$ 78,87/MWh, deságio de 35%.
[...]
A redução de preços foi criticada por especialistas e investidores. Eles reclamam que a receita de Jirau será menor do que a de Santo Antônio. Isso porque a chamada energia firme, que é a quantidade de energia que a usina é capaz de gerar o tempo inteiro, será menor no caso de Jirau. Enquanto em Santo Antônio a quantidade era de 2.218 MW, na segunda hidrelétrica será de 1.966 MW.

Além disso, a obra é considerada mais difícil, já que Jirau está a cerca de 130 quilômetros de Porto Velho (RO), enquanto Santo Antônio está a apenas 7 quilômetros da capital.

"Existem diferenças entre os dois empreendimentos, Jirau tem mais custos e menos receita. Você pode até abaixar o teto, mas não pode reduzir tanto", afirmou o economista Walter de Vitto, especialista em energia elétrica da Tendências Consultoria.

Para o economista, o lance vencedor no leilão de Jirau deverá ficar acima dos R$ 78,87/MWh oferecidos por Santo Antônio.[...]
Bla bla bla bla bla...
Jirau foi arrematada por R$ 71,40/MWh. Menos do que Santo Antônio.
A obra é mais difícil, bla bla bla, é mais longe, bla bla bla, a energia firme é menor, bla bla bla, o Rio Madeira não tem água, bla bla bla.
Tudo conversa fiada tentando aumentar o lucro das empreiteiras.
A máquina do tempo também me permite ler o que saiu na mesma Folha Decadente de São Paulo, no dia 19/05/2008:
Os analistas do setor elétrico ficaram surpresos com o preço que o consórcio liderado por Suez e Camargo Corrêa ofereceu para ganhar o leilão da usina hidrelétrica de Jirau, a ser construída no rio Madeira.
[...]
"A principal tônica [do leilão] foi o número baixo de concorrentes, apenas dois", disse André Segadilha, analista da Prósper Corretora. "Por isso era esperado um preço mais alto."
[...]
"A proposta foi viável. Os projetos [em andamento] da Suez sinalizam alta na rentabilidade", disse Rosângela. "Ainda não temos o detalhamento de como farão, mas as iniciativas anteriores mostram que eles têm estratégia."
[...]
O consórcio liderado pelas empresas Suez e Camargo Corrêa venceu nesta segunda-feira o leilão da usina de Jirau, no rio Madeira. O grupo ofereceu R$ 71,40/MWh, valor 21,54% inferior ao preço máximo, que era de R$ 91/MWh. O leilão durou sete minutos e foi encerrado com um lance único.
Os analistas ficaram surpreendidos com o lance baixíssimo, mas depois viram que era perfeitamente viável. Que coisa, hein?
Foram necessários apenas sete minutos de leilão para as previsões dos especialistas se mostrarem erradas. Mera conversa fiada tentando aumentar o lucro das empreiteiras.

Não sei de onde o colega Célio Bermann tirou a informação de que a venda do MWh de Belo Monte a R$ 78,00 é economicamente inviável, enquanto a venda do MWh de Jirau a R$ 71,00 é perfeitamente viável. Com aquele preço e considerando potência média de 4GW, a receita é de 2,7 bilhões de reais por ano. Como é que não paga um investimento de 19 bilhões com 20 anos de prazo para pagar? E considerando que uma usina dessas dura décadas em funcionamento? E considerando que o preço da energia vai ficar cada vez mais caro, por causa da escassez?

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Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#29 Mensagem por Locutus_Ofborg » 03 Mai 2010, 09:06

Carta a James Cameron
por Walter Figueiredo De Simoni

Prezado Mr. Cameron,

Sou um fã de seus filmes. Não de todos, claro, admito que torci para que o Jack se afogasse no final do Titanic. Também torci para que os Connors sobrevivessem para que pudessem salvar o futuro. Mas, em 2010, você me impressionou com um verdadeiro banquete visual, atrelado a uma mensagem pertinente ao conservadorismo e à ecologia. Fiquei feliz de ver uma mensagem, por mais simplificada que fosse, de respeito à natureza, sendo espalhada pela voz de Hollywood. Acho que quanto mais fóruns espalhem a mensagem e ajudem a criar uma maior consciência global de preservação e sustentabilidade, melhor.
Ao mesmo tempo, fiquei surpreso de como o filme lhe inspirou a se tornar um novo guerreiro da sustentabilidade, trazendo sua opinião para assuntos que outrora não eram de sua alçada. Acho importante uma maior conscientização e acho fundamental termos ‘porta-estandartes’ da sustentabilidade e, neste caso, figuras internacionais de renome cumprem um papel importante. Digo isso porque pessoas como você, com alcance e projeção internacionais, são escutadas. Às vezes, mais do que nós do setor privado. E é por isso que vocês têm que ter muito cuidado com o que vocês falam. E não sei se você teve.
Você visitou o Brasil, veio à Amazônia, e não sei se foi a primeira vez que visitou essa área. Acho bom que as pessoas visitem essa região, para ver a riqueza nacional que essa área é. Mas quando ouvi falar que você pediu pelo fechamento de Belo Monte, confesso que fiquei surpreso. Não vou dizer que você não tem nada a ver com isso, porque acredito que o assunto das mudanças climáticas é um assunto global. Mas o mínimo que eu espero é que você tenha todas as informações antes de falar algo que terá um impacto nacional e internacional. Mas admito que a culpa não é só sua, porque as informações não são tão conhecidas fora do Brasil.
Você pede que Belo Monte não seja construída. Não sei se você sabe, mas a matriz elétrica brasileira é primariamente renovável e a nossa economia é a única de grande porte que é de baixo carbono. E a razão não são placas solares, turbinas eólicas ou qualquer outra coisa. A razão é a energia hidrelétrica. Esse ‘algoz’, que você pinta com tintas fortes de destruidor da Amazônia e matador de indiozinhos, é a razão pela qual os produtos brasileiros têm baixa intensidade de carbono. É a razão pela qual a matriz energética brasileira é uma das mais baixas emissoras do mundo. E agora você nos pede singelamente que não construamos uma nova hidrelétrica.
Entendo que esse assunto não é tão preto e branco, pois temos a região Amazônica no meio disso tudo. Mas vejamos os diferentes lados dessa moeda. A maior parte do potencial hídrico do Brasil está na Amazônia. Para que continuemos a alcançar a oferta de energia necessária para suprir a necessidade da economia brasileira, é preciso explorá-la, porque o país não vai parar. Queremos crescer, desenvolver nossa economia da maneira mais sustentável possível e aumentar o nosso índice de desenvolvimento humano nacional (uma nobre causa não acha? Até porque gente com mais renda vais mais ao cinema, o que não é um mau negócio pra você).
É possível SIM realizar um processo de desmatamento controlado, inclusive com planos para reflorestamento em outras áreas. Planos de re-assentamento de sucesso, respeitando questões culturais e econômicas, são factíveis. E ainda vale mencionar que, visando minimizar o seu impacto ambiental no ecossistema local, Belo Monte será a fio d’água, contando com um reservatório mínimo. Sacrificamos uma maior produção de eletricidade em tempos de seca por um menor impacto ambiental.
Você parou para pensar em qual é o efeito de o Brasil não construir uma hidrelétrica como Belo Monte? Não precisa imaginar cenários absurdos, basta ver qual é a atual tendência da matriz elétrica brasileira. Hoje, a maior parte da energia que entra na matriz nacional é de fonte térmica, baseada em combustível fóssil. Tenho certeza que você concorda que, com um potencial hídrico tão grande a ser explorado no país, queimar carvão e diesel é uma opção não tão atraente. E, mesmo assim, é o que estamos fazendo, justamente porque outros compartilham a sua opinião e dificultam o processo de licenciamento ambiental de hidrelétricas. O que isso faz é criar incentivos, financeiros e regulatórios, para o aumento da participação de combustíveis fósseis na matriz brasileira. Ao invés de incentivar a deterioração da matriz do nosso país, recomendo uma olhada rápida na do seu, que anda de mal a pior e sem previsão de melhorar.
Senhor Cameron, só peço um pouco de racionalidade. Onde estavam tão nobres defensores dos oprimidos quando a China construiu a Hidrelétrica das Três Gargantas e causou a migração forçada de mais de um milhão de pessoas com seu reservatório gigantesco? Onde estão os paladinos da natureza quando novas termelétricas a carvão são construídas nos Estados Unidos? Sou a favor de manifestações, reclamações e brigas, acho que faz parte do processo. Desde que elas sejam coerentes.
http://portalexame.abril.com.br/rede-de ... s-cameron/

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Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#30 Mensagem por ZeitGeist » 03 Mai 2010, 12:05

Sei do desmatamento controlado que irão fazer lá na Amazônia, para fazer toda essa estória virar realidade ¬¬!

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