DESMISTIFICANDO FHC

Espaço destinado a conversar sobre tudo.

Regras do fórum
Responder

Resumo dos Test Drives

FILTRAR: Neutros: 0 Positivos: 0 Negativos: 0 Pisada na Bola: 0 Lista por Data Lista por Faixa de Preço
Faixa de Preço:R$ 0
Anal:Sim 0Não 0
Oral Sem:Sim 0Não 0
Beija:Sim 0Não 0
OBS: Informação baseada nos relatos dos usuários do fórum. Não há garantia nenhuma que as informações sejam corretas ou verdadeiras.
Mensagem
Autor
Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#151 Mensagem por Carnage » 02 Mai 2012, 23:20

http://www.conversaafiada.com.br/politi ... uer-a-cpi/
Saiu na revista Brasileiros entrevista de Nirlando Beirão com Modesto Carvalhosa:

(…)

Brasileiros – O senhor fez parte de uma Comissão de Ética criada pelo presidente Itamar Franco. O que vinha a ser aquilo? Funcionou?
M.C. – Itamar queria que o grupo fizesse um Código de Ética para o servidor público. Passamos um ano trabalhando de graça, dentro do Palácio do Planalto, levantando todas as infiltrações que vinham daquele escândalo dos “anões do Orçamento”, está lembrado? O escândalo tinha ramificações no Ministério e nós ficamos um ano investigando as gangues ligadas aos “anões do Orçamento” dentro do Executivo e como o dinheiro vazava dos cofres públicos para os bolsos particulares. O objetivo não era só fazer um Código de Ética, era também implantar. Evangelizar os agentes públicos com um comportamento fundado na cidadania. Acontecia uma crise, íamos lá ao Ministério e discutíamos com os funcionários. Os chefões resistiam, mas os funcionários iam lá buscá-los para ouvir. O Código de Ética era um primor.

Brasileiros – O que aconteceu com ele?
M.C. – O governo Itamar foi muito curto, fizemos o que pudemos, com um entusiasmo juvenil, todo o nosso grupo. Produzimos o Código de Ética e iniciamos o processo de implantação. E, a partir do escândalo do Orçamento, fizemos um relatório mostrando as infiltrações da corrupção dentro dos ministérios. Itamar chamou o então presidente eleito, Fernando Henrique, e lhe entregou solenemente nosso relatório. A primeira coisa que Fernando Henrique fez foi arquivar o relatório e demitir a comissão.

Brasileiros – Demitiu uma comissão de voluntários?
M.C. – Demitidos. Sem nenhuma satisfação. Sem nenhuma condecoração. Nada. Em seguida, Fernando Henrique fez outro ato heroico: revogou o Código de Ética. A partir daí, entendi que Fernando Henrique é de fato um ser superior.

Brasileiros – Um nobre feudal.
M.C. – É que as campanhas eleitorais na época ainda não tinham o controle que existe hoje, só um controle muito relativo – ou nenhum. Fernando Henrique deve ter sido persuadido pelos empreiteiros, que lhe deram milhões na campanha, a revogar o Código de Ética, demitir a comissão e jogar no lixo o relatório. Que, aliás, era contundente. Mas está tudo registrado no Livro Negro da Corrupção, que organizei e lancei em 1995. Acabamos ganhando o Prêmio Jabuti de Literatura Jornalística. Veja a grandeza desse notável sociólogo, o Fernando Henrique!



http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... til-de-fhc
A superficialidade fútil de FHC
Enviado por luisnassif, ter, 01/05/2012 - 18:47


A política é construída de simbolos e mitos. E essa construção depende, e muito, da contribuição acadêmica e, especialmente, midiática.

Na história do Brasil, um dos mitos persistentes foi a do intelectual engajado, o político com formação acadêmica, com supostas luzes intelectuais capazes de conduzir o país a um destino melhor do que nas mãos de políticos tradicionais e/ou pessoas sem formação.

O mito Rui Barbosa foi o primeiro grande engodo na República. O mito FHC foi o último.

O ex-presidente tem inúmeras virtudes, poucas ligadas ao campo intelectual. A maior delas foi justamente a capacidade de operar a baixa política, de montar modelos de governabilidade através da cooptação seletiva de partidos políticos - lição ignorada por Lula no primeiro governo (e que lhe custo o escândalo do chamado "mensalão") e absorvida no segundo.

Mas no plano estrito da construção nacional, o teórico FHC foi um blefe. Limitou-se a repetir bordões da moda, sem a menor capacidade de digeri-los, trabalhá-los e organizá-los em torno de uma ideia forte.

No lançamento no Instituto Fernando Henrique Cardoso, protestou quando taxei seu governo der neoliberal - em uma questão dirigida ao espanhol Manuel Castells. Era surpreendente que, abrindo mão de qualquer forma de intervenção do Estado, até as básicas - a definição de um Projeto Nacional -, anulando todos os setores do PSDB que dispunham de uma visão social-democrata, não aceitasse que seu governo fosse enquadrado na categoria neoliberal.

Na entrevista que fiz com ele - que fecha o livro "Os Cabeças de Planilha" - era patética sua incapacidade de entender o papel de setores básicos para a construção de um país moderno: gestão, inovação, políticas sociais massivas, apoio à pequena e micro empresa, diplomacia comercial. O máximo que apresentava como fórmula de desenvolvimento era o fortalecimento de grandes grupos nacionais - os banqueiros de investimento - que, crescendo, trariam o país atrás de si. Era uma simplificação grosseira, um entendimento primário dos processos de desenvolvimento, fôsse por qual ângulo se analisasse, se de mercado ou de intervenção estatal.

Acabo de receber um email de uma socióloga da USP acerca da crítica que FHC faz ao governo Dilma, de falta de um "projeto nacional".

Confiram.

Alguns críticos acreditavam que existia um projeto de país na cabeça do intelectual, que o presidente não reve condições de implementar. Nem o presidente nem o intelectual entenderam minimamente o caminho que o país deveria percorrer.
ESQUEÇAM O QUE ESCREVI... JÁ QUE EU SEMPRE ME ESQUEÇO TUDO O QUE DEFENDI...

Hoje, tivemos mais uma prova de que Fernando Henrique Cardoso não se preocupa com a coerência. No livro "A Soma e o Resto", ele afirma :"Tenho horror a essa ideia de que falta um projeto nacional, para o Brasil. Isso é uma visão totalitária, a famosa utopia totalitária."( editora civilização brasileira, R. de J., 2011, p. 52).

Pois hoje, dia 30 de abril de 2012, na Folha, caderno Folhainvest, "Mercado Aberto", p. B2, ele dá uma entrevista a Maria Cristina Frias, e, em certo momento, criticando a Presidenta Dilma, ele afirma "Nós não tivemos até agora, nenhuma discussão substancial sobre o que fazer com nosso potencial de petróleo, etanol, eletricidade(...) Não quero dizer que seja a Dilma. Podia estar eu lá e ter o mesmo problema. Precisamos de um projeto nacional. Difícil fazer com que esses temas tenham acolhida. Até no meu próprio partido...".

Ou seja, agora ele sabe reconhecer a f alta que nos faz a existência de um projeto nacional!

Anotações de uma professora de sociologia da USP

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#152 Mensagem por Carnage » 20 Mai 2012, 18:26

http://br.reuters.com/article/domesticN ... 1U20120513
FHC vence Prêmio Kluge
domingo, 13 de maio de 2012 15:31 BRT



SÃO PAULO, 13 Mai (Reuters) - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi indicado vencedor do Prêmio John W. Kluge, concedido pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e que premia figuras destacadas nos estudos da humanidade, por seu trabalho acadêmico como sociólogo.

O ex-presidente, que governou o país entre 1995 e 2002, receberá o prêmio em um cerimônia em Washington no dia 10 de julho. A distinção, cujo nome homenageia o benfeitor da Biblioteca do Congresso norte-americano, também dá ao vencedor 1 milhão de dólares.

"A análise acadêmica (de FHC) das estruturas sociais do governo, da economia e das relações raciais no Brasil estabeleceram a estrutura intelectual de sua liderança como presidente na transformação do Brasil de uma ditadura militar com alta inflação em uma democracia vibrante, mais democrática e com forte crescimento econômico", informou a Biblioteca do Congresso dos EUA em comunicado.

O Prêmio Kluge, como é conhecido, começou a ser concedido em 2003 com o objetivo de reconhecer pessoas que se destacam em disciplinas que não são agraciadas pelo Prêmio Nobel.

O ex-presidente, de 80 anos, afirmou que recebeu a notícia do prêmio com "surpresa e satisfação".

"Surpresa porque o prêmio foi dado sem que eu o esperasse e sem ter a mais vaga ideia de que ele seria concedido a alguém cujas obras acadêmicas principais foram escritas há tanto tempo", disse o ex-presidente à Reuters por email.

"Satisfação por ver no prêmio o reconhecimento do esforço intelectual que fiz e, especialmente, como foi ressaltado no anúncio, porque o prêmio se deu também em função da coerência entre o que escrevi e minha ação política."

Considerado "pai" do Plano Real, Fernando Henrique foi ministro da Fazenda do falecido ex-presidente Itamar Franco na mesma época em que foi criado o plano que colocaria fim a décadas de hiperinflação no país.

Impulsionado pelo sucesso do plano, elegeu-se presidente em 1994 ao derrotar Luiz Inácio Lula da Silva ainda no primeiro turno. Após a polêmica aprovação da emenda constitucional que permitiu a reeleição presidencial, voltou à Presidência em 1998.

Antes de ser presidente, FHC foi senador e ministro das Relações Exteriores. Após deixar a Presidência criou um instituto com seu nome sediado em São Paulo.

Atualmente mais afastado da cena política, Fernando Henrique tem encampado bandeiras como a descriminalização da maconha. Ele também participa do grupo "The Elders", que reúne líderes globais, como o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, o ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas Kofi Annan, e o cardeal-arcebispo da Cidade do Cabo (África do Sul) e vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Desmond Tutu.

(Texto de Eduardo Simões com reportagem de Brian Winter; edição de Anna Flávia Rochas)

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#153 Mensagem por Carnage » 20 Mai 2012, 18:30

Curioso

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... omunicacao
FHC defende a regulação dos meios de comunicação
Em um seminário promovido pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente defendeu a regulação da mídia como condição da democracia: "não há como regular adequadamente a democracia sem regular adequadamente os meios de comunicãção", afirmou FHC. “Os meios de comunicação no Brasil não trazem o outro lado. Isso não se dá por pressão de governo, mas por uma complexidade de nossa cultura institucional,” acrescentou.

João Brant (*) - Especial para Carta Ma
ior

O título, o ambiente e o programa sugeriam que o seminário “Meios de comunicação e democracia na América Latina”, realizado no último dia 15 no Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC), seria um palco para a cantilena contra a regulação do setor e de crítica feroz às iniciativas em curso em países da região. Não foi esse o tom predominante.

Com a participação de ex-presidentes da Bolívia e do Equador e um ex-porta voz da presidência do México, além do jornalista brasileiro Eugênio Bucci, o debate foi marcado principalmente por duas preocupações. De um lado, o desafio de manter um jornalismo investigativo independente em um cenário de enfraquecimento dos meios tradicionais. De outro, uma afirmação quase uníssona sobre a necessidade de regulação democrática do setor, resumida pelo ex-presidente brasileiro, presente ao evento: “não há como regular adequadamente a democracia sem regular adequadamente os meios de comunicação”.

Regulação em pauta ]

O seminário promoveu o lançamento de uma publicação conjunta do iFHC, Centro Edelstein de Pesquisas Sociais e da Plataforma Democrática chamada “Meios de comunicação e democracia: além do Estado e do Mercado”. A publicação é em boa parte pautada pela discussão sobre medidas de regulação dos meios de comunicação. O primeiro texto é de autoria dos argentinos Guillermo Mastrini e Martin Becerra, professores que estudam a concentração do setor na América Latina e que apoiaram a redação da lei de comunicação audiovisual aprovada no país em 2009.

No livro, o organizador da publicação, o sociólogo Bernardo Sorj, avalia que “generalizações sobre a América Latina mascaram realidades muito diferentes” e que “não é demais lembrar que qualquer legislação deverá orientar-se em primeiro lugar pelo objetivo de garantir a liberdade de expressão dos cidadãos frente ao poder do Estado e ao poder econômico”.

Na abertura do seminário, Sorj apresentou uma leitura dos contextos político e dos meios de comunicação e listou algumas das ações necessárias para alterar o quadro atual. No contexto político, o sociólogo identificou três elementos centrais: um sistema legal precário, uma crise de representação dos partidos e das ideologias políticas que valoriza o papel dos meios e a exigência de uma nova regulação dos meios em função da convergência tecnológica. Em relação ao contexto dos meios de comunicação, o sociólogo destacou a inexistência ou baixa audiência de emissoras públicas, sistemas regulatórios ultrapassados e nem sempre aplicados e uma tendência à concentração de propriedade.

As propostas apresentadas por ele reforçam a necessidade de regulação do setor privado e da ação do poder público e se assemelham em boa parte às apresentadas por setores que defendem a democratização da comunicação. Entre elas, o enfrentamento à concentração, o fortalecimento do sistema público e o apoio a pequenas e médias empresas de comunicação [ver lista completa ao final].

Crise de valores dos meios

As apresentações trouxeram abordagens complementares da relação entre meios de comunicação e democracia. Carlos Mesa, ex-presidente boliviano, salientou uma espiral de perda de valores que vivem os meios de comunicação e seus dirigentes. Ele comparou a crise da mídia com a crise do sistema financeiro, que descreveu como “uma orgia obscena do capitalismo”. Essa crise seria fruto de uma dificuldade de se situar em um cenário de organização da informação que tem a frivolidade como elemento central. “A mídia é protagonista e fiscalizadora, juiz e parte. Mas seu poder não vem acompanhado de responsabilidade”, observou.

Mesa repercutiu uma questão que atravessou todo o seminário, que é atual dificuldade financeira para sustentar o jornalismo investigativo. O problema, segundo ele, é que “apesar de vários meios impressos tradicionais terem uma grande audiência na internet, essa audiência não se transforma em recursos financeiros”. O desafio, portanto, seria garantir ao mesmo tempo credibilidade e capacidade de infraestrutura no novo cenário.

Conhecido por defender os interesses das elites bolivianas, Mesa não deixou de expor suas convicções. Ao discutir a necessidade de regulação da comunicação, o ex-presidente ressaltou que é preciso reconhecer que pode haver diferentes tipos de regulação e criticou a reserva de espectro realizada na Argentina, Uruguai e Bolívia. “Em meu país, um terço das frequências de rádio e TV está reservado para povos indígenas e originários e setores comunitários. O que eles farão com isso?”, perguntou ironicamente.

As observações do mexicano Rubén Aguilar, ex-porta voz de Vicente Fox (presidente entre 2000 e 2006), focaram-se mais na promiscuidade dos meios de comunicação e do Estado em seu país. Aguilar descreveu a relação entre as partes como sendo historicamente pautada pelas negociações financeiras, tendo mudado pouco nas últimas décadas. “Antes o governo pagava, agora os meios cobram”, observa Rubén.

Para ele, a marginalidade da imprensa escrita – o maior jornal da cidade do México tem tiragem de 100 mil exemplares – concentra muito poder no rádio e na televisão, o que se agrava pelo fato de que dois grupos econômicos controlam a maioria dos meios eletrônicos. “Vivemos uma situação hoje em que não há conflitos entre poder e meios de comunicação. Isso é muito ruim para a democracia”. Aguilar também defendeu abertamente a necessidade de regulação do setor.

A apresentação de Osvaldo Hurtado, ex-presidente do Equador, foi a única que se centrou no discurso recorrente que identifica ameaças à liberdade de imprensa nas ações de presidentes latino-americanos. Em sua mira, Rafael Correa, Evo Morales, Hugo Chávez e Daniel Ortega. Hurtado, que presidiu o Equador no início da década de 1980, focou-se especialmente nas críticas às ações de Correa, sugerindo inclusive que a sentença que ordenou ao jornal El Universo o pagamento de US$ 40 milhões de indenização a Correa teria sido redigida dentro do palácio presidencial do Equador.

Problemas brasileiros

Ao tratar do caso brasileiro, o jornalista Eugênio Bucci avaliou que a discussão no país está dificultada por duas irracionalidades: uma de matriz de direita, que diz que nenhuma regulação é necessária; outra, de matriz de esquerda, que defende a regulação por um desejo de censurar os meios. Para Bucci, a regulação é necessária, especialmente para enfrentar três gargalos: a confusão entre religião, meios e partidos; a presença possível de monopólios e oligopólios e o abuso das verbas dedicadas à publicidade oficial. Em sua opinião, os governos deveriam ser proibidos de anunciar, porque as verbas “dão espaço para proselitismo oficial com dinheiro público”.

No debate ao final das apresentações, o cientista político Sérgio Fausto lamentou que o Brasil não tenha a cultura do debate racional e prefira a confrontação de opiniões dogmáticas fechadas. Fausto avalia que essa seria a dificuldade de a internet substituir o papel dos meios tradicionais. “A democracia do acesso gera também a corrosão de valores fundamentais sem os quais poderemos ter mais vozes e menos democracia”, disse Fausto, que é também diretor executivo do instituto FHC.

A crítica mais contundente ao sistema de comunicações brasileiro veio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em seus comentários, FHC criticou especialmente a ausência de pluralismo. “Os meios de comunicação no Brasil não trazem o outro lado. Isso não se dá por pressão de governo, mas por uma complexidade de nossa cultura institucional”, disse FHC. “Nós temos toda a arquitetura democrática, menos a alma”.

FHC afirmou ainda que é preciso lutar pelos mecanismos de regulação que permitam a diversidade. Para ele, “não há como regular adequadamente a democracia sem regular adequadamente os meios de comunicação”.

Sumário das propostas apresentadas na introdução do livro “Meios de comunicação e Democracia: além do Estado e do Mercado”, organizado por Bernardo Sorj, publicado pelo Instituto FHC, Centro Eldenstein e Plataforma Democrática:

Regulação da ação do poder público

1. A distribuição de concessões de rádio e televisão deve passar pela criação de uma agência reguladora que aja com transparência e cujas decisões sejam abertas ao debate e escrutínio público.

2. Garantir a autonomia dos canais ou emissoras públicas direta ou indiretamente dependentes de recurso público.

3. O uso e a distribuição da dotação pública para publicidade oficial devem ser transparentes e politicamente neutros.

4. O favorecimento de certos meios, quando realizado em nome do apoio a pequenas e médias empresas de comunicação, deve ser realizado com critérios transparentes e universais, abertos ao debate e ao escrutínio público.

5. A liberdade de informação inclui a obrigação dos governos de informar.

6. Garantir o acesso público aos conteúdos sem que eles sejam parasitados por sites comerciais e garantir a neutralidade da Rede.

Regulação do setor privado

1. Combater a concentração de propriedade dos meios privados, pela ação de agências reguladoras autônomas do poder governamental (não confundir a extrema concentração com a existência de grupos de mídia economicamente sólidos).

2. Garantir a sustentabilidade do jornalismo investigativo, pela sua importância para o sistema democrático.

3. Políticas públicas para favorecer o pluralismo, com política de apoio universal ao surgimento de novos jornais e subsídios que diminuam os custos de entrada no setor.

4. Conscientizar a sociedade sobre a importância de ter acesso à informação e ser capaz de realizar uma leitura crítica da informação recebida.

(*) João Brant é radialista e integrante do Intervozes

NOTA DA REDAÇÃO:

É da maior gravidade a simplificação feita por Bucci que, ao identificar uma "irracionalidade de matriz de esquerda" com desejos censores nos defensores da regulação, acaba por impor - intencionalmente ou não - a pecha de censores a todos os setores da esquerda que defendem a regulação democrática do setor. Carta Maior, uma publicação assumidamente de esquerda e defensora da regulação repele o carimbo arbitrário. Não só Carta Maior. A esquerda, as idéias progressistas, seus veículos de comunicação, e a própria ausência deles, tem sido, elas sim, objeto de censura política explícita ou de cerco econômico asfixiante por parte do dispositivo conservador que controla a comunicação na sociedade brasileira. Antes de afirmações graves como essa deve-se consultar a memória do país. Ela indica, por exemplo, que o debate do qual o senhor Bucci participa no Instituto FHC --e que Carta Maior cobre ecumenicamente, sem censura, mas com direito ao contraditório-- só acontece porque uma parte da esquerda empenhou-se em incorporar o tema à agenda política nacional. Com resistência superlativa ou dissimulada, diga-se, da parte de muitos que agora pontificam sobre o assunto. Bem-vindos; antes tarde que nunca. Não se pode, todavia, contrariar os fatos.

Frases de conveniência destinadas a sustentar uma equidistância baseada em generalizações desprovidas de conteúdo histórico podem facilitar o trânsito em salões e veículos que nem sempre primaram pela defesa da democracia, mas não contribuem para assegurar o primado da pluralidade à liberdade de expressão. O Brasil tem derrubados dogmas herdados do ciclo da ditadura política e de sua versão mercadista neoliberal. Rompeu-se o interdito da ação reparadora do Estado na esfera social; rompeu-se a esférica blindagem à ação do Estado na economia; rompe-se o cinturão de ferro em torno do capital financeiro e, mais recentemente, instalou-se uma Comissão da Verdade. Com todas as suas limitações, ela certamente não cometerá o despautério de orientar seu trabalho com base na descabida premissa de que a esquerda quer investigar a tortura apenas para assumir o lugar do torturador. O apoio bem-vindo, insista-se, do ex-presidente FHC à regulação da mídia reflete essa evolução da luta democrática no país, cujo avanço não pode excluir ninguém a priori, como se vê, mas dispensa preconceitos assentados em ressentimentos pessoais. (Direção Editorial de Carta Maior - Joaquim Palhares)


http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=20173
“Assusta-me que FHC assuma a bandeira da regulação da mídia”
Em entrevista à Carta Maior, Venício Lima, pesquisador na área da Comunicação, analisa as recentes declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, favoráveis a regulação dos meios de comunicação. "Isso pode significar que algum tipo de costura de bastidores pode estar sendo feita para que haja alguma coisa que se apresente como regulação e que não chegue nem ao que já está na Constituição há 23 anos. Então, tenho medo disso", afirma.

Vinicius Mansur


Brasília - Durante o seminário “Meios de comunicação e democracia na América Latina”, realizado no último dia 15 pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso (FHC), o ex-presidente defendeu a regulação da mídia como condição da democracia . O evento marcou também o lançamento de uma publicação conjunta do iFHC, Centro Edelstein de Pesquisas Sociais e da Plataforma Democrática apresentando reflexões e propostas para mudanças na legislação do setor.

As declarações aparentemente inusitadas de FHC - historicamente alinhado aos setores da mídia que abortam qualquer discussão sobre o tema taxando-o como tentativa de censura e ataque a liberdade de imprensa -, entretanto, não surpreendem o professor aposentado de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) Venício de Lima. O pesquisador aponta indícios de mudança na estratégia dos grandes grupos de mídia e teme que eles assumam a bandeira da regulação para fazê-la entre aspas: “Ou seja, muda para não mudar.”

Confira a entrevista.

O senhor se surpreendeu com a posição de Fernando Henrique Cardoso?


Não me surpreende, mas me preocupa. Tenho a impressão de que os setores historicamente avessos até ao debate sobre a questão da regulação estão se apropriando de um certo vocabulário de regulação da mídia, o que não necessariamente significa um avanço democrático. Há várias sinalizações disto.

Quais?

Em 2003, se não me engano, quando o Conselho de Comunicação Social [órgão auxiliar do Congresso previsto no artigo 224 da Constituição] ainda funcionava - porque desde dezembro de 2006 ele não funciona mais - criou-se uma subcomissão para discutir concentração da mídia no Brasil, por iniciativa do à época conselheiro Alberto Dines. Eu fui um dos convidados e apresentei um texto tratando da concentração histórica, não só, mas sobretudo, na radiodifusão do país. A última pessoa convidada foi um filósofo gaúcho chamado Denis Rosenfield, que não é da área, mas é um expoente do pensamento liberal conservador no Brasil. Sua participação foi sugerida e apoiada pelos grandes grupos de mídia que tem representação no Conselho. Ele criticou todas as apresentações anteriores, muito particularmente a minha, reafirmando todas as posições tradicionais dos grandes grupos de mídia, por exemplo, contrário a qualquer tipo de controle da propriedade cruzada dos meios e coisas desse tipo.

Recentemente, este ano, esse mesmo professor publicou um texto, destes que são publicados em vários jornais, defendendo a regulação do setor. Ele comete alguns erros bastante primários, mas pelo fato de ter publicado este texto e de ter defendido há menos de dez anos atrás posições totalmente opostas, passei a suspeitar de que os grandes proprietários da mídia começaram a se apropriar da necessidade de uma certa atualização da regulação, o que me preocupa porque isso pode significar que algum tipo de costura de bastidores pode estar sendo feita para que haja alguma coisa que se apresente como regulação e que não chegue nem ao que já está na Constituição há 23 anos. Então, tenho medo disso. Como acontece no Brasil, na maioria das vezes, as mudanças são para continuar onde estamos.

Há outras sinalizações?

Quando da aprovação da Lei 12.485, no final do ano passado, unificando a regulação da televisão paga, o jornal O Globo fez um editorial falando “precisamos mesmo atualizar a legislação da área e um bom exemplo do que precisa ser feito é essa lei, que foi feita sem contaminação ideológica, sem viés populista”, etc.

Além disso, o professor Bernardo Sorj, que é o representante do Centro Edelstein, que inclusive publica o livro lançado no seminário promovido pelo Instituto FHC, é o organizador de outro livro publicado há uns dois anos pela Paz e Terra, junto com a organização Plataforma Democrática. Esse livro não deixa qualquer dúvida sobre a posição desses centros de estudo sobre as questões que tem sido levantadas em relação aos marcos regulatórios que estão sendo implementados na América Latina. O próprio Bernardo Sorj, em outro texto, defende explicitamente a manutenção da propriedade cruzada dos meios, argumentado que a concentração talvez fosse uma forma de garantir a permanência dos veículos impressos, ameaçados pelas novas tecnologias. Então, fico com pé atrás, a menos que ele tenha mudado de posição.

Ou seja, a mídia tradicional prevê a regulação da comunicação como inevitável no Brasil e se movimenta para garantir uma regulação que lhe seja menos prejudicial?


Seria isso, como acontece com relação à bandeira da liberdade de expressão. Você vê setores que apoiaram o golpe de 1964, que patrocinaram a última expressão institucionalizada da censura no Brasil, assumindo indevidamente, de forma totalmente absurda, a bandeira da liberdade de expressão. Os mesmos grupos que apoiaram um governo que institucionalizou a censura e que, inclusive, afetou a eles próprios! O risco que se corre agora é que com esse movimento, certamente articulado com os próprios grandes grupos de mídia, eles assumam a bandeira da regulação e façam a regulação entre aspas. Ou seja, muda para não mudar.

Entre as propostas tiradas neste seminário, eles falam em combater a concentração da propriedade dos meios privados.


Eles precisam explicar melhor. Muita gente fala que combater a concentração é finalmente cumprir o que está naquele decreto 236, de 1967, da ditadura. Aquilo ali não tem nada a ver com propriedade cruzada. Limitam o número de concessões por região geográfica e um parágrafo poderia ser aplicado na formação de redes. Não há qualquer controle na formação de redes de rádio e televisão como a Globo. Do ponto de vista jurídico, inclusive da ação do Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] em relação a formação de cartéis e controle de oligopolização, esses grupos são aceitos como rede.
Mas eu ainda não vi a publicação lançada neste seminário e prefiro fazer um estudo do documento. Estou falando com base nas coisas que eu já vinha observando e sobre algumas já escrevi.

Seria importante ter um aliado como FHC nesta luta?

Ao contrário, me assusta que FHC e o grupo em torno dessa promoção assumam a bandeira da regulação, eu jamais diria que ele é aliado. Se fosse teria promovido a regulação nos anos que foi presidente da República ou, então, o PSDB estaria apoiando alguma coisa nesse sentido.

Avatar do usuário
Nazrudin
Forista
Forista
Mensagens: 7313
Registrado em: 22 Mai 2005, 19:50
---
Quantidade de TD's: 441
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#154 Mensagem por Nazrudin » 28 Mai 2012, 11:04

O otimismo é o ópio de FhC. (Millôr)

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#155 Mensagem por Carnage » 23 Jul 2012, 22:46

http://www.viomundo.com.br/denuncias/ni ... adura.html
Nildo Ouriques: FHC plagiou intelectuais banidos pela ditadura

publicado em 16 de julho de 2012 às 17:14

por Gianni Carta, em CartaCapital


Foram necessários 43 anos para que Subdesenvolvimento e Revolução, do mineiro Ruy Mauro Marini, desse o ar da graça no Brasil. Publicada pela primeira vez no México em 1969, a obra clássica do marxismo brasileiro ganhou edições em diversos países, inclusive naqueles da América Latina a viver sob o jugo de ditaduras. O que nos leva a perguntar: por que tanto tempo para se reconhecer um grande intelectual brasileiro? Marini (1932-1998), presidente da Política Operária (Polop) e autor de Dialética e Dependência, passou 20 anos no exílio a partir do golpe de 1964. Professor no México e no Chile, onde dirigiu o Movimento de Izquierda Revolucionária (MIR), ele não era, é óbvio, bem-vindo pela ditadura brasileira.

Sua obra continuou, porém, a ser censurada durante a chamada “transição democrática”. Nas palavras de Nildo Ouriques, autor da apresentação de Subdesenvolvimento e Revolução (Editora Insular, 2012, 270 págs.), professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina e ex-presidente do Instituto de Estudos Latino-Americanos da UFSC, a hegemonia liberal “monitorada” por Washington queria uma transição isenta de teorias radicais como aquelas de subdesenvolvimento e dependência de Marini.

Segundo Ouriques, nessa empreitada para marginalizar radicais, Fernando Henrique Cardoso e José Serra serviram à hegemonia liberal e, entre outros feitos, adulteraram um famoso texto de Marini. Na esteira, FHC pegou carona para “formular” a teoria da dependência que o tornou famoso.

Subdesenvolvimento e Revolução, iniciativa do Iela-UFSC, inaugura a coleção de livros críticos que serão publicados pela primeira vez no Brasil pela Pátria Grande: Biblioteca do Pensamento Crítico Latino-Americano.

CartaCapital: Como explicar a popularidade intelectual de Ruy Mauro Marini mundo afora?

Nildo Ouriques: A importância do Marini é teórica e política. Ele tinha rigor teórico, metodológico, e expressava a visão da ortodoxia marxista. Na experiência brasileira, e aqui me refiro ao grande movimento de massas interrompido com a derrubada de João Goulart em 1964, ele polemizou a tese socialista chilena no sentido de afirmar os limites da transição pacífica ao socialismo. Soube usar a pista deixada por André Gunder Frank do desenvolvimento do subdesenvolvimento e fez a melhor crítica aos postulados estruturalistas dos cepalinos. Fernando Henrique Cardoso, José Serra e em parte Maria da Conceição Tavares divulgavam o debate sobre a dependência como se não fosse possível haver desenvolvimento no Brasil.

Para Marini, haveria desenvolvimento, mas seria o desenvolvimento do subdesenvolvimento. A tese de Frank tinha consistência, mas não estava sustentada plenamente na concepção marxista. Marini, por meio da dialética da dependência, deu acabamento para a tese que é insuperável até hoje. Daí a repercussão do seu trabalho na Itália, França, Alemanha, sobretudo nos demais países latino-americanos, inclusive aqueles submetidos a ditaduras, com exceção do Brasil.

CC: O senhor escreveu na introdução do livro que a teoria da dependência de Fernando Henrique Cardoso foi influenciada pela hegemonia liberal burguesa.

NO: Indiscutivelmente. Os fatos agora demonstram claramente que FHC estava a favor de um projeto de Washington de conter movimentos intelectuais radicais no Brasil. Uma das metas de Fernando Henrique e José Serra era minar o terreno de radicais como Marini. Em 1978, Fernando Henrique e Serra, que havia ganhado uma bolsa nos Estados Unidos, passaram, na volta ao Brasil, pelo México.

Marini dirigia a Revista Mexicana de Sociologia (RMS), da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam). Eles deixaram um texto de crítica ao Marini, As Desventuras da Dialética da Dependência, assinado por ambos. Marini disse que publicaria o texto desde que na mesma edição da RMS de 1978 constasse uma resposta crítica de sua autoria. FHC e Serra concordaram. E assim foi feito. Em 1979, FHC e Serra publicaram As Desventuras nos Cadernos do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) número 23. A dupla desrespeitou a prática editorial que Marini lhes reservou no México. Em suma, a resposta de Marini não foi publicada aqui.

CC: FHC e Serra teriam adulterado o texto por eles assinado ao se referir a um conceito econômico de Marini.

NO: Alteraram um conceito fundamental na teoria de Marini: o da economia exportadora. Marini previa a redução do mercado interno e a apologia da economia exportadora no Brasil. Segundo ele, com a superexploração da força de trabalho não há salário e mercado interno para garantir a reprodução ampliada do capital de maneira permanente. A veloz tendência da expansão das empresas brasileiras força-as a sair do País, e no exterior elas encontram outras burguesias ultracompetitivas.

Fernando Henrique e Serra mudaram o conceito de “economia exportadora” e substituíram por “economia agroexportadora” no texto publicado pelo Cebrap. Marini falava que o Brasil exportaria produtos industriais, inclusive aviões, como de fato exportamos. Mas isso não muda nada. A tendência da economia exportadora implica a drástica limitação do mercado interno. FHC e Serra queriam levantar a hipótese de que Marini não previa a possibilidade de o Brasil se industrializar. Em suma, Marini seria, segundo FHC e Serra, o autor da tese de que no Brasil se estava criando uma economia agroexportadora. Essa adulteração do texto numa questão tão central não ocorre por acaso.

CC: Mas FHC, apesar disso, é tido como o pai da teoria da dependência.

NO: É rigorosamente falso e irônico. Ele e Serra tinham a meta de bloquear essa tendência mais radical, mais ortodoxa, mais rigorosa do ponto de vista analítico de, entre outros, Marini, e pegaram carona. Daí a astúcia, no interior do debate mais importante na área de Ciências Sociais na América Latina: o da teoria da dependência. E nesse contexto se apresentaram como os pais da famosa teoria, especialmente FHC, quando em parceria com Enzo Falleto publica Dependência e Desenvolvimento na América Latina.

À época, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) já não tinha condições para defender seus projetos teórico e político, e eles se apresentam como interlocutores nesse debate. Visavam por um lado recuperar as posições cepalinas e de outro evitar o radicalismo político. E foram exitosos, turbinados pelas elites nacional e internacional favoráveis a um projeto de transição lenta, gradual e segura. Um projeto dessa natureza precisa ter uma direita clássica, fascista etc., e também uma versão liberal na qual se encaixa Fernando Henrique Cardoso.

CC: E o que ele representava?

NO: De fato, ele encabeçou a oposição liberal à ditadura. Tornou-se suplente de senador de Franco Montoro e logo em seguida com a eleição deste para o governo do estado se transformou no grande modelo de intelectual político “dentro da ordem”, para usar uma feliz expressão de Florestan Fernandes. Não é um movimento fútil o de FHC. Ele percebe a política do Partido Democrático em Washington, no sentido de democratizar o Brasil, percebe o movimento da elite empresarial em São Paulo por meio do manifesto de 1977 contra o gigantismo estatal e percebe o movimento de massa pelo crescimento do MDB. E assim teve uma brilhante carreira política. Idem o Serra, para falar de políticos mais notórios. E conseguiram produzir numerosos intelectuais no mundo universitário, exceto a intelectualidade que estava mais presa a um novo sindicalismo e ao petismo.

CC: O FHC parece não ter muita credibilidade no mundo acadêmico.

NO: Ele não tem uma obra. Fernando Henrique é no máximo um polemista no interior de um debate acadêmico (dependência) no qual ele não era a figura principal. Mas cumpriu o papel decisivo no sentido de bloquear, coisa que fez com certa eficácia, as correntes mais vitais desse debate. Teve êxito especialmente com a obra de Marini, mas também com livros muito importantes de Theotonio dos Santos, Imperialismo e Dependência, ou Socialismo ou Fascismo, o Novo Dilema Latino-Americano, este publicado até em chinês, mas jamais no Brasil.

CC: Marini concordaria com o senhor que o discurso sobre a nova classe média é uma forma de legitimar o subdesenvolvimento no Brasil?

NO: Completamente. Esse debate esconde algo fundamental, a gigantesca concentração de renda. Enquanto se fala na ascensão da classe média, a pobreza é muito maior: 76% da população economicamente ativa vive com até três salários mínimos, 1,5 mil reais. Ou seja, nem sequer alcançam o salário mínimo do Dieese. Com meu salário de professor em greve (por aumento salarial), pertenço aos 24% mais ricos da sociedade, ao lado do Eike Batista.

CC: Mas, de fato, Lula elevou o nível de vida de milhões de brasileiros.

NO: Lula fez política social. O problema de Fernando Henrique e José Serra é que eles odeiam o povo. FHC não tinha uma política social para o País. Mas política social não traz emprego e renda. Num país subdesenvolvido, inclusive numa estratégia revolucionária, é preciso ter programas emergenciais. A estratégia da erradicação da pobreza de Dilma Rousseff não pode ser realizada exclusivamente com política social. O petismo está mostrando seus limites porque terá de confrontar o poder, o prestígio social e a elite. Se não enfrentar tudo isso, será devorado.

Compson
Forista
Forista
Mensagens: 6415
Registrado em: 21 Nov 2003, 18:29
---
Quantidade de TD's: 135
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#156 Mensagem por Compson » 24 Jul 2012, 10:47

Carnage escreveu:http://www.viomundo.com.br/denuncias/ni ... adura.html
Nildo Ouriques: FHC plagiou intelectuais banidos pela ditadura
O viomundo deu uma melhorada no título fantasioso. Já o Gianni Carta usa aspas pra citar o que não foi dito:

http://www.cartacapital.com.br/politica ... -ditadura/

Taiado
Forista
Forista
Mensagens: 155
Registrado em: 28 Ago 2007, 02:38
---
Quantidade de TD's: 20
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#157 Mensagem por Taiado » 24 Jul 2012, 14:29

Carnage escreveu:
Nildo Ouriques: FHC plagiou intelectuais banidos pela ditadura


CC: Mas, de fato, Lula elevou o nível de vida de milhões de brasileiros.

NO: Lula fez política social. O problema de Fernando Henrique e José Serra é que eles odeiam o povo. FHC não tinha uma política social para o País. Mas política social não traz emprego e renda. Num país subdesenvolvido, inclusive numa estratégia revolucionária, é preciso ter programas emergenciais. A estratégia da erradicação da pobreza de Dilma Rousseff não pode ser realizada exclusivamente com política social. O petismo está mostrando seus limites porque terá de confrontar o poder, o prestígio social e a elite. Se não enfrentar tudo isso, será devorado.


O grande problema é achar que tem algum destes caras que amam o povo... isso demonstra a ingenuidade das pessoas....

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#158 Mensagem por Carnage » 31 Jul 2012, 22:00

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=20633
Serviço Secreto de FHC monitorou militantes antineoliberalismo
Documentos sigilosos do governo FHC, já desclassificados, indicam que militantes e políticos de esquerda, do Brasil e do exterior, foram monitorados pelo serviço secreto quando participavam de atividades antineoliberalismo. “Me assusta saber que um governo tido como democrático tutelou de forma ilegal pessoas que participavam de eventos pacíficos, que não representavam nenhuma ameaça à segurança nacional”, afirmou à Carta Maior o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Najla Passos (*)


Brasília - Documentos sigilosos do governo Fernando Henrique Cardoso, abertos à consulta pública no Arquivo Nacional, indicam que militantes e políticos de esquerda que participavam de seminários, encontros e fóruns contra o neoliberalismo foram monitorados pela Subsecretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), o órgão que substituiu o Serviço Nacional de Inteligência (SNI), em 1990, até a criação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em 1999.

Como a maioria dos documentos desclassificados são os de nível reservado e se referem apenas ao período 1995-1999, não é possível precisar o grau deste monitoramento. Pela nova Lei de Acesso à Informação, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em maio, os documentos reservados são liberados decorridos cinco anos, os secretos, 15 e os ultrassecretos, os mais importantes, somente após 25 anos. Mas o acervo já disponível deixa clara a linha de atuação do serviço.

Há registros que fazem referências explícitas às informações colhidas em revistas e jornais, prática tida como recorrente no serviço que perdera status e orçamento após o fim da ditadura. Mas outros revelam espionagem direta. O seminário “Neoliberalismo e soberania”, por exemplo, promovido pela Associação Cultural José Marti, a Casa da Amizade Brasil-Cuba, no Rio de Janeiro, de 5 a 9 de setembro de 1999, foi integralmente gravado em 12 fitas cassetes, entregues ao escritório central da SAE.

Chiapas
Em julho de 1996, o serviço deu especial atenção à realização, em Chiapas, no México, do Encontro Internacional pela Humanidade e contra o Neoliberalismo. “A significativa presença internacional de ativistas de esquerda transforma a região em novo polo de atração revolucionária latinoamericana”, dizia o documento produzido pelo escritório central da SAE. Os relatórios também contêm pautas de discussões, análise de conjuntura e listas de participantes brasileiros.

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, figura nesta lista. “Me assusta muito saber que um governo tido como democrático tutelou de forma ilegal pessoas que participavam de eventos absolutamente pacíficos, que não representavam nenhuma ameaça à segurança nacional”, afirmou à Carta Maior. Na época secretário nacional de Comunicação do PT, o ministro disse recordar-se que não divulgara sua participação no evento. “É possível até que a SAE tenha contado com o apoio de algum serviço secreto de outro país”, acrescentou.

Mesmo fazendo a ressalva de que tais procedimentos poderiam não ser de total conhecimento do presidente à época e que as informações sobre a natureza do trabalho da SAE no período ainda estão incompletas, o ministro avalia que a simples menção do nome de uma pessoa que participou de um evento democrático em documentos oficiais do serviço secreto é uma prática condenável. “O que a gente espera do serviço secreto de um governo democrático é que ele esteja atuando para defender as fronteiras do país, evitar ameaças externas, e não para monitorar pessoas que estavam lutando pelo aprimoramento da democracia”, acrescentou.

O coordenador do Projeto Memória e Verdade da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Gilney Viana, na época deputado federal pelo PT, foi outro fichado por participar do evento em Chiapas. Ex-preso político da ditadura por dez anos, ele sabia que seus passos foram ostensivamente seguidos pelos agentes secretos até a extinção do SNI, mas ficou chocado ao saber que continuou a ser alvo durante um governo democrático. “Eu até compreenderia que os Estados Unidos estivessem monitorando o evento de Chiapas, mas o serviço secreto brasileiro realmente me surpreendeu”, disse.

Belém
O II Encontro pela Humanidade e contra o Neoliberalismo mereceu atenção redobrada por ter sido realizado em território brasileiro. Mesmo as etapas preparatórias do evento, que ocorreu em Belém (PA), de 6 a 11 de dezembro de 1999, estão registradas na SAE. Um relatório antecipa a mensagem do subcomandante Marcos, do Exécito Zapatista para Libertação Nacional do México, para o evento. Há relações de participantes e descrição dos assuntos debatidos nas etapas preparatórias de pelo menos Belém, Salvador, Brasília e Macapá.

O lançamento do evento, patrocinado pela prefeitura de Belém, também foi documentado. No relatório da SAE, há a informação de que os organizadores queriam incrementar a geração de recursos por meio da venda de objetos com a logomarca do evento, a realização de shows com artistas locais bem como com as inscrições. Entre os participantes do II Encontro, estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a filósofa Marilena Chauí, o sociólogo Chico de Oliveira e o ex-governador do Rio Leonel Brizola, além dos escritores José Saramago e Luiz Fernando Veríssimo.

Foro de São Paulo
Considerado à época o principal organismo aglutinador de partidos e entidades de esquerda do continente, o Foro de São Paulo, criado em 1990 pelo PT com o apoio do então presidente cubano Fidel Castro, também teve suas atividades amplamente monitoradas. A 6ª edição, realizada em El Salvador, em julho de 1996, está registrada em relatório sobre as atividades internacionalistas do PT.

A 7ª edição, que aconteceu em Porto Alegre (RS), em 1997, foi ainda mais espionada. O pacote de documentos realtivos ao evento inclui relatórios setoriais produzidos pelos grupos de trabalho, lista completa de presenças e até fotos dos participantes. São citadas lideranças de esquerda, nacionais e internacionais. Entre os brasileiros, o ministro Gilberto de Carvalho, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro e o deputado estadual gaúcho, Raul Pont (PT).

Em relatório específico, a SAE observou que, durante o evento, o então ex-prefeito da capital gaúcha Tarso Genro havia lançado o livro “O orçamento participativo – a experiência de Porto Alegre”, escrito em parceria com o então secretário de formação do PT, Ubiratan de Souza, classificado como “ex-militante da VPR”.

Os relatórios relativos à 8ª edição, que ocorreu no México, em 1999, registraram as presenças de vários brasileiros, como o atual líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) e do hoje assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.

Grupo do México
O 4º Encontro do Grupo do México, realizado em Santiago, no Chile, nos dias 10 e 11 de maio de 1997, foi registrado pela SAE em relatório como o “marco do surgimento de uma política que transcende a esquerda”. De acordo com o serviço secreto brasileiro, “o Grupo do México é formado por representantes de partidos de centro-esquerda e teve sua origem a partir do PNUD, com o objetivo de buscar a construção de um projeto econômico para a América Latina, alternativo aos padrões neoliberais”.

Na documentação, estão descritos os principais pontos de unidade entre os presentes e há uma lista com os nomes dos brasileiros presentes. Entre eles, o ex-presidente Lula, seus ex-ministros petistas José Dirceu e Mangabeira Unger, o ex-governador do Rio, Leonel Brizola (PDT), os ex-deputados Vivaldo Barbosa (PDT-RJ) e Zaire Resende (PMDB-MG), além de Marco Aurélio Garcia e Tarso Genro, entre outros.

Attac no Brasil
O diretor-presidente da Carta Maior, Joaquim Palhares, também foi citado em documentos da SAE, principalmente por ter sido, em 1996, ao lado do ativista Chico Whitaker, um dos fundadores no Brasil da Associação pela Tributação das Transações Financeiras para ajuda aos Cidadãos (Attac), criada na França, com o objetivo de instituir um imposto sobre transações financeiras internacionais. “Muitos militantes de esquerda ainda tinham a impressão de estarem sendo monitorados mesmo após a ditadura. Mesmo assim, a confirmação desta prática causa indignação”, afirma.

Crítica contundente da ciranda financeira de capitais voláteis alimentada pelo neoliberalismo, a Attac foi preocupação constante para a SAE. A visita ao Brasil do presidente internacional a entidade, o ativista francês e diretor do jornal Le Monde Diplomatique, Bernardo Cassen, entre 1 a 5 de março de 1999, foi acompanhada com atenção. Os relatórios do serviço informam que Cassen proferiu palestras em cinco capitais brasileiras (Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre), nas quais apresentava os objetivos da organização, traçava o histórico da crise econômica mundial, defendia a adoção da chamada Taxa Tobin para a taxação do capital especulativo internacional e exortava as plateias a lutarem contra o projeto neoliberal.

Nos documentos produzidos, também constavam os nomes dos militantes identificados nas plateias de Cassen. Do escritório da SAE em Belo Horizonte, por exemplo, chegou o informe das participações de Lula, então presidente do PT, do coordenador do MST, João Pedro Stédile, do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, do geógrafo Milton Santos e do cientista político Cezar Benjamin, entre outros. Os ex-presidente Lula tinha suas atividades relatadas pela SAE, tanto pela sua militância antineoliberalismo como por ser o principal adversário político de FHC.

Viagens a Cuba
Mesmo com o fim da guerra fria e da ditadura, as viagens de brasileiros a Cuba continuaram a ser alvo de preocupação do serviço secreto. Principalmente quando se cruzavam com a luta antineoliberal. De 21 de julho a 21 de agosto de 1996, foi realizado, em Cuba, o curso de formação sindical “Neoliberalismo e Globalização da Economia”. Informes registram a participação de brasileiros, entre eles os sindicalistas Adriano Torquato, Francisco Nascimento Araújo, José Nunes Passos e Nonato César.

Há relatório de alerta para a realização em Cuba, em 1997, do Seminário Internacional sobre o Neoliberalismo, promovido pela Federação Mundial da Juventude Democrática, com a presença de militantes do MR8. No relatório pós-evento, está relatada a participação de 1,2 mil trabalhadores de 453 organizações sindicais, políticas e acadêmicas de 63 países. Do Brasil, participaram cerca de 300 sindicalistas, incluindo representantes da CUT. Há menção detalhada dos participantes. Um informe exclusivo apontava, por exemplo, o embarque de dois vereadores de Montes Claros (MG): Aldair Fagundes (PT) e Lipa Xavier (PCdoB).

Outro informe alertava que a edição seguinte seria realizada no Brasil, em 1999. O evento, organizado pela CUT, no Rio de Janeiro, de 1 a 3 de setembro de 1999, também foi documentado pelo serviço, que apresentou os textos integrais da declaração da Federação Sindical Internacional, do discurso do delegado de Cuba, Pedro Ross Leal, do delegado da França, Freddy Huck, e a proposta da CUT, entre outros.

Atividades internacionais do MST
Em 1996, a SAE acompanhou a participação integrantes do MST no seminário “Crisis del Neoliberalismo Y Vigências de las Utopias em La America Latina”, na Argentina, entre os dias 8 e 13 de outubro. Antes do embarque dos militantes sem-terra, um informe produzido pelo escritório central já alertava sobre a viagem.

Também em 1996, o serviço registrou a participação do coordenador do MST, João Pedro Stédile, no seminário América Livre, em Buenos Aires, com Emir Sader e Frei Betto.

Atividades rotineiras
Sader é citado também por sua participação em eventos comuns, como o lançamento do livro “O século do crime”, dos jornalistas José Arbex Junior e Cláudio Tognolli, em São Paulo, no dia 7 de agosto de 1996. Conforme o relatório da SAE, os autores “enfatizaram que a proliferação e o crescimento das máfias foram estimulados pela era neoliberal”.

O mesmo ocorreu com o deputado estadual gaúcho Raul Pont (PT), monitorado tanto quando participava de eventos internacionais, como o Foro de São Paulo, quanto em atividades rotineiras. A SAE registrou, por exemplo, que em novembro de 1995, quando era vice-prefeito de Porto Alegre, Pont foi recebido por papeleiros da Associação Profetas da Ecologia, na companhia do teólogo Leonardo Boff. “Eu me lembro vagamente que visitei essa cooperativa, que tinha o apoio da prefeitura e realizava um trabalho pioneiro em reciclagem de lixo”, relatou à Carta Maior.

De acordo com o relatório da SAE, o registro do evento se deu porque Boff relacionava os problemas ambientais do planeta à adoção crescente do modelo neoliberal. “Esta foi uma das atividades mais pacíficas de que já participei. Não havia nada que indicasse perigo ao governo da época. É difícil acreditar que esse tipo de coisa ocorria no governo do príncipe da sociologia”, disse.

Estudos sobre a doutrina
Um documento produzido em 1997 pelo escritório central da SAE justifica a importância dada ao tema neoliberalismo. Conforme a interpretação dos arapongas oficiais, o neoliberalismo é a teoria econômica criada após a segunda guerra como anteparo a expansão do comunismo no mundo. Teve a Inglaterra e os EUA como seus principais defensores e caracteriza-se, basicamente, pelo livre comércio, austeridade nas contas públicas, privatização, crescimento do sistema financeiro e fortalecimento do mercado.

Os agentes da SAE se debruçavam também sobre obras relativas ao tema produzidas por intelectuais de esquerda. O professor da Universidade de Nova York, James Petras, que já tinha suas atividades monitoradas pelo SNI desde a ditadura, recebeu atenção especial.

O livro “Latin American: The left strikes”, sobre a atuação das esquerdas latinoamericanas em contraposição ao neoliberalismo e à globalização, liderados pelos Estados Unidos, foi objetivo de relatório específico, principalmente porque destacava que as esquerdas latinoamericanas já haviam encontrado uma nova e eficiente forma de atuação. Os exemplos citados na obra são o MST, no Brasil, os Zapatistas, no México, as organizações camponesas, no Paraguai, e os plantadores de coca, na Bolívia e na Colômbia. Todos eles movimentos monitorados pelo sistema.

Em 1999, a SAE voltou a dividir com todo o sistema de inteligência o conteúdo de um outro livro de Petras, o recém lançado “Neoliberalismo, América Latina, Estados Unidos e Europa”. Um documento produzido pelo escritório do Rio de Janeiro resumiu os capítulos da obra e ainda relatou atividades correlatas promovidas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Antes disso, o serviço secreto registrou a visita de Petras ao Brasil para o lançamento da obra, ocorrido em 20 de maio de 1999, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

(*) Colaborou na pesquisa histórica Rafael Santos

Capuleto
Forista
Forista
Mensagens: 54
Registrado em: 20 Jul 2012, 15:17
---
Quantidade de TD's: 22
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#159 Mensagem por Capuleto » 01 Ago 2012, 12:36

Carnage escreveu:http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=20633
Serviço Secreto de FHC monitorou militantes antineoliberalismo
Documentos sigilosos do governo FHC, já desclassificados, indicam que militantes e políticos de esquerda, do Brasil e do exterior, foram monitorados pelo serviço secreto quando participavam de atividades antineoliberalismo. “Me assusta saber que um governo tido como democrático tutelou de forma ilegal pessoas que participavam de eventos pacíficos, que não representavam nenhuma ameaça à segurança nacional”, afirmou à Carta Maior o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.


Caríssimos, peço licença a todos. Chamou minha atenção este tópico pelo que pensei que fosse seu conteúdo, aparentemente iniciado de uma tentativa de debate.

Primeiramente, monitorar não significa censurar com quer fazer crer a "douta" matéria. Mas partindo de um site esquerdista e socialista, totalmente parcial em prol de seu silogismo, este exagero é propícuo. Mas aqui somos pessoas esclarecidas e capazes de identificar este tipo de desproporção. E NÃO ESTOU AQUI A DEFENDER FHC, ANTES QUE PENSEM E COMECEM A ME ATACAR TB.

Fui defensor do governo FHC durante um bom tempo, e ainda o faço com relação a certos aspectos.
Era crítico assíduo de Lula e do PT e por questões ideológicas esquerdistas cujas crenças eu acreditava que o PT defendia. Refiro-me especificamente ao socialismo, o qual sou contrário notadamente pelo fato de sua impossibilidade enquanto regime governamental, a menos que o governo se converta em ditadura totalitária e opressora.
Ideologicamente, na minha humilde opinião, a visão socialista tal como defendia Carl Marx, confunde-se com a necessidade do regime ditatorial, já que o controle dos meios de produção como instrumento de combate à "mais valia" (O Capital - Carl Marx), se contrapõe em gênero número e grau à liberdade. E aí, pra mim (repito), não há coerência com o objetivo final, que é a adoção do comunismo e a abolição do Estado para decisão operária em sua substituição (a grosso modo).

A própria distribuição de renda na concepção clássica do socialismo, na minha visão, se contrapõe à liberdade.

Inicialmente me desceu goela abaixo Lula ter sido eleito por este medo do socialismo. Hoje o defendo em alguns pontos.

Com um pouco mais de maturidade sou capaz de fazer a reflexão de que Lula nada mais é do que FHC com maiores níveis de popularidade, os quais são utilizados como subterfúgios aos fatos que outrora eram suficientes para levar a população à revolta. Sinceramente, minha impressão é que de tanta popularidade, Lula conseguiu transformar em naturais certos fatos alheios à própria lei, mas que a população não mais se revolta por sua defesa ferrenha ao líder popular. Maquiavel tratou de algo bastante parecido em O Príncipe.

Como resultado dessa minha crítica, hoje não defendo mais nenhum partido nem nenhuma ideologia partidária brasileira. Sou hoje, defensor de medidas, programas, propostas, e não me ligo mais à figura de uma certa pessoa ou partido, pois acho isso perigoso, depois desse meu ponto de vista dito acima. Mas também não acho inteligente a crucificação gratuita simplesmente por afinidade a outra teoria ou mesmo partido e figura política.

Diante de tudo isso, caro Carnage, te sugiro (e é apenas sugestão), ver um debate não como um jogo de tiro ao alvo, afinal, grande parte de suas citações são provenientes de esquerdistas ideológicos assíduos, como os sites comunistas cartamaior e cartacapital, ou até mesmo a revista brasileiros, cujo diretor Helio Mello fez boa parte de sua carreira acompanhando manifestações sindicais do então líder sindical Lula, na década de 80.

Citei você como exemplo, caro confrade, e tão só como exemplo. Afinal, cá pra nós, em que contribui crucificar uma pessoa pra nada? Noutras palavras, falar mal de um político simplesmente por falar, não nos leva a nada. Todavia, este "falar mal" juntamente à crítica construtiva com apontamentos de soluções e propostas, aí certamente se tem-se o efetivo debate, e sem dúvida é extremamente produtivo e inteligente.

E aproveitando o ensejo, um dos primeiros posts fazia o questionamento: qual parente de Lula está empregado no governo federal?
Não precisa ser parente pra ser protegido caros amigos. Delúbio Soares, José Genuíno, José Dirceu, Antonio Palocci, pra citar só alguns. Que não se olvide o nosso querido Marcos Valério, mero laranja da companheirada do PT, e o Duda Mendonça com sua categórica fala na CPI de que era impedido de emitir notas fiscais, pois os milhões aparentemente não eram dinheiro limpo.
Quanto ao filho do ex-presidente, este sim parente, gente, jura mesmo que tem quem defenda esta quase milagrosa evolução patrimonial, coincidentemente conjunta à ascenção do papai à presidência da república? Tenhamos bom senso...

Forte abraço a todos,
Capuleto

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#160 Mensagem por Carnage » 13 Ago 2012, 23:06

Caro Capuleto, eu faço de pirraça mesmo! kkk

Não tenho intenção de defender o PT. Qual é a minha intenção eu já elucidei em mais de um post.
Difícil achar agora, mas vai um exemplo aqui:
http://www.gp-guia.net/viewtopic.php?f=1 ... 1#p1600741
E na discussão que se segue depois.

Tinha alguns textos meus até melhores, mas é muito difícil de encontrar. Mas dá pra ter uma idéia.

O caso é que tenho muita bronca do PSDB. Tenho mesmo, pronto. E sempre vou apontar todas as merdas que estes caras fazem, que por conta de ideologia da mídia são sempre ocultadas e minimizadas.
Não preciso defender o PT, nem quero. Mas vou sempre acusar o PSDB, com gosto e com raiva, porque isso me dá barato. E pronto.

O problema é a dupla moral que prevalece. Dupla moral onde a imprensa enfatiza os crimes do partido que não gosta e minimiza ou abafa os do partido que ela acha que é melhor pra ela. Essa atitude que não leva a lugar nenhum, que atrasa o Brasil, porque mostra que basta ficar amiguinho dos grandes conglomerados de mídia e dos fodões do "mercado" que se pode fazer o que quiser e sair ileso!

Esta semana a batada da Veja está tostando e nenhuma atitude contra ela é tomada. E o que acontece? A Veja passa a puxar o saco da Dilma!! E olha lá!! Que vai acontecer agora? A Veja abre as pernas e fica tudo bonitinho agora?? Daí pra frente o governo pode seguir em paz fazendo o que quiser? É isso? Parece que é isso!

Não dá.

Eu sigo então com meu passatempo favorito, meter o pau no PSDB. Tá cheio de gente aí que adora fazer isso contra o PT. Eles que façam sossegados e me deixem fazer o meu! Rs

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#161 Mensagem por Carnage » 13 Ago 2012, 23:11

Pra não perder o costume, veja só meu caro Capuleto, a mídia desanda a falar do mensalão, horas e horas de cobertura, mas contra a compra de votos na reeleição do FHC, onde existem muito mais provas do crime que foi cometido, ninguém nem se toca. E dá-se a falar que o mensalão é "o maior caso de corrupção, blá blá blá", quando o caso da reeleição é claramente muito pior.

Então vai la, mas um pouco de exercício de tiro ao meu alvo preferido, os tucanos!

http://www.viomundo.com.br/politica/mau ... no-pe.html
O fantasma de Lula ronda os tucanos e FHC atira no pé

publicado em 5 de agosto de 2012 às 11:16

FHC pede que outra de suas façanhas seja esquecida. Sérgio Motta, o Serjão, estava no centro do esquema de compra de votos para a reeleição do ex-presidente. Foto: Montagem extraída de CartaCapital

por Mauricio Dias, em CartaCapital


O fantasma de Lula ronda a noite tucana e transforma o sonho político deles para 2014 em pesadelo. Um terrível pesadelo. É por essa razão e não por suposta preocupação ética que o PSDB dá atenção e tratamento especiais ao ex-presidente petista no decorrer do julgamento da Ação Penal 470, batizada de “mensalão” por Roberto Jefferson, o réu delator de um suposto esquema de compra de votos, armado em 2005, para a aprovação de projetos de interesse do governo.

Já de olho na eleição de 2014, os tucanos pretendem abalar a popularidade e o prestígio de Lula. Assim, o PSDB anuncia também uma programação própria das sessões no STF na página do partido na internet. O show precisa continuar.

Essa tática tucana é reafirmada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na vanguarda das ações contra Lula, ele aparece na blogosfera em vídeo de 1 minuto e 25 segundos, no qual bota pressão no Supremo Tribunal Federal (STF). FHC, em linguagem sibilina, usa e abusa de sociologia rasteira, comum nos botequins e, também, nos bons restaurantes que frequenta. O tema é o dito mensalão. “O comentário de que não há punição no Brasil, e que a corrupção é ligada a isso, é frequente…”

Dessa forma, o ex-presidente abre o discurso sobre o julgamento em andamento no Supremo. Ao falar de impunidade como estimuladora da corrupção, ele responsabiliza os juízes, os ministros, a Justiça. Enfim, esbofeteia a própria Têmis. E faz corar a estátua de granito de Ceschiatti, mantida em frente ao prédio do STF, em Brasília.

Além de agredir a Magistratura, o ex-presidente também se agride. Descuidado, atira no próprio pé ao fazer a conexão entre corrupção e impunidade. Tal aproximação sugere esta pergunta:

Teria ocorrido o chamado mensalão se tivesse havido punição para os corruptores do governo e os parlamentares corrompidos para aprovar, no Congresso, a emenda constitucional que deu a FHC a reeleição?

Recordar é viver. Em 1997, surgiram gravações de escutas telefônicas levantando fortes evidências de que havia um esquema para compra de votos de deputados arregimentados por Sérgio Motta, o Serjão, então ministro das Comunicações.

O jornal Folha de S.Paulo foi o primeiro a apontar o escândalo e, para ilustrar a sequência de reportagens, criou um “selo” com a frase: “Reeleição comprada?”

Além de dois governadores, Orleir Cameli (AC) e Amazonino Mendes (AM), dois deputados, João Maia e Ronivon Santiago, ambos do PFL, integravam o projeto. Curiosamente, o deputado Maia era um egresso do PT. Os tucanos mais ortodoxos podem argumentar que o ex-petista inoculou nas negociações para a aprovação da emenda o vírus da corrupção. Não poderia ser também resultado do encontro de Maia, já então pefelista, com o peessedebista Serjão, o fator de formação dessa pororoca venal?

A oposição daquela época, os partidos de esquerda essencialmente, tinha força reduzida no Congresso e não conseguiu criar uma CPI para investigar as denúncias. O rolo compressor governista, PSDB, PFL e PMDB, botou uma pedra sobre a história. Impediu a punição dos culpados. E, neste caso, a Magistratura não tem culpa. FHC sabe disso.


http://altamiroborges.blogspot.co.uk/20 ... .html#more
Os crimes de FHC serão punidos?

Por Altamiro Borges


No grande circo armado pela mídia para o “julgamento do século” do chamado “mensalão do PT”, até o ex-presidente FHC foi ressuscitado. Ontem (6), na abertura da 32ª Convenção do Atacadista Distribuidor, no Riocentro, ele reforçou o linchamento midiático exigindo a imediata punição dos réus. Na maior caradura, ele esbravejou: “Depois que eu ouvi do procurador-geral da República, houve crime. Crime tem que ser punido… Tenho confiança de que eles [STF] julgarão com serenidade, mas também com Justiça”.

FHC já pediu para esquecer o que ele escreveu. Mas não dá para esquecer as denúncias de corrupção que mancharam o seu triste reinado. O ex-presidente não tem moral para exigir punição de qualquer suspeito de irregularidades. Desde que foi desalojado do Palácio do Planalto, o rejeitado ex-presidente tenta se travestir de paladino da ética com objetivos meramente políticos e eleitoreiros. Ela agora explora oportunisticamente o julgamento no STF para impulsionar e animar as campanhas dos demotucanos às eleições de outubro.

A lista dos crimes tucanos

Se um dia houver, de fato, Justiça no país, FHC é que será julgado e punido por seus crimes. Listo abaixo alguns que merecem rigoroso julgamento da história:

*****

Denúncias abafadas: Já no início do seu primeiro mandato, em 19 de janeiro de 1995, FHC fincou o marco que mostraria a sua conivência com a corrupção. Ele extinguiu, por decreto, a Comissão Especial de Investigação, criada por Itamar Franco e formada por representantes da sociedade civil, que visava combater o desvio de recursos públicos. Em 2001, fustigado pela ameaça de uma CPI da Corrupção, ele criou a Controladoria-Geral da União, mas este órgão se notabilizou exatamente por abafar denúncias.

Caso Sivam. Também no início do seu primeiro mandato, surgiram denúncias de tráfico de influência e corrupção no contrato de execução do Sistema de Vigilância e Proteção da Amazônia (Sivam/Sipam). O escândalo derrubou o brigadeiro Mauro Gandra e serviu para FHC “punir” o embaixador Júlio César dos Santos com uma promoção. Ele foi nomeado embaixador junto à FAO, em Roma, “um exílio dourado”. A empresa ESCA, encarregada de incorporar a tecnologia da estadunidense Raytheon, foi extinta por fraude comprovada contra a Previdência. Não houve CPI sobre o assunto. FHC bloqueou.

Pasta Rosa. Em fevereiro de 1996, a Procuradoria-Geral da República resolveu arquivar definitivamente os processos da pasta rosa. Era uma alusão à pasta com documentos citando doações ilegais de banqueiros para campanhas eleitorais de políticos da base de sustentação do governo. Naquele tempo, o procurador-geral, Geraldo Brindeiro, ficou conhecido pela alcunha de “engavetador-geral da República”.

Compra de votos. A reeleição de FHC custou caro ao país. Para mudar a Constituição, houve um pesado esquema para a compra de voto, conforme inúmeras denúncias feitas à época. Gravações revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre, ganharam R$ 200 mil para votar a favor do projeto. Eles foram expulsos do partido e renunciaram aos mandatos. Outros três deputados acusados de vender o voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra, foram absolvidos pelo plenário da Câmara. Como sempre, FHC resolveu o problema abafando-o e impedido a constituição de uma CPI.

Vale do Rio Doce. Apesar da mobilização da sociedade em defesa da CVRD, a empresa foi vendida num leilão por apenas R$ 3,3 bilhões, enquanto especialistas estimavam seu preço em ao menos R$ 30 bilhões. Foi um crime de lesa-pátria, pois a empresa era lucrativa e estratégica para os interesses nacionais. Ela detinha, além de enormes jazidas, uma gigantesca infra-estrutura acumulada ao longo de mais de 50 anos, com navios, portos e ferrovias. Um ano depois da privatização, seus novos donos anunciaram um lucro de R$ 1 bilhão. O preço pago pela empresa equivale hoje ao lucro trimestral da CVRD.

Privatização da Telebras. O jogo de cartas marcadas da privatização do sistema de telecomunicações envolveu diretamente o nome de FHC, citado em inúmeras gravações divulgadas pela imprensa. Vários “grampos” comprovaram o envolvimento de lobistas com autoridades tucanas. As fitas mostraram que informações privilegiadas foram repassadas aos “queridinhos” de FHC. O mais grave foi o preço que as empresas privadas pagaram pelo sistema Telebrás, cerca de R$ 22 bilhões. O detalhe é que nos dois anos e meio anteriores à “venda”, o governo investiu na infra-estrutura do setor mais de R$ 21 bilhões. Pior ainda, o BNDES ainda financiou metade dos R$ 8 bilhões dados como entrada neste meganegócio. Uma verdadeira rapinagem contra o Brasil e que o governo FHC impediu que fosse investigada.

Ex-caixa de FHC. A privatização do sistema Telebrás foi marcada pela suspeição. Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa das campanhas de FHC e do senador José Serra e ex-diretor do Banco do Brasil, foi acusado de cobrar R$ 90 milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar. Grampos do BNDES também flagraram conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende, então presidente do banco, articulando o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do Opportunity, que tinha como um dos donos o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende. Até FHC entrou na história, autorizando o uso de seu nome para pressionar o fundo de pensão. Além de “vender” o patrimônio público, o BNDES destinou cerca de 10 bilhões de reais para socorrer empresas que assumiram o controle das estatais privatizadas. Em uma das diversas operações, ele injetou 686,8 milhões de reais na Telemar, assumindo 25% do controle acionário da empresa.

Juiz Lalau. A escandalosa construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo levou para o ralo R$ 169 milhões. O caso surgiu em 1998, mas os nomes dos envolvidos só apareceram em 2000. A CPI do Judiciário contribuiu para levar à cadeia o juiz Nicolau dos Santos Neto, ex-presidente do TRT, e para cassar o mandato do senador Luiz Estevão, dois dos principais envolvidos no caso. Num dos maiores escândalos da era FHC, vários nomes ligados ao governo surgiram no emaranhado das denúncias. O pior é que FHC, ao ser questionado por que liberara as verbas para uma obra que o Tribunal de Contas já alertara que tinha irregularidades, respondeu de forma irresponsável: “assinei sem ver”.

Farra do Proer. O Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional (Proer) demonstrou, já em sua gênese, no final de 1995, como seriam as relações do governo FHC com o sistema financeiro. Para ele, o custo do programa ao Tesouro Nacional foi de 1% do PIB. Para os ex-presidentes do BC, Gustavo Loyola e Gustavo Franco, atingiu 3% do PIB. Mas para economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do PIB, ou R$ 111,3 bilhões, incluindo a recapitalização do Banco do Brasil, da CEF e o socorro aos bancos estaduais. Vale lembrar que um dos socorridos foi o Banco Nacional, da família Magalhães Pinto, a qual tinha como agregado um dos filhos de FHC.

Desvalorização do real. De forma eleitoreira, FHC segurou a paridade entre o real e o dólar apenas para assegurar a sua reeleição em 1998, mesmo às custas da queima de bilhões de dólares das reservas do país. Comprovou-se o vazamento de informações do Banco Central. O PT divulgou uma lista com o nome de 24 bancos que lucraram com a mudança e de outros quatro que registraram movimentação especulativa suspeita às vésperas do anúncio das medidas. Há indícios da existência de um esquema dentro do BC para a venda de informações privilegiadas sobre câmbio e juros a determinados bancos ligados à turma de FHC. No bojo da desvalorização cambial, surgiu o escandaloso caso dos bancos Marka e FonteCindam, “graciosamente” socorridos pelo Banco Central com 1,6 bilhão de reais. Houve favorecimento descarado, com empréstimos em dólar a preços mais baixos do que os praticados pelo mercado.

Sudam e Sudene. De 1994 a 1999, houve uma orgia de fraudes na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), ultrapassando R$ 2 bilhões. Ao invés de desbaratar a corrupção e pôr os culpados na cadeia, FHC extinguiu o órgão. Já na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a farra também foi grande, com a apuração de desvios de R$ 1,4 bilhão. A prática consistia na emissão de notas fiscais frias para a comprovação de que os recursos do Fundo de Investimentos do Nordeste foram aplicados. Como fez com a Sudam, FHC extinguiu a Sudene, em vez de colocar os culpados na cadeia.

Roy Kalifa
Forista
Forista
Mensagens: 3840
Registrado em: 25 Mai 2008, 18:37
---
Quantidade de TD's: 128
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#162 Mensagem por Roy Kalifa » 14 Ago 2012, 13:38

Poxa Carnage. Até hoje você não passou a limpo a gloriosa trajetória de FHC ? O maior estadista que este país já teve.

Daqui a pouco, ao invés de desmistificar, voce vai idolatrar. :lol:

Capuleto
Forista
Forista
Mensagens: 54
Registrado em: 20 Jul 2012, 15:17
---
Quantidade de TD's: 22
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#163 Mensagem por Capuleto » 14 Ago 2012, 14:37

Carnage escreveu:Caro Capuleto, eu faço de pirraça mesmo! kkk

Não tenho intenção de defender o PT.
(...)
O caso é que tenho muita bronca do PSDB. Tenho mesmo, pronto. E sempre vou apontar todas as merdas que estes caras fazem, que por conta de ideologia da mídia são sempre ocultadas e minimizadas.

(...)
Esta semana a batada da Veja está tostando e nenhuma atitude contra ela é tomada. E o que acontece? A Veja passa a puxar o saco da Dilma!! E olha lá!! Que vai acontecer agora? A Veja abre as pernas e fica tudo bonitinho agora?? Daí pra frente o governo pode seguir em paz fazendo o que quiser? É isso? Parece que é isso!

Não dá.

Eu sigo então com meu passatempo favorito, meter o pau no PSDB. Tá cheio de gente aí que adora fazer isso contra o PT. Eles que façam sossegados e me deixem fazer o meu! Rs
Tá explicado.

Mas sabe o problema qual é? É a famosa política do "só tá bom se for eu quem faz" que é feita tanto pelos tucanos quanto pelos petistas.
Exemplos são aos montes. PT metia o cacete no plano real e votou contra. Hoje defende com unhas e dentes. Marta Suplício fez o pior túnel da história da engenharia por baixo da Av. Brig. Faria Lima. Quando foram votar verba pro outro partido consertar a cagada dos alagamentos, o PT foi contra.
O PSDB criou os programas separados que geraram o atual bolsa família. Quando passou a ser programa do PT, não valia mais nada. Quando viram que o povo reprovou a crítica ao bolsa família, José Serra adotou o discurso da noite pro dia de que "é bom. mas vamos ampliar".

Pra mim esse é o problema. Algo só é bom se for o meu compadre quem vai fazer. Se for adversário, voto contra.

Essa patifaria é o que faz a gente andar de lado. Essa política partidária e contrária ao país.

Quanto ao lance da Veja realmente seria vergonhoso, mas o resultado vamos ver hoje, quando a CPI do Cachoeira vai votar a convocação do editor e do dono pra depor. Vamos ver qual é a atitude do governo, depois eu comento.

Capuleto

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#164 Mensagem por Carnage » 26 Ago 2012, 20:53

Caro Capuleto, só tem um problema quanto ao teu raciocínio.

Lógico que vai parecer que estou defendendo o PT, mas o que vou fazer é simplesmente justificar o meu voto útil no PT e o fato de porque eu advogo, não pelo o voto ao PT, de forma alguma, defendo o meu mas não peço que ninguém vote neles, mas sim pelo não-voto no PSDB!

O fato é que os resultados do PSDB enquanto governo, na minha concepção, na maioria das vezes são pífios. Eles arrazaram com São Paulo, fizeram um péssimo trabalho no governo federal.
A corrpção no PSDB é anos luz maior que no PT. Qualquer ranking de corrupção vai mostrar que o número de tucanos denunciados, acusados, processados e cassados é muito, mas muito maior que o número de petistas. Isso só não aparece devido a blindagem da mídia que grita os desvios petistas mas sussura os desvios tucanos. O número de indícios é gritante, muito maior que contra o PT, basta olhar o tópico "cleptotucano". Basta ver o que fizeram na Privataria.
E outras coisas mais

Portanto, eu acho que o PT está longe de ser bom, mas é muito mais competente que os tucanos. E o PT está longe de ser íntegro, mas é bem melhor que os tucanos. Preferia outros melhores, mas como a polarização não cede, não tem muito o que escolher.

Então, pra mim, não tem nada de compadrio. Eu vejo resultados, vejo indícios e tomo minha decisão. E decido aporrinhar o PSDB, pois acho que eles fazem muito mal para o Brasil, não todos, mas a maioria. Então bato no PSDB, porque pra bater no PT tem gente de sobra, e muito mais graúda que eu.

Claro que é só minha opinião

Capuleto
Forista
Forista
Mensagens: 54
Registrado em: 20 Jul 2012, 15:17
---
Quantidade de TD's: 22
Ver TD's

Re: DESMISTIFICANDO FHC

#165 Mensagem por Capuleto » 05 Set 2012, 13:20

Não só entendo como compartilho de boa parte da sua crítica.
Faço uma exceção que considero importante com relação ao governo federal tucano:

Na minha concepção FHC fez uma importante lição de casa que ninguém havia feito, que foi a criação de mecanismos pra evitar que uma regra básica da economia fosse negligenciada, qual seja: gastar menos do que se arrecada. Antes da lei de responsabilidade fiscal, era regra geral de absolutamente TODAS as administrações, quer seja federal, estadual ou municipal a gastança e o endividamento.

Isso abriu caminho pra redução da dívida pública brasileira e pra recuperação da capacidade de investimentos com recursos próprios, e consequentemente evolução econômica.

Então faço essa ressalva porque entendo que se não fosse ele ter feito isso, ainda estaríamos no mesmo caminho do final da década de 80, início de 90, com hiper inflações, taxas de juros maiores ainda do que as de hoje, e planos econômicos que não resolviam nada. Ao passo que hoje o Brasil empresta dinheiro lá fora. Pra mim isso só foi possível por estas medidas. Há de se reconhecer isso como um importante marco na história do Brasil.

**
Corrupção meu caro, pra mim PT e PSDB são iguais. Não tem vantagem pra nenhum dos dois lados. O que é fato é que o PT sequer se preocupa em camuflar suas bandalheiras (vide Lulinha e seu crescimento patrimonial descarado).
**
Mas continuo com a mesma opinião: tirando a corrupção, o problema maior dos dois lados é a polarização não de eleições, mas de propostas, as quais só têm valor de acordo com quem faz, não com conteúdo. A velha política do "programa bom é o que eu faço. Se o do outro for cópia idêntica do meu, não presta. Só se for o meu".
**
Vale ressaltar e aumentar sua crítica ao PSDB em um sentido;
Filme Tropa de Elite 2: é uma obra de ficção muito próximo da realidade, onde o personagem Dep. Diogo Fraga na realidade é o Dep. Marcelo Freixo, do PSOL, e os políticos corruptos de que o filme faz referência são boa parte do PSDB, os quais me abstenho de mencionar o nome pra evitar qualquer problema

Responder

Voltar para “Assuntos Gerais - OFF Topic - Temas variados”