Largada para 2010 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

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Re: Largada para 2010 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#1531 Mensagem por DR ABDELMASSIH FARAH » 02 Nov 2010, 21:01

caro rolla..
derrotado no seu estado..
na minha cidade,no meu estado foi ganhador c/ 10 pontos percentuais..acima da adversária.
c/ toda maquina estatal,verbas injetadas,pesquisas antecipadas, midia estatal etc..
no país o 45 ganhou em 8 estados..[gov], isto é + 55 milhões de pessoas, ..
depois de 8 anos , este estado locomotiva, vai ter que carregar o resto do país...

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Re: Largada para 2010 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#1532 Mensagem por Carnage » 02 Nov 2010, 21:32

Como o que conta pra eleição de um presidente é resultado nacional, pouco importa se ele ganhou em algum estado, é derrota sim. Não sei qual é a consolação de achar que "pelo menos no meu estado ele não foi derrotado". E pior, tem um monte de gente preconceituosa que acha que foi o nordeste que escolheu a Dilma. Gente que pensa que tem que "pagar pelos erros do Norte e Nordeste", que sempre escolhem quem eles não querem (ou seja, o PT). Sinto lhes informar, que não foi bem o caso!

http://mesquita.blog.br/eleicoes-2010-m ... eria-serra
Eleições 2010: mesmo sem os votos do Nordeste Dilma venceria Serra

Depois de uma das campanhas mais acirradas à Presidência da República, a petista e ex-ministra chefe da Casa Civil, Dilma Vana Rousseff, 62 anos, se consagrou ontem como a primeira mulher a governar o Brasil. Com 99,94% das seções apuradas, Dilma Rousseff amealhava 55.724.713 de votos (56,05% do total de votos válidos) contra 43.699.232 (43,95%) de José Serra (PSDB), 68 anos.

(...)

A diferença da petista para o tucano foi de pouco mais de 12 milhões de votos. Essa vantagem ocorreu graças à enorme votação de Dilma no Nordeste, onde ganhou 10.717.434 de votos a mais do que Serra. Logo, mesmo se o Nordeste – maior reduto eleitoral do PT – fosse excluído dos cálculos, a candidata governista venceria a eleição por um saldo de 1,3 milhão de votos, ou 0,9 ponto percentual (50,9% a 49,1%).

(...)

A geografia eleitoral do segundo turno mostra que José Serra avançou em três territórios que foram dominados por Dilma Rousseff. A petista, que na primeira rodada vencera em 18 Estados, levou a melhor em 16. O tucano, que tivera vitórias em oito, superou a adversária em 11: além dos Estados vencidos no primeiro turno – Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul , Acre, Rondônia e Roraima -, Serra conquistou mais três: Espírito Santo, Goiás e Rio Grande do Sul. O Distrito Federal, única unidade da Federação vencida por Marina Silva, foi conquistada desta vez por Dilma Rousseff.

Em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, onde Serra vencera Dilma por 40,66% a 37,31% – tendo Marina alcançado 20,77% – o tucano ganhou de 54,1% a 45,9% e conseguiu uma vantagem de 1,8 milhão de votos sobre a adversária.

No Paraná e em Santa Catarina, Serra obteve cerca de 1,1 milhão de votos a mais que Dilma. Nestes três Estados o tucano extraiu uma boa margem absoluta, totalizando vantagem de quase 3 milhões de votos. Nos outros oito, Serra ganhou, mas ou a diferença foi pequena – como no Rio Grande do Sul, onde o placar de 51% a 49% significou pouco mais de 100 mil votos de vantagem – ou o colégio eleitoral era pequeno. Nos demais sete Estados vencidos, Serra pôs sobre Dilma uma diferença de apenas cerca de 330 mil votos.

Dilma Rousseff recuperou essa desvantagem de quase 3,5 milhões de votos nos 11 Estados perdidos e ainda pôs a diferença de 12 milhões de votos do resultado final ao obter votações maciças no Nordeste, no Amazonas, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

Em Minas Gerais, onde Dilma já vencera por uma margem folgada (46,98% a 30,76%), o empenho do ex-governador e senador eleito Aécio Neves (PSDB) no segundo turno não foi suficiente para evitar uma derrota. Até o fechamento, a petista marcava 58,4% contra 41,6% de Serra.

No Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral, o tucano, com 22,53%, ficara em terceiro no primeiro turno, atrás dos 31,52% de Marina Silva. Subiu 17 pontos percentuais, para 39,5%, enquanto Dilma avançou praticamente o mesmo, 16,74 pontos. Antes fizera 43,76%, ontem marcou 60,5%.

Só com o resultado do Rio e de Minas, Dilma praticamente compensou a desvantagem nos 11 Estados perdidos para Serra. O lucro veio do Amazonas e do Nordeste, onde a petista alcançou votações arrasadoras, justamente nos maiores colégios eleitorais. No Maranhão, Dilma teve seu maior percentual da região (79,09%), seguido por Ceará (77,35%), Pernambuco (75,65%) e Bahia (70,85%). Nestes quatro Estados, Dilma pôs uma vantagem de 9 milhões de votos sobre o adversário.

O Estado onde a futura presidente alcançou o seu melhor desempenho percentual foi o Amazonas, com 80,57% (o que significou 865 mil votos a mais que Serra). O melhor desempenho do tucano foi no Acre, com 69,69%.

Dilma Rousseff teve uma votação inferior a de seu padrinho, o presidente Lula, nos segundos turnos de 2002 e 2006. A petista conseguiu o terceiro melhor desempenho de um presidenciável nesta rodada de votação, desde 1989. Sua performance contra Serra foi pouco superior ao de Collor (53,03%) contra Lula (46,97%), há 21 anos, que permance como a eleição mais apertada desde a redemocratização.

(...)

Desconhecida da maior parte da população – nunca havia se candidatado a um cargo eletivo -Dilma Rousseff apareceu nas pesquisas durante muito tempo atrás de José Serra. Mas foi impulsionada pelo apoio do padrinho e fiador político. Lula conseguiu transferir para a candidata parte de sua enorme popularidade, a maior já registrada por um presidente da República.

José Serra vê frustrada pela segunda vez sua tentativa de ser presidente da República. O tucano teve diante da adversária um desempenho melhor do que o obtido contra Lula. No segundo turno de 2002, Serra fez 38,73%, contra 61,27% do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Cristian Klein/VALOR
E este orgulho paulista arrogante sobre os outros estados da federação também já saiu de moda. O estado de São Paulo tem tido sua participação no PIB nacional caindo a cada ano, sinal de que ele cresce menos que o resto do Brasil. Pode ainda ser um campeão, mas está perdendo terreno enquanto passa o tempo.

No momento não encontrei dados mais recentes, mas tem essa matéria de 2007:

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_N ... +PARA.html
Apesar de não retomar o patamar que tinha em 2002, São Paulo elevou em 0,8 ponto percentual sua participação no PIB brasileiro na comparação com 2004, segundo o levantamento Contas Regionais de 2005, divulgado nesta segunda-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2004, o estado tinha 33,1% de participação no PIB, passando para 33,9% em 2005. Apesar da evolução, o resultado ainda é inferior se comparado com 2002, quando São Paulo representava 34,6% da economia brasileira.
[img]http://g1.globo.com/Noticias/Economia_N ... 00.jpg[img]
Dados mais recentes mostram que boa parte do Brasil atualmente cresce mais do que São Paulo.

Agora, isso é uma coisa boa! Os paulistas que tem que parar com essa arrogância de achar que só São Paulo pode tem o direito de ser um lugar próspero no Brasil. Que é uma ilha cercada de ignorância e miséria por todos os lados.

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Re: Largada para 2010 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#1533 Mensagem por Pinter » 03 Nov 2010, 08:11

roladoce escreveu:
Pinter escreveu:Ah tá, a famosa "MATÉRIA PAGA".

:P
Ah! tá..

Video, com provas

http://www.youtube.com/watch?v=FgQSW2iN ... r_embedded

Até onde sei, matéria paga, é onde não há provas.....

Ae é uma cobra contundente!!

:razz:
---------

Matéria paga - leia-se:

Quem pagou pra aparecer na mídia e ter mais IBOPE foi o PSDB. E tb eles "Pagaram" essa favela.

Isso sim chamo de matéria paga, onde realmente paga-se para tirar proveito em benefício próprio.

Entendes agora?

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Re: Largada para 2010 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#1534 Mensagem por Carnage » 06 Nov 2010, 00:15

Hammermart escreveu:Deixo aqui uma previsão: Dilma será uma presidente de 1 só mandato, a coveira do PT. Quem viver verá.
Veremos se o Hammermart é melhor em suas previsões que o nosso colega sumido Peter North!

Porque o Peter previu que a crise econômica ia acabar com a frágil política do Lula
Previu que as montadoras ia amargar um desastre enorme
Previu que o desmprego ia acabar com o Brasil
Previu que o PT não ganharia nem eleição pra síndico no Rio Grande do Sul, o estado dele.
Previu que o PT certamente sairia do governo federal este ano.
Previu que o PT ia morrer como partido depois das eleições.

Ou seja, não foi muito feliz.

Aguardemos então.

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Carnage
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Re: Largada para 2010 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#1535 Mensagem por Carnage » 06 Nov 2010, 00:17

http://altamiroborges.blogspot.com/2010 ... ral-6.html
Dossiê Serra: hegemonia neoliberal (6)
Por Altamiro Borges


A eleição de 3 de outubro confirmou a hegemonia do PSDB em São Paulo. O candidato tucano ao governo estadual, Geraldo Alckmin, foi eleito no primeiro turno com 50,6% dos votos, ainda que num pleito mais difícil do que os anteriores. Com a campanha mais milionária entre os nove concorrentes, com gastos de R$ 15 milhões, ele governará o estado pela terceira vez – assumiu o governo em 2001, com a morte de Mário Covas, e voltou ao posto em 2002, quando se reelegeu.

Na disputa pelas duas vagas ao Senado, o partido surpreendeu ao eleger o ex-secretário Aloysio Nunes, numa campanha marcada por agressões rasteiras e grotescas manobras. O ex-governador Orestes Quércia, alegando problemas de saúde, retirou a sua candidatura para apoiar Aloysio. O sítio UOL, ligado ao jornal Folha, chegou a noticiar a “morte” do senador Romeu Tuma (PTB), o que foi interpretado pela própria família como uma jogada suja do comando tucano. Já na eleição para deputados federais e estaduais, a coligação que apóia o tucanato garantiu sua forte presença.

Um reduto do conservadorismo

A eleição paulista evidencia que a unidade mais importante da federação virou um reduto do conservadorismo. Os tucanos estão no comando do estado há pelo menos 16 anos, descontando o fato de que Franco Montoro foi eleito em 1982 pelo PMDB e depois ajudou a fundar o PSDB. O que explica esta longa hegemonia dos tucanos, que destoa do restante do país no qual se verifica uma tendência mais progressista na eleição. Quais as razões da ausência de alternância no poder?

No livro “Os ricos no Brasil”, o economista Marcio Pochmann comprova que São Paulo virou o paraíso dos rentistas e das camadas médias abastadas. Ele é hoje o principal centro da oligarquia financeira. Das 20 mil famílias que especulam com títulos da dívida pública, quase 80% reside no estado. Esta elite preconceituosa mora em condomínios de luxo, desloca-se em helicópteros (a segunda maior frota do mundo) e carros blindados (a maior frota do planeta), e consome em butiques de luxo, como a contrabandista Daslu.

Elite apartada do povo

Ela não tem qualquer identidade ou compromisso com o povo e vive apartada da dura realidade dos brasileiros. Esta elite ainda influência uma ampla camada média, que come mortadela e arrota caviar, e até uma parcela dos trabalhadores, que presta serviços aos ricaços – os agregados sociais. Esta base social é que dá sustentação e apoio ao bloco neoliberal-conservador, à aliança demotucana. São Paulo retrocedeu na história, lembrando o período da hegemonia da oligarquia do café, que fez oposição férrea à Revolução de 1930 e ao desenvolvimentismo de Vargas.

Afora esta base social sólida, o longo reinado tucano lançou tentáculos em todas as instâncias do poder. Como diz o refrão, “está tudo dominado”. O PSDB e seus satélites controlam com mãos de ferro a Assembléia Legislativa e já abortaram quase 100 pedidos de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Eles também exercem forte influência no Poder Judiciário, tendo nomeado inúmeros juízes oriundos das elites. No comando da máquina pública há tanto tempo, o tucanato estabeleceu relações privilegiadas e, muitas vezes, promíscuas com empreiteiras, indústrias e bancos – o que garante, entre outras vantagens, fartos recursos para as campanhas eleitorais.

PSDB é avesso à democracia

Neste cenário de rígido controle é difícil qualquer oposição. O tucanato é avesso à democracia. Os movimentos sociais são criminalizados, como provam as cenas de agressão aos professores e aos policiais civis em greve e a tentativa permanente de satanizar o MST. O sindicalismo sequer é recebido no Palácio dos Bandeirantes para negociar as suas demandas. Diante destes obstáculos autoritários, até hoje a oposição, no parlamento ou nas ruas, não encontrou a melhor forma de denunciar e se contrapor aos estragos e desmandos causados pelo PSDB-DEM em São Paulo.

A hegemonia tucana também se sustenta sobre o pilar da mídia. Apesar da maioria dos veículos estar sediada em São Paulo, jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão não cumprem seu papel de informar a sociedade sobre a realidade do estado. Diferente da postura adotada diante do governo Lula, a mídia evita destacar os pobres das administrações tucanas. Parece que São Paulo é um paraíso, onde tudo funciona bem – saúde, educação, segurança, transporte, etc. Os tucanos são blindados, parecem “santos”; não há manchetes sobre corrupção ou irregularidades.

Relações promíscuas com a mídia

Na prática, a mídia desempenha o papel de partido político da direita paulista. Nas eleições de outubro, ela se transformou num verdadeiro cabo-eleitoral de José Serra. O jornal Estadão até assumiu publicamente, em editorial, seu apoio ao demotucano. Outros veículos, como o jornal Folha, a revista Veja e a TV Globo, preferiram ludibriar os ingênuos com uma falsa neutralidade. Os graves problemas de São Paulo não foram tratados pela mídia durante a campanha eleitoral, para alegria de José Serra e Geraldo Alckmin.

Essa relação intima tem vários motivos. O principal é político. A mídia defende os interesses da elite e, por isso, ela toma partido. Mas há também motivos comerciais mais obscuros e sinistros. O tucanato paulista mantém uma relação promíscua com a mídia. É só lembrar que a sede central da TV Globo em São Paulo ocupou durante anos um terreno público, sem pagar um centavo de aluguel. Ou ainda que o governo tucano banca bilhões na aquisição de assinaturas de revistas da Editora Abril, a mesma que edita a Veja. Isto sem contar os bilhões investidos em publicidade.

http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-b ... -azul.html
O preconceito que se esconde por trás do mapa vermelho e azul

por Luiz Carlos Azenha


Nem de longe é uma tentativa majoritária. E a imensa maioria dos analistas tem dito isso: o mapa que divide o Brasil entre azul e vermelho não conta toda a história da escolha de Dilma Rousseff.

Mas o mapinha simplório e simplista serve aos que pretendem ligar Dilma Rousseff ao suposto “atraso” das regiões Norte e Nordeste. O preconceito sempre dá um jeito de reaparecer, sob outros disfarces.

Dilma teve 58% dos votos de Minas Gerais, mais de 60% dos votos do Rio de Janeiro, quase 50% dos votos no Rio Grande do Sul e quase 46% dos votos em São Paulo.

Se todos os votos dos dois candidatos no Nordeste fossem descartados, ainda assim Dilma venceria a eleição, mas dizer isso assim pode soar — ao gosto dos que semeiam preconceitos — como desqualificação do voto do nordestino.

Individualmente, os governadores Eduardo Campos, Jacques Vagner, Sergio Cabral, Cid Gomes, a família Sarney e o vice-presidente José Alencar foram os grandes cabos eleitorais de Dilma.

Quanto ao preconceito, foi o alimento de uma das candidaturas e não há de desaparecer assim, por encanto. Neste momento, serve às tentativas de “deslegitimar” o resultado das eleições.


Isso é revoltante!!!

http://altamiroborges.blogspot.com/2010 ... colhe.html
Serra plantou ódio; país colhe preconceito
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:


O vídeo que reproduzo abaixo é de revirar o estômago. Mas faz um bem danado: lança luz sobre um Brasil que muitas vezes não gostamos de ver. O Brasil do ódio.

http://www.youtube.com/watch?v=tCORsD-hx0w

A campanha conservadora movida pelos tucanos, a misturar religião e política, trouxe à tona o lodo que estava guardado no fundo da represa. A lama surgiu na forma de ódio e preconceito. Muita gente gosta de afirmar: no Brasil não há ódio entre irmãos, há tolerância religiosa. Serra jogou isso fora. A turma que o apoiava infestou a internet com calúnias. E, agora, passada a eleição, o twitter e outras redes sociais são tomadas por manifestações odiosas.

Como se vê no vídeo acima, não foi só a tal Mayara (estudante de Direito!!!) que declarou ódio aos nordestinos. Há muitos outros. Com nome, assinatura. É fácil identificar um por um. E processar a todos! O Ministério Público deveria agir. A Polícia Federal deveria agir.

E nós devemos estar preparados, porque Serra fez dessas feras da direita a nova militância tucana. Jogou no lixo a história de Montoro e Covas. Serra cavou a trincheira na direita. E o Brasil agora colhe o resultado da campanha odiosa feita por Serra.

Desde domingo, muita gente já fez as contas e mostrou: Dilma ganharia de Serra com ou sem os votos do Nordeste. Não dei destaque a isso porque acho que é – de certa forma – uma rendição ao pensamento conservador. Em vez de dizer que Dilma ganhou “mesmo sem o Nordeste”, deveríamos dizer: ganhou – também – por causa dos nordestinos. E qual o problema?

E deveríamos lembrar: Dilma ganhou também com o voto de quase 60% dos mineiros e dos moradores do Estado do Rio. E ganhou com quase metade dos votos de paulistas e gaúchos.

Parte da imprensa – que, como Serra, não aceita a derrota e tenta desqualificar a vitoriosa - insiste no mapinha ”Estados vermelhos no Norte/Nordeste x Estados azuis no Sul/Sudeste”. O interessante é ver a votação por municípios, e não por Estados: há imensas manchas vermelhas nesse Sul/Sudeste que alguns gostariam de ver todo azulzinho.

No Sul e no Sudeste há muita gente que diz: “não ao ódio”. Se essa turma de mauricinhos idiotas quiser brincar de separatismo, vai ter que enfrentar não apenas o bravo povo nordestino. Vai ter que enfrentar gente do Sul e Sudeste que não aceita dividir o Brasil.

Serra do bem tentou lançar o Brasil no abismo. Não conseguiu. Mas deu combustível para esses idiotas. Caberá a nós enfrentá-los. Com a lei e a força dos argumentos.

http://altamiroborges.blogspot.com/2010 ... to-da.html
Voto dos nordestinos e preconceito da elite
Por Altamiro Borges


A elite brasileira realmente é asquerosa. Ela esbanja preconceitos - de gênero, étnico e, principalmente, de classe. Uma camada que "se acha" pertencente à elite burguesa - a classe "mérdia", que come mortadela, mas arrota caviar - ainda esbanja burrice. Parece que nem sabe fazer conta de somar. É preguiçosa e tacanha.

A partir do histórico resultado das eleições de domingo, alguns fascistas recalcados passaram a usar a internet para atacar o "voto dos nordestinos". Através das redes sociais, em especial do twitter, os frustrados com a derrota do candidato da elite, o demotucano José Serra, eles destilam ódio de classe e pregam o separatismo.

"Mate um nordestino afogado"

Para os novos fascistinhas, a vitória de Dilma Rousseff foi "culpa dos nordestinos". O ataque é tão violento que resultou na criação da hashtag #nordestisto, que ganhou os Trending Topics do Twitter e ficou no topo da lista de assuntos mais comentados durante toda a manhã desta segunda-feira.

A expressão “nordestisto” parece ter origem na mensagem de um internauta paulista, que pregou a violência contra os nordestinos que migraram para São Paulo. Ele rosnou: “Nordestisto não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!“.

O covarde agora é "inexistente"

Diante do risco da abertura de um processo criminal por preconceito, a conta do covarde foi apagada e agora aparece como “inexistente” no Twitter. Perfis do mesmo usuário em outras redes sociais também foram bloqueados para acessos de pessoas que não fizessem parte de sua rede direta de "amigos".

Sua mensagem, porém, estimulou os piores instintos. Vários tweets com a hashtag #nordestisto reforçaram o ódio. Um deles esbravejou: "Só nordestinos fdp pra vota na Dilma! Nordestino num serve pra nada de util. Vem pra SP enche o saco e vota na merDilma". Outro rosnou: "Nodestisto. Porque nao criam um país próprio pra eles? Assim poderão eleger o bandido que quiserem".

Fascistas não sabem contar

A baixaria fascista gerou rápida resposta na internet. Muitos nordestinos reagiram indignados. "O Brasil nasceu aqui e tenho orgulho de ser nordestina", afirmou uma internauta. Outro lamentou: "Cada gota de ódio destilada na tag #nordestisto só faz aumentar o orgulho de ser o que sou. Tenho pena de vocês". A reação não se deu apenas no Nordeste. Paulistas civilizados também rechaçaram o ódio racista.

Rápida leitura no mapa da pleito prova que os fascistinhas, além de preconceituosos, são burrros. Dilma Rousseff não ganhou apenas por causa dos votos do Nordeste. Os nordestinos apenas aumentaram a vantagem que a futura presidente obteve no resto do País. Considerando o Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, ela somou 1.873.507 votos a mais do que o tucano José Serra. Dilma venceria sem os votos do Nordeste.

Mesmo no Sudeste, que a elite racista pensa ser dona, a petista teve 1.630.614 de votos a mais do que o demotucano. Embora Serra tenha obtido 1.846.036 de votos a mais em São Paulo, ele perdeu no segundo e no terceiro maiores colégios eleitorais do país, Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente com saldo negativo de 1.797.831 e 1.710.186.

http://www.portalctb.org.br/site/index. ... e&id=11786
OAB-PE vai à Justiça contra ofensas a nordestinos no Twitter
03/11/2010


A seção Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entrar com uma representação criminal na Justiça de São Paulo contra a onda de ataques aos nordestinos divulgada por meio do Twitter após a eleição de Dilma Rousseff.
No domingo à noite — logo após o anúncio da vitória de Dilma, sobre o candidato demo-tucano, José Serra — usuários da rede de microblogs começaram a postar mensagens ofensivas aos nordestinos, relacionando o resultado à boa votação de Dilma no Nordeste.

A representação da OAB-PE é contra a estudante de Direito Mayara Petruso, de São Paulo, uma das responsáveis pelo início dos ataques.

Segundo o presidente da OAB-PE, Henrique Mariano, Mayara deverá responder por crime de racismo (pena de dois a cinco anos de prisão, mais multa) e incitação pública de prática de crime (cuja pena é detenção de três a seis meses, ou multa), no caso, homicídio.

Entre as mensagens postadas pela universitária, há frases como: "Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!".

“São mensagens absolutamente preconceituosas. Além disso, é inadmissível que uma estudante de Direito tenha atitudes contrárias à função social da sua profissão. Como alguém com esse comportamento vai se tornar um profissional que precisa defender a Justiça e os direitos humanos?”, diz Mariano.

Xenofobia na rede

Em julho deste ano, a seção pernambucana da Ordem já havia prestado queixa à Polícia Federal contra pelo menos dez usuários do Twitter, por mensagens ofensivas aos nordestinos após as enchentes na região.

“Essas redes sociais são meios de comunicação de alcance nacional, e crimes que ocorram nelas são de ordem federal. São ofensas que atingem a todos os nordestinos, existe um direito difuso aí sendo desrespeitado” completa Mariano, para quem o nível agressivo da campanha pela internet este ano, apesar de não justificar os ataques, pode tê-los estimulado.

No domingo, usuários do Twitter insatisfeitos com a vitória de Dilma começaram a postar frases como "Tinham que separar o Nordeste e os bolsas vadio do Brasil" e "Construindo câmara de gás no Nordeste matando geral".

Como reação, outros usuários passaram a gerar uma onda de mensagens com "#orgulhodesernordestino", hashtag que ficou entre os primeiros lugares no ranking mundial de temas mais citados no Twitter.

Com agências


http://altamiroborges.blogspot.com/2010 ... e-vai.html
Auschwitz brasileira: você vai?
Reproduzo artigo enviado pelo internauta Mauro Carrara:


Durante a II Guerra Mundial, milhões de judeus foram enviados a campos de concentração e extermínio pelo governo nazista de Adolf Hitler. No entanto, no principal complexo da morte, Auschwitz-Birkenau, na Polônia, foram encarcerados também membros da resistência democrática, intelectuais, artistas, religiosos, elementos considerados anti-sociais, ciganos e homossexuais.

Cidadãos alemães, poloneses, franceses, italianos, russos e de outras nacionalidades, inclusive crianças e idosos, encontraram ali a angústia de seus últimos dias. Pelo menos 2 milhões de seres humanos foram mortos nessas instalações. Muitos pereceram nas câmaras de gás, envenenados pelo pesticida Zyklon B.

Não por acaso, o sistema remete à campanha informal “afogue um nordestino”, em curso nas redes sociais virtuais brasileiras, movida por militantes da candidatura derrotada de José Serra à presidência da República.

A autora da proposta é a estudante de Direito paulista Mayara Petruso, para quem os nordestinos são “vagabundos” que “fazem filho” para receber benefícios do programa Bolsa Família.

De acordo com os seguidores do grupo, como Maxi Franzoi, ativo no Twitter, a perseguição é legítima. Segundo o jovem, as nordestinas “nem banho tomam” e não há chuveiros instalados na região.

A campanha de perseguição aos diferentes movida pela juventude tucana, porém, alcança outros grupos minoritários divergentes.

Amarela azeda e aleijado FDP

Na comunidade Brasil (1,3 milhão de membros), da rede Orkut, por exemplo, a professora sansei Marina Okuhara, procurava argumentar civilizadamente em favor das políticas de distribuição de renda no Brasil quando foi chamada de “amarela azeda”, “vaca oriental sem bunda” e intimada a deixar o Brasil e se mudar para a “Coreia do Norte”.

Agressões e graves ameaças também têm sido registradas contra nortistas (os “índios burros”, como escreveu um simpatizante de José Serra no Twitter), cariocas, mineiros, bolivianos, homossexuais, deficientes físicos, negros e obesos.

Na rede Orkut, o termo “aleijado filho da puta tem que virar sabão” foi utilizado várias vezes, entre risadas escritas, contra um estudante portador de necessidades especiais que defendia a candidatura de Dilma Rousseff.

Nas rotulagens padronizadas por esses grupos, cariocas são “traficantes e prostitutas”, mineiros são “comedores de pão de queijo vendidos”, bolivianos são “sub-raça que infecta São Paulo”, homossexuais são “pecadores aidéticos” a serem eliminados, deficientes são “estorvos”, negros são “indolentes” (embora muitos revoltosos afirmem até mesmo conversar “normalmente” com eles) e obesos compõem a “escória da raça”.

O último tipo de classificação gerou até mesmo um novo “esporte” universitário. Na Unesp, um grupo de alunos instituiu o chamado “Rodeio das Gordas”, que também ganhou uma comunidade na rede Orkut e inúmeras adesões no Twitter.

Durante uma festa, os rapazes saltavam sobre as costas das garotas consideradas obesas e as dominavam por estrangulamento. Diante do desespero das vítimas, os “cowboys” berravam: “pula, pula, gorda bandida”.

Logicamente, os esquerdistas recebem um tratamento especial na Internet. Nomeados “comunistas de merda”, devem se transferir para Cuba ou para o Vietnã. Frequentemente recebem ameaças físicas.

O Blog da Cidadania, de Eduardo Guimarães, por exemplo, registrou logo após as eleições um “aviso” do gênero, escrito por um certo Ruiz:

- Vocês estão fudidos, nem que a gente tenha que quebrar vocês na rua… só no taco de baseball e se vier é melhor cair dentro neném, que aqui não tem perdão

Esses movimentos têm umbilical relação com as campanhas movidas pelas tropas de choque virtuais da candidatura do PSDB à presidência. Um olhar mais atento atestará que os animadores das gangues da intolerância estiveram empenhados na propaganda tucana.

Sabe-se, portanto, de onde vem essa educação para a hostilidade. Os exemplos de cima são muitos e variados, capazes de gerar e consolidar uma cultura de intransigência e ódio.

Em 2005, num evento com empresários, por exemplo, o político catarinense Jorge Bornhausen, do atual DEM, foi questionado sobre um suposto desencanto com a política. E respondeu da seguinte forma:

- Desencantado? Pelo contrário. Estou é encantado, porque estaremos livres dessa raça pelos próximos 30 anos.

Em 2006, numa entrevista ao SPTV, da Rede Globo, o então candidato tucano ao governo paulista foi interrogado pelos apresentadores sobre as causas do péssimo desempenho da educação no Estado mais rico do país.

Sem titubear, Serra colocou a culpa nos migrantes e ainda deturpou os dados sobre movimentação populacional interna, alegando que “muita gente continua chegando” a São Paulo.

Com a derrota nas urnas no dia 31 de Outubro, os guerreiros do atraso, influenciados pela TPF, pela Opus Dei, pela Tribuna Nacional, pelos monarquistas e pela ala reacionária e golpista do episcopado brasileiro, revelam-se decididos a manter a cruzada pela desestabilização do país.

Portanto, muito cuidado, especialmente se você ousou votar em Dilma, se está entre os 49% de gaúchos e 46% de paulistas “vermelhos”, se simpatiza com a esquerda, se tem princípios humanistas, se segue a lição do verdadeiro Cristo, se é nordestino, se é nortista, se é carioca, se é mineiro, se ainda vive de maneira humilde, se foi beneficiado pelo Prouni, se é oriental, se é afro-descendente, se é ameríndio, se sua família tem origem em outro país latino, se é contrário à entrega de Itaipu e Petrobrás aos amigos de FHC e também se ganhou uns quilinhos a mais...

Em cada esquina virtual, tem uma Auschwitz a sua espera. E o Hélio Bicudo continua calado.

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Carnage
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Re: Largada para 2010 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#1536 Mensagem por Carnage » 06 Nov 2010, 00:21

http://www.cartacapital.com.br/politica ... poia-serra
Até o papa apoiou Serra
Mino Carta 2 de novembro de 2010 às 17:53h

Dilma Rousseff, a eleita, teve de enfrentar a campanha mais feroz contra um candidato à Presidência na história do Brasil


Temos uma mulher na Presidência da República, primeira na história do
Brasil. E que uma mulher chegue a tanto já é notícia extraordinária.
Levo em conta a preocupação do Datafolha a respeito da presença feminina no tablado eleitoral: refiro-me à pergunta específica contida na sua pesquisa, sempre aguardada com ansiedade pelo Jornal Nacional e até pelo Estadão. A julgar pelo resultado do pleito, Dilma Rousseff representa entre nós a vitória contra o velho preconceito pelo qual mulher só tem serventia por certos dotes que a natureza generosamente lhe conferiu.

Para CartaCapital a eleição de Dilma Rousseff representa coisas mais.

A maioria dos eleitores moveu-se pelas razões que nos levaram a apoiar a candidata de Lula desde o começo oficial da campanha. Em primeiro lugar, a continuidade venceu porque a nação consagra os oito anos de bom governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Inevitável foi o confronto com o governo anterior de Fernando Henrique Cardoso, cujo trunfo inicial, a estabilidade, ele próprio, príncipe dos sociólogos, conseguiu pôr em risco.

Depois de Getúlio Vargas, embora manchada a memória pelo seu tempo de ditador, Lula foi o único presidente que agiu guiado por um projeto de país.

Na opinião de CartaCapital, ele poderia ter sido às vezes mais ousado em política social, mesmo assim mereceu índices de popularidade nunca dantes navegados e seu governo passou a ser fator determinante do êxito da candidata.

A comparação com FHC envolve também a personalidade de cada qual. Por exemplo: o professor de sociologia é muito menos comunicativo do que o ex-metalúrgico, sem falar em carisma. Não se trata apenas de um dom natural, e sim da postura física e da qualidade da fala, capaz de
transmitir eficazmente ideias e emoções. Lembraremos inúmeros discursos de Lula, de FHC nenhum.

Outra diversidade chama em causa a mídia nativa. Fascinada, sempre
esteve ao lado de FHC, inclusive para lhe esconder as mazelas.

Vigorosa intérprete do ódio de classe em exclusivo proveito do privilégio, atravessou oito anos a alvejar o presidente mais amado da história pátria. Quando, ao dar as boas-vindas aos 900 convidados da festa da premiação das empresas e dos empresários mais admirados no Brasil, ousei dizer que o mensalão, como pagamento mensal a parlamentares, não foi provado para desconforto da mídia, certo setor da plateia esboçou um começo de vaia. Calou-se quando o colega Paulo Henrique Amorim ergueu-se ao grito de “Viva Mino!” Os fiéis da tucanagem não primam pela bravura.

Pois Dilma Rousseff teve de enfrentar esta mídia atucanada, a reeditar o udenismo de antanho em sintonia fina com seus heróis. Deram até para evocar o passado da jovem Dilma, “guerrilheira” e “terrorista”. Como de hábito, apelaram para a má-fé para explorar a ignorância de um povo que, infelizmente, ainda não conhece a sua história, e que não a conhece por obra e graça sinistra de uma minoria a sonhar com um país de 20 milhões de habitantes e uma democracia sem demos.

Nos porões do regime dos gendarmes da chamada elite, Dilma Rousseff­ foi encarcerada e brutalmente torturada. Poderia ter sofrido o mesmo fim de Vlado Herzog, que os jornalistas não se esquecem de recordar todo ano.

Mas a hipocrisia da mídia não tem limites, com a contribuição da
ferocidade que imperou na internet ao sabor da campanha de ódio nunca tão capilar e agressiva. E na moldura cabe à perfeição a questão do aborto, praticado à vontade pelas privilegiadas e, ao que se diz, pela própria esposa de José Serra, e negado às desvalidas.

Até o papa alemão a presidente recém-eleita teve de enfrentar. Ao se
encontrar já nos momentos finais da campanha com um grupo de bispos nordestinos, Ratzinger convidou-os a orientar os cidadãos contra quem não respeita a vida, clara referência à questão que, lamentavelmente, invadiu as primeiras páginas, as capas, os noticiários da tevê. Parece até que Bento XVI não sabe que o Vaticano fica na Itália, onde o aborto foi descriminalizado há 40 anos.
Mino Carta


http://www.conversaafiada.com.br/brasil ... dozo-pode/
Lula não quer Malocci no Palácio.
E o Cardozo pode ?


Diz a manchete do Globo:

Lula não quer Malocci na Casa Civil nem na equipe econômica.

O Conversa Afiada recebe a notícia com regozijo.

(Embora duvide que o Lula venha a mandar no Governo da Dilma. Nenhum dos dois quer.)

E há muito tempo este ordinário blogueiro não aplaude o Globo com tanto entusiasmo.

Antonio Malocci foi o único Ministro da Fazenda do Brasil, desde Delfim Netto no Governo Médici, que este ordinário blogueiro não entrevistou.

Jamais conseguiu uma mísera entrevista, ainda que por telefone com o Ministro Malocci.

Sabe por que, amigo navegante ?

Porque este ordinário avisava ao assessor de imprensa do notável ministro Malocci que pretendia fazer singela pergunta: por que o senhor mantém na presidência da CVM, o órgão xerife do mercado de capitais, o escolhido por Fernando Henrique, Luis Leonardo Cantidiano, sócio de Daniel Dantas ?

Por que mantê-lo ? , queria saber este ordinário blogueiro.

Muitas e muitas vezes este ordinário blogueiro solicitou entrevista a Marcelo Netto, conhecido assessor de imprensa do Ministro Malocci.

Inútil.

Malocci só não deu mais entrevistas à urubóloga Miriam Leitão do que o Malan, propriamente dito.

Malocci é pior que o Serra: não pode ver um repórter da Globo.

Além de ser (inútil) colonista (*) do Globo (como ele escreve mal !).

Entrevista a este ordinário blogueiro, jamais !

Além de manter Cantidiano até o fim do mandato, Malocci nomeou para o lugar uma pessoa de confiança de Cantidiano, Marcelo Trindade, advogado de Cantidiano em ação que move contra o corajoso jornalista Rubens Glasberg.

Estranho, não, amigo navegante ?

Este ordinário blogueiro tem a séria desconfiança de que o notável Ministro Malocci, o quindim de Iaiá dos banqueiros, nutra por Daniel Dantas (e os advogados de Dantas, caríssimos !) a mesma avaliação do Fernando Henrique: “brilhante ! ”.

Clique aqui para ler o necrológio que Mino Carta fez de FHC na Carta Capital.

Se o Malocci não pode, o José Eduardo Cardozo pode ?

José Eduardo Cardozo não se candidatou à reeleição a deputado federal pelo PT de São Paulo porque, talvez, desconfiasse que não fosse eleito.

E se proclamou Papagaio de Pirata de Dilma.

Sobre isso, no post “Dilma chora ao agradecer a Lula”, o Conversa Afiada já se manifestou:

Em tempo: confirmou-se hoje a entronização do ex deputado José Eduardo Cardozo na função de Papagaio de Pirata da Presidenta Dilma.

Ela de branco e, mais alto, ele de preto, atrás, levemente deslocado para que seu rosto pudesse ser sempre captado.

Ali, o Papagaio arrumava o cabelo e fazia o queixo repousar sobre a mão.

Dialogava com a platéia e tirava a atenção da Presidenta.

A Nação agradeceria se essa função fosse abolida, a de Papagaio de Pirata.

Na sucessão de Marcio Thomaz Bastos, chegou-se a falar em Cardozo para Ministro da Justiça de Lula.

Este ordinário blogueiro sentenciou: se isso acontecesse, Cardozo nomearia Daniel Dantas Diretor Geral da Polícia Federal,

Na CPI dos Correios, Cardozo fez uma pergunta tão inútil quanto complexa, o que permitiu a Daniel Dantas dar uma resposta tão complexa quanto inútil.

E tirar o pescoço da forca.

Foi uma pergunta igualmente “dura” e cúmplice.

Há no passado de Cardozo uma zona cinzenta: a que encobre a compra da empresa de telecomunicação do Rio Grande do Sul por Daniel Dantas, nos “porões da privataria”, como diz o Amaury Ribeiro Jr.

Depois, houve o inesquecível jantar árabe (?) na casa do então senador Heráclito Fortes, líder da Bancada Dantas.

Daniel Dantas promoveu o jantar para dizer pessoalmente ao Ministro Thomaz Bastos que não era o autor da reportagem de Marcio Aith – assessor de Serra – com a conta secreta de Lula num paraíso fiscal.

(Depois a própria Veja confessou que ele, Dantas, escreveu a chamada reportagem a quatro mãos com Aith.)

Quem estava no jantar, para referendar o rega-bofe sinistro ?

O deputado Cardozo !

Por que o Heráclito chamou o Cardozo ?

Por que não chamou a Luiza Erundina ?

O deputado Walter Pinheiro, agora Senador pela Bahia, e que também entende de Comunicação, como a Erundina ?

Por que logo o Cardozo ?

Quando o Conversa Afiada disse que Cardozo nomearia Dantas Diretor Geral da Policia Federal, Cardozo me procurou na Câmara dos Deputados.

Reclamou, reclamou.

Este ordinário blogueiro explicou, como agora, por que tinha dito aquilo.

Cardozo ficou de mandar uma nota de esclarecimento.

Não chegou até hoje.

Ah !, esse Correio !

Paulo Henrique Amorim



(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.


http://www.estadao.com.br/noticias/naci ... 3410,0.htm
‘Até logo’ de Serra desagrada a tucanos, que defendem renovação no partido
Integrantes do PSDB avaliam que ele foi personalista e não ajudou a promover os novos passos da legenda
01 de novembro de 2010 | 20h 31

Roberto Almeida e Julia Duailibi, de O Estado de S.Paulo


SÃO PAULO - A declaração do candidato derrotado à Presidência da República, José Serra (PSDB), que em discurso sobre o resultado de anteontem disse que não dava um "adeus", mas um "até logo", causou polêmica entre tucanos e aliados, que reservadamente defendem uma renovação dos quadros da oposição nos próximos anos.

Serra, ao reconhecer a vitória da candidata do PT, Dilma Rousseff, sinalizou que não sairá da vida pública, embora não tenha mencionado se pretende voltar a disputar algum cargo eletivo. Houve repercussão negativa da declaração junto a aliados que se incomodaram com a frase "o povo não quis que fosse agora", usada por ele para falar da derrota.

No bastidor, integrantes do PSDB avaliam que Serra foi personalista na colocação e não promoveu o que deveriam ser os novos passos do partido, no momento em que sofre a segunda derrota na disputa pela Presidência da República. Há uma cobrança pela reconstrução do PSDB e a adoção imediata de uma bandeira para defender, como a reforma política, durante os quatro anos de administração Dilma.

Na visão desses tucanos, o posicionamento de Serra manifestado ontem impede a criação de um novo canal de interlocução com a sociedade, o que, segundo eles, pode ser decisivo para o fortalecimento da legenda e da oposição no País. E questionam qual espaço político será utilizado pelo candidato derrotado para ser um "militante produtivo".

O pano de fundo para o descontentamento interno de parte do PSDB é a briga, ainda discreta, por espaço político na legenda. Os principais protagonistas dessa disputa velada são os serristas e os entusiastas do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do senador eleito Aécio Neves (MG).

Com musculatura política renovada, Alckmin tem pela frente uma nova geração de tucanos, além de colaboradores tradicionais, que defendem o seu nome como principal liderança no Estado. Do lado mineiro, há descontentamento com a supremacia paulista na escolha dos presidenciáveis, além do entendimento de que São Paulo perdeu a vez com as duas derrotas de Serra e a de Alckmin, em 2006.

Tucanos serristas culpam Aécio pela derrota na eleição, já que o mineiro não conseguiu obter a vitória de Serra em seu Estado, apesar de ter emplacado um "novato" em eleições, o seu ex-vice e agora governador Antonio Anastasia, que conseguiu se reeleger. No discurso de anteontem, Serra não citou Aécio, mas conversou com ele por telefone à noite.

Para tentar evitar que o partido rache, como ocorreu às vésperas da disputa presidencial deste ano, com a indefinição em torno de quem seria o presidenciável, Serra ou Aécio, o presidente nacional do PSDB, senador Sergio Guerra (PE), tem defendido que a escolha do nome que disputará a Presidência da República em 2014 deve ser feita nos próximos dois anos.

Discurso

Para aliados de Serra, o discurso de ontem foi importante para mandar um sinal para o eleitor que o escolheu."Serra demonstrou responsabilidade com as pessoas que votaram nele. Elas não podem ser esquecidas", afirmou o deputado Jutahy Junior (BA). "A realidade é que Serra tem mais de 40 anos de vida pública. Não tem motivo para abandonar isso, o que não significa, necessariamente, disputar um cargo eletivo. Fiquei satisfeito de ver que ele continuará na vida pública. É muito bom ver que alguém como ele está disposto a isso", completou o tucano.

Um dos coordenadores da campanha de Serra, José Henrique Reis Lobo, que reassumirá nesta semana a presidência do diretório municipal do partido, avalia que, em seu discurso, Serra "assumiu a tarefa de ser uma das lideranças da oposição". "Ele vai ser uma das grandes expressões e um oráculo das oposições, não só em estratégia, como em discurso", afirmou Lobo.

O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), disse que "não se pode exigir um discurso perfeito", no momento em que o candidato derrotado foi falar da derrota. "Foi um discurso que demonstrou sua maturidade aos 68 anos e experiência. Se deixou de citar um ou outro, é porque não estavam presentes", declarou.

http://www.jblog.com.br/politica.php?itemid=24344
Os perigos da soberba

03/11/2010

Mauro Santayana


Se o homem é a sua circunstância, a circunstância de José Serra é São Paulo. É conhecido o orgulho do grande estado, com desenvolvimento econômico que supera o de numerosos países europeus, sua cultura cosmopolita, e a oportunidade de realização pessoal de muitos dos que procuram ali a sua sorte. Todas essas qualidades do povo de São Paulo distanciam o estado do resto do país. Talvez por isso mesmo, as suas elites, ressalvadas as exceções, não saibam exatamente o que é o Brasil. Para isso, teriam que aceitá-lo. Da Avenida Paulista se vê melhor a City e a Place de la Bourse; seus telefones chamam mais Hong Kong e Shangai do que Aracaju e São Gabriel da Cachoeira. É provável que não seja exatamente assim, mas muitos paulistas dão ao resto do Brasil a impressão de que se sentem incomodados com a companhia dos demais estados.

Ainda agora estamos assistindo a uma dolorosa e inusitada campanha racista na internet, a partir de São Paulo, contra os nordestinos, a propósito da grande vitória de Dilma na região, embora os resultados eleitorais demonstrem que ela teria sido vitoriosa, mesmo que as eleições só ocorressem fora do Nordeste. A campanha ressuscita os fantasmas de 32, ao pregar, criminosamente, o separatismo. Esqueçamos, a fim de não turbar o raciocínio, a verdade de que São Paulo não se fez só: a inteligência, o trabalho e mesmo o capital dos demais brasileiros e dos imigrantes europeus ajudaram a erguer a sua economia.

Como a circunstância de José Serra é a que apontamos, temos a explicação para o desastrado pronunciamento que fez, diante da derrota. Faltou-lhe, naquele momento, a elegância que se espera dos grandes homens. Ele desdenhou o esforço feito – e reconhecido em todo o país – por Aécio, simplesmente ignorando-o. Agora, os mineiros se sentem outra vez afrontados.

Como Jânio, Serra falou em “forças terríveis”, anunciou, com suas metáforas, que continua candidato, falou em trincheiras, afirmou que o povo “não quis que fosse agora” e despediu-se com um “até breve”.

Alguns estão atribuindo a Aécio a derrota de Serra, embora o ex-governador de Minas tenha constrangido grande parte dos mineiros, ao solicitar votos a favor de quem os desdenhara, ao recusar a disputa democrática com Aécio junto às bases do PSDB. Aécio pode ter perdoado a Serra a aleivosia, mas os mineiros, não. E não se esqueça que Dilma nasceu em Belo Horizonte.

Espera-se que, passados os dias mais amargos do malogro eleitoral, José Serra recobrará a serenidade e entenderá que a sua biografia pode encerrar-se, sem nenhum desdouro, mesmo que não chegue à Presidência. Ele prestou assinalados serviços ao país, como líder estudantil, parlamentar e ministro da Saúde, e particularmente a São Paulo, como prefeito e governador, não obstante sua cumplicidade nas privatizações e na abertura do mercado financeiro. Para que volte a candidatar-se, é preciso que se dedique a conhecer realmente o Brasil. Conhecer não é visitar uma cidade ou outra, por algumas horas. É aceitar sua humanidade, ler os seus escritores, assimilar a fantástica sabedoria do povo, enfim, participar de seus sonhos, solidarizar-se e comover-se com seus sofrimentos – enfim, integrar-se em sua realidade.

Terminada a campanha, à vencedora cabe tomar a iniciativa de cicatrizar divergências sem a necessidade de compor interesses rasteiros por baixo de uma retórica elevada. Se São Paulo se orgulha em destacar-se do Brasil pela sua pujança econômica, Minas integra o todo brasileiro com alegria e sem qualquer constrangimento. Minas é o centro-oeste na margem esquerda do São Francisco; é o Nordeste nas duas margens do Jequitinhonha e na fronteira setentrional com a Bahia; é quase atlântica na Zona da Mata e no baixo Rio Doce. O conflito é entre a parcela mais soberba das elites paulistas e o resto do país.

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Re: Largada para 2010 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#1537 Mensagem por Carnage » 06 Nov 2010, 00:22

http://www.cartacapital.com.br/destaque ... o-de-dilma
Três mitos sobre a eleição de Dilma
Marcos Coimbra 1 de novembro de 2010 às 11:20h


Enquanto o País vai se acostumando à vitória de Dilma Rousseff, uma nova batalha começa. Nem é preciso sublinhar quão relevante, ojetivamente, é o fato de ela ter vencido a eleição, nas condições em que aconteceu. Ela é a presidente do Brasil e, contra este fato, não há argumentos.

Sim e não. Porque, na política, nem sempre os fatos e as versões coincidem. E as coisas que se dizem a respeito deles nos levam a percebê-los de maneiras muito diferentes.

Nenhuma versão muda o resultado, mas pode fazer com que o interpretemos de forma equivocada. Como consequência, a reduzir seu significado e lhe diminuir a importância. É nesse sentido que cabe falar em nova batalha, que se trava em torno dos porquês e de como chegamos a ele.

Para entender a eleição de Dilma, é preciso evitar três erros, muito comuns na versão que as oposições (seja por meio de suas lideranças políticas, seja por seus jornalistas ou intelectuais) formularam a respeito da candidatura do PT desde quando foi lançada. E é voltando a usá-los que se começa a construir uma versão a respeito do resultado, como estamos vendo na reação da mídia e os “especialistas” desde a noite de domingo.

O “economicismo”

O primeiro erro a respeito da eleição de Dilma é o mais singelo. Consiste em explicá-la pelo velho bordão “é a economia, estúpido!” É impressionante o curso que tem, no Brasil, a expressão cunhada por James Carville, marqueteiro de Bill Clinton, quando quis deixar clara a ênfase que propunha para o discurso de seu cliente nas eleições norte-americanas de 1992. Como o país estava mal e o eleitorado andava insatisfeito com a economia, parecia evidente que nela deveria estar o foco do candidato da oposição.

Era uma frase boa naquele momento, mas só naquele. Na sucessão de Clinton, por exemplo, a economia estava bem, mas Al Gore, o candidato democrata, perdeu, prejudicado pelo desgaste do presidente que saía. Ou seja, nem sempre “é a economia, estúpido!” Aqui, as pessoas costumam citar a frase como se fosse uma verdade absoluta e a raciocinar com ela a todo momento. Como nas eleições que concluímos, ao discutir a candidatura Dilma. É outra maneira de dizer que os eleitores votaram nela “com o bolso”. Como se nada mais importasse. Satisfeitos com a economia, não pensaram em mais nada. Foi o bolso que mandou.

Esse reducionismo está equivocado. Quem acompanhou o processo de decisão do eleitorado viu que o voto não foi unidimensional. As pessoas, na sua imensa maioria, votaram com a cabeça, o coração e, sim, o bolso, mas este apenas como um elemento complementar da decisão. Nunca como o único critério (ou o mais importante).

A “segmentação”

O segundo erro está na suposição de que as eleições mostraram que o eleitorado brasileiro está segmentado por clivagens regionais e de classe. Tipicamente, a tese é de que os pobres, analfabetos, moradores de cidades pequenas, de estados atrasados, votaram em Dilma, enquanto ricos, educados, moradores de cidades grandes e de estados modernos, em Serra.

Ainda não temos o mapa exato da votação, com detalhe suficiente para testar a hipótese. Mas há um vasto acervo de pesquisas de intenção de voto que ajuda.

Por mais que se tenha tentado, no começo do processo eleitoral, sugerir que a eleição seria travada entre “dois Brasis”, opondo, grosso modo, Sul e Sudeste contra Norte, Nordeste e Centro-Oeste, os dados nunca disseram isso. Salvo no Nordeste, as distâncias entre eles, nas demais regiões, nunca foram grandes.

Também não é verdade que Dilma foi “eleita pelos pobres”. Ou afirmar que Serra era o “candidato dos ricos”. Ambos tinham eleitores em todos os segmentos socioeconômicos, embora pudessem ter presenças maiores em alguns do que em outros.

As diferenças no comportamento eleitoral dos brasileiros dependem mais de segmentações de opinião que de determinações materiais. Em outras palavras, há tucanos pobres e ricos, no Norte e no Sul, com alta e com baixa escolaridade. Assim como há petistas em todas as faixas e nichos de nossa sociedade.Dilma venceu porque ganhou no conjunto do Brasil e não em razão de um segmento.

O “paternalismo”

O terceiro erro é interpretar a vitória de Dilma como decorrência do “paternalismo” e do “assistencialismo”. Tipicamente, como pensam alguns,como fruto do Bolsa Família.

Contrariando todas as evidências, há muita gente que acha isso na imprensa oposicionista e na classe média antilulista. São os que creem que Lula comprou o povo com meia dúzia de benefícios. As pesquisas sempre mostraram que esse argumento não se sustenta. Dilma tinha, proporcionalmente, mais votos que Serra entre os beneficiários do programa, mas apenas um pouco mais que seu oponente. Ou seja: as pessoas que tinham direito a ele escolheram em quem votar de maneira muito parecida à dos demais eleitores. Em São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, os candidatos do PSDB aos governos estaduais foram eleitos com o voto delas.

Os três erros têm o mesmo fundamento: uma profunda desconfiança na capacidade do povo. É o velho preconceito de que o “povo não sabe votar” ue está por trás do reducionismo de quem acha que foi a barriga cheia que elegeu Dilma. Ou do argumento de que foram o atraso e a ignorância da maioria que fizeram com que ela vencesse. Ou de quem supõe que a pessoa que recebe o benefício de um programa público se escraviza.

É preciso enfrentar essa nova batalha. Se não, ficaremos com a versão dos perdedores.

Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense.

http://www.cartacapital.com.br/destaque ... os-coimbra
A cor do mapa, por Marcos Coimbra
Marcos Coimbra 5 de novembro de 2010 às 10:47h


Enquanto proliferam explicações e opiniões a respeito da vitória de Dilma, é preciso estar atentos aos fatos. Sem eles, ficam somente as impressões e as versões.

Algumas sequer nascem da interpretação de alguém, com a qual se pode concordar ou discordar. São as mais perigosas, pois não estão claramente marcadas com um sinal de autoria. Por não tê-lo, terminam parecendo verdades naturais, como se fossem apenas “dados de realidade”.

Tome-se o modo como a mídia costuma apresentar os resultados da eleição, sempre através de mapas. Todos os veículos os usam, colorindo os estados onde Dilma ganhou de uma cor e aqueles onde Serra se saiu melhor de outra. Não por acaso, pintam os primeiros de vermelho e os outros de azul.

Vistos sem maior reflexão, esses mapas mostram um retrato enganoso da eleição. Pior, podem induzir a uma impressão equivocada e a versões incorretas sobre a eleição que acabamos de fazer.

O que vemos é um Brasil dividido quase ao meio, ao longo de uma linha que começa no Acre, passa pela divisa norte de Rondônia, Mato Grosso e Goiás, e vai até o Atlântico, na altura do Espírito Santo. Abaixo dela, tudo fica azul, salvo o Rio de Janeiro, Minas Gerais e o pequeno Distrito Federal.

O Brasil vermelho inclui o restante do Norte (interrompido pelo azul de Roraima) e o conjunto do Nordeste. Esse seria o Brasil da Dilma, enquanto o outro, o de Serra.

É fato que Serra venceu no conjunto nos estados do Sul e em quase todos do Centro-Oeste, assim como em São Paulo e no Espírito Santo. Mas isso está longe de querer dizer muito sobre o significado da eleição.

Certamente, nada tem a ver com uma tese muito cara a alguns analistas, segundo a qual Dilma deveria sua vitória ao “Brasil atrasado” e ao eleitor miserável. Como esses mapas revelariam, o Brasil azul, o mais rico e moderno, preferia Serra. Foi o pobre e arcaico, o vermelho, que impediu que ele se tornasse presidente.

Essa visualização da eleição corrobora, assim, uma visão dualista e preconceituosa, muito frequente na mídia e em parte da opinião pública. Nela, a derrota do azul pelo vermelho viria da mistura de paternalismo e demagogia promovida por Lula e sustentada pelo Bolsa Família. Os mapas coloridos seriam a evidência de que sua estratégia foi bem sucedida, apesar de imoral.

Quem considera os números da eleição vê outra realidade. Dilma não venceu “por causa” do Nordeste e do Norte. Ela venceu porque venceu nos “dois Brasis”.

O modo mais imediato de mostrar isso é comparar o voto que ela obteria se fossemos (como alguns até desejam) dois países: o Brasil sem o Nordeste e o Norte, e o Brasil por inteiro. Nessa hipótese, como seriam os resultados?

Ao contrário do que certas pessoas imaginam, Dilma teria sido igualmente eleita se o Nordeste e o Norte não votassem. Ela não “precisou” do Brasil mais pobre para vencer.

Somando os votos do Sudeste, do Sul e do Centro-Oeste, Dilma derrotou Serra. Ou seja: o predomínio da cor azul nessas regiões é verdadeiro, mas encobre uma realidade mais importante. Serra foi bem votado nesse conjunto de estados, mas perderia assim mesmo.

É com interpretações e versões que se conta a história de uma eleição. E é necessário evitar que prevaleça, a respeito das eleições presidenciais de 2010, uma versão que reduz seu significado e que não é verdadeira.

Dilma se elegeu com o voto de pessoas de todos os tipos, desde os eleitores mais humildes do interior e das cidades pequenas, até os setores mais educados e modernos de nossa sociedade, que vivem em metrópoles ricas e avançadas. Seu desempenho, segmento por segmento do eleitorado, não foi homogêneo (como não foi o de Serra), pois em uns ela se saiu melhor que em outros. Mas isso não invalida que sua candidatura tenha sido amplamente apoiada nos estratos de educação e renda elevados, como mostravam as pesquisas.

Mapas coloridos podem ser bonitos, mas, às vezes, mais atrapalham que ajudam.

[Publicado originalmente no jornal Correio Braziliense]

Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense.

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Re: Largada para 2010 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#1538 Mensagem por Hammermart » 06 Nov 2010, 09:59

Carnage escreveu:
Hammermart escreveu:Deixo aqui uma previsão: Dilma será uma presidente de 1 só mandato, a coveira do PT. Quem viver verá.
Veremos se o Hammermart é melhor em suas previsões que o nosso colega sumido Peter North!

Porque o Peter previu que a crise econômica ia acabar com a frágil política do Lula
Previu que as montadoras ia amargar um desastre enorme
Previu que o desmprego ia acabar com o Brasil
Previu que o PT não ganharia nem eleição pra síndico no Rio Grande do Sul, o estado dele.
Previu que o PT certamente sairia do governo federal este ano.
Previu que o PT ia morrer como partido depois das eleições.

Ou seja, não foi muito feliz.

Aguardemos então.
Minha previsão é baseada no desgaste do crescimento da China. Países como o Brasil, grandes exportadores de commodities, não se abalaram muito com a crise econômica dos países chamados do Primeiro Mundo (expressão hoje questionável) porque a China continuou crescendo a altas taxas e comprando tudo o que produzimos. A China ainda cresce bastante, mas desacelerou no último ano de 12 para 8%, e o impacto dessa mudança tem efeito inercial, ou seja, demorará alguns meses para chegar aqui.
Nada disso é culpa do PT, assim como a situação favorável dos últimos anos tem pouquíssimo a ver com o Lula ou o PT. Mas a reação das massas se dá de acôrdo com o que se sente no bolso, não importa muito a relação causa e efeito. É como o sujeito que queria treinar o galo para cantar de noite, para fazer o sol nascer e ter luz do dia o tempo todo...
Mas, certo, aguardemos para ver o que acontece. Já não temos mais o Polvo Paul para nos ajudar... :lol: :lol: :lol:

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Carnage
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Re: Largada para 2010 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#1539 Mensagem por Carnage » 10 Nov 2010, 21:03

http://www.diariodepernambuco.com.br/20 ... ca12_0.asp
Entrevista // Tânia Bacelar
Josué Nogueira
josuenogueira.pe@dabr.com.br
Edição de domingo, 7 de novembro de 2010

Há uma imagem deformada do Nordeste


A professora Tânia Bacelar nem imaginava. Mas, ao escrever o artigo ´O voto do Nordeste: para além do preconceito`, publicado na revista Nordeste e reproduzido por uma infinidade de blogs Brasil afora, antecipou uma resposta - e que resposta - à velha tese que motivou uma nova onda de ataques aos nascidos na área compreendida entre o Maranhão e a Bahia. O texto rebate com fatos e análises o conceito preconcebido de que os nordestinos são um peso para o país e que Dilma Rousseff (PT) só foi eleita presidente porque os eleitores da região votaram em troca do Bolsa Família. Nesta entrevista, Bacelar, doutora em economia e docente do departamento de Geografia da UFPE, aprofunda sua avaliação sobre os números das eleições no Nordeste. Diz que nos últimos oito anos, a região passou a receber investimentos em áreas estratégicas e que o resultado dessa ´atenção`, é crescimento, movimentação da economia, emprego, oportunidades.

O seu artigo responde à manifestação que ocupou o Twitter na semana passada sugerindo morte aos nordestinos por conta da vitória de Dilma. Como a senhora avalia essa situação?

Acho que esse debate reflete que existe um preconceito realmente e que há uma imagem deformada do Nordeste, principalmente no Sudeste e no Sul. Uma imagem de que o Nordeste é uma região de miséria, que é uma carga, como se não tivesse potencialidades. Isso reflete, primeiro, o desconhecimento da história do país. O Nordeste é o lastro econômico, cultural e político do Brasil. Mas num determinado momento dessa história, os investimentos e a dinâmica se concentraram no Sudeste e o Nordeste perdeu o trem da industrialização lá no século 20.

Quais perdas o país pode ter com posturas desse tipo?

A gente pode perder um dos aspectos pelos quais o país é admirado. Quem já viveu no exterior sabe que uma das características que tornam a nossa sociedade admirada lá fora é a capacidade de conviver com a diferença.

Em que áreas estão os potenciais do Nordeste?

O governo federal retomou o crescimento das universidades públicas. Fez quatro universidades na região. Cidades médias, como Petrolina (PE) e Mossoró (RN), não tinham universidades públicas. As pessoas têm potencial para se desenvolver, mas não têm oferta de oportunidade. Acho que a gente deve discutir onde devemos colocar os novos investimentos e o Nordeste já mostrou que pode dar uma resposta positiva com o pouquinho de mudança que já aconteceu nessa década. É errado achar que tudo o que é defesa de São Paulo é defesa do Brasil e tudo o que é defesa de qualquer outro lugar é ´defesinha` regional. São Paulo é muito importante mas não representa o Brasil. O Brasil é muito mais. A gente precisa balizar melhor esse debate sem deixar de reconhecer a importância de São Paulo. Mas não podemos caricaturar os outros de ser peso, de não ter com que contribuir.

O presidente Lula foi corajoso ao mudar o foco dos investimentos?

Lula teve um atributo muito interessante. Perdeu várias eleições, levou muito tempo se preparando para ser presidente do país e fez as tais caravanas. Eu atribuo essa leitura que ele tem do Brasil à chance que ele teve de conhecer profundamente o Brasil inteiro. Isso muda a cabeça.

Quem votou em Dilma aposta na continuidade do governo. Pelos discursos proferidos até agora por ela a senhora acredita que as políticas de investimento no Nordeste serão mantidas?

Tenho me surpreendido positivamente com ela. Por exemplo, o discurso feito no momento em que ela recebeu a notícia que tinha vencido, considero muito bom. Ela começa falando das mulheres, depois assume o compromisso com a eliminação da pobreza extrema. Diz também ter compromisso com os pequenos empreendedores do Brasil e assume isso. Achei muito bonito, depois de falar da erradicação da miséria, ela ter se lembrado dos pequenos empreendedores. O Nordeste está cheio deles.

As oligarquias deram sua contribuição para o enraizamento desse preconceito, não?

Parte da explicação vem das oligarquias. Para as antigas, ainda bem que elasestão morrendo e perdendo eleitoralmente. Os resultados dessa eleição são um novo baque. É importante lembrar que elas não só existem no Nordeste. Santa Catarina é um ´brilho` de oligarquias. No discurso delas não interessava mostrar potencial. Porque elas se locupletavam da miséria. O discurso reproduzia a miséria. Elas ajudaram a criar o preconceito.

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... na_id=4867
Serra do Adeus ou Réquiem para Zé Bolinha

A eleição de Dilma Rousseff, mesmo tendo fortalecido o projeto da esquerda brasileira, não foi suficiente para prostrar o PSDB definitivamente e tampouco foi ampla a ponto de fazer recuar as forças conservadoras da sociedade. Serra, no entanto, está acabado.

Maurício Thuswohl


Com o resultado das eleições presidenciais, José Serra está morto politicamente e já pode repousar ao lado de Fernando Henrique Cardoso no jazigo político do PSDB. Assim como FHC, o ex-governador de São Paulo passa a ser uma figura irrelevante no front da política nacional. A eleição de Dilma Rousseff, mesmo tendo fortalecido o projeto da esquerda brasileira, não foi suficiente para prostrar o PSDB definitivamente e tampouco foi ampla a ponto de fazer recuar as forças conservadoras da sociedade. Serra, no entanto, está acabado.

A constatação pode ser dura e difícil para aqueles que admiram o tucano (não são poucos, a julgar pelos 43,6 milhões de votos recebidos) e para a mídia conservadora que tenta dar ares de vitória a uma derrota histórica. Mas, a verdade das urnas é clara e cristalina. Como escreveu o sempre espirituoso Flávio Aguiar em artigo publicado aqui na Carta Maior, a morte política de Serra é um fato inequívoco e teve direito até mesmo à extrema-unção consagrada pelo Papa Bento XVI em pessoa.

Não se trata mera e simplesmente de uma derrota eleitoral. Ao repetir diversas vezes nos últimos anos - e todos os dias durante a campanha - que se preparou a vida inteira para ser presidente, Serra revelou um sonho, mas também uma obsessão tão forte a ponto de alguns críticos terem inventado para ele o apelido de “presidente nato”. Após abandonar a militância na AP nos anos 60, Serra deixou de ser de esquerda, apesar das teses em contrário. Sua conversão definitiva aos encantos do capital (financeiro, não o livro de Marx) aconteceu em sua passagem pelos Estados Unidos. Quando retornou ao Brasil, já estava pronto para ser um expoente da elite política neoliberal que comandou o país no período pós-ditadura.

Em sua moderna e definitiva encarnação, Serra não precisou pedir, como fez FHC, que esquecessem o que escreveu. Ao contrário, na falta de coisa melhor, registrou um livro como programa de governo. Mas, nestas eleições o tucano associou-se às forças mais tenebrosas da direita de tal forma que transformou sua figura política em uma face disforme.

A campanha difamatória contra Dilma, feita à sombra das catedrais católicas e templos evangélicos, já revelava um Serra disposto a tudo para “cumprir seu destino” e chegar à Presidência. A sórdida e orquestrada repercussão midiática dada à discussão sobre o aborto, no entanto, jogou o Brasil à beira de uma cisão religiosa que nunca antes na história desse país havia acontecido. Para quem se diz “defensor das liberdades democráticas” foi uma irresponsabilidade chocante, mas útil para revelar aos eleitores que o candidato do agronegócio destruidor da Amazônia, o candidato da grande mídia monopolizadora, o candidato dos privatistas entreguistas da riqueza nacional era também o candidato da TFP e de outros segmentos fundamentalistas de nossa sociedade.

No discurso proferido logo após a confirmação da vitória de Dilma, Serra recorreu a bravatas consideradas ingênuas até mesmo na UNE, da qual foi presidente, e alertou aos “que nos imaginam derrotados” que estava “apenas começando uma luta de verdade”. Disse que “o momento não era de adeus”, e sim um “até logo”, mas a verdade é que a luta dos tucanos vai continuar sem ele. Aos 68 anos, a saída mais honrosa para Serra seria assumir a presidência do PSDB nas eleições internas programadas para o ano que vem e se candidatar ao Senado em 2014, quando terá 72 anos. Seu discurso após a derrota, entretanto, revela que a obsessiva procura pela Presidência da República permanece em seus planos. Mas, não será fácil encontrar espaço.

Tucanos divididos

No PSDB, as coisas caminham para a divisão em dois grandes blocos, aglutinados em torno do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do senador eleito Aécio Neves (MG). Ambos almejam disputar a Presidência em 2014, e os efeitos dessa divisão já começam a se fazer sentir na troca de críticas pela imprensa feita entre tucanos mineiros e paulistas. Nessa briga, o fiel da balança pode ser a posição de outras lideranças do PSDB, representadas pelos oito governadores eleitos pelo partido. Se Aécio vencer a queda-de-braço interna e permanecer no PSDB, é o candidato natural do partido. Se não tiver espaço, vai sair, mas, nesse caso, parece impossível imaginar que Alckmin, o “querido amigo”, abrirá mão da disputa em favor de Serra.

Restaria ao “presidente nato” a opção de perseguir seu sonho de poder em outra legenda. Isso, entretanto, só é imaginável se Serra abraçar de vez o perfil mais sombrio que demonstrou durante a última campanha e tentar aglutinar fundamentalistas religiosos, ex-torturadores e barões decadentes da mídia numa espécie de “Tea Party” brasileiro.

Convenhamos que seria um fim de carreira política para lá de melancólico até mesmo para quem é capaz de se submeter a uma tomografia após ter sido atingido por uma bolinha de papel. Isso sem falar nas parcas possibilidades eleitorais que Serra teria em um quadro com candidatáveis do porte de Marina Silva e Eduardo Campos, além dos próprios Aécio e Alckmin e da presidente Dilma, entre outros.

Em conversa com o ex-marido, relatada pelo jornal O Globo, Dilma afirmou: “Eu nunca quis, nunca pensei em ser presidente do Brasil. Nunca tive de fazer arranjos constrangedores para chegar onde cheguei. E o Serra só fez isso (almejar a Presidência) a vida inteira: foi o primeiro aluno da classe, liderou o grêmio estudantil, foi parlamentar e governou sempre de olho na Presidência. Como é surpreendente o processo político brasileiro! Ao contrário do Serra, para mim ser presidente não era uma coisa de vida ou morte. Aconteceu naturalmente”. Como se vê pelas palavras da presidente eleita, não basta ter se preparado a vida inteira. Como diziam os velhos políticos, “Presidência é destino”. Ou, felizmente para o Brasil, Presidência é vontade popular.

Maurício Thuswohl é jornalista.


http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... ro-do-psdb
Folha de S.Paulo - São Paulo

O futuro do PSDB

FERNANDO DE BARROS E SILVA


SÃO PAULO - Apesar da derrota, ou por causa dela, José Serra alimenta a pretensão de se tornar presidente do PSDB na convenção que o partido realiza entre maio e junho de 2011. Seria a maneira de se manter vivo no jogo, contra a ameaça de se tornar um retrato na parede.

Ocorre que, desta vez, Serra vai encontrar resistência bem maior à sua pretensão. Está disseminada a percepção de que o futuro da tucanolândia passa pela capacidade de entender e sinalizar desde já que Serra pertence ao seu passado. Ou seja, de que a fila agora andou.

Na presidência do partido, o ex-governador representaria uma espécie de terceiro turno contra Dilma Rousseff, em prejuízo da construção de um consenso partidário em torno do nome de Aécio Neves.

Não é à toa que o mineiro acaba de propor uma "refundação" do PSDB, a fim de "atualizar o programa" e "recuperar sua identidade partidária". Como diria Serra, essa história de refundação não passa de trololó. Quando Aécio fala em "atualizar" e "recuperar a identidade", nos dois casos quer dizer: Serra, até logo, chegou a minha vez.

O candidato de Aécio para presidir o PSDB hoje é Tasso Jereissati. Ele e Serra nunca se bicaram, todos sabem. Mas imagina-se que Tasso seja o nome capaz de fazer a ponte entre Aécio e Geraldo Alckmin, evitando que a relação entre os PSDBs de Minas e de São Paulo caminhe para um esgarçamento perigoso.

Aécio, neste momento, movimenta-se para disputar a presidência do Senado, num esforço claro para demonstrar que tem bom trânsito entre os partidos, inclusive os da base aliada de Dilma. Foi Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro e governador do Ceará, quem defendeu em público o nome do mineiro para o comando da Casa.

A Alckmin, no entanto, pode interessar uma aliança tática com Serra para evitar que Aécio se projete desde já no horizonte como líder incontestável do novo PSDB. Apostar nisso é o que resta a Serra, às voltas com a ruína.

http://www.vermelho.org.br/noticia.php? ... cia=141023
Tucanos se engalfinham para decidir quem dará as cartas no PSDB

Passada uma semana das eleições presidenciais, o PSDB ainda sente os efeitos da ressaca da derrota. Atolado em dívidas que ultrapassam os R$ 20 milhões, o partido, em vez de juntar os cacos, afinar o discurso e marchar unido em oposição ao governo de Dilma Rousseff, mergulha numa crise interna resultante das feridas abertas durante a campanha.


Nos últimos dias, os tucanos divergiram publicamente sobre temas que envolvem desde o relacionamento com o futuro governo até o melhor momento para a escolha do candidato do PSDB à Presidência em 2014. A raiz da cizânia, porém, é a definição do tucano que personificará a cara da oposição daqui em diante. Para o candidato derrotado à Presidência da República, José Serra, ele, do alto de seus mais de 42 milhões de votos, está mais do que credenciado para exercer esse papel.

Mas, para quem tem este objetivo, os serristas começaram mal. Logo após a contagem dos votos, Xico Graziano, integrante destacado da campanha de Serra, colocou em seu Twitter: “Perdemos feio em Minas. De quem será a culpa?” A insinuação contra o ex-governador Aécio Neves alvoroçou os tucanos mineiros. Eles passaram a atribuir toda a responsabilidade pelo resultado à atuação desastrosa do candidato Serra.

Logo apareceram também claramente as divergências quanto ao estilo da oposição. Tucanos como o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador eleito Aécio Neves defendem uma renovação nos postos de liderança nos próximos anos, além da adoção de uma linha de oposição mais propositiva. Para os tucanos com menos de 60 anos, o único dirigente da legenda capaz de estruturar uma frente de resistência ao governo Dilma e dar uma cara nova à oposição é Aécio.

Para conturbar ainda mais a legenda, na última semana, dirigentes tucanos foram surpreendidos com a notícia de que Serra trabalha nos bastidores para ser o novo presidente nacional do partido. Para Serra, seria a chance de fugir de um possível ostracismo político previsto para os próximos anos quando estará sem mandato eletivo.

Mas a ambição de Serra é tida internamente como uma tarefa mais difícil do que vencer uma eleição presidencial. Os tucanos não confirmam, mas nove em cada dez representantes do partido preferem ver o perfil centralizador de Serra longe da direção partidária. “Não é preciso trocar o comando. O primeiro passo é saber onde estamos errando”, avalia Nárcio Rodrigues, presidente do PSDB em Minas Gerais.

Outra polêmica que serviu para alimentar o racha interno foi levantada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em entrevista, ele defendeu a antecipação da escolha do candidato do PSDB ao Planalto de 2014 para 2012. “Falar agora de estratégia para daqui a quatro anos é totalmente descabido”, disse o deputado federal Jutahy Magalhães Jr. (PSDB-BA), aliado de Serra, para quem a decisão só beneficiaria Aécio.

Alckmin e o governador eleito do Paraná, Beto Richa, também consideraram a discussão prematura. “FHC é nosso grande líder. Sempre deve ser ouvido. Mas há tempo para se discutir”, disse Alckmin. O único a concordar com FHC foi o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra. “Na minha opinião, devemos ir para a eleição municipal já com candidato à Presidência”, diz ele.

O que o tucanato não revela publicamente é que FHC não está muito preocupado com a data em que será escolhido o candidato. Na verdade, a declaração do ex-presidente representa um duro recado a Serra. No entender de FHC, o ex-governador paulista fez tudo errado e, por isso, o PSDB saiu derrotado das eleições presidenciais.

Para tentar dar um ponto final à disputa interna e definir estratégias de atuação, a Executiva Nacional do PSDB reúne-se no próximo final de semana. O entendimento não será fácil. Há um clima de animosidade entre as principais lideranças do partido, que refletem claramente a disputa pelo espólio tucano. O problema é que os antigos donos do partido, em especial a ala paulista capitaneada por Serra, entendem que a derrota nas urnas não significa uma derrota interna.

Um dos pontos de divergência entre as principais forças do PSDB é exatamente em relação a como o partido deve se mostrar ao País. Serra, Guerra e seus aliados continuam acreditando que a melhor estratégia é apostar na força da personalidade de seus líderes para conquistar eleições, como ocorreu neste ano. Aécio e dirigentes de outros estados entendem que o PSDB, ao contrário, deve abandonar a personificação de suas propostas e encaminhá-las de forma mais institucional.

O que sairá desse embate é incerto. Assim como incertos são os destinos dos principais atores dessa batalha. A princípio, a lógica diz que Serra sai de cena e que Aécio emerge como a grande força tucana. Mas na política, assim como na economia, análises cartesianas nem sempre são capazes de prever com precisão o resultado das equações mais simples.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... ir-ventura
O exemplo de Obama

ZUENIR VENTURA

O Globo
06/11/2010


Ao contrário do presidente Barack Obama, que com invejável franqueza aceitou a derrota, confessou-se humilhado e assumiu a responsabilidade pela "surra", reconhecendo sua culpa, os perdedores daqui estão tendo grande dificuldade de admitir a derrota nas últimas eleições. O chororô comporta todo tipo de alegações para desqualificar a vitória de Dilma Rousseff — algumas até fazem sentido, mas outras são justificativas ridículas, desculpas esfarrapadas.

O candidato José Serra chegou a transformar sua frustração em "vitória estratégica", mas pelo menos não tentou diminuir o mérito da adversária.

compensação, foi estranha a reação de certos dirigentes da oposição e de torcedores inconformados. Houve quem alegasse que "Dilma não se elegeu, foi eleita por Lula", como se essa simplificação explicasse tudo. E houve quem afirmasse que a candidata do PT ganhou porque os seus 55 milhões de eleitores têm desprezo pelos valores éticos ou, mais precisamente, por terem "assassinado a ética".

A disputa teria sido um jogo maniqueísta entre um lado onde só houvesse o bem e outro onde só existisse o mal, com derrota do bem, claro.

Malabarismo maior fez outro observador, ao concluir que a expressiva votação de Serra, somada aos votos brancos, nulos e ao alto nível de abstenção, "deixa clara a insatisfação da maioria do povo não só com ela, mas também com o próprio Lula". Por esse raciocínio, que considera todos esses votos serristas, Serra teria sido o verdadeiro vencedor das eleições, não sua adversária. É o time daqueles que, por não gostarem de Lula, acham um absurdo 80% gostarem. Como pode ser tão popular se eu não o apoio?

A derrota às vezes não só obscurece a razão como mobiliza baixos instintos, como os dessa tal estudante de Direito Mayara Petruso, de SP, que postou no seu twitter a mensagem racista contra o Nordeste: "Nordestino não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado."

Os ataques de xenofobia da futura advogada — advogada, imagine! — provocaram polêmica nas redes sociais e o repúdio da OAB. E a reação bem-humorada de um pernambucano em meio à indignação: "Eles elegem o Tiririca e vêm nos chamar de atrasados!"

Em vez de tentar tapar o sol com a peneira, seria mais honesto e realista responder como fez o brasilianista Timothy Power, quando lhe pediram para explicar a vitória de Dilma: "O padrão de vida de muitos brasileiros melhorou nestes últimos oito anos de governo, e as pessoas quiseram uma continuação."

Ou então se render ao óbvio, como fez Obama, adotando um mea culpa: perdemos porque não soubemos vencer. Simples assim.


http://www.otempo.com.br/otempo/colunas ... icao=13394
As disputas ideológicas do governo Dilma estão na mesa

Fátima Oliveira


Elegemos uma presidente 78 anos após a conquista do voto feminino. A manchete do "The Independent" foi significativa: "Brasil elege Dilma Rousseff para ser a mulher mais poderosa do mundo" e justificou: "A taxa de crescimento do Brasil, rivalizando com a China, é algo que Europa e Washington podem apenas invejar". A matéria finaliza afirmando que a posse dela "Será uma celebração da decência política e do feminismo" (31.10).

A presidente eleita "catimbou", com paciência de Jó, para fazer o primeiro pronunciamento à nação, esperando o candidato derrotado, como é de praxe em todas as democracias, falar antes, reconhecendo a derrota. E aqui cabe bem o "nunca antes" no mundo, algo similar aconteceu! Cansou de esperar o ritual e, para não deixar o país refém do tacão da espora machista, falou antes do derrotado.

Depois da campanha sebosa, não tendo como negar a vitória de Dilma, a demora do vencido em reconhecê-la nem precisa de Freud para explicar. O derrotado postulante a vice, numa versão tacanha de perdedor sem linha, disse que concorreu com Lula e, não, com Dilma! Para ele, a "poste" não era candidata e nem se elegeu! É uma lastimável tentativa de minimização da vitória da presidente eleita que insulta qualquer nesga de inteligência. É elementar que ela venceu porque teve mais votos!

Essa gente insiste em discordar de que na República todos os votos valem igualmente e toca a inventar versões estapafúrdias - decorrentes da falta de civilidade, com recheio de altas doses de machismo. São acenos que nos próximos quatro anos teremos muito mais do mesmo, a partir da misoginia, naturalizada pelo modo em que o serelepe opositor insistia em chamá-la de mentirosa, ao vivo e a cores, sem constrangimento - aquela antiga pouca vergonha que só machistas se permitem diante de uma mulher!

Para Marcos Coimbra, "na política, nem sempre os fatos e as versões coincidem... Nenhuma versão muda o resultado, mas pode fazer com que o interpretemos de forma equivocada. Como consequência a reduzir o seu significado e lhe diminuir a importância" ("Três mitos sobre a eleição de Dilma", 31.10).

As intelectuais do feminismo brasileiro são instadas ao enfrentamento da batalha ideológica em curso, pois, mesmo Dilma não sendo feminista (nunca se declarou como tal), aos olhos do mundo, uma mulher com a sua história de vida é feminista. Em sua primeira fala ao país, disse que seu primeiro compromisso é honrar as brasileiras e que sua eleição repercutirá positivamente na vida das meninas. Falou. Fará o gesto?

As disputas ideológicas do governo Dilma, agora com vestes de busca de cargos, estão na mesa e serão cotidianas. A conjuntura é "Se correr, o bicho pega e se ficar, o bicho come". Depois de vencida a batalha contra a transformação das eleições num "leilão de ovários", cabe ou não ao feminismo dar o ar de sua graça, além do que é certo que qualquer insucesso será creditado à incapacidade das mulheres de governar?

Para além da cultura do gueto, é preciso estofo político para superar o estabelecido do "com pouca farinha, meu pirão primeiro". Feministas petistas e dos partidos aliados, conjuntamente, não podem, diante do cordão masculino de isolamento no entorno da eleita, "amarelar" na disputa de espaços estratégicos, segundo uma ótica feminista, com duplo objetivo: dar sustentação ideológica feminista e impulsionar a concretização dos direitos das mulheres no governo.

É isso, ou apaguemos nossas lamparinas.

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Re: Largada para 2010 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#1540 Mensagem por Carnage » 10 Nov 2010, 21:07

Hammermart escreveu:Deixo aqui uma previsão: Dilma será uma presidente de 1 só mandato, a coveira do PT. Quem viver verá.
Hammermart escreveu:Minha previsão é baseada no desgaste do crescimento da China. Países como o Brasil, grandes exportadores de commodities, não se abalaram muito com a crise econômica dos países chamados do Primeiro Mundo (expressão hoje questionável) porque a China continuou crescendo a altas taxas e comprando tudo o que produzimos. A China ainda cresce bastante, mas desacelerou no último ano de 12 para 8%, e o impacto dessa mudança tem efeito inercial, ou seja, demorará alguns meses para chegar aqui.
Nada disso é culpa do PT, assim como a situação favorável dos últimos anos tem pouquíssimo a ver com o Lula ou o PT. Mas a reação das massas se dá de acôrdo com o que se sente no bolso, não importa muito a relação causa e efeito. É como o sujeito que queria treinar o galo para cantar de noite, para fazer o sol nascer e ter luz do dia o tempo todo...
Bem, se eu entendi direito, a Dilma vai enterrar o PT, mas não vai ser culpa dela?

E pelo seu raciocínio, então se o Serra ganhasse, ele enterraria o PSDB?

Ou seja, não faz diferença quem ganhasse, o próximo governo teria um resultado ruim do mesmo jeito?

Tá certo. Veremos então.


Eu pessoalmente torço pra que sua previsão seja totalmente equivocada, não pela Dilma e com certeza não pelo PT, mas pelo Brasil.

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Re: Largada para 2010 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#1541 Mensagem por Carnage » 10 Nov 2010, 21:08

Finalizando um assunto que citei num post anterior

http://ultimosegundo.ig.com.br/eleicoes ... 06679.html
Pai da estudante processada por discriminação se diz envergonhado
A pedido da OAB e da Procuradoria da República, Mayara Petruso será investigada por comentários contra nordestinos na internet

Rodrigo Rodrigues, iG São Paulo | 05/11/2010 17:46


O empresário Antonino Petruso, morador de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, soube pelos jornais que a filha mais nova, Mayara Penteado Petruso, está sendo alvo de investigação pela Procuradoria Geral da República por crime de preconceito. Ela é a estudante de Direito que, finalizada a apuração que apontou Dilma Rousseff (PT) como nova presidenta do Brasil, desancou a postar frases de preconceito e discriminação contra o povo nordestino na internet.

Nas frases postadas na rede de microblogs Twitter e no Facebook, a jovem sugere o extermínio dos nordestinos e pede o fim do direito de voto para quem não mora na região Sudeste.

Antonino Petruso se disse “surpreso, decepcionado e envergonhado” pela atitude da filha e lamentou que a menina tenha se deixado influenciar pelo “acirramento” do debate eleitoral. “Nunca fui chegado a política e nunca ensinei nada disso para as minha filhas. Tenho um enorme respeito pelos nordestinos e é graças a eles que consigo dar uma vida digna para minha família e pagar a faculdade da Mayara”, disse Petruso ao iG, em entrevista por telefone.

Petruso é dono de uma rede de supermercados de Bragança e diz que tem vários clientes e empregados de origem nordestina. Pai de quatro filhos, ele trabalha mais de 15 horas por dia para administrar o negócio herdado do pai. Nos últimos anos, em virtude da melhora da economia, viu os negócios melhorarem graças às políticas econômicas do governo Lula. “Tenho muita simpatia pelo Lula. Ele não resolveu tudo, mas fez um excelente governo. Se a Mayara tivesse me consultado, teria pedido para ela votar na Dilma. Entre todos os candidatos, ela era a melhor opção para o País”, afirmou o empresário.

Relacionamento

Mayara é filha de um relacionamento de Antonino fora do casamento. Embora o empresário financie os estudos e a moradia da jovem em São Paulo, ele narra que o relacionamento com a filha é um pouco distante. “Desde quando ela foi morar em São Paulo, pouco nos falamos. Duas outras filhas também moraram na capital nesses últimos anos, mas ela não mantinha contato nenhum com as irmãs nesse período”, contou.

Desde quando soube do caso, Antonino tenta encontrar a filha para saber o que de fato aconteceu, mas não consegue localizá-la. Após tentar fazer contato com a garota pelo celular e até ligar para a mãe dela, não obteve retorno e se disse preocupado com o que possa estar acontecendo. “A internet tem muito problema de hacker. Eu mesmo já tive o e-mail invadido por eles. Quero ouvir dela o que está acontecendo. Se ela fez mesmo essas coisas graves que os jornais estão dizendo, terá que pagar e responder na Justiça”, disse o pai. “Sou contra qualquer tipo de discriminação. É o pior crime possível e estou muito chateado que a minha filha esteja envolvida nesse tipo de coisa”, desabafou.

“Geyse da FMU”

Mayara é estudante do sexto semestre de Direito da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas). Transferida de uma faculdade da região do Pari, passou a frequentar as aulas no campus da Liberdade apenas neste ano, no período noturno.

Na sala do segundo andar, a estudante sentava no fundo da classe e conversava com alguns poucos colegas de classe, em virtude do pouco tempo na turma. Apesar de muito jovem, com 21 anos, ela já estagiava em um escritório de advocacia durante o dia, mas foi despedida da empresa por causa do episódio. Na classe, os colegas mais próximos dizem que a jovem nunca soltou qualquer comentário preconceituoso e mantinha o respeito com todos os colegas.

“Era uma jovem sorridente e concentrada nos estudos. Conversava com todo mundo que vinha puxar papo com ela, mesmo aqueles de origem nordestina”, disse o estudante identificado apenas como Carlos, que sentava na frente da jovem e fez trabalhos com ela pelo menos duas vezes neste ano.

“Acho que ela foi ingênua e infeliz ao fazer esse tipo de comentário. Foi uma coisa muito feia o que ela disse, mas sei que ela não deve ter agido por mal”, disse outra colega que se identificou como Aline.

A história de Mayara ecoou entre os alunos da FMU e foi o principal assunto nesta quinta-feira, data que a reportagem do iG esteve na faculdade. No intervalo, nos elevadores e em todas as salas de aula, as pessoas buscavam identificar quem era a garota apelidada de “Geyse da FMU”, em referência ao episódio da estudante Geyse Arruda, que foi hostilizada por colegas da Uniban por frequentar as aulas com um vestido cor de rosa curtíssimo.

“A Mayara é a maior celebridade do curso de Direito hoje”, brincou um jovem durante o intervalo das aulas, numa roda com outros cinco jovens do terceiro ano.

“Desde o dia em que o episódio de preconceito veio a tona, Mayara não apareceu mais na faculdade. As amigas mais próximas dizem que ela não atende ao telefone nem responde e-mails. Uma delas chegou até a visitar a república onde Mayara mora com outras duas amigas, mas foi informada de que a jovem teria voltado para Bragança, para a casa da mãe.

Os colegas de sala temem que ela abandone o curso. Todos lamentaram o episódio e disseram até que sentem dó pelo que Mayara está passando. “Ela é muito novinha. Não deve estar sendo fácil enfrentar toda essa pressão”, afirmou a representante de sala.

'Case' de Direito

O caso da jovem de Bragança Paulista está sendo tratado pelos professores como “case” das aulas de Direito Civil. Segundo os alunos, alguns professores até analisaram o caso da jovem pela ótica jurídica. “Um dos professores afirmou que ela pode responder processo por incitação à violência e discriminação”, disse Rafael Prado, estudante do quarto ano de Direito. “Os professores estão usando o caso para alertar os alunos sobre os limites da internet. É capaz até de as aulas de Direito Eletrônico ficarem mais animadas”, brincou o estudante.

Ameaças e preconceitos

A Segurança da FMU também está em alerta. Para evitar que a jovem sofra qualquer tipo de hostilidade caso volte às aulas, os seguranças passam pela sala 203 na hora da entrada, do intervalo e na saída. Numa dessas rondas, a reportagem do iG foi flagrada dentro da sala de aula, ouvindo os colegas da jovem na hora do intervalo. Ao convidar o repórter a se retirar da faculdade, um dos seguranças disse que os responsáveis pela segurança estão em alerta total porque um jovem de origem nordestina invadiu a universidade da última quarta, ameaçando agredir Mayara. “A sorte é que ela não tem vindo às aulas”, disse o segurança.

O pai de Mayara afirma que o episódio causou muitos problemas para a família. Além de assunto entre a maioria dos jovens de Bragança, uma das irmãs de Mayara tem sido alvo de críticas e comentários preconceituosos na faculdade onde estuda, em Bragança. A jovem confessou ao pai que alguns professores também têm destratado a moça em virtude do episódio. “Gostaria que as pessoas não confundissem as coisas por causa de um sobrenome. A Mayara tem 21 anos e responde por seus atos. O que ela fez foi muito grave, mas nós, familiares, só podemos lamentar e ajudá-la a se livrar desse preconceito ruim”, avalia o pai. “Os que confundem as coisas, incorrem num erro ainda mais grave que o da minha filha”, sentencia.

Desculpas da família

Antonino Petruso soube pelo iG que a filha não está frequentando a faculdade. Com problemas de visão que o impedem de dirigir, o empresário deve viajar a São Paulo no final de semana com uma das filhas para encontrar a filha e tentar orientá-la.

A Procuradoria Regional da República de São Paulo já solicitou ao Ministério Público Federal (MPF) que abra investigação contra Mayara. O processo foi encaminhado para a procuradora Melissa Garcia Blagitz Abreu e Silva, do Grupo de Combate aos Crimes Cibernéticos).

O pai da jovem promete contratar um advogado para ajudar a filha, mas ressalta que a jovem terá que responder por seus atos. “Preconceito é um crime inaceitável. Se ela fez isso mesmo, terá que pagar. Como pai, peço apenas desculpas aos nordestinos, do fundo do meu coração. Amo o Nordeste e todos os nordestinos merecem o meu respeito”, declarou Antonino Petruso.

Lá fora

O caso chegou a repercutir na imprensa internacional. O site do jornal britânico The Telegraph publicou reportagem do seu correspondente no Brasil a respeito do assunto. A matéria diz que se a jovem for condenada pela Justiça, poderá pegar uma pena de dois a cinco anos de prisão por racismo. Ou então, de três a seis meses - ou multa - por incitar o assassinato na internet.

O jornal britânico também lembrou a diversidade étnica do Brasil e afirmou que os metiços formam a grande maioria da população brasileira.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... reconceito
A omissão no combate ao preconceito

Por Meg Godman


Gostaria de destacar alguns pontos, que me chamaram a atenção numa pesquisa que acabo de fazer:

1. O Manifesto São Paulo para os Paulistas obteve desde maio deste ano 1.511 assinaturas.

2. Os seguidores são na maioria jovens de universidades particulares paulistas: Mackenzie, Faap, Nove de Julho, Unip, FMU etc.
le="margin-top: 0.5em; margin-bottom: 0.9em;">3. A mentora é uma tal de Fabiana Pereira que não dá as caras, não se sabe em que trabalha, qual sua formação e o que já fez de notável na vida

4. Analisando o blog deles, concluí que tem gente botando dinheiro nele

5. Não há qualquer dúvida que o conteúdo do blog é preconceituoso, racista, xenofóbico e incita a violência e a discriminação. É necessário um compêndio jurídico para listar todas as leis infringidas pelos autores e seguidores, incluindo a Constituição Federal

6. O blog está no Blogger e pode e deve ser denunciado ao próprio Blogger por incitamento ao ódio e violência ou injúria, calúnia e difamação

7. Há 21 seguidores registrados que podem ser rastreados pela perícia e co-responsabilizados criminalmente

8. Dentre os 1.511 signatários a maioria pode ser identificada pela polícia ou Ministério Público e co-responsabilizada criminalmente. Afinal, leram o manifesto, concordaram e assinaram

9. O foco dos ataques dos mentores do blog são os nordestinos. Isso é repetido "ad nauseum"

10. Os autores, além de incidirem em crime, são desprovidos de qualquer conhecimento antropológico e sociológico. Não sabem o que é raça, cor, etnia e cultura. Misturam todos os conceitos, sem a menor idéia do que estão falando. Não há mais disciplina de antropologia nessas universidades?

11. A miscelânea de conceitos, sobre os quais não têm qualquer domínio, é utilizada para ocultar a finalidade primeva, que é a disseminação do ódio aos nordestinos e defesa de uma sociedade paulista eugênica.

12. O estado de SP tem 41 milhões de habitantes. Esse grupo de extrema direita tem 1.511 (dos que se revelaram). Isso corresponde a 0,004% da população

13. O porta-voz do manifesto é um sábio de 22 anos, Willian Godoy Navarro

14. Os autores do manifesto encorajam os seguires a desrespeitar a Lei 9.459/97, afirmando que ela é usada apenas para "intimidar" quem deseja declarar-se racista, preconceituoso e xenofóbico. Caso claro de incitamento à desobediência civi.

Agora algumas questões a respeito do que foi exposto:

1. O que o Ministério Público de São Paulo fará a respeito? Por que não se pronunciou até agora?

2. Será necessário que o Ministério Público Federal intervenha, diante da omissão do MP de SP?

3. Por que os reitores das universidades, nas quais estuda esse grupelho, não se pronunciaram até agora contra esse caldeirão de crimes? Acaso concordam com o teor do manifesto?

4. Por que as entidades da sociedade civil paulista estão se omitindo frente a essa questão?

5. Por que Alberto Goldman, governador de SP, se omite?

6. Por que Gilberto Kassab, prefeito de SP, se omite?

7. Porque as câmaras de vereadores e a assembléia legislativa se omitem?

8. Cadê a OAB de SP?

9. Cadê os deputados federais?

10. Cadê o PSDB, DEM, PP, PTB? Nada disseram sobre esse movimento criminoso?

11. Cadê a velha mídia? Nordestino não assina jornais e revistas? Onde estão eles que vivem de tro-lo-ló sobre o estado de direito e atacam sem trégua os movimentos populares?

12. Cadê o bispo de Guarulhos?

13. Cadê os pais que pagam a universidade desses infelizes? (e não aprendem nada)

14. Onde estão as vítimas desse grupelho, que poderiam (e devem) processá-los por racismo e assédio moral?

15. Por que a polícia e a delegacia de crimes cometidos na internet nada fazem?

16. Onde está a defensoria dos direitos humanos?

17. Onde estão os nordestinos do PSDB, DEM, PP, PTB que se omitem vergonhosa e covardemente?

18. Por que as entidades de classe e os sindicatos não se manifestam?

Todos os que listei e outros que ainda hão de ser adicionados devem ser chamados às falas e deles cobradas posições e ações frente a tais crimes. Todos devem ser convocados publicamente e nominalmente, um a um, a participar do ato de solidariedade ao Norte e Nordeste.

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Carnage
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Re: Largada para 2010 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#1542 Mensagem por Carnage » 10 Nov 2010, 21:10

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... is-em-2012
Eleições afetam jogo municipal de 2012

Do Valor

Cristian Klein | De São Paulo
08/11/2010


A eleição presidencial mexeu no tabuleiro político e já abre caminho para as projeções sobre como será o próximo confronto marcado: a disputa municipal de 2012. Quem sai mais bem posicionado para a conquista dos cargos de prefeito e vereador, que estão na base do sistema?

Oposição ao governo federal, PSDB e DEM conseguiram se fortalecer no plano estadual, ao eleger 10 governadores, além do dissidente pemedebista André Puccinelli (MS). Governarão 53,7% dos eleitores nos Estados.

A situação, por sua vez, também terminou com um saldo expressivo: no segundo turno, a coalizão da próxima presidente Dilma Rousseff (PT) venceu a de José Serra (PSDB) em 3.878 (69,6%) dos 5.567 municípios brasileiros. O conjunto destas cidades reúne cerca de 58% do eleitorado nacional.

Mas nem o poder dos governadores nem a votação obtida pelos candidatos a presidente determinam, isoladamente, o potencial de prefeituras a serem conquistadas. Estudos mostram que é fraca a correlação entre o resultado das eleições presidenciais e as municipais. Na corrida às prefeituras, o debate em torno dos temas locais prevalece e a federalização das campanhas só ocorre em maior grau nas disputas dos grandes colégios eleitorais, como as capitais.

A força da máquina administrativa parece pesar mais. Em 2008, 20 prefeitos tentaram se reeleger nas 26 capitais brasileiras. Apenas um não conseguiu renovar o mandato: Serafim Corrêa (PSB) - cuja eleição em 2004, em Manaus, havia sido uma surpresa.

Ou seja, houve um aproveitamento de 95% nas tentativas dos prefeitos - percentual maior do que o obtido pelos governadores nestas eleições: também 20 tentaram a recondução ao cargo, mas apenas 12 foram bem sucedidos (60%). Dos 19 prefeitos reeleitos nas capitais, em 2008, 13 alcançaram a vitória no primeiro turno.

O alto número de reeleições, há quatro anos, indica que a próxima disputa em 2012 terá uma grande quantidade de cadeiras tidas como vulneráveis, cujo titular estará necessariamente de saída.

Serão 13 vagas "em aberto", pois seis prefeitos reeleitos renunciaram, no início do ano, para concorrer a governos estaduais, e foram sucedidos por vices que terão direito à reeleição daqui a quatro anos.

Das 13 cadeiras vulneráveis, a maioria - oito - é ocupada por PT e PMDB. Os petistas, que governam o maior número de capitais, sete, têm cinco delas nesta condição: Fortaleza, Vitória, Rio Branco, Porto Velho e Palmas. Na maior, a cearense, a manutenção do partido no poder não se vê tão ameaçada pela oposição: o governador aliado Cid Gomes (PSB) se reelegeu e Dilma Rousseff teve ali sua quarta maior votação (71,81%) dentre as 26 capitais. A maior ameaça, aparentemente, seria o tucano Tasso Jereissati, caso ele não cumpra a promessa de não disputar mais eleições, como anunciou depois de sua surpreendente derrota ao tentar se reeleger ao Senado.

O PMDB, que comanda quatro capitais, tem três delas em situação de maior vulnerabilidade: Salvador, Campo Grande e Florianópolis. Na capital baiana, animosidades afloradas na eleição para governador - em que houve divisão da aliança nacional PT-PMDB, com o lançamento da candidatura de Geddel Vieira Lima - podem facilitar a perda da prefeitura pelo partido. As condições ao PT são favoráveis: reelegeu o governador Jaques Wagner e emplacou os dois senadores de sua chapa, Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB). Em Salvador, Dilma Rousseff teve sua terceira melhor votação nas capitais (73,34%). O clima pró-PT, antecipado pelo prefeito João Henrique, fez com que ele apoiasse Dilma e não embarcasse de cabeça na candidatura de Geddel, seu correligionário. Os dois estão afastados e cogita-se que Geddel tentará forçá-lo a sair do partido.

Em Campo Grande, a situação para o PMDB é melhor. Nelson Trad Filho deixará a prefeitura, mas o grupo político de André Puccinelli, único governador do partido a se opor ao governo Lula, saiu fortalecido das urnas ao se reeleger. Além disso, José Serra, na capital sul-mato-grossense, superou Dilma Rousseff por 59,76% a 40,24%, o que demonstra um terreno desfavorável a desafiantes, pelo menos os de forte identificação com o governo federal.

O PSB, maior surpresa nas corridas estaduais deste ano ao dobrar para seis o número de seus governadores, pode repetir o bom desempenho nas capitais em 2012. É o partido que tem mais prefeitos com direito à reeleição, ao lado do PTB. São três: em Belo Horizonte, Curitiba e João Pessoa - apenas Boa Vista está em situação mais vulnerável. Na capital paranaense, o prefeito Luciano Ducci ocupa o cargo que herdou com a saída do tucano Beto Richa, que se elegeu governador. Como, no plano nacional, seu partido é aliado do governo Lula, Ducci manteve-se neutro na corrida presidencial e não apoiou Dilma nem Serra. E viajou para o Japão no segundo turno.

A dança das cadeiras - ocorrida no início do ano e movida pela ambição dos prefeitos pelo cargo mais alto de governador - foi responsável por mexidas importantes no tabuleiro municipal. O PSDB foi a legenda que saiu em maior desvantagem. Tinha quatro prefeitos de capitais e conta com apenas um agora (João Castelo, em São Luís, no Maranhão, que tem direito a renovar o mandato).

Beto Richa se elegeu. Mas Wilson Santos, ex-prefeito de Cuiabá, e Silvio Mendes, de Teresina, não conseguiram o objetivo, para o qual tiveram de renunciar, em ambos os casos em favor de vices que pertencem ao PTB.

Com isso, o PTB, que comanda também Belém e Manaus, passou a ocupar o segundo lugar em número de capitais governadas, atrás do PT e ao lado de PMDB e PSB.

Com apenas uma capital, enquanto o PT já parte à frente da disputa com sete prefeituras, o PSDB tem como esperança manter a joia da coroa, São Paulo. Os tucanos dividem a administração da cidade com o aliado DEM, cujo prefeito, Gilberto Kassab, não pode se reeleger novamente. Para que a capital paulista não caia nas mãos dos adversários, o maior trunfo do partido seria reeditar a candidatura de José Serra, mais uma vez dois anos depois de o tucano ter sido derrotado numa eleição presidencial.

A probabilidade de vitória de Serra - que superou Dilma Rousseff na cidade por 53,64% a 46,36% - é alta. Mas, até 2012, pode esbarrar no racha de seu grupo político. Kassab tem feito movimentos para levar o DEM - cujo poder vem definhando a cada eleição - a uma fusão com o PMDB ou com outra sigla de menor porte.

Outra ameaça, tanto às pretensões de PSDB e DEM quanto às de PMDB e PT, de controlar a maior capital do país, seria Marina Silva (PV). Nos bastidores, rumores dão conta de que a senadora do Acre, fenômeno na corrida presidencial, poderia transferir seu domicílio eleitoral para São Paulo - ou Rio de Janeiro - para concorrer à prefeitura. Na capital paulistana, Marina obteve 20,1% dos votos válidos. No Rio, seu desempenho foi melhor, 31,91%, o que lhe garantiu o segundo lugar.

Na capital fluminense, só mesmo fatores especiais, como a candidatura de Marina Silva ou o estouro de um grande escândalo, podem representar um perigo à reeleição de Eduardo Paes (PMDB). Indio da Costa (DEM) ganhou projeção nacional, como vice na chapa de José Serra, mas sua esperada candidatura terá uma missão complicada. O prefeito é aliado do governador e colega de partido Sérgio Cabral, que conseguiu se reeleger como o terceiro proporcionalmente mais votado, com 66%. Ambos se beneficiam da forte parceria com o governo federal, que, por sua vez, foi retribuído na eleição presidencial: no Rio, Dilma venceu Serra por 61% a 39%. Marina Silva, caso desafie Paes e o grupo político por trás dele, pode, curiosamente, repetir a eleição de 2008, quando Fernando Gabeira, também do PV, despertou uma onda de apoio que quase derrotou o bloco liderado por PMDB e PT. Eduardo Paes ganhou por 50,83%, com uma diferença de menos de 56 mil votos.

Se a eleição presidencial não abalou, ou até reforçou, a vantagem que o prefeito do PMDB no Rio terá para se reeleger, o mesmo pode se dizer de Recife onde João da Costa (PT), poderá renovar seus mandato. Ali, a situação é confortável. No Estado, o governador aliado, Eduardo Campos, do PSB, reelegeu-se com a maior votação percentual do país, 82,84%, e a capital conferiu à Dilma uma vitória de 66% a 34% sobre Serra. A derrota contundente de Jarbas Vasconcelos (PMDB) para Campos e a não reeleição de Marco Maciel (DEM) ao Senado são fracassos que desafiam previsões otimistas para a oposição. Em Goiânia, o vice Paulo Garcia, do PT, herdou a vaga que pertencia a Iris Rezende (PMDB). Mas a manutenção da prefeitura pode ter pela frente maiores obstáculos. Além de Marconi Perillo (PSDB) ter vencido a eleição para governador, a capital foi terreno fértil para os tucanos. Ali, Serra bateu Dilma por 57,57% a 42,43%.

Em Belo Horizonte e Porto Alegre, a eleição presidencial também trouxe sinais de instabilidade que tornam o quadro bem menos previsível.

Na capital mineira, onde o PT sempre teve a maior votação na eleição presidencial, desde 2002, Dilma perdeu para Serra no segundo turno (50,39% a 49,61%), o que pode indicar o crescimento de um antipetismo no eleitorado. A prefeitura de Belo Horizonte é resultado da união entre o PT (com histórico de administrações locais) e o PSDB (do ex-governador e senador eleito Aécio Neves) - um cruzamento atípico que elegeu Márcio Lacerda (PSB). O prefeito tem direito à reeleição, mas o rastro de discórdia deixado pela acirrada disputa presidencial entre tucanos e petistas - que formam sua heterogênea base de apoio - podem prejudicar a renovação do mandato. Tanto PT quanto PSDB cogitam quebrar a aliança e lançar candidatos próprios.

Os sinais contraditórios emitidos pela elite política mineira podem ser responsáveis pela volatilidade das preferências no eleitorado. Belo Horizonte foi uma das quatro capitais onde houve mudança de resultado entre o primeiro e o segundo turno na corrida presidencial - as outras foram Belém e Natal, também favoráveis a Serra, e Cuiabá, que deu vitória a Dilma na segunda rodada.

Em Porto Alegre, as eleições ao Executivo nacional e estadual também balançaram as estruturas e tornou o quadro indefinido. Com a renúncia de José Fogaça (PMDB) para concorrer ao governo do Estado, a prefeitura foi assumida por José Fortunati (PDT). O pedetista está inclinado a se aproximar e levar a sigla para a base do governador eleito Tarso Genro (PT) - uma vez que seus partidos são aliados no plano nacional - mas reivindica autonomia e a primazia de ser o candidato à prefeitura.

Essa reacomodação de forças, em certas situações, revela clara estratégia de sobrevivência ou senso de oportunidade. É o caso dos dois vices do PTB que herdaram as vagas de tucanos que saíram para concorrer ao governo do Estado.

Em Cuiabá, Chico Galindo fez campanha para Wilson Santos, mas, antes mesmo do primeiro turno, mexeu em seu secretariado e, agora, já se aproximou do governador eleito Silval Barbosa (PMDB), a quem ele e Santos se opunham.

Em Teresina, a troca de parceiro foi ainda mais rápida. Elmano Férrer largou seu ex-prefeito, Silvio Mendes, e, no início do segundo turno, sob a alegação de que seguia orientação partidária, passou a apoiar Wilson Santos (PSB), que se elegeu.

Estas adesões fazem com que apenas cinco dos 26 prefeitos de capitais estejam em oposição aos governadores eleitos: dois são do PT (em Goiânia e Palmas) e os outros são do PSB (em Boa Vista), PDT (em Macapá) e PSDB (São Luís).

Na política, a dança conforme a música também pode ser chamada de aliança conforme as urnas.

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