Reforma Política

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Re: Reforma Política

#31 Mensagem por Carnage » 12 Nov 2011, 15:07

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... e-campanha
O financiamento público de campanha
Enviado por luisnassif, ter, 08/11/2011 - 08:00

Coluna Econômica - 08/11/2011


O nome da corrupção política é financiamento privado de campanha.

É uma praga com vários desdobramentos.

O primeiro, o de fazer de cada cargo público um balcão de negócios.

Não há nenhum partido político, nenhuma instância da administração pública, que esteja a salvo dessa praga.

No mundo ideal, um partido se valeria de cargos públicos para destacar quadros políticos, consolidar uma marca e se aproximar da massa de eleitores.

Na democracia formal, o cargo serve para firmar alianças com grupos econômicos, financiadores de campanha - como ocorre às claras nos Estados Unidos, país onde opera o lobby institucionalizado e onde as alianças político-empresariais são mais nítidas.

No Brasil, existem dois tipos de ações espúrias. A primeira, a que beneficia os grandes grupos, como grandes obras, regulações favoráveis etc.

A segunda, o imenso varejo das emendas parlamentares, das transferências para ONGs e outras organizações. É pequeno perto das grandes jogadas, mas é o mais facilmente identificável, pelo fato de ser pulverizado.

A diferença pode ser vista em diversos casos. No episódio Duke-Alston, em São Paulo, a empresa providenciava a transferência de verbas para ONGs do litoral paulista que, depois, as repassava para políticos e partidos. Em troca, conseguia grandes obras públicas.

No caso do Ministério dos Esportes, havia uma rede ampla de pequenos fornecedores.

Em ambos os casos, o dinheiro transitava por dutos pouco visíveis.

A primeira utilidade do financiamento público de campanha será o da criminalização de qualquer contribuição privada.

A perspectiva de ficarem cinco anos afastada das concorrências públicas e do acesso ao financiamento de bancos públicos - prevista no projeto de lei do deputado Henrique Fontana -, assim como a criminalização das contribuições, inibiriam definitivamente as empresas formais.

Restaria a contribuição do crime organizado e dos lobbies fora-da-lei.

Ocorre que não há nada mais visível do que uma campanha eleitoral. Com limitações de gasto, qualquer candidato que exorbitar em sua campanha será imediatamente mapeado pelos órgão de controle e de polícia.

Uma segunda vantagem será a de eliminar definitivamente o álibi para essa ação semiclandestina.

Quando uma empresa opera com o caixa dois, o grande risco que corre é o da perda de controle sobre as ações dos funcionários - já que essas operações não podem ser registradas.

Com partidos políticos ocorre o mesmo. Como separar a operação destinada a recolher recursos para o caixa do partido daquelas que visam o enriquecimento pessoal do agente?

É praticamente impossível. Qualquer tentativa de desvio será moralmente condenada pelo próprio partido.

A terceira vantagem é o da despolitização das denúncias seletivas, utilizadas como arma política, e não como forma de aprimoramento da administração pública.

Cria-se um quadro complicado, em que carregam-se nas tintas contra governos adversários, mas poupa-se qualquer escândalo envolvendo partidos aliados - justamente pela impossibilidade de separar o crime da ação política de financiamento.

Com o financiamento público de campanha, qualquer forma de arrecadação será tratada como crime em benefício pessoal.

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Re: Reforma Política

#32 Mensagem por Carnage » 05 Dez 2011, 22:05

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=19103
Sistema resiste e joga para 2012 votação sobre financiamento público
Sem consenso, comissão especial de deputados encerra nove meses de trabalho e empurra para depois das férias votação de reforma política que acaba com doação de empresas para campanhas. PMDB puxa adiamento e recebe apoio de diversos partidos. Para defensores da reforma, falta pressão da sociedade e tempo de votação foi perdido. 'Sistema faliu', diz relator.

André Barrocal


BRASÍLIA – Depois de nove meses de resistência, o sistema político brasileiro conseguiu, nesta quarta-feira (30), fazer mais um ano terminar sem que se ataque um de seus problemas centrais, o financiamento de campanhas com dinheiro de empresas. Por uma iniciativa do PMDB que teve apoio de partidos diferentes, a comissão especial da reforma política na Câmara dos Deputados decidiu empurrar para fevereiro a votação de relatório que acaba com doações empresariais.

“Estamos em desacordo com esse relatório”, disse o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), autor da proposta que seria discutida desde o início da sessão e que acabaria vencedora, de adiar a votação, motivo de a comissão estar reunida. O assunto só será retomado depois das férias dos parlamentares.

Cunha defende a manutenção de doações privadas e articulou o adiamento em nome do PMDB, depois de se acertar com o líder da bancada, Henrique Alves (RN).

Um dos dois maiores partidos do Congresso ao lado do PT, o PMDB é contra financiar campanhas só com dinheiro público porque isso exige uma espécie de regra gêmea: o voto de legenda (em partidos), em vez de em pessoas (políticos).

Para tentar contornar essa oposição, o relator, Henrique Fontana (PT-RS), acena com uma solução alternativa, que seria permitir ao eleitor escolher votar na legenda ou no candidato. Em vão. O sentimento geral é de que, nem assim, a reforma passaria.

Avaliação feita tanto por quem não quer a reforma, como por quem a defende. O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que é contra o voto de legenda, apoiou postergar a votação. Alfredo Syrkis (PV-RJ) e Ricardo Berzoini (PT-SP), que apoiam o financiamento público, também.

Camuflagem e apatia
Para Fontana, os parlamentares que, como Cunha, invocam a necessidade de continuar adiando a votação até que se chegue a um acordo querem, na verdade, deixar tudo como está. “Em reforma política, não há como estabelecer consenso”, afirmou.

Pelo menos um peemedebista concordou com Fontana, Alceu Moreira (RS). “Consenso é impossível. Ninguém chegou aqui por consenso, mas no voto. Em março, essa comissão vai chegar sem ter o que fazer e sem vontade de fazer”, afirmou.

O futuro da reforma poderia ser diferente se a sociedade se interessasse e pressionasse, na opinião de alguns membros da comissão. “A sociedade está apática sobre o tema”, disse o presidente da comissão, Almeida Lima (PPS-SE). “Essa discussão não vem acompanhada de uma pressão de baixo para cima da sociedade, esse é o nosso problema”, afirmou Ivan Valente (PSOL-SP).

Desanimado, o tucano Marcus Pestana (MG) disse que a hora da reforma política passou. “Perdemos o timing e aquela vontade reformadora que sai das urnas”. Para Érica Kokay (PT-DF), a comissão chega ao fim em clima de “melancolia”. "E essa melancolia não será vencida com o adiamento da votação para fevereiro”, disse.

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Re: Reforma Política

#33 Mensagem por roladoce » 08 Dez 2011, 19:41


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Re: Reforma Política

#34 Mensagem por Carnage » 11 Dez 2011, 17:29

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=19181
No dia contra corrupção, ministro aponta culpado: poder econômico
Para Jorge Hage, ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), corrupção tem 'causas profundas' no financiamento de campanhas com doação empresarial e na impunidade de crime do colarinho branco. Segundo ele, impunidade diferencia Brasil do exterior e dá sensação de que aqui as coisas são piores. 'Ninguém diz que Estados Unidos são 'estado policialesco'', diz.

André Barrocal


BRASÍLIA – O avanço do combate à corrupção exige enfrentar o poder econômico, com o fim de doações privadas a campanhas eleitorais e a efetiva punição judicial de crimes do colarinho branco. As primeiras produzem laços não-republicanos entre agentes públicos e empresários que, não raro, terminam em fraudes. Já a impunidade dos ricos, em si mesma uma injustiça, cria um ambiente que fertiliza condutas corruptas.

A avaliação é do ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, uma espécie de vigia ético da República. Em discurso nesta sexta-feira (9) em evento pelo Dia Internacional contra a Corrupção, Hage fez um balanço das ações federais nesta área desde o governo Lula e aproveitou para apontar o que considera causas da corrupção e como neutralizá-las.

“Ninguém desconhece que as causas mais profundas da corrupção têm raízes em questões mais amplas, como o financiamento privado de campanhas e de partidos, o sistema eleitoral, os meandros da elaboração do orçamento público”, disse Hage. Para o ministro, há uma “urgente necessidade de reforma das leis processuais penais, que são, hoje, a principal garantia de impunidade”.

A eliminação das doações privadas para campanhas, que seriam substituídas pelo financiamento com dinheiro do orçamento público, numa espécie de investimento do Estado na democracia, foi uma decisão recentemente empurrada para o ano que vem, por uma comissão especial de deputados que debartia o tema há nove meses. Motivo: a maioria dos partidos não assimila bem a ideia, numa demonstração da força do poder econômico que a proposta busca combater.

Sabendo que é difícil que o próprio sistema enfrente a si mesma, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entrou neste ano com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que seja excluída da lei dos partidos o trecho que permite as doações privadas. A entidade tem a mesma avaliação de que este procedimento pavimenta a corrupção.

Para Hage, também seria importante acabar com o que ele considera excesso de recursos contra decisões judiciais, que na prática servem para adiar quase infinitamente a aplicação de penas, sobretudo quanto o réu em questão é rico, com dinheiro para gastar também eternamente com bons advogados.

O ministro defendeu proposta em discussão no Senado, de autoria do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que extingue a possibilidades de se apresentarem recursos extraordinário e especial contra decisões de tribunal colegiado de segunda instância – a corte julga depois de uma sentença individual de um juiz.

O relator do projeto, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), deu parecer favorável, embora com uma mudança: ele preserva os recursos, mas diz que o andamento deles não impede mais a execução da pena.

Para Jorge Hage, essa é uma das principais diferenças entre o Brasil e o mundo e que, às vezes, dá a ideia de que aqui tem mais bandalheira. “A corrupção não é um problema brasileiro, afeta todos os países do mundo, incluindo o setor público e as instituições privadas”, disse o ministro. “Mas há uma diferença extremamente importante entre os países: a sua capacidade de punir os crimes do chamado 'colarinho branco', ou seja, o crime de quem tem poder ou tem dinheiro.”

No discurso, o ministro citou como exemplo a prisão do milionário George Madoff nos Estados Unidos apenas poucos meses depois da descoberta das fraudes que praticava à frente de fundos de investimentos). “E ninguém disse que aquele país não é um estado democrático de direito, onde não são respeitadas as garantias individuais; ninguém disse que temos ali um 'estado policialesco'”, afirmou Hage, em clara alusão à condenação do banqueiro Daniel Dantas e sua posterior soltura pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes
.
Hage também voltou a defender a aprovação do projeto de lei, preparado pela CGU, que cria punições civis e administrativas contras empresas corruptoras. A propostas está tramitando numa comissão especial da Câmara e já passou por diversas audiências públicas, mas ainda não há um parecer final.

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Re: Reforma Política

#35 Mensagem por Carnage » 07 Jan 2012, 01:38

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... na_id=5388
Sistema político é ruim, mas a história é inexorável
As regras continuam as mesmas – e em algum momento o Brasil vai ter que se decidir entre duas que são incompatíveis: um sistema de votação presidencial que fortalece popularmente o presidente eleito em dois turnos (ou já consagrado majoritariamente num primeiro) ou um sistema de votação parlamentar que tende a pulverizar cada vez mais o voto.

Maria Inês Nassif

Nem tudo é igual no país de Macunaíma. Até o ano passado, o Brasil convivia com uma realidade meio torta, segundo a qual um presidente eleito pelo voto direito em dois turnos (portanto, com exigência de maioria absoluta dos votos válidos), governava sob um sistema partidário extremamente pulverizado que impedia a formação de uma maioria monopartidária, ou uma coalizão menos volumosa.

As regras continuam as mesmas – e em algum momento o Brasil vai ter que se decidir entre duas que são incompatíveis: um sistema de votação presidencial que fortalece popularmente o presidente eleito em dois turnos (ou já consagrado majoritariamente num primeiro) ou um sistema de votação parlamentar que tende a pulverizar cada vez mais o voto, e que está longe de fortalecer as instituições partidárias. Quando mais o voto é pulverizado, maior o número de partidos para compor um governo de coalizão.

De certa forma, a democracia brasileira merece os parabéns por conseguir sobreviver nessa corda bamba, com as crises que fatalmente irrompem de leis que fortalecem popularmente um presidente, mas dão, simultaneamente, um poder enorme de barganha aos partidos, mesmo aos muito pequenos.

A distorção, todavia, vem sendo empurrada com a barriga desde a Constituinte de 1988, quando, votadas em separado, as propostas deram ao sistema partidário um perfil parlamentarista, enquanto o presidencialismo vencia e levava para casa um modelito dois números menor que o seu corpanzil. Ainda assim, como a história anda, independente de quanto aperta a roupa, a chamada correlação de forças (termo que minha geração, e também a anterior, usou à farta para explicar por que num momento as coisas fatalmente mudam, mesmo com tanques nas ruas) prevalece sobre as consequências previstas para um determinado sistema político.

Na prática, a pulverização partidária, aliada às práticas tradicionais de fazer política, resultam em enorme poder de barganha dos partidos frente a um Executivo. Mas, como as variantes conjunturais nunca são as mesmas, nem sempre isso acontece. Até pela contradição entre partido forte frente ao Executivo e desacreditado junto ao eleitorado, e entre Executivo forte junto ao eleitorado e refém de um Congresso pulverizado, coisas ocorrem – e podem ser suficientemente fortes a ponto de balançar a lógica desse sistema maluco.

Nos governos de Fernando Henrique Cardoso, existia uma maioria parlamentar onde, embora com as restrições conferidas pela lei, o ambiente ideológico, inclusive internacional, era propício à formação de maiorias (que permitiram, por exemplo, a venda de enorme patrimônio público sem qualquer tipo de vantagem para o Estado, como descreve Amaury Ribeiro Jr. no livro que é sucesso de vendas, “A Privataria Tucana”). As maiorias eram mais orgânicas, digamos assim, porque a maioria dos partidos do centro à direita embarcaram na onda neoliberal; e porque nesse processo foram escolhidos, a dedo, aqueles que viriam a se constituir na “burguesia moderna”, capaz de conviver de forma proveitosa com o capital monopolista financeiro.

Estar no círculo de poder era definitivo. Nossa elite mudou de cara nesse período, sem grande espaço para oposição, que exercia o direito de espernear, apenas. Além das variáveis ideológicas, a “democratização” de recursos junto às “bases tradicionais” viabilizaram um projeto de poder (que era para ser de 20 anos de poder tucano-pefelista e tornou-se oito, mais por conta da conjuntura econômica do que da ação de uma oposição que apenas saiu do atordoamento da queda do Muro de Berlim depois que foi obrigada a governar).

Nos dois governos Lula, as distorções do sistema se acentuariam. No primeiro, o presidente era um homem limitado em suas possibilidades pelo perfil do governo de coalizão, por uma crise financeira que foi uma herança pesada e por uma relação com parceiros no Congresso que, na falta de qualquer afinidade orgânica, passava mesmo pelas relações de troca da política tradicional.

A partir do segundo, era um presidente consagrado popularmente, e sob cujo governo as condições objetivas da maior parte da população melhorou – e com partidos de oposição cada vez mais enfraquecidos pelo modelo político arcaico em que, quanto mais longe do poder, menos chances uma legenda tem de eleger representantes. O que sobreviveu de oposição valeu-se da força de mediação da mídia tradicional, que teve um importante papel no pleito de 2006, do lado da trincheira do PSDB representada por José Serra, que perdeu para a candidata de Lula, a presidenta Dilma Rousseff.

O empréstimo de credibilidade da imprensa à candidatura Serra, evidentemente, não foi suficiente para fazê-lo vitorioso, mas estabeleceu um vínculo profundo entre o maior partido de oposição e a mídia tradicional. A perda de credibilidade que resultou dessa relação carnal entre um e outra (mídia e PSDB) atingiu parte de público leitor e tornou cada vez mais reduzidas condições de ampliação de sua influência na opinião pública. Manteve um público leitor fiel, mas partidarizado. Perdeu público que representava a outra parte da polaridade política que, apesar de todas as deficiências do quadro partidário, se consolida numa espécie de Fla-Flu na sociedade.

O poder de persuasão desse tipo de jornalismo, no entanto, é eficiente para os mesmos. O público não se amplia. Da mesma forma que, na internet, a tendência é uma conversa com o lado oposto.

O segundo ano do governo Dilma Rousseff começa com algumas mudanças de parâmetro. Ela não foi ruim na política quanto apostavam seus opositores e temiam seus adeptos – aliás, parece que a presidenta deu um passo além daquele dado por Lula, a partir de 2005, quando estourou o chamado Escândalo do Mensalão. Na época, até porque em véspera de eleição, o grande enfraquecido foi o PT. Embora os outros partidos da base tenham ficado tão expostos quanto o partido, foi o de Lula que sofreu mais. Lula surfou, com sua popularidade, no vácuo deixado pelo partido. Fortaleceu-se como figura política, mas preservou os demais da coalizão. E, embora tenha tirado de letra a oposição sistemática feita pelos meios de comunicação, esteve no meio de uma guerra constante.

Dilma demitiu ministros por pressão dos jornais. No momento em que anuncia uma reforma ministerial, a maioria dos partidos da coalizão foram alvejados por denúncias. Ela está mais forte que os partidos que a apoiam. E, ironia das ironias, a exposição do vínculo carnal da imprensa com o PSDB, em especial com o grupo de Serra, configurada no “Privataria Tucana”, enfraquece também a mídia nesse momento – aquela que, teoricamente, foi a vitoriosa na batalha de derrubar ministros. No mínimo, nesse processo, a mídia mostrou que tem apenas um lado. Um dos diários nacionais, aliás, cometeu um vanguardismo jornalístico: estabeleceu a norma de ouvir o lado acusado sem mencionar as acusações contidas num livro que, aliás, não foi objeto anterior de sua curiosidade jornalística.

(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.

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Re: Reforma Política

#36 Mensagem por NUMABOA » 13 Jan 2012, 10:51

AINDA acho que o melhor sistema é o proporcional com lista fechada,em que se vota no partido.
se critica com o argumento de que não temos partidos de verdade,mas a chance para se mudar isso(pelo menos no médio prazo)seria justamente a alteração do sistema

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Re: Reforma Política

#37 Mensagem por Carnage » 15 Jan 2012, 18:00

NUMABOA escreveu:AINDA acho que o melhor sistema é o proporcional com lista fechada,em que se vota no partido.
se critica com o argumento de que não temos partidos de verdade,mas a chance para se mudar isso(pelo menos no médio prazo)seria justamente a alteração do sistema
Sou inclinado a concordar.

Mas seria necessário definições e critérios mais rígidos pra institução de partidos. Talvez viessem com o tempo, mas como ficariam as eleições durante este processo de transição?
Só tenho plena certeza que o voto distrital é a pior solução.

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Re: Reforma Política

#38 Mensagem por Sempre Alerta » 04 Fev 2012, 23:27

Democratização ou mercantilização da política

Emir Sader

O neoliberalismo se propõe a transfomar tudo em mercadoria. Que tudo tenha preço, que tudo se possa comprar e vender. Essa proliferação do reino do dinheiro chegou em cheio à política. E o financiamento privado das campanhas eleitorais é a porta grande de entrada, que permite que o poder do dinheiro domine a política.

Dados concretos mostram como as campanhas com maior quantidade de financiamento tem muito maior possibilidade de eleger parlamentares. E que o Congresso está cheio de bancadas corporativas – de ruralistas, de donos de escolas particulares, de meios de comunicação, de donos de planos de saúde, entre tantos outros – que representam os interesses minoritários em cada setor, que se elegeram graças a campanhas que dispõem de grande quantidade de recursos econômicos.

O Executivo representa o voto da maioria da sociedade. O Congresso deveria representar sua diversidade, tanto a maioria como a minoria, assim como os diversos setores presentes na sociedade. Basta ver o tamanho da bancada ruralista – que representa a ínfima minoria da população do campo, os donos de grandes parcelas de terra – e a representação dos trabalhadores rurais – 3 parlamentares para representar a grande maioria da população do campo – para se ter ideia da distorção que a presença determinante do dinheiro representa para definir a representação parlamentar. O Congresso termina representando a minoria que dispõem de dinheiro para se eleger e nao espelha a realidade efetiva da sociedade. Terminam decidindo em nome de todos, mesmo com essa representação distorcida.

Por isso eles defendem com unhas e dentes o financiamento privado de campanha, que representa a tradução em representação política de quem tem mais dinheiro e não da vontade política soberana do conjunto da sociedade. O PMDB até chega a dizer que abre mão do financiamento público para cargos majoritários, mas não cede nas eleições parlamentares, de onde tira seu poder de barganha.

Alega-se que seria o livre direito de colaborar com dinheiro para quem se quer. Mas é um direito de quem tem dinheiro – dos bancos, das grandes empresas nacionais e internacionais, da velha mídia, - e não da esmagadora maioria da população, que fica expropriada desse direito.

O financiamento público de campanha é uma reivindicação da democracia, uma condição para que exista um Congresso representativo da sociedade brasileira, da vontade popular. Lutar por ela é lutar para que tenhamos uma vida para chegar a uma sociedade verdadeiramente democrática no Brasil.

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... ost_id=882

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Re: Reforma Política

#39 Mensagem por Sempre Alerta » 31 Dez 2012, 19:07

Reforma Política

http://www.reformapolitica.org.br/


Livro discute reforma política no Brasil

http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=1147

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Re: Reforma Política

#40 Mensagem por japa.cp » 10 Jan 2013, 13:44

Uma reforma que eu acho justa seria a proibição das contribuições privadas nas campanhas dos candidatos, deveria ter somente o financiamento público, desta forma fica bem difícil um candidato "se vender" ou "ser comprado". Isso somado ao tempo igual no rádio e TV.

Imagine se todos os candidatos tivessem a mesma quantia para gastar na campanha e também o mesmo tempo na TV, todos os candidatos teriam chances iguais de expor as suas campanhas. Acho que isso poderia dificultar a vida dos políticos mercenários que se vendem prejudicando o povo que o elegeu.

Se alguém faz uma doação milionária na campanha de um político é óbvio que isso foi feito em troca de alguma coisa. Para algumas empresas, alguns milhões podem ser "dinheiro de pinga".

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Re: Reforma Política

#41 Mensagem por ghostwriter » 11 Jan 2013, 05:17

japa.cp escreveu:Uma reforma que eu acho justa seria a proibição das contribuições privadas nas campanhas dos candidatos, deveria ter somente o financiamento público, desta forma fica bem difícil um candidato "se vender" ou "ser comprado". Isso somado ao tempo igual no rádio e TV.

Imagine se todos os candidatos tivessem a mesma quantia para gastar na campanha e também o mesmo tempo na TV, todos os candidatos teriam chances iguais de expor as suas campanhas. Acho que isso poderia dificultar a vida dos políticos mercenários que se vendem prejudicando o povo que o elegeu.

Se alguém faz uma doação milionária na campanha de um político é óbvio que isso foi feito em troca de alguma coisa. Para algumas empresas, alguns milhões podem ser "dinheiro de pinga".

Concordo, mas a quem cabe a iniciativa de uma reforma ?

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Re: Reforma Política

#42 Mensagem por Carnage » 06 Fev 2013, 21:09

http://www.redebrasilatual.com.br/temas ... -na-camara
Após vitória de Alves, PT tentará emplacar reforma política na Câmara

Tema, no entanto, sequer foi lembrado pelo novo presidente da Câmara em seu discurso; relator almeja aprovação já no primeiro semestre

Por: Maurício Thuswohl, da Rede Brasil Atual

Publicado em 04/02/2013, 19:41

Última atualização às 19:41


Brasília – Concluído o processo de escolha do novo presidente da Câmara, com a eleição hoje (4) do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o PT, com o apoio da maior parte dos deputados dos partidos da base aliada, tentará finalmente emplacar o projeto de reforma política. A ideia é aproveitar o momento de força política do aliado recém-eleito para aprovar ainda no primeiro semestre uma reforma que não será ampla, mas conterá um ponto considerado fundamental: o fim do financiamento privado das campanhas eleitorais. Durante a campanha, Alves se comprometeu com o PT a fazer avançar essa agenda, e agora os petistas pretendem cobrar o cumprimento do compromisso.

O deputado e ex-ministro Nilmário Miranda (PT-MG) destaca o compromisso assumido por Henrique Alves em relação à reforma política e diz “esperar que esse acordo seja cumprido” ainda em 2013. “Essa é a pauta central este ano. Se for aprovada, será um passo enorme para a democracia e para a sociedade no Brasil. É fundamental aprovar o financiamento público, mudar o sistema de voto e avançar no processo de reforma. Esse não é o único passo, existem outros, mas é importante para a nossa democracia”, diz.

Relator do projeto de reforma política na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS) promete empenho total pela sua aprovação. “Vou retomar esse tema com muita força ainda no primeiro semestre. Vou imediatamente sentar com o presidente eleito da Câmara para pedir pauta prioritária para a reforma política.”

Fontana não teme novo fracasso na tentativa de aprovar a reforma. “Vamos saber enxugar os pontos como está no relatório que eu apresentei no ano passado, quando fizemos uma última tentativa de votar", observa. "As prioridades são: financiamento público exclusivo de campanha, teto de gastos com forte redução dos custos de campanha, o fim da coligação proporcional para dar mais nitidez aos partidos políticos e a adoção de diversos mecanismos para o fortalecimento programático e a democratização interna dos partidos.”

Outro ponto importante será a coincidência de eleições. “No mesmo ano, mas não em uma mesma data. O país pode realizar o seu processo democrático ao longo de seis meses, por exemplo, onde a eleição presidencial ficaria separada por dois meses e meio da eleição para prefeitos e vereadores. A única dúvida, que precisamos discutir melhor, é se a eleição para governadores, deputados e senadores se realizaria junto com a eleição presidencial ou com a outra. Todas as eleições ocorreriam no mesmo semestre, com um lapso máximo de 90 dias”, adianta Fontana.

Ruptura democrática

A reforma política, afirma o parlamentar, é uma urgente necessidade do país. “Todas as evidências dos últimos 20 anos na política brasileira deram centenas de demonstrações, milhares de exemplos do quanto o país precisa mudar o seu sistema político. Se nós continuarmos com a lógica que às vezes alguns analistas propõem, se vamos criminalizando a política pouco a pouco, tratando de casos isolados – e, que muitas vezes, merecem punições exemplares por irregularidades cometidas – nós vamos desembocar em uma política totalmente deslegitimada perante a população, em um processo exponencial de criminalização generalizada contra a política. Isso é a antessala de uma ruptura democrática e este seria o maior prejuízo que o Brasil poderia ter.”

Para Ivan Valente (PSOL-SP), só a reforma política pode trazer uma mudança qualitativa para a política e os políticos brasileiros. “Eu entendo que nós temos um desafio. Se não houver uma reforma política, nós vamos continuar tendo todos os escândalos de corrupção e desmoralização da casa. Se não se vota o fim do financiamento privado de campanha, com aumento da participação popular através de plebiscitos, referendos e emendas populares”, diz.

Com os deputados que têm, acrescenta Valente, a Câmara corre o risco de se descolar cada vez mais da realidade popular. “Os grandes temas nacionais não vêm à baila, inclusive aqueles do interesse dos trabalhadores, como o fim do fator previdenciário, a semana de 40 horas e assim por diante. Se não houver a reforma, nós vamos ter a mesmice, vamos continuar aqui com uma pauta que interessa ao capital financeiro e a gerenciar a crise sob o ponto de vista dos grandes monopólios do Brasil”, afirma.

Dificuldade

Apesar da vontade de alguns deputados, a realidade pode ser outra. Integrante da comissão da reforma política criada na Câmara há dois anos, o deputado e ex-prefeito de Recife João Paulo Lima e Silva (PT-PE) diz que “a bem da verdade não tem esperança nenhuma” de que a reforma seja votada. “Acredito que não há um clima para votar e que existe um distanciamento muito grande entre o Congresso Nacional e o eleitor, o cidadão. Não existe um ambiente aqui dentro da maioria para votar, a não ser que haja uma mudança significativa no quadro da política.”

O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), presidente da Força Sindical, por sua vez, diz acreditar na costura de um acordo que permita a aprovação da reforma. “Uma grande reforma política é complicado de se fazer, mas acho que em alguns pontos é possível avançar. O financiamento público de campanha, por exemplo, é uma questão que precisamos tratar com urgência porque ninguém agüenta mais o financiamento na forma como ele é feito nas campanhas.”

Em todo caso, o primeiro dia da segunda metade da atual legislatura já deu indícios de que a aprovação da reforma política não será tarefa simples. Apesar do compromisso assumido com parlamentares petistas, Henrique Alves sequer citou o tema em seu longo e veemente discurso de vitória. O novo presidente da Câmara falou sobre a relação com o Judiciário, a análise dos vetos presidenciais e a questão dos royalties, entre outros temas. Fez críticas ao excesso de medidas provisórias do Executivo, à grande imprensa e até à TV Câmara. A reforma política, no entanto, não foi lembrada pelo deputado.

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Re: Reforma Política

#43 Mensagem por Roy Kalifa » 07 Fev 2013, 10:23

Reforma Politica ????????????

Eles não vão largar o osso nunca.

Pura Balela !

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FacelessMan
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Re: Reforma Política

#44 Mensagem por FacelessMan » 07 Fev 2013, 20:49

Roy Kalifa escreveu:Reforma Politica ????????????

Eles não vão largar o osso nunca.

Pura Balela !
reformas, são coisas que só cabem a nós
voto distrital, diminuir o número de partidos políticos, seriam um tiro no pé deles mesmos(filhadaputamente falando)

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Carnage
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Re: Reforma Política

#45 Mensagem por Carnage » 18 Abr 2013, 21:48

http://www.henriquefontana.com.br/henri ... _id=585277
Estadão nega publicação de artigo de Fontana

No dia 11 de abril, José Serra publicou artigo no jornal O Estado de São Paulo defendendo algumas posições a cerca da reforma política, mas, substancialmente, fazendo críticas a proposta que defendo, pela qual tenho trabalhado muito nestes últimos dois anos e que continuarei trabalhando para que um dia seja votada no plenário da Câmara.

Por óbvio, eu não concordo com a maior parte das opiniões de Serra sobre o assunto. O problema central, é que no texto Serra me chama de golpista, aliás, de forma arrogante e autoritária, postura típica daqueles que tem dificuldade de debater ideias diferentes com espírito democrático.

Não sou golpista, e a minha história de vida atesta isso. O trabalho que fiz ao longo destes anos no intuito de buscar alternativas para melhorar o sistema político do país está à disposição para ser analisado por todos vocês. Fiz centenas de reuniões com todas as bancadas, mais de uma vez com cada uma, com diferentes setores e instituições da sociedade para tentar chegar a uma proposta que fosse a melhor possível para garantir a votação e um momento onde todos os partidos e parlamentares pudessem se manifestar sobre cada ponto da reforma. E tenho convicção de que chegamos a uma proposta capaz de tornar a democracia brasileira mais forte e mais justa. Lamento a decisão tomada pela maioria dos líderes no último dia 9 de abril.

Mas para contrapor o artigo de José Serra, escrevi um texto apresentando meus argumentos em favor da reforma política e rebatendo as críticas do ex-governador. Infelizmente, os editores do Estadão decidiram não me conceder o mesmo espaço que o jornal concedeu ao José Serra. Também lamento esta decisão antidemocrática do jornal e, por isso, publico aqui os dois textos para que todos tenham acesso e possam tirar suas próprias conclusões.




Do Estadão

Reforma ou golpe?

por José Serra


Ainda bem que a Câmara dos Deputados parece ter sepultado a proposta de reforma política petista, cujo relator era o deputado Henrique Fontana (PT-RS). O ruim – o modelo que temos – ainda é melhor do que o pior, representado pela proposta que o PT pretendia enfiar goela abaixo do País, já que não houve debate a respeito. Reforma política? Era mesmo isso o que se pretendia?

Há distinções claras entre revolução, reforma e golpe. A primeira convulsiona a sociedade, conquista a maioria dos que padecem sob a ordem vigente, lança no imaginário coletivo amanhãs redentores e faz novos vencedores. Nas revoluções virtuosas, os oprimidos de antes não se tornam os opressores do novo regime, mas os libertadores das potencialidades do futuro. Penso, por exemplo, na Revolução Americana.

Golpe, em qualquer lugar e em qualquer tempo, é uma reação dos que se veem ameaçados pela emergência de novos atores na cena política ou buscam perpetuar-se no poder eliminando os adversários. O golpe é sempre reacionário – seja o de 1964 no Brasil, o de 1973 no Chile ou os de 1966 e 1976 na Argentina. Ou o que matou César.

E a reforma? É uma tentativa de mudança pacífica, que procura não fazer nem vitoriosos nem derrotados. Não se trata de virar a mesa ou de banir da cena os adversários tornados inimigos. Uma reforma não privilegia grupos, mas busca o bem-estar coletivo – ainda que eu saiba que esse espírito anda em baixa nestes dias. Nos últimos anos o Brasil tem vivido sob a égide das “reformas”, sempre necessárias, mas jamais levadas a efeito. Uma das que mais mobilizam as consciências é a “reforma política”, que, na versão do PT, foi sepultada na noite de terça-feira. De fato, os petistas não queriam uma reforma, mas um golpe.

O PT queria aprovar, por exemplo, o financiamento público exclusivo de campanha, que tem seduzido muitos incautos. Segundo o relatório do deputado Fontana, as campanhas eleitorais seriam pagas na sua totalidade com o dinheiro dos contribuintes, por meio do Tesouro Nacional. O TSE estabeleceria o montante, mas o Congresso e o Executivo tomariam a decisão final na aprovação do orçamento.

A direção do PT, partido que levou o uso do caixa 2 ao paroxismo na vida pública brasileira, apresenta a solução do financiamento público para combater o… caixa 2! Pretende assim, diante da opinião pública e de sua militância menos informada, maquiar a própria história. Mas isso é só uma patranha. O golpe estava em outro lugar.

No projeto, a distribuição dos recursos para o financiamento público levaria em conta a representação na Câmara dos Deputados e, principalmente, o volume de votos obtidos na eleição anterior, fator que beneficiaria, é evidente, o PT. Até o PMDB, que tem uma grande bancada, mas não o maior número de votos dos eleitores, seria condenado a uma progressiva inanição, que só beneficiaria o partido que está no centro do poder de fato, o PT, que domina a máquina pública federal e controla as estatais e seus fundos de pensão.

Com essa proposta, aos cartórios já existentes, do Fundo Partidário e do tempo de TV, se somaria um terceiro, pantagruélico, gigantesco, faminto: o do fundo público de financiamento de campanhas eleitorais. Não custa lembrar que no sistema atual os partidos já recebem quase R$ 300 milhões por ano do Fundo Partidário. A essa montanha de dinheiro se soma a renúncia fiscal, pela qual o Tesouro Nacional remunera as emissoras de rádio e televisão pelo horário eleitoral, que de gratuito não tem nada – na eleição do ano passado custou R$ 600 milhões. Tudo isso é, insisto, dinheiro público, já distribuído segundo o tamanho das bancadas.

Em essência, o projeto do PT era continuísta e buscava fortalecer apenas a si mesmo, golpeando, assim, as possibilidades de alternância de poder. Imaginem se um projeto como esse fosse apresentado quando o partido tinha apenas oito deputados. Seus militantes sairiam às ruas gritando… “golpe!”. No entanto, como eles tiveram em 2010 o maior volume de votos para deputado federal, seus dirigentes chamam de verdadeira revolução o que não era nem sequer uma reforma.

O leitor de boa vontade, enfarado com os desmandos e a roubalheira, poderia ver-se seduzido pela proposta: “E o caixa 2? Não é bom eliminá-lo?”. Claro que sim. Mas o projeto não tinha esse condão, pois a legislação atual já o proíbe. Ora, se com as doações privadas permitidas já existem os “recursos não contabilizados”, o que aconteceria se elas fossem proibidas? Haveria uma verdadeira inundação de dinheiro ilegal na campanha.

É também falaciosa a tese de que o financiamento exclusivamente público evitaria compromissos espúrios entre financiadores de campanha e políticos. Ora, hoje em dia, ao menos uma virtude há: os doadores são conhecidos. Caso se instituísse o caixa 2 como princípio de fato – esse seria o efeito deletério e fatal do que propõe o PT -, nem mesmo tal controle existiria. As eleições seriam ainda menos transparentes.

Os demais partidos teriam de suportar limites estreitos, de cujos efeitos, no entanto, o PT conseguiria desviar-se. Pesaria ainda mais, por exemplo, a importância do “caixa 3″, representado pela mobilização de recursos de entidades-satélites do partido, como ONGs, sindicatos, centrais sindicais, que fazem campanha para a legenda e seus candidatos sem ter de prestar contas à Justiça Eleitoral.

Uma reforma política de verdade procuraria aperfeiçoar o mecanismo de representação, aproximando mais o eleito do eleitor. A sociedade seria chamada a debater, entre outros temas relevantes, o voto distrital – um poderoso fator de aperfeiçoamento da democracia e de drástica redução de custos das campanhas. Em vez disso, depois de perder três eleições e vencer outras três com o financiamento privado, o PT empenhou-se em criar um mecanismo que tornasse a sua derrota, se não impossível, muito difícil. A Câmara disse “não”, em boa hora, ao projeto que não era reforma, mas golpe.





A inadiável reforma política

por Henrique Fontana

José Serra cultiva com frequência uma forma peculiar de debater ideias em nosso sistema político: do seu lado estão os valores da “verdadeira democracia”; do outro, os golpistas que querem eliminar os adversários. Acredito que a linguagem maniqueísta não é adequada para debater ideias em um ambiente democrático, aliás, não foi desta forma desrespeitosa e arrogante que fui recebido nas inúmeras reuniões que fizemos com a bancada do PSDB na Câmara dos Deputados, sempre muito civilizadas.

O debate político ganharia muito se todos aqueles que estão realmente interessados em aperfeiçoar nosso sistema político se debruçassem sobre um fato inegável da democracia brasileira: o avassalador crescimento do peso do poder econômico nas campanhas eleitorais. Em 2002, os gastos declarados por partidos e candidatos nas campanhas para Deputado Federal alcançaram R$ 189,6 milhões; em 2010, esse valor chegou ao montante de R$ 908,2 milhões, um crescimento de 479% em oito anos. Com maior intensidade, os gastos declarados nas campanhas presidenciais passaram de R$ 94 milhões, em 2002, para R$ 590 milhões, em 2010, um crescimento de 628% em oito anos.

Como economista, Serra deveria esclarecer a população de que hoje ela já paga por cada centavo das campanhas bilionárias que meu projeto visa baratear. Ou alguém pensa que quando uma empreiteira coloca 50 milhões na eleição ela não embute esse valor no preço das obras que são pagas com os recursos do contribuinte? Seria preciso ser muito ingênuo para acreditar que esses generosos doadores não exigirão dos candidatos que criteriosamente escolheram financiar algum tipo de contrapartida para o apoio conferido nas campanhas eleitorais, na forma de relações privilegiadas, podendo chegar a contratos superfaturados ou desvios de todo tipo nas relações com o Estado. O custo das campanhas eleitorais é como um imposto: quem paga é sempre o cidadão.

Nesse sistema, apenas os candidatos que contarem com generoso aporte dos recursos dos financiadores privados – as 72 grandes empresas que contribuíram com um bilhão de reais nas eleições de 2010 – terão chances efetivas de vencer uma eleição. Assim, muitas vocações de autênticos líderes e representantes populares não poderão aflorar, pois terão suas carreiras políticas ceifadas na origem, pela ausência de recursos para financiarem suas campanhas e defenderem os legítimos interesses da população que mais necessita da ação estatal na forma de bens públicos. É essa a democracia que convém ao nosso país?

Os dados das últimas eleições nacionais são muito claros nesse sentido: dos 513 deputados federais eleitos em 2010, 369 foram os que mais gastaram nos seus estados, o que representa 71,93% da Câmara. Foi para enfrentar essa realidade que, nas últimas legislaturas, diversos partidos, em sintonia com as posições defendidas por expressivos setores da sociedade civil (OAB, CNBB, Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e outras organizações sociais) se debruçaram em torno da elaboração de diversas propostas de financiamento público das campanhas eleitorais. Será que essas entidades também podem ser tachadas de golpistas?

Esse debate, que não é propriedade de nenhum partido, não se encerrará em função da decisão momentânea dos que optaram por continuar com as distorções do modelo atual. Os problemas de nosso modelo de financiamento aparecerão com força revigorada nas eleições de 2014, se nada for mudado. Se, em vez de desqualificar seus opositores, o autor estudasse a fundo a proposta reconheceria que no sistema atual os maiores partidos são os que mais arrecadam dos financiadores privados, o que gera grande desigualdade entre os concorrentes.

Não consegui encontrar ao longo do texto de José Serra os argumentos para defender o sistema de financiamento privado que temos hoje no Brasil. Faltaram as frases para explicar por que seria positivo que empreiteiras, bancos e outras grandes empresas possam usar seu poder econômico para definir livremente quem querem financiar. Ou a sustentação de que esses financiamentos não têm trazido problema algum para a democracia brasileira, isto é, nenhum caso de corrupção que o país vivenciou nas últimas décadas teria qualquer relação com o financiamento privado das campanhas eleitorais.

Em seu artigo, Serra repete uma velha fórmula de fazer política em nosso país: critica fortemente a proposta de seu adversário para sepultá-la o mais rápido possível, ainda que tenha pouco para contribuir com a melhoria do sistema atual. Somente no último parágrafo, depois de defender ao longo do texto a continuidade do financiamento da democracia brasileira por empreiteiras, bancos e outras grandes empresas, ele apresenta sua única proposta de reforma política: o voto distrital.

Em nossa opinião, além da desproporcionalidade entre os votos e as cadeiras conquistadas pelos partidos e da “paroquialização” da disputa política, o sistema distrital produzirá entre nós aguda concentração de poder em torno de duas ou três grandes agremiações, como já ocorre no Reino Unido e nos Estados Unidos, em função do voto útil, típico das disputas majoritárias. Talvez o modelo de democracia ideal defendido por Serra seja um sistema com três grandes partidos (o PT, o PMDB e o PSDB), o que considero inviável no Brasil. Nosso partido soube crescer e elegeu por três vezes o Presidente da República no contexto das regras vigentes, mas queremos mudá-las porque acreditamos que estas não são as mais justas e democráticas.

Em função dos agudos problemas do sistema vigente, o debate sobre o financiamento das campanhas veio para ficar em nosso país. Alguns atores defendem a proibição das doações de Pessoas Jurídicas, o que já seria um avanço, outros se mobilizam para estabelecer um teto para os gastos de cada campanha, previsto pela legislação eleitoral, mas nunca regulamentado pelo Congresso. Nas inúmeras reuniões com vários partidos, percebo a preocupação crescente com a influência desmesurada do poder econômico no campo político. Ao contrário de José Serra, que prefere o status quo, tenho certeza de que encontraremos o modelo mais adequado para financiar as campanhas eleitorais no país.

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Re: Reforma Política

#46 Mensagem por Carnage » 01 Mai 2013, 20:37

http://www.viomundo.com.br/politica/and ... udiar.html
Mídia esconde debate sobre reforma política

publicado em 28 de abril de 2013 às 20:34

Henrique Fontana, autor da proposta

27/04/2013 – 19h51
Chance perdida

por André Singer, na Folha de S. Paulo


Cercada por silêncio ensurdecedor, a proposta de reforma política que previa, entre outros itens, o fim do financiamento privado das campanhas, foi arquivada pela Câmara dos Deputados duas semanas atrás.

Que os parlamentares fossem avessos a mudar as regras pelas quais se elegeram era provável. Foi surpreendente, contudo, que, com exceção do manifesto coordenado pela OAB e pela CNBB na véspera do recuo, houvesse tão pouca mobilização da cidadania a respeito do tema.

Sem chegar a ser apreciada em plenário, a proposta caiu no colégio de líderes, a quem o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, consultou, conforme o prometido –justiça seja feita–, sobre a conveniência de levar o assunto a votação. O distinto público nem sequer foi informado sobre quais partidos bloquearam a tramitação da emenda. Exceto uma ou outra nota, a 
imprensa envolveu a questão numa espessa invisibilidade, tornando-a um não assunto.

Observe-se que ao adotar o comportamento acima, os meios de comunicação, além de privar a sociedade de informações importantes, endossam situação que dizem repudiar. Basta passar a vista nos primeiros cadernos dos jornais para perceber que boa parte do espaço é ocupada por escândalos de corrupção. Tais casos, por sua vez, estão, na maioria, direta ou indiretamente relacionados a recursos para eleger mandatários.

Não acredito em cálculo consciente, mas a verdade, paradoxal, é que embora os editoriais ataquem os desvios de candidatos e eleitos, o noticiário é alimentado por eles. Ou seja, o desprezado sistema atual é fonte inesgotável de histórias que compõem manchetes, reportagens e comentários.

O resultado é aumentar a descrença nos mecanismos democráticos. Crescente sentimento de que os Poderes da República nada têm a ver com a vida real perpassa a população, unificando em um círculo vicioso desde o mais engajado militante de ONG até o menos interessado dos habitantes do país.

É provável que aí esteja a razão de fundo para a indiferença que cercou o sepultamento do relatório do deputado Henrique Fontana (PT-RS). Como se os eleitores tivessem se conformado com o fato de que cerca de 200 empresas, segundo o parlamentar, controlem o processo eleitoral por meio de rios de dinheiro (quase R$ 5 bilhões em 2010).

O fracasso mudo da terça-feira, 9 de abril de 2013, mostra a face excludente da democracia brasileira. O caminho de construção de um regime participativo passa agora por fortalecer o Projeto de Iniciativa Popular por uma Lei das Eleições Limpas, também iniciativa da OAB e da CNBB, já apoiada por outras 30 entidades. Vai ser longo e árduo, todavia é o único que vale a pena trilhar.

*****

do site do PT

O PT lançou a Campanha pela Reforma Política no país. Os principais pontos da proposta são:

– Financiamento público exclusivo de campanhas políticas: para inibir a corrupção, a força do poder econômico e baratear os processos eleitorais.

– Voto em lista preordenada para os parlamentos: para que sejam valorizados os compromissos com os programas partidários.

– Aumento compulsório da participação feminina nas candidaturas: o PT já aprovou a paridade entre homens e mulheres em todos seus espaços, queremos que este seja também uma prática na política do nosso país.

– Convocação de Assembléia Constituinte exclusiva sobre Reforma Política: para que se aprofunde a democracia brasileira através de um amplo debate com participação efetiva da sociedade.

Para que seja reconhecido um projeto de iniciativa popular, é necessário coletar, no mínimo, 1,4 milhões de assinaturas. O objetivo do PT é atingir 1,5 milhões de assinaturas.

A Coordenação Nacional da Campanha pela Reforma Política alerta que, na falta do número do titulo de eleitor, todas as informações são de extrema importância, pois o nome da mãe e a data de nascimento facilitam para que seja encontrado o número no site do Tribunal Eleitoral. Outro detalhe importante: as fichas sem a assinatura não servem.

Após assinatura do formulário, o documento deve ser entregue no Diretório estadual ou enviar via correio ao Diretório Nacional do PT (Setor Comercial Sul, Quadra 2, Bloco C, nº 256, Edifício Toufic, CEP 70302-000, Brasília, DF).

Em caso de dúvidas os participantes podem se comunicar através do email reformapolitica@pt.org.br ou pelos telefones: 11 3243 1368/1369.

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Re: Reforma Política

#47 Mensagem por Carnage » 08 Jan 2014, 20:29

O dinheiro do voto
Não tem fundamento dizer que substituir as doações empresarias por pessoais vai aumentar o caixa dois
JANIO DE FREITAS

http://jornalggn.com.br/noticia/o-dinhe ... de-freitas


Pelo impeachment de bancos, empreiteiras, telefônicas, planos de saúde etc.
http://www.blogdacidadania.com.br/2013/ ... saude-etc/

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