DESMISTIFICANDO FHC

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#46 Mensagem por Carnage » 21 Nov 2010, 15:45

http://www.jblog.com.br/politica.php
Touraine elogia FHC e desdenha o Brasil

Por Mauro Santayana


A sociologia costuma amparar-se na abstração: vale-se de elementos estatísticos e da generalização dos comportamentos humanos. Seu pecado, já apontado por estudiosos, é o de, no exame dos fenômenos políticos, abandonar o fundamento ético das sociedades estatais, que é o da legitimidade do poder – como bem lembrou o filósofo alemão Manfred Riedel.

O sociólogo Alain Touraine é dos mais respeitados intelectuais contemporâneos, e se especializou na América Latina, ainda que conheça bem a realidade europeia e, cela va sans dire, a de seu próprio país. Prefere, sem embargo, a nossa modesta situação histórica à da Grande França, de que é cidadão. Esse, aliás, é um costume muito francês. Recordo-me de haver assistido a uma conferência de Régis Debray em Havana, em 1966, na qual o jornalista – que se considera filósofo – propunha “estratégia revolucionária para a América Latina”. Um jovem comunista cubano perguntou-lhe sobre o que proporia como estratégia revolucionária na França. Debray, que fizera recente viagem de alguns meses ao nosso continente, como jornalista, e a serviço da revista Revolution, ligada aos chineses, disse que não entendia bem a situação da França. O jovem levou o auditório às gargalhadas, ao indagar ao conferencista, que nascera em Paris, e ali vivera toda a sua vida, por que não entendia da política francesa tanto quanto da América Latina, se passara tão pouco tempo entre nós.

Não é bem o caso de Touraine. Mas é curioso que tenha vindo ao Brasil, a fim de participar de um seminário técnico sobre planejamento urbano, patrocinado pela Emplasa, uma empresa estatal do governo paulista, a fim de tratar da “decadência das sociedades ocidentais”.

São surpreendentes as declarações que fez aos jornais, porque elas revelam algumas contradições. Ao expor dúvida quanto ao nosso futuro, sob a presidência de Dilma Rousseff, afirma que, em oito anos de governo, “Fernando Henrique construiu as instituições”, como se o Brasil fosse um vazio institucional antes de 1995. O que Fernando Henrique fez foi exatamente destruir a Constituição de 1988, e a Constituição é a primeira das instituições republicanas. Ele se entregou, com entusiasmo, à globalização que, segundo o mesmo Touraine, significa “o fim da sociedade”, e só resta “o mercado puro”. O sociólogo brasileiro desmoralizou, ainda mais, o Parlamento, ao cooptá-lo a fim de estabelecer a reeleição, e desmantelar o sistema cautelar de proteção aos bens nacionais, ao “privatizar” as empresas estratégicas do Estado, doando-as aos escolhidos. O ex-presidente manipulou a opinião pública, mediante os expedientes que se conhecem, nem todos honrados e ainda que nem todos espúrios, como são os meios de comunicação social, os intelectuais “orgânicos” ou solitários, e os centros acadêmicos. Disse ainda Touraine, em observação óbvia, que a Europa se tem dedicado, nos últimos 20 anos, a eliminar “significados”. E dá o exemplo: o desenvolvimento industrial foi eliminado pelo mercado financeiro, substituído pelo sistema de “o dinheiro pelo dinheiro”. Nessa particular eliminação de significado, como sabemos, o governo de Fernando Henrique foi perfeito.

Consideramos deselegante – e ofensiva – a sua afirmação de que o sistema político brasileiro “é horrível, corrupto”. A corrupção, que estamos combatendo, não é endemia brasileira, mas doença universal. Como outros costumes, esse também veio da Europa. Ele conhece muito bem isso, na França do passado – como no caso do Canal do Panamá – e na França sob o governo de Sarkozy.

Se o grande intelectual francês dedicasse ao exame do seu governo o mesmo interesse que dedica ao Brasil, na certa seria mais cético em relação ao seu país, do que com respeito ao nosso. É a modesta sugestão que podemos fazer à sua excepcional inteligência.

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PAULOSTORY
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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#47 Mensagem por PAULOSTORY » 22 Nov 2010, 21:55


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Bob Guccione
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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#48 Mensagem por Bob Guccione » 23 Nov 2010, 07:33

Nossa... quanto ódio de FHC!

É tanto desprezo, que chega a parecer inveja.

E notem a lavra do artigos: Luis Nassif, Paulo Henrique Amorim...

Um recebe mesada do PT, outro escreve só o que o chefe (o bispo Macedo) manda.

Sim, Paulo Henrique Amorim é o pequinês em pele de dobermann do dono da Universal.

E todos nós sabemos de onde vem o dinheiro que paga o régio salário de Paulo Henrique Amorim. Sim, vem do bolso dos despossuídos que são tungados diariamente nos templos da Universal.

Pra quem não sabe, Paulo Henrique Amorim já puxou muito o saco de FHC.

Pesquisem na internet e comprovem.

E quanto ao João Ubaldo, vale lembrar que ele já desceu o sarrafo no Lula também.

Aliás, o João Ubaldo desce o sarrafo em todo mundo, menos em si mesmo e no próprio alcoolismo.

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Bob Guccione
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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#49 Mensagem por Bob Guccione » 23 Nov 2010, 07:42

João Ubaldo Ribeiro, sobre Lula:

O presidente Lula beijou a mão de Jader Barbalho

O título acima não pretende, é claro, ser noticioso. Todo mundo sabe, exceto algum possível ex-lulista, que pode agora estar internado numa clínica para pacientes mentais com amnésia traumática, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sim, aquele mesmo, beijou a mão de Jader Barbalho, que desta vez não estava algemada. Na mesma ocasião, gabou-se alegremente de haver dado uma aula de ciência política, não só com esse gesto, mas com sua convivência amiga com muita gente de que até ele mesmo, em sua possível condição de presidente mais traído 'na História deste país', dizia ter-se afastado.

Não, o título é para reforçar uma família de provérbios que me tem sido muito útil vida afora. Quem te viu, quem te vê; nada como um dia depois do outro; o mundo dá muitas voltas; e, finalmente, os dizeres proféticos do Barão de Itararé: 'Queres conhecer o Inácio? Coloca-o num palácio'. Se me contassem sem confirmação, eu duvidaria, acharia má vontade excessiva contra Lula. Se fosse eu a contar, um petista aguerrido poderia querer até me justiçar, por crime de lesa santidade. Mas agora está aí, Lula beijando a mão de Jader.

Deve ser a segurança da vitória que o faz ver-se no direito de afrontar não só o seu passado, já suficientemente enxovalhado, como aqueles a quem devia respeitar e nestes não incluo somente os que o têm em alta conta ou o aprovam, mas todos os brasileiros. Deboche também não, curtir assim com a cara da nação já está demais. Que é isso? Nenhum princípio vale mais? Nenhuma convicção resiste à conveniência, a ponto de o presidente, segundo expressão literal de petistas e mais ou menos dele também, beijar a mão que mexe na merda? Pois, se não se pode fazer política sem meter a mão na merda, muita merda haverá de ter remexido Jader Barbalho e assim beijou merda o presidente - e eu me julgava pelo menos cidadão de um país onde o presidente não beija merda com tal desplante e desprezo por suas convicções, hoje se vê que mentirosamente apregoadas. Nós todos somos presididos por ele e merecemos respeito, não a desfaçatez de quem pode fazer o que quiser, inclusive essa cafajestada, porque nele não pega nem pode pegar nada, se bem que um dia depois do outro valha para todos e tudo.

Às vezes penso que ele está tendo um surto de mania, com a virtual garantia de sua reeleição e com o fato de que agora, para o campo dele, tudo que se diga ou faça contra ele é golpismo. Se, por um acaso hoje visto como praticamente impossível, ele perdesse a eleição, ah, seria golpe. Gozado que quem tem expressado idéias golpistas, bonapartistas, personalistas e antidemocráticas é ele, que devaneia com a durabilidade de uma ditadura africana, acha moleza administrar a China porque lá não há democracia e pensa até sonhadoramente num país sem Congresso, pois não satisfazem as medidas provisórias que ele disse que não ia usar, mas usa mais do que qualquer outro. As elites, contudo, não o suportam. Que elites, meu Deus do céu, pela enésima vez? Só se foi alguma grã-fina que o esnobou ou algum casamento de zilionária para o qual ele não foi convidado, porque as elites não só se dão bem com o governo dele, como vivem almoçando com ele e lhe tascando elogios por todos os lados. Mas a realidade não importa, o que interessa são as frases de efeito, para provar que a elite não tolera ser governada por um operário, afirmação claramente desmentida pelos fatos, a não ser pela alegável circunstância de que não há governo nenhum e, portanto, nada pode existir contra ele. E serve para o caso da improbabilíssima derrota dele, que, se sobrevier, terá sido porque as elites manipularam as urnas eletrônicas. Golpismo óbvio. Ou seja, tudo o que não interessar à reeleição de Lula é golpismo. E, se ele perder, o povo (ele dispõe de apoio de movimentos organizados e experientes em trazer o 'povo' para as ruas) virá pôr as coisas em seu devido lugar.

Não fiquei nem um pouco impressionado com o caso do dossiê ou dos ministros cujos telefones estavam grampeados. O caso do dossiê já foi devidamente classificado com o rótulo oficial da campanha Lula para qualquer oposição: golpismo. O presidente e seu partido já emitiram o que podia tornar-se o moto do governo: não vi nada, não sabia de nada. Além disso, nada mais chama a atenção, neste clima em que os modernos palácios de Brasília parecem conter socavões sinistros, cafuas enfumaçadas e malcheirosas, escondendo em cada canto uma manobra delinqüente, furtando o país ou desmoralizando suas instituições. De repente, aparecem figuras surgidas não se sabe de onde, com nomes estranhos como Delúbio, Valdebran ou Gildemar, além de Freud, metidas nesse mesmo mundo penumbroso e miasmático a que nos vamos acostumando e descobrimos que essas assombrações fazem parte da máquina que está no poder e manda em nós. Isto já é parte da era Lula, que certamente já pode ser caracterizada como a era em que o gangsterismo mostrou abertamente sua cara em toda a nossa vida pública.

Não, tudo isso é triste e inquietante, mas, sinceramente, o beija-mão foi pior. Já desiludido com Lula e seu governo, já desanimado diante destas eleições tão chochas, pelo menos acreditava em alguma coisa. E acreditava que o presidente também acreditava em alguma coisa, não era uma massa amoldável a qualquer fôrma, um cínico capaz de debochar de todos os que puseram fé nele, até porque sabe que continuarão pondo fé, porque precisam dessa religião que erigiram. Não, não acho que o presidente deu uma aula de ciência política. Que aula eu sei que ele deu não poderia dizer aqui, porque seria xingamento, injúria que não posso cometer contra ninguém, muito menos o presidente da República. Mas acho que muitos de vocês também estão achando o que eu acho que ele é. E agora podemos dizer que já vimos tudo neste mundo.

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Rover
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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#50 Mensagem por Rover » 23 Nov 2010, 09:09

O que eu acho mais ridículo é uso da frase de Maquiavel "Os fins justificam os meios"

Para se assegurarem no poder vale tudo! É conchavo com narcotraficantes, terroristas, corruptos e todo tipo de bandidagem conhecida e não conhecida.

A história não vai apagar o que Lula disse antes de ser presidente: que era contra a CPMF, que era contra o Plano Real, contra as viagens internacionais de FHC, contra toda a política econômica, contra as políticas de transferência direta de renda (leia-se: Bolsa Família) e muitos outras coisas por aí que ele simplesmente fez o contrário!

Lula surfa na onda criada por FHC, pegou o país com uma moeda forte e uma política econômica que reforçou a imagem do Brasil no exterior, resistindo a várias crises e depois vem chamar tudo isso de Herança Maldita!? Gostaria muito que fizessem uma comparação de como FHC pegou essa nação do inferno daquela Era pós Collor, sendo resfriada pelo governo Itamar!

Vamos desmistificar Lula!

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Carnage
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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#51 Mensagem por Carnage » 31 Dez 2010, 14:52

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... o-de-massa
Balanço de Lula 1: a criação do mercado de massa
Enviado por luisnassif, qua, 29/12/2010 - 10:33


A grande discussão acadêmica do momento é se o governo Lula inaugurou uma nova era – ao consolidar uma economia de massa – ou se foi uma continuidade do governo FHC.

O divisor de águas é a formação da sociedade de massas, com a inclusão econômica e política, definindo uma nova etapa no desenvolvimento brasileiro, um novo paradigma para as políticas públicas.

Na primeira metade dos anos 2000 escrevi um conjunto de artigos explorando esse tema – e que acabaram se constituindo na espinha dorsal do meu livro "Os Cabeças de Planilha".

Não é um livro de historiador. É um livro de jornalista com alguns "insights" que, creio eu, só agora estão tendo desdobramentos junto ao mundo acadêmico. Um deles, o da reavaliação do "encilhamento", ainda não foi suficientemente cinzelado pela Academia, especialmente a estratégia política em torno da remonetização (introdução de um novo padrão monetário) da economia – que seria seguida no Plano Real. Há bons livros analisando os erros, mas nenhum casando os erros com a estratégia de tomada de poder por parte de Rui Barbosa - que serviu de base para o modelo desenhado por Gustavo Franco para o Real.

O ponto que, agora, domina o debate acadêmico – graças aos estudos do André Singer – é o do impacto político e econômico da formação de uma economia de massa. Já tinha delineado no meu livro.

No "Cabeças de Planilha" trabalho o conceito de "janelas de oportunidade" na vida dos países, aqueles momentos únicos que, sendo aproveitados, lançam o país em um novo patamar; não sendo aproveitados, entram na cota do desperdício histórico.

Identifico três janelas na história do país, todas elas relacionadas com a possibilidade de ampliação dos mercados econômico e político, através da inclusão de novas massas - o mesmo conceito aprofundado por Singer para analisar o governo Lula.

A primeira, o período da Proclamação, onde se junta a Abolição e a política de atração de imigrantes. Ali se poderia ter dado o primeiro grande salto na criação de uma sociedade moderna. Morreu devido aos erros do Encilhamento, à falta de políticas públicas que ajudassem na inclusão dos libertos, e as enormes dificuldades colocados no caminho dos imigrantes. Em vez de um salto, criaram-se as bases para a vergonhoso concentração de renda que dominaria o século 20. Enfim, havia falta de elite.

A segunda grande janela se deu na segunda metade dos anos 60. O processo de industrialização ganhara fôlego, tivera início o grande movimento de urbanização, acelerado pela seca no nordeste. A falta de uma política agrária, de fixação do homem no campo, a carência de investimentos nos sistemas de educação e saúde, em vez de um salto no mercado trouxeram o inchaço das grandes metrópoles. Quando esgotou-se o modelo exportador e o salto do "milagre", não havia mercado interno para sustentar o crescimento.

A terceira janela de oportunidade desperdiçada – dizia eu no livro – foi justamente o Plano Real.

Em geral abre-se a oportunidade de grandes movimentos de mobilidade social ou em eventos políticos traumáticos (como na Proclamação) ou em grandes desastres geográficos.

Com o Real, FHC recebeu o prato pronto, de presente. O fim da inflação trouxe para o mercado de consumo milhões de brasileiros, sem traumas políticos, sem tragédias ambientais. E isso em um momento de grande reorganização da estrutura das multinacionais, com o Brasil despontando como um dos países sede das unidades produtivas.

Esse movimento foi abortado porque inclusão social, criação de bases sólidas econômicas, nunca fizeram parte das prioridades de FHC. E essa história de que primeiro precisaria consolidar a estabilidade monetária não resiste aos fatos.

Têm estudos de Edmar Bacha, no primeiro semestre de 1995, admitindo que a luta contra a inflação já tinha sido completada e que, agora, seria o desenvolvimento. Impôs-se a estratégia de criação de grandes grupos financeiros à custa da apreciação do real. O contraponto tímido - de pessoas como Luiz Carlos Bresser Pereira e José Serra - se dava no campo do desenvolvimentismo tradicional, jamais na ampliação de políticas sociais como base para um novo mercado de massas.

Os poucos avanços que ocorrerem em educação e saúde foram decorrência exclusiva da Constituinte, que criou transferências obrigatórias para o setor. Durante toda sua gestão, o Ministro Pedro Malan tentou acabar com a vinculação.

Digo isso para salientar que é falsa a ideia de continuidade entre FHC e Lula na criação desse mercado de massa. E de que consumou-se com Lula porque as condições sociais e políticas impuseram-se por si próprias.

FHC jamais implementaria esse modelo, em nenhuma circunstância, porque não fazia parte de suas prioridades. Aliás, quem leu a entrevista com ele, com que fecho meu livro, perceberá uma absoluta ignorância de FHC em relação a pontos essenciais desse novo modelo, que o livro percebia latente, mas que só se materializou nos últimos anos. Sua única visão de país consistia na geração de grandes grupos financeiros, internacionalizados, que avançariam levando o país consigo.

Assim, considero correta a avaliação de que a grande marca de Lula, que mudou o Brasil no plano econômico, político, regional, foi o da criação do enorme mercado de massa, político e econômico. Esse é o divisor de águas, a mudança de paradigma.

Volto a falar do tema nos próximos capítulos.

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Carnage
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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#52 Mensagem por Carnage » 02 Fev 2011, 22:09

Essa é do site da Veja! Da Veja!!

http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-s ... -publicos/
É estarrecedora a forma ligeira como FHC explica a assinatura do decreto que impôs sigilos intermináveis a documentos públicos

FHC: "alguém colocou um papel para assinar lá"


Os leitores mais frequentes do blog são testemunhas dos comentários em que, ao longo do tempo, tenho postado elogiando vários aspectos da administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), bem como itens de sua agenda e seu comportamento político, que admiro.

Por isso, estou à vontade para me manifestar estarrecido com a ligeireza, que beira à irresponsabilidade, com que o ex-presidente se manifestou junto ao correspondente do Estadão em Genebra, Jamil Chade, quando afirmou ser contra a extensão por mais 50 anos do sigilo sobre documentos do período da ditadura militar.

Como muitos democratas brasileiros, também sou contra. Ocorre, porém, que o sigilo interminável sobre determinados documentos públicos — em alguns casos, por tempo indeterminado, o que equivale dizer para sempre — decorre de decreto assinado pelo próprio FHC, no dia 27 de dezembro de 2002, às vésperas de deixar o governo.

Meu estarrecimento se deve à forma como FHC explicou o fato de ter assinado o decreto nº 4553, de 27 de dezembro de 2002, um assunto da maior seriedade e importância: “Fui acusado de ter proibido a abertura de arquivo por 50 anos. Aquilo ocorreu no meu último dia [no governo] e alguém colocou um papel para assinar lá”.

O porte, a responsabilidade e o papel de FHC na história contemporânea do país não combinam, absolutamente, com ter assinado — pelo visto, sem ler — um papel “para assinar lá” que “alguém colocou”.

É ou não é de estarrecer?


Ou seja, FHC, admirado por tantos, foi um presidente que assinava documentos sem ler! :lol:

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#53 Mensagem por Roy Kalifa » 09 Fev 2011, 14:19

Já chega de desmistificar FHC.

Quel tal desmistificarmos o Lula, que disse antes de ontem que sindicalista é tudo oportunista...

Será que ele também foi oportunista quando usou estas centrais sindicais para chegar ao poder ?

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foxrunner
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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#54 Mensagem por foxrunner » 22 Fev 2011, 15:29

FATO :

GOVERNO FHC CASOS DE CORRUPÇAO: 45
GOVERNO LULA CASOS DE CORRUPÇAO: 133

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Carnage
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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#55 Mensagem por Carnage » 23 Fev 2011, 22:45

foxrunner escreveu:FATO :

GOVERNO FHC CASOS DE CORRUPÇAO: 45
GOVERNO LULA CASOS DE CORRUPÇAO: 133
Bincadeira isso...

O engavetador geral da república ninguém lembra, né?

rsrs

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#56 Mensagem por Carnage » 23 Fev 2011, 22:46

http://blogs.estadao.com.br/sonia-racy/ ... ou-deforma
‘O PODER REVELA MUITO MAIS DO QUE CRIA OU DEFORMA’

20 de fevereiro de 2011 | 23h00

Direto da fonte

Em tempos de transição na Presidência da República, FHC fala de poder, Lula, Dilma e Obama


O Brasil estreia no quesito mulher-presidente. Dilma exercerá o poder de maneira diferente se comparada a um homem? Como é estar no poder e depois não estar mais? Lula tem deixado claro que não está nada fácil adaptar-se à nova rotina. “É como se você estivesse dirigindo a 300 por hora, desse um cavalo de pau e, de repente, o carro parasse no meio da estrada”, declarou ele ao amigo Ricardo Kotscho semana passada. Depois de anos sem, como se diz em Brasília, tocar em uma maçaneta de porta, o ex-presidente volta agora para lugares e pessoas que já fizeram parte do seu dia a dia. Traz sua transformação pessoal para um ambiente onde, provavelmente, muito pouco mudou. Lula optou por não se afastar do País e tem tentado não interferir no governo da sucessora. O resultado deste esforço é parcial. Quando deixou o poder, Fernando Henrique Cardoso, acompanhado de dona Ruth, decidiu sumir do Brasil e escolheu a França para passar três meses. Ali se habituou novamente a comprar jornal, fazer café, andar nas ruas e pegar metrô. Mesmo assim, segundo admite, a passagem é complicada. FHC recebeu a coluna, na tarde de quarta-feira, para falar sobre poder na condição de ex-presidente e sociólogo. O poder corrompe ou revela o caráter de uma pessoa? Para o intelectual, ele “mais revela” do que transforma. Ou seja, para FHC, a ocasião NÃO faz o ladrão. Aqui vão os principais trechos da conversa.

Qual a diferença entre o poder exercido por uma mulher e por um homem?

Depende. Se a mulher sobe com esta característica, porque é mulher e lutou, é uma coisa. Se sobe porque lutou muito, competiu com outros homens e mulheres de igual para igual, é outra. Ela fica mais dura. No caso atual, a presidente Dilma nunca foi feminista, nunca se apresentou como tal. Nem é uma política. É uma técnica que subiu na base do jogo que aí está. Portanto, não sei se haverá diferença.

Mas ela é mulher. E mulheres são diferentes. O comando de Dilma terá qual componente feminino?

Vamos ver. Ela chegou lá pelas virtudes da profissão, da política, da coisa de tecnicalidade e não pelas características de personalidade. Então não sei se esse lado da mulher adjetiva vai florescer.

Para se ter poder é necessário, de fato, aparentar poder?

Em geral, sim, mas não necessariamente. Você às vezes tem que disfarçar o poder para exercê-lo. A tradição brasileira é muito mais de disfarçar do que de aparentar. As famosas coisas que Getúlio fazia, por exemplo: fingia que ia fazer algo e ia para um outro lado. Acho que, em geral, quem tem consciência do poder não vai exibi-lo. Ao exibir, abre o jogo e cria o contra corpo.

Lula exerceu o poder por meio da popularidade?

Ele parecia gostar da exterioridade do poder muito mais do que da eficácia de uma decisão. Gostava do aplauso. É uma forma de exercer o poder. Mas nunca vi no Lula um homem de Estado, um poder no sentido mais forte, daquele que tem visão, sabe que tem que alcançar seus objetivos e constrói o caminho. Ele construiu o poder para si mesmo.

O senhor acha que ele não tinha um projeto para o Brasil?

O que tinha, esqueceu no caminho. Adotou o que existia, não o que ele havia proposto. Até me pareceu interessante o Lula no Fórum Social no Senegal, que é o fórum contra a globalização. Ora, o Lula foi o presidente que mais ajudou o Brasil a se globalizar. Aderiu inteiramente. Eu não estou criticando por ele ter feito a adesão. Estou criticando a mudança, essa inconsistência. Ele não tinha um propósito. Este já havia sido dado pela sociedade. Ele assumiu aquilo e como que surfou na direção que a sociedade estava apontando. Não contrariou para mostrar que tinha um objetivo e a força de mudar algo em curso para chegar ao seu objetivo.

No mundo, as pessoas hoje pensam mais no poder do que em um projeto de Nação?

Vamos pegar o que aconteceu nos Estados Unidos no século 18. Bem ou mal, aqueles líderes definiram um caminho, criaram a declaração universal da democracia, a Constituição americana, adotaram as concepções de Montesquieu e por aí foram. Tinham uma visão de futuro e aquilo marcou tudo. Mesmo um tipo como Napoleão, que é o oposto da coisa americana. Aqui, José Bonifácio tinha essa percepção e sabia o que queria. D. Pedro II, se não tinha uma visão, alguma ideia ele tinha de que tinha que civilizar isso aqui. Eu acho que alguns presidentes brasileiros tiveram, como o Getúlio: você pode não concordar com a visão dele, mas ele tinha noção de Estado herdada dos positivistas, autoritária e tal. Alguns tiveram uma certa noção, desenharam o que era possível para o País, mesmo que não tivessem uma coisa tão fundamental como os grandes pensadores americanos.

Obama tinha um projeto quando se elegeu?

Não. O Obama tinha um discurso: “Sim, nós podemos”. Podemos o quê? Nesse aspecto, ele tem uma certa semelhança com o Lula, porque os dois simbolizavam alguma coisa. Não é que tivessem que ter uma proposta. Eles próprios já simbolizavam mais democratização: venho de baixo e chego lá, sou negro e chego lá. Aquele discurso admirável do Obama sobre racismo é uma coisa grandiosa. Mas não é um projeto de Nação. Ele também chegou lá e fez uma tentativa de melhorar o bem-estar da população com seu projeto de saúde. Conseguiu mais ou menos, não tudo que queria. E ficou perdido por isso, passou a ter que resolver os problemas deixados por outros. Ou seja, como enfrentar a crise do capitalismo com os instrumentos disponíveis? Daí por diante, inundou o mundo de dólares, salvou os bancos. Não creio que fosse projeto dele. Foi engolfado pela situação.

O senhor acha que Dilma assumiu o poder com um projeto?

Acho que não. Ela nunca falou à Nação sobre isso. Vai tocando no dia a dia. Qual é o projeto? O que está bem, que continue. Acabar com a pobreza, todos nós dissemos isso e todos nós fizemos um pouco nessa direção. Não só eu, antes de mim também o Itamar, o Sarney, os militares. Isso não é um projeto de Nação: é uma necessidade. Não podemos ter um País com esse grau de pobreza. Nesse momento em que ninguém pode mais ter um projeto desligado do mundo, visto que o grande problema hoje é ligado à globalização, não dá para você ter um caminho que não incida e sofra as consequências do mundo. Temos que discutir estratégias.

Em entrevista à Globo News, o senhor definiu o poder como duro, difícil e sofrido. Qual é o real poder de um presidente no Brasil?

É o de convencimento. Ele tem de convencer o País e o Congresso a ir num certo rumo. Caso contrário, as forças constituídas não mudam nada, ficam repetindo o que elas são. Para exercer de fato o poder no sentido pleno, ao exercê-lo, ele tem que mudar as coisas numa determinada direção. Fora disso, não consegue. A sociedade tem que cobrar mais. O que a sociedade quer? Se o presidente tiver visão das coisas, ele pode até capitanear a mudança, mas ela nunca é dada só pela vontade do presidente. Ela capota diante das instituições e da tradição do que está estabelecido.

Existe uma versão “criminalizadora” da política e do poder, sugerindo que pessoas boas entram na política e aí se tornam más e corruptas. Poder corrompe ou revela o caráter?

Mais revela. É claro que o poder absoluto dá mais chances aos mais fracos de ficarem maus. Veja, vamos falar português claro: uma pessoa que tem posição de mando (não precisa ser presidente) tem enormes possibilidades de enriquecer. Ele tem informações e pode usá-las. O que freia isso, o que inibe? É você mesmo. Quando você não o faz, é você mesmo que deixa de fazê-lo. Não é que o poder está impedindo. Então, acho que poder revela muito mais do que cria ou deforma. É claro que a permanência no poder deforma, porque essas chances vão se repetindo, repetindo… e aí chega um momento em que o risco de você incorrer em erro é maior.

Vou lembrar a frase de que o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente. Antes de corromper, o poder não deslumbra?

A muita gente, sim. Vou falar em termos pessoais: eu nunca me deslumbrei.

Quem o conhece, diz que o senhor era uma pessoa antes de assumir o poder, a mesma pessoa durante e a mesma quando saiu. Mas dentro do senhor, o que mudou no exercício do poder?

Dentro muda. Você vê que as coisas são muito mais difíceis do que você pensava. Você vê que a ambição humana é muito maior do que imagina. Pessoas que são próximas, e você nunca vislumbrou a possibilidade de elas terem uma ambição desproporcional, pedem a você o que não devem pedir. O poder dá uma percepção talvez mais realista do ser humano.

Como isso mudou o senhor como pessoa?

Talvez endureça um pouco, porque você desconfia, a pessoa vai te procurar e você pensa: “O que será que ela quer?”. Em vez de partir do princípio de que não quer nada que seja negativo. Começa a ficar com um pé atrás, fica esperto, astuto para o mal que possa vir. Mal no sentido do inapropriado. A Ruth pesou muito também no meu estilo, porque era muito direta, muito simples, sempre teve horror de ostentação de poder e dessas coisas. Minha família não ficou deslumbrada. Até hoje, quem são os meus amigos mais próximos? São os da universidade, que eu já tinha antes. Com quem eu convivo? Com as pessoas que sempre convivi. É claro que acrescentei, mas nunca mudei de grupo, de camada, de círculo.

Quando o senhor saiu do poder, teve síndrome de abstinência?

Não, não tive. E tomamos uma resolução, Ruth e eu. Imediatamente saímos do Brasil. Por três meses ficamos na França e tomamos decisões claras: não vamos ter automóvel, segurança, assessores. Vinha um rapaz da embaixada brasileira uma ou duas vezes por semana trazer correspondência e conversar. Andei de metrô. Fiz isso logo para me dizer: não sou mais presidente. E passei a desfrutar das coisas que eu gosto. Ir a museus, comprar livros, comecei a me preparar para escrever um livro, via meus amigos, ia comer em restaurantes que eu gostava, ia ao teatro, andava a pé. Foi uma terapia de choque, digamos assim.

Como é o poder para o senhor hoje em dia?

Hoje não tenho poder nenhum. Posso ter é influência, que é uma outra coisa. É a capacidade de a partir do que você fala e faz, influenciar o comportamento de terceiros. Poder é quando você pode obrigar, eu decreto tal coisa e passa a valer. Você tem a capacidade de coagir o outro, pela lei no caso da democracia, mas mesmo a lei está baseada na força, tem autoridade.

O poder leva ao autoengano? Por exemplo, muita gente critica que o senhor deveria ter feito muito mais marketing dos coisas que conseguiu fazer durante seu governo, em lugar de esperar que a história lhe fizesse justiça.

É possível que o poder iluda. No caso do marketing, eu mesmo tinha muita resistência. Por outro lado, naquela época isso não seria tolerável, as finanças não eram tão favoráveis assim. A Bolsa Escola, por exemplo, foi a origem de todas as bolsas. Distribuímos 5 milhões de bolsas e eu não usei isso como se fosse dádiva.

O senhor achava que haveria um reconhecimento natural ao seu governo?

Eu não estava nem pensando nisso. Tinha uma dúvida profunda: não sei se estou constituindo um começo ou um interregno. Eu dizia isso: essas coisas que nós estamos fazendo, eu não sei se é o começo de uma mudança ou se é um momento que depois vai regredir. Vendo hoje, algumas coisas foram um começo, a estabilidade foi uma delas, assim como a área social. Outras foram um interregno, como a concepção de secularizar mais a política e não ficar nessa coisa patrimonialista.

Mas e o marketing?

Nunca tive a preocupação de fazer propaganda em termos pessoais, realmente não pensei. Alguém me perguntou como vou ser visto daqui a 100 anos. Será que eu serei visto? E se eu for bem-visto, estarei morto. De que adianta? (risos) E tem o seguinte: a História modifica o julgamento. Dependendo de cada momento da História, você é bom ou é mau, isso vai variando. Se você fez alguma coisa que mereça ser vista por ela, ótimo. Mas isso não quer dizer que sua posição está assegurada, porque alguns vão dizer que foi bom e outros que foi mau. Depois muda a geração, o que era bom virou mau, o que era mau virou bom. Isso é muito comum, não só no poder. Eu estava lendo hoje numa revista: “Baudelaire não conheceu a glória quando vivo”. Pode ser. Mas de que adianta conhecer a glória morto?

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... go-com-fhc
Conversas ao pé do fogo com FHC
Enviado por luisnassif, seg, 21/02/2011 - 09:20


A afirmação de FHC a Sonia Racy, de que nunca se deslumbrou com o poder, é piada.

No primeiro governo, havia um velho personagem carioca, muito influente, que trabalhara com Augusto Frederico Schmidit, era amigo de Roberto Marinho e fora incumbido por FHC de levar grandes empresários ao Alvorada, para jantares com o presidente.

O deslumbramento de FHC era motivo de pilhérias.

Certa vez, contou-me ele, caminhávamos pelo Alvorada quando um empresário viu um piano. Perguntou quem tocava piano. Imediatamente FHC foi ao piano e mostrou uma música que compusera em homenagem ao Brasil lembrando que, depois de Pedro I, ela fora o primeiro governante a cometer um hino. Pelo visto, ficou inédito.

Ele gostava muito de conversar com Jorge Serpa, o superlobista que foi conselheiro de praticamente todos os presidentes da República desde Café Filho.

Serpa ía para Brasília de táxi - tinha medo de avião. E, nas conversas, FHC indagava:

- Jorge, quem foi maior: Juscelino ou eu?

- Claro que foi você, Fernando.

Com base nessa cena hilária, escrevi a seguinte coluna em 27 de setembro de 1998. Só o primeiro parágrafo aconteceu.



Conversas ao pé do fogo

-Jorge, quem foi maior, Juscelino ou eu?

-É claro que você, Fernando. Juscelino tinha seus méritos, mas era um mero intuitivo. Você tem a intuição e o conhecimento.

-Mas padeci da solidão dos grandes homens, Jorge. A mesma solidão que deve ter martirizado Cristo, Lênin, Gandhi, Freud e o nosso José Bonifácio.

-Tem razão, Fernando, e eu sei o que é essa solidão, pois conheço o Brasil. Assessorei Bonifácio e Juscelino, Pedro 1º e Café Filho, Deodoro e Jango, assessorei os grandes cientistas e os empreiteiros mais ladravazes, os conservadores mais empedernidos e os populistas mais irresponsáveis. Eu sou a história e lhe digo do fundo do coração: não houve ninguém mais brilhante que você. Sua solidão foi a dos grandes homens.

-Não me confunda com essas figuras, Jorge. Com exceção de Bonifácio, no máximo eles tinham a visão de Brasil. Eu tinha o sentimento do mundo.

-Blair, Clinton, todos se curvaram a você, Fernando.

-Sérgio não me entendia. Antes de morrer, vivia me atazanando, querendo que eu me ocupasse de coisas banais do dia-a-dia, que decidisse, decidisse, decidisse, um inferno, Jorge. Não nasci para decidir, mas para especular, no sentido filosófico do termo. Minha missão era entender e explicar o mundo, definir em torno das grandes idéias, não me desgastar administrando conflitos menores.

-Decidir é coisa de gerente, não de intelectual.

-O mesmo acontecia com José, que me tirava a concentração cada vez que me ligava reclamando que as concessões que eu fazia a aliados políticos iriam estourar o déficit público. Poucos entendiam que eu precisava de tranquilidade, tempo para poder pensar. Pedro não me incomodava, nem Gustavo. Não tinham essa visão estreita de meus amigos pragmáticos. Sabiam que eu precisava de tranquilidade para pensar.

-Os outros só enxergavam a árvore, e não a floresta, Fernando.

-Justamente, justamente, é o que eu dizia. E como podia perder o sono com o que Eduardo, de Minas, Mário, de São Paulo, Tasso, do Ceará, podiam estar dizendo? Em Minas, eu disse que não votava em ninguém, pois era eleitor em São Paulo. Em São Paulo, Mário que se virasse, pois tinha o Paulo. Meu papel era ser o aglutinador, a unanimidade.

-Você nasceu com a sabedoria dos grandes políticos, Fernando.

-Admito que esse estilo podia ter contra-indicações, mas a política é a arte das opções. Perdi Sérgio, José ficou agastado, perdi Luiz Carlos e José Roberto, perdi André, que me encantava com suas preocupações com o mundo e com o modo carinhoso com que se referia a seus cavalos de corrida. Meu partido falava mal de mim pelas costas. Também os conservadores, que, no final, me acharam um nome pesado demais e abandonaram o barco. Disseram que o Brasil quebrou externamente, mas essa quebra me permitiu fechar o melhor acordo que um país quebrado já assinou na história. Diziam que quebrou internamente, mas me permitiu um discurso histórico, propondo sangue, suor e lágrimas aos brasileiros, do mesmo modo que Churchill. Cada episódio que os adversários reputavam de desastroso era um motivo para eu conseguir mais um grande momento.

-Era pouco pretender ser o maior presidente brasileiro da história, Fernando. Você era para ser um dos maiores da história.

-E por que não fui? Por que não fui? Eu era esmagado pelas críticas que me apontavam como indeciso, como contemporizador. O preço de não decidir me custava muito. Tinha que ouvir o Delfim dizendo "o Fernando é assim mesmo", com aquele ar irônico e anticientífico de quem era dotado de todas as certezas do mundo. Agora, é meu vizinho aqui. Amigos queridos me acusavam de traição, por não saber decidir em seu favor, nos momentos cruciais.

-Fazia parte da sua natureza, Fernando. Não podemos ser bons em tudo.

-Não pense que a indecisão era uma postura conveniente, voluntária, Jorge. Ó, quanta inveja do estilo inescrupuloso do meu xará, Fernando, da falta de limites de JK. A mim me acusaram de quebrar o Brasil por não fazer. Juscelino pelo menos quebrou fazendo.

-Com distanciamento histórico, as avaliações melhoram, Fernando.

-Onde foi que eu errei, Jorge? Deixei o país quebrado, sem estatais e com uma dívida interna enorme, só porque não superei o medo da decisão, na hora de enfrentar o desafio do câmbio. Meu segundo mandato foram quatro anos de recessão e desemprego, porque continuei empurrando com a barriga. Mas o país tinha de ganhar tempo para amadurecer, não acha?

-De fato, amadureceu, mas não desenvolveu.

-Disseram que perdeu o bonde da história por culpa de minhas indecisões. Mas o que podia fazer, sinceramente? No dia em que meus três amigos deixaram o governo, disse para mim e para meu povo: a partir de hoje, não faço mais concessões. Mas no dia seguinte tinha um café da manhã com os líderes da minha aliança e não quis me comportar como intransigente. Aceitei a idéia de criar mais um imposto para financiar um novo ministério e entregá-lo a partidos amigos. Sei que não estava certo, em meio a um ajuste fiscal profundo. Mas tinha outra maneira de recuperar a tranquilidade? E um presidente necessita de tranquilidade. No entanto posso dizer do fundo da alma: fiz tudo na melhor das intenções.

-Tá certo, Fernando, tá certo. Você foi indeciso, mas de uma maneira extremamente brilhante.

-Uma última pergunta Jorge: quem foi melhor, Juscelino ou eu?

-Você, Fernando. Mas Juscelino não era mesmo grande coisa. Agora vamos ficar quietos que o capeta está chegando para acender o fogo das seis da tarde. E ele tem uma capacidade de decisão extraordinária.

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#57 Mensagem por Tricampeão » 23 Fev 2011, 23:47

foxrunner escreveu:FATO :

GOVERNO FHC CASOS DE CORRUPÇAO: 45
GOVERNO LULA CASOS DE CORRUPÇAO: 133
Fonte?

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#58 Mensagem por Carnage » 13 Abr 2011, 15:28

O financista, o consultor e a "pessoa"
http://revistaepoca.globo.com/Revista/E ... ESSOA.html

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#59 Mensagem por Carnage » 15 Abr 2011, 15:51

http://www.cartacapital.com.br/destaque ... -a-mascara
FHC tira a máscara
Mauricio Dias 15 de abril de 2011 às 10:11h

O ex-presidente define-se: chega de social-democracia, tudo a favor dos valores da casse média.

“Ele é um presidente definido por lei que está fazendo o que o país dominante quer que ele faça”
Avaliação do governo de fhc feita por raymundo faoro, em 15/5/2002


Finalmente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, suposto arauto da social-democracia brasileira, entrou no trilho adequado. Foi preciso mais de oitos anos, além de três fracassos eleitorais sucessivos na disputa presidencial, para que ele jogasse fora a máscara da social-democracia e assumisse o papel de expressão política da classe média. O sociólogo faz isso agora, na condição de presidente de honra dos tucanos.
“Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT a influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”, falarão sozinhos”, sentencia FHC em artigo escrito para a nova edição da revista Interesse Nacional, que começou a circular na quinta-feira 14.
Nada de mal. É bom para o País que o rio corra no seu leito natural. Nada de mais. A minoria precisa de alguém que defenda seus valores. O ex-presidente finca a bandeira nesse espaço ou, pelo menos, tenta. Pela primeira vez se apresenta como porta-voz dessa camada social e se apressa a dar receita eleitoral para os candidatos da oposição.
“Se houver ousadia, as oposições podem organizar-se, dando vida não a diretórios burocráticos, mas a debates sobre temas de interesse dessas camadas.”
Quem compõe essas camadas da sociedade brasileira? A nomenclatura sociológica se embaralha nesse ponto. A classe média é difusa mesmo a partir da base da pirâmide social. Os milhões tirados da marginalidade ao longo do governo Lula – em torno de 20 milhões – foram batizados de integrantes da classe média “E”, embora uma classe social não se consolide somente a partir do salário.
O ex-presidente faz uma leitura muito particular da eleição de 2010. Ele acredita que o resultado traduz essa visão polarizada: Dilma 56,5% dos votos contra 43,95% de Serra.

O sociólogo, já de olho na competição presidencial de 2014, vê as coisas com a lente descalibrada do político oposicionista. Sem ameaça de ser vitimada pelo preconceito da classe média bem aquinhoada, como acontece com Lula, a presidenta Dilma tem chances de transitar melhor nessa faixa do eleitorado. Exatamente o contingente preferencial do governo de FHC.
Ainda em 2002, poucos meses antes da eleição de Lula, diante da pergunta se achava que o governo tucano fora feito para somente 30 milhões, o jurista e historiador Raymundo Faoro lançou uma dúvida: “Tanto assim?”. E argumentou: “O país que lê jornal… quantos são? E o país que lê livros? Não há sequer mercado para sustentar a cultura”.
FHC tornou-se um ícone do país privilegiado: “É isso que sobrou”, disse Faoro.
Foi o que restou também do PSDB, que nunca teve vínculos com os sindicatos brasileiros e com os movimentos sociais. Vínculos que, em essência, definem historicamente a natureza dos partidos social-democratas. Uma aliança que os tucanos nunca buscaram.
Mauricio Dias

Maurício Dias é jornalista, editor especial e colunista da edição impressa de CartaCapital. A versão completa de sua coluna é publicada semanalmente na revista. mauriciodias@cartacapital.com.br

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#60 Mensagem por Compson » 16 Abr 2011, 13:26

Eu acho a posição de FHC inteligente... A alternativa seria o samba do crioulo doido "liberal-populista-desenvolvimentista" que o Serra tentou dançar na campanha.

E, na medida em que a o aumento da classe média persista por mais alguns anos, ela vai se tornar realmente relevante, além de deslocar o eixo de demandas sociais de assistencialismo emergencial para serviços e infraestrutura de melhor qualidade, ou seja, uma social-democracia de viés mais clássico do que a PTista.

Quando FHC fala de classe média, não se refere a guanhar em 2014, que, salvo catástrofe, vai continuar com Dilma. Refere-se a 2018, quando Aécio Neves disputará com Sérgio Cabral... 8)

O PTismo também cria seus próprios coveiros...

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