A Crise Econômica Mundial

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Re: A Crise Econômica Mundial

#481 Mensagem por Carnage » 08 Jul 2012, 19:21

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... st_id=1028
Quando o extraordinário acontece: Libor, a fraude do século

Uma das dimensões transformadoras desta crise é romper a esférica blindagem política da qual se vale o sistema financeiro para impor uma supremacia devastadora à economia e ao imaginário da sociedade. Por razões intrínsecas ao desenvolvimento capitalista, nenhum poder é tão organizado quanto o do dinheiro a juro. Ramificação local e escopo planetário lhe dão a prerrogativa de conduzir e induzir a globalização e, desse modo, os mercados nacionais. Institutos de pesquisas, universidades, jornalistas e partidos adestrados a sua lógica cuidam de reproduzir localmente uma hegemonia que subordina governos, mercados e visões de mundo ao interesses rentistas. Tudo revestido pelo cimento midiático, que faz estes parecerem uma extensão dos interesses gerais de toda sociedade.

A fraude do século recém descoberta no cálculo da Libor abre uma trinca num lacre de muitas camadas. Noticiada como uma falcatrua técnica, na realidade ela autoriza questionamentos de amplitude política e gravidade estrutural que extrapolam a reputação do Barclays - -um dos seis maiores bancos do mundo, pego com a mão na cumbuca na manipulação de uma taxa de juro em benefício próprio.

A Libor, grosso modo, é obtida da média dos juros cobrados em empréstimos interbancários (entre bancos) na praça de Londres. Direta ou
indiretamente influencia um vasto leque de operações em todo o planeta.

O que se descobriu agora é que o Barclays (leia nesta pág. a entrevista com o professor da Universidade de Manchester, Michael Moran, ao correspondente Marcelo Justo, em Londres), informava uma taxa inferior a que de fato pagava para obter caixa junto a outras instituições. A manobra deliberada visava reduzir sua despesa com produtos financeiros vendidos a milhares de investidores, pelos quais pagava juros atrelados à própria Libor.

A fragilidade intrínseca a esse sistema de formação de taxas de juros, que concede à parte interessada de um contrato o direito de determinar variáveis que afetam os dois lados, não é estranha ao Brasil. Aqui, a taxa básica de juros, a Selic, que remunera os títulos do governo, foi definida até muito recentemente com base na quase exclusiva opinião dos grandes agentes do mercado financeiro --diretamente interessados em robustecer o rendimento das carteiras de renda fixa de portifólios para os quais trabalham.

No caso da Libor é preciso lembrar que ela definiu parte substancial do pagamento de juros da dívida externa brasileira durante décadas. Significa que o país endividou-se e quebrou nos anos 80, ademais de rastejar na década seguinte, submetido a uma hemorragia de gastos com juros flutuantes, potencialmente manipuláveis pelos principais interessados em sangrar o país: os bancos credores. Se o Barclays o fez agora para baixo, por que o mesmo não pode ter ocorrido com sinal invertido no passado?

Entre os anos 70 e 90 o Brasil desembolsou cerca de US$ 280 bi em juros e amortizações pagos aos seus credores. Mais de US$ 220 bi desse total foram pagamentos feitos entre 1980 e 1990, ao final dos quais a dívida ainda era superior a US$ 120 bi e não parava de crescer. Em 1982 o Brasil quebrou; as torneiras dos bancos se fecharam. Restava o socorro do FMI. As cartas de condicionalidades assinadas para ter aceso a esses recursos--destinados a pagar juros -- deflagraram uma espiral de arrocho salarial e cortes de gastos públicos que dizimaram a capacidade de crescimento da economia. Tornariam o país um refém ainda mais vulnerável do sistema financeiro internacional. Qualquer semelhança com o martírio vivido hoje pelas sociedades grega, espanhola, portuguesa ,entre outras, não é coincidência,mas reprodução da mesma lógica.

O Brasil tampouco foi uma exceção nas mãos dos então responsáveis pela definição da Libor. Cálculos do economista Pierre Salama sugerem que na crise da dívida externa dos anos 80, o FMI impôs aos países pobres e em desenvolvimento um programa de arrocho que resultaria em transferências de recursos, na forma de juros e amortizações, de gravidade e volume superior às reparações de guerra impostas à Alemanha pelo Tratado de Versalhes. Desse ovo da serpente chocado ao final da Primeira Guerra surgiria o nazismo.

Há 20 anos quem duvidasse da lisura no cálculo da Libor era olhado com o mesmo desdém hoje dirigido aos que advogam o controle estatal sobre o sistema financeiro, como requisito à superação da crise mundial. O jornalista e escritor Bernardo Kuscinki foi para a Ingaterra em 1991 fazer seu pós doc munido de um projeto singular: investigar a hipótese de que a taxa Libor estaria sendo manipulada em prejuízo dos países devedores.

Antes de viajar consultou um economista brasileiro que referendou suas suspeitas: 'Todo mundo sabe que existe a 'hora do Brasil' no mercado interbancário de Londres', ou seja, a hora de definir a lasca anual a ser extraída do lombo do país, ajustando-se a Libor para esse fim. Na City londrina, Kuscinski procurou especialistas para encorpar seu projeto. Foi recebido com risos e desdém. Desistiu e escolheu outro tema. Os fatos agora demonstram que a sua hipótese não era leviana.

Postado por Saul Leblon às 16:44

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Re: A Crise Econômica Mundial

#482 Mensagem por Carnage » 17 Jul 2012, 21:17

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... -2013.html
Nouriel Roubini: A tempestade global perfeita, em 2013

publicado em 9 de julho de 2012 às 20:36

Em entrevista à Bloomberg, em 7 de julho de 2012


Mr. Roubini, que consequências o escândalo da taxa Libor terá na cultura dos bancos?

Na minha visão este escândalo mais recente, como muitos outros episódios que aconteceram recentemente, sugere que nada mudou depois da crise financeira global porque os incentivos para os bancos ainda são para enganar ou fazer coisas que são ou ilegais ou imorais, a única forma de evitar isso é desmembrar estes supermercados financeiros. Quando você tem na mesma firma banco comercial, banco de investimentos, gerenciamento de bens, brokerages, venda de seguros, derivativos, não existem muralhas da China [entre os negócios] e há maciços conflitos de interesse porque você está nos dois lados de todo negócio. Este é o problema fundamental. Os banqueiros são gananciosos, tem sido gananciosos nas últimas centenas de anos, não é uma questão de serem mais imorais hoje do que mil anos atrás. Você tem de ter certeza de que eles vão se comportar de forma a minimizar os riscos. Uma forma [de fazer isso] é separar as atividades, para minimizar os conflitos de interesse. Caso contrário, isso vai acontecer de novo e de novo.

O sr. acha que deveria haver punições criminais?

Deveria, já que ninguém foi parar na prisão desde a crise financeira global, por o que quer que tenha feito. Os bancos fazem coisas ilegais e no melhor caso levam multa. Se algumas pessoas acabarem na cadeia talvez ensine uma lição, ou alguém enforcado nas ruas.

A cultura dos bancos vai mudar?

Nada vai mudar, é o mesmo de antes. Há mais conflitos de interesse hoje que quatro anos atrás. Nos Estados Unidos você tinha bancos muito grandes para falir e hoje eles são ainda maiores para falir, porque o JPMorganChase assumiu o Washington Mutual e o Bear Sterns, o Bank of America assumiu o Merryl Linch e o Countrywide, assim os bancos muito grandes para falir, com seus conflitos de interesse, se tornaram bancos ainda maiores para falir. As coisas pioraram, não se tornaram melhores, nada mudou.

Tivemos recentemente a crucial cúpula da União Europeia, com medidas tomadas para ajudar a Espanha e a Itália. Acha que a UE está salva?

A cúpula foi um fracasso porque uma semana depois dela e do Banco Central Europeu (BCE) ter cortado as taxas de juros, as taxas de risco da dívida da Espanha voltaram a ficar acima dos 7%, o mercado de ações caiu 3 por cento, mas nada mudou. Depois dos supostos sucessos os mercados esperavam muito mais. Ou você tem mutualização da dívida para reduzir as taxas de risco, ou tem a monetização da dívida por parte do Banco Central Europeu ou usa a bazuca para dobrar ou triplicar ou quadruplicar a injeção de dinheiro nos bancos direta ou indiretamente ou as taxas da Espanha e da Itália vão explodir mais e mais, dia após dia, e você terá uma crise pior, não daqui a seis meses, uma crise maior nas próximas duas semanas.

O que deveria fazer o BCE?

A única instituição que tem poder de garantir a dívida dos governos é o BCE. Precisamos de algo que é politicamente incorreto falar. Monetização da dívida. Compra da dívida destes governos pelo BCE. Algo que o BCE não quer fazer e diz que institucionalmente está proibido de fazer.

Existe muita resistência, inclusive anglo-americana?

Sim, na Alemanha e em todo o centro [da zona do euro]. Na Holanda, na Áustria, na Finlândia. A Finlândia não aceita nem mesmo um pequeno valor de dívida mutualizada, que permitiria a compra de dívida no mercado secundário. Mesmo este valor pequeno de mutualizaçao da dívida, de forma indireta, eles vão lutar contra. Nao é apenas resistência anglo-americana ou alemã, o coração da zona do euro não quer assumir o risco de crédito envolvido em qualquer tipo de mutualização de dívida.

Você disse que em 2013 será muito difícil encontrar um esconderijo?

Penso que em 2013 os formuladores da política serão incapazes de evitar a perda de fôlego da economia, que o lento acidente de trem da zona do euro vai se tornar um acidente veloz, que os Estados Unidos parecem próximos de parar e mergulhar em uma nova recessão — segundo os dados econômicos mais recentes –, que o pouso da China está se tornando mais duro que suave, e que todos os mercados emergentes também estão reduzindo fortemente seu crescimento econômico, todos os BRICs — China, Rússia, Índia e Brasil — mas também o México e a Turquia, parcialmente por causa da recessão na Europa e no Reino Unido, do crescimento lento dos EUA, parcialmente porque não fizeram as reformas para aumentar a produtividade e potencializar o crescimento, e finalmente porque existe a bomba relógio de uma potencial guerra entre Israel, Estados Unidos e Irã.

As negociações fracassaram, as sanções vão fracassar, Obama não quer a guerra antes das eleições, mas depois das eleições, seja Obama eleito ou [Mitt] Romney, as chances são de uma decisão dos Estados Unidos de atacar o Irã, então você terá os preços do petróleo dobrando da noite para o dia. É uma tempestade perfeita: colapso da zona do euro, nova recessão nos EUA, pouso duro da China, pouso duro dos mercados emergentes e guerra no Oriente Médio. No ano que vem poderemos ter uma tempestade global perfeita.

Suas previsões são piores que as de 2008?

Muito piores porque, como em 2008, agora você tem uma crise econômica e financeira, mas diferentemente de 2008 não há mais balas para usar. Naquela época podíamos cortar os juros de 6% para 0, 1, 2 ou 3, podíamos dar estímulos fiscais de até 10 por cento do PIB, podíamos resgatar os bancos e todos os demais. Hoje, mais QEs [Quantitative Easing, a impressão de dinheiro pelo Tesouro dos Estados Unidos] está se tornando menos eficaz porque o problema é de solvência, não de liquidez; os déficits fiscais já são solares, todos precisam reduzir os déficits, não dá para aumentar; e não dá mais para resgatar os bancos porque, um, existe oposição a isso, dois, os governos estão quase insolventes, não podem se salvar, o que dizer salvar os bancos. O problema é que estamos sem balas na agulha, estamos sem coelhos para tirar das cartolas políticas. Se um derretimento dos mercados e da economia acontecer não temos mais a rede de segurança para absorver os choques, porque gastamos os últimos quatro anos atirando 95% da munição. Poderá [2013] ser pior que 2008.

Você prevê o rompimento da zona do euro em 2013?

Não acho que haverá o rompimento da zona do euro em 2013, apesar de acreditar que até lá teremos a saída da Grécia da zona do euro. Acho que nos próximos três a cinco anos temos uma chance de 40 a 50% de ver o fim da zona do euro. Eu diria que outros países do centro podem decidir pela saída. A Finlândia pode sair antes da Grécia. A Finlândia não quer assumir os riscos adicionais de crédito envolvidos, [os finlandeses] já estão expostos a vários mecanismos [de ajuda]. Agora, se houver mutualização da dívida, união fiscal, novas garantias de todos os tipos, eles são contra, um país como a Finlândia pode sair [da zona do euro]. Ou, na periferia, um país como a Itália poderia decidir pela saída, porque há vários interesses econômicos e financeiros que querem voltar para a lira, como o Berlusconi e seu partido, o novo movimento Cinco Estrelas de Beppe Grillo, a Liga Norte, há muita gente na Itália que não gosta do euro e que pode ganhar dinheiro voltando para a lira. As pessoas pensam na Grécia, mas poderia acontecer na Finlândia ou na Itália. Não acho que haverá rompimento no ano que vem, acho que a Grécia sai em 2013 e em até 5 anos há 50% de chance de rompimento da zona do euro.

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Re: A Crise Econômica Mundial

#483 Mensagem por Compson » 23 Jul 2012, 10:36

A Espanha (e acho que a Itália) proibiu short-selling por três meses.

Short-selling é uma operação pra ganhar dinheiro com a queda das ações.

Vem bomba por aí!

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Re: A Crise Econômica Mundial

#484 Mensagem por Nazrudin » 23 Jul 2012, 10:45

PQP! Os brasileiros lá fora ja estão voltando. Será que meio mundo vai querer vir aqui pro Brazil?

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Re: A Crise Econômica Mundial

#485 Mensagem por ghostwriter » 26 Dez 2012, 12:31

26/12/2012 - 04h30
Renda per capita dos brasileiros cai com 'pibinho' de 2012
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

A renda dos brasileiros medida em dólares deverá sofrer o maior recuo em uma década em 2012 provocada pela expansão fraca do PIB (Produto Interno Bruto) e pela desvalorização do real.

O cenário de longo prazo do PIB per capita também mostra uma piora relativa a outros países porque as expectativas de expansão da economia caíram.

Defasagem do poder de compra do Brasil em relação aos EUA é maior do que em 1980
Novo salário mínimo será de R$ 678 a partir de janeiro

Dados compilados pela consultoria Consensus Forecast mostram que as projeções médias para o crescimento do PIB brasileiro no longo prazo recuaram de 4,5% para 3,9%, entre abril de 2010 e outubro deste ano.

A maior parte dos países teve revisões para baixo. Houve reduções grandes para China, zona do euro e Japão.

Mas, de forma geral, as quedas nas revisões foram menos significativas que a brasileira. Há também casos, como México e Alemanha, para os quais o cenário econômico melhorou um pouco.

Como resultado dessas e de outras tendências, o Brasil deve recuar, entre 2012 e 2022, do 38º para o 39º lugar (entre 52 países) no ranking de renda per capita elaborado pela Consensus Forecast (que coleta projeções de bancos e consultorias estrangeiros e nacionais).

Além da crise externa, "no Brasil há uma questão mais séria que é a incerteza regulatória. Isso tem afetado as decisões de investimento", afirma o economista Marcelo Moura, do Insper.

QUEDA EM 2012

A contração dos investimentos é a principal causa do desempenho fraco da economia brasileira neste ano.

Economistas estimam que o PIB crescerá entre 0,8% e 1,2% em 2012 como um todo.

Como essa expansão da economia teve ritmo próximo ao do crescimento da população, a renda per capita ficará estagnada em reais. Mas recuará em dólares, já que a moeda brasileira se desvalorizou nesse período.

Segundo cálculos feitos pela consultoria EIU (Economist Intelligence Unit) a pedido da Folha, o PIB per capita em dólares deverá sofrer uma contração de cerca de 9% este ano, para US$ 11.670.

Será a queda mais forte desde 2002, quando houve recuo de 9,6%. Em 2009, o PIB per capita em dólares também caiu (2,9%) com uma recessão que, no entanto, foi parcialmente compensada por uma valorização do real.

A estimativa feita pela EIU para 2012 considera crescimento de 1% da economia e depreciação cambial média de cerca de 14% da moeda.

Segundo Robert Wood, analista da EIU, a queda do poder aquisitivo em dólares tem consequências de curto prazo relacionadas à capacidade de comprar bens importados, que ficam mais caros, e de viajar para o exterior.

No caso das empresas, o custo mais alto de importar máquinas e equipamentos é um dos fatores que causa queda dos investimentos.

Mas, segundo Wood e outros economistas, o movimento do PIB per capita em apenas um ano pode não revelar uma fotografia adequada do avanço da riqueza média da população.

"Um histórico longo fornece uma ideia melhor do progresso do país", diz Wood.

Moura, do Insper, ressalta que a renda per capita do Brasil cresceu a uma média baixa, de 2,4% ao ano, entre 1964 e 2012. Segundo cálculos do economista, essa taxa saltou para 3,4% entre 2006 e 2010 --período de expansão mais forte da economia.

"O problema é que esse ritmo mais forte não se manteve e há dúvidas de que o país possa retomá-lo de forma sustentável", diz Moura.



Por isso que não dá prá acreditar nas projeções de crescimento da Dilma e do Mantega... começou o ano em 5% e agora não dá nem 1%, mas para 2013 já projetam mais de 4% de novo... O futuro está sempre no futuro, por isso pode projetar o que for, que o papel aceita tudo.

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Re: A Crise Econômica Mundial

#486 Mensagem por Carnage » 26 Dez 2012, 22:38

Compson, traduz aí pro pessoal, "faiz" favor??

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Re: A Crise Econômica Mundial

#487 Mensagem por ghostwriter » 27 Dez 2012, 12:01

O que é que você não entende, cumpanheiro Carnage?

É sobre as falsas projeções econômicas do govêrno Dilma, que pintam um Brasil em franco desenvolvimento mas que na realidade não existe mais.

E sempre com projeções absurdas, que no final não se concretizam. Mas isso não é razão suficiente para deixarem de continuar a projetar maluquices.

Só isso. :roll:

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Re: A Crise Econômica Mundial

#488 Mensagem por Carnage » 02 Jan 2013, 21:04

Poxa, o Compson perdeu a vontade de birincar....


Texto interessante. A tradução tá meio zoada, mas não atrapalha:

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... ia-mundial
Será que o renminbi chinês irá substituir o dólar EUA como moeda de reserva primária do mundo?

Por Michael

A maioria dos americanos não tem idéia da enorme vantagem que os Estados Unidos possuem por ter a principal moeda de reserva do mundo, e a maioria dos americanos também não têm idéia de quão perto o dólar dos EUA esta' de perder esse status.

Nos últimos 40 anos, a grande maioria de todo o comércio global (incluindo a compra e venda de petróleo) foi feito em dólares americanos. Esse ainda é o caso hoje, mas as coisas estão começando a mudar. Por todo o globo internacional acordos estão sendo feitos para se afastar do dólar dos EUA e usar outras moedas no comércio global.

A segunda maior economia do mundo, a China, tem sido particularmente agressiva na tentativa de alterar a ordem financeira existente. Como você verá abaixo, a China tem executado em todo o planeta acordos com outros países para começar a conduzir uma quantidade crescente de comércio em outras moedas que não o dólar dos EUA. E, claro, os chineses vão fortemente promover a sua própria moeda - o yuan. Então, por que isso está acontecendo?

Bem, por um lado, a verdade é que os Estados Unidos ja' não são a única superpotência do mundo. A economia chinesa esta' projetada para se tornar maior do que a economia dos EUA em 2016, e por algumas medidas a economia chinesa já é maior. Assim, os líderes chineses têm sido muito abertos sobre o fato de que eles acreditam que ele simplesmente não faz mais sentido que a grande maioria de todo o comércio global deva continuar a ser realizada em dólares norte-americanos, especialmente considerando a impressão de dinheiro imprudente de que o FED (Reserva Federal) tem feito. Numa altura em que o status do dólar dos EUA já está escorregando, QE3 está profundamente minando a confiança na moeda dos EUA. E quando o dólar dos EUA perde status de moeda de reserva, as consequências para os Estados Unidos vão ser absolutamente catastróficas.

Infelizmente, a maioria dos americanos nem sequer sabem o que é uma "moeda de reserva" é ou que o dólar dos EUA está sob ataque.

Os chineses não estao apenas falando sobre substituir o dólar - eles estão fazendo isso. O seguinte é um trecho de uma história recente de Alan Wheatley , correspondente a economia mundial para a Reuters:



Alimentado com o que vê como negligência maligna de Washington no dólar, a China está ativamente promovendo o uso transfronteiriço de sua própria moeda, o yuan, também conhecido como renminbi, no comércio e no investimento.

O objetivo é tanto comercial - para reduzir os custos de transação para os exportadores chineses e importadores - quanto estratégico.

Deslocando o dólar, Pequim diz, irá reduzir a volatilidade dos preços do petróleo e de commodities e tardiamente corroer o "privilégio exorbitante" dos Estados Unidos desfruta como o emissor da moeda de reserva no coração de uma arquitetura internacional pós-guerra financeira que agora vê como irremediavelmente fora de moda.

Os principais meios de comunicação nos Estados Unidos ignoram quase inteiramente estes desenvolvimentos, mas a verdade é que tudo isso é um negócio muito, muito grande.

A seguir, são apenas alguns dos acordos internacionais de divisas que a China tem feito nos último dois anos:

-China e Alemanha ( Veja Aqui )

-China e Rússia ( Veja Aqui )

-China e Brasil ( Veja Aqui )

-China e Austrália ( Veja Aqui )

-China e do Japão ( Veja Aqui )

-China e Chile ( Veja Aqui )

-China e os Emirados Árabes Unidos ( Veja Aqui )

-China, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul ( Veja Aqui )

A maioria dos economistas norte-americanos descartam essa ameaça, apontando que a China tem estocados tantos dólares norte-americanos e tanta dívida dos EUA que, se alguma coisa acontecer com o sistema financeiro dos EUA, a China seria significativamente prejudicada.

Isso pode ser verdade até certo ponto, mas o que também é verdade é que a maioria dos americanos não compreendem, fundamentalmente, a nossa relação com a China.

A maioria dos norte-americanos acreditam que somos "amigos" da China só porque eles estão realizando comércio com a gente.

Infelizmente, não é assim que os chineses nos enxergam. Eles nos vêem como "a concorrência", e planejam sair por cima no final.

Agora, os chineses estão estocando grandes quantidades de ouro. Eles estão se preparando para o dia em que o dólar dos EUA cair e quando os ativos tangíveis tomarem o lugar dele.

E alguns estão até mesmo a especular que os chineses podem estar planejando fazer um lastro de sua própria moeda com o ouro em algum ponto.

O seguinte é um excerto de um artigo recente por Christopher K. Potter , o presidente da Administração do Norte Border Capital:

Durante três mil anos, a China tem estado na vanguarda da inovação monetária. Foi o primeiro a legalizar o dinheiro de ouro no século X aC e dois milênios depois, foi o primeiro a emitir moeda em papel. Fast forward para 2012 e a China está de volta, ultrapassando a Austrália como o maior produtor de ouro e aumentando as suas reservas de ouro monetário a uma taxa alarmante. Cinco anos atrás, a China ultrapassou os EUA na produção de ouro e cinco anos a partir de agora ele vai possuir mais ouro do que o governo federal dos EUA.

Não julgue isso como apenas mais um exemplo de apetite insaciável da China por recursos naturais. Não é. A China se prepara para um mundo além do dólar de papel inconversível, um mundo em que o renminbi, sustentada por ouro, torna-se a moeda de reserva dominante.

Para que não fique qualquer dúvida, apenas considere o seguinte: O governo chinês recentemente removeu todas as restrições sobre a propriedade pessoal de ouro; legalizado fundos ouro domésticos negociados em bolsa; está comprando 100% da produção nacional mina de ouro; importou mais de 750 toneladas de ouro (27% da produção mundial) nos últimos 12 meses; declarou publicamente a sua intenção de adicionar 1.000 toneladas por ano de suas reservas de ouro do banco central, e está comprando participações em grandes empresas estrangeiras de mineração de ouro. A escala desta iniciativa é extraordinária.

Quando o sistema financeiro norte-americano falir, o que você acha que o resto do mundo vai querer - papel moeda dos EUA que está rapidamente se tornando inútil ou renminbi apoiado por ouro?

A China é muito séria sobre este esforço para manter ouro. Alegadamente, a quantidade de ouro que a China importou em 2012 só é maior do que a quantidade total de ouro que o Banco Central Europeu está oficialmente segurando.

E a China está devorando as operações de mineração de ouro em todo o planeta a um ritmo vertiginoso. Eu discuti isso extensivamente em um artigo anteriorque você pode encontrar aqui .

Ok, então o que acontece se o resto do mundo começa a rejeitar o dólar dos EUA como moeda de reserva e começa a se mover para outras moedas, como o yuan chinês?

A mudança seria potencialmente dramática.

Até agora, tem havido uma crescente demanda por dólares no resto do mundo. Eles precisaram de dólares para comprar petróleo e ao comércio com o outro. [NT: o Brasil, em particular, tem feito esforcos para aumentar suas reservas e manter o dolar sobrevalorizado.]

Essa demanda manteve o valor do dólar dos EUA. Mas se o resto do mundo começar a rejeitar o dólar, seu valor cairia como uma pedra.

Quando o valor do dólar declinarem, as importações se tornarao mais caras.

Assim, o preço do petróleo subira', e você vai pagar mais pela gasolina nos postos.

E já que quase tudo é feito fora do país nos dias de hoje, tudo o que você compra no Wal-Mart se tornara' significativamente mais caro.

A era das importações baratas estaria terminada e nosso padrão de vida teria de sofrer uma adaptação de grande amplitude.

Então, quão ruim as coisas poderiam ser?

Bem, como a sua vida mudaria se você fosse à loja daqui a alguns anos e o custo de tudo for o dobro ou o triplo do que é hoje?

Sim, eu sei que isso soa dramático, mas uma crise de moeda principal juntamente com impressão de dinheiro imprudente pelo Federal Reserve poderia realmente produzir tal resultado.

Então aproveite as importações baratas, enquanto você ainda pode. Os dias do dólar dos EUA sendo a única moeda de reserva primária do mundo estão contados, e quando o dólar morrer, isso provavelmente vai acontecer muito rapidamente.

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Re: A Crise Econômica Mundial

#489 Mensagem por Carnage » 02 Jan 2013, 21:05

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=21461
Breve história do neoliberalismo, de suas consequências e de seu futuro
A crise revelou os limites materiais do neoliberalismo, à margem de ideologias. Não haverá superação da crise a não ser pela ampliação do espaço público em detrimento do individualismo ilimitado. Em economia, em matéria ambiental, e em geopolítica. Cedo ou tarde as forças políticas compreenderão isso. O futuro do neoliberalismo, portanto, é ser contido ao longo de um novo ciclo de democratização. O artigo é de J. Carlos de Assis.

J. Carlos de Assis (*)

Vem de Kant, no relato de Bobbio, a distinção entre as duas liberdades, conceituadas dessa forma desde os primórdios da Idade Moderna: a liberdade como ausência de limites, e a liberdade como faculdade de impor os próprios limites através de leis. A busca da primeira é facilmente reconhecível no Partido Republicano dos Estados Unidos, sendo que mais recentemente tomou a forma generalizada de neoliberalismo mundo afora; a da segunda, no Partido Democrata, que tomou forma melhor desenvolvida na social democracia europeia, hoje sob ameaça de estrangulamento pela política econômica imposta pela Alemanha.

É fácil perceber que a liberdade enquanto não limites está ligada sobretudo ao campo civil, enquanto a liberdade de se impor as leis a que se deve obedecer está vinculada ao campo político. Já não é tão fácil assim compreender essas duas liberdades como complementares, e não antitéticas. Uma jamais eliminará a outra enquanto houver liberdade em termos gerais. As liberdades civis e a liberdade política são conquistas imperecíveis da civilização. No mesmo movimento em que se criou a liberdade civil, criou-se a liberdade política. Uma depende da outra como subprodutos do mesmo tronco.

O elemento comum de origem das duas liberdades é o direito à propriedade privada. No campo civil, isso é óbvio, pois a propriedade privada é a pedra basilar do direito civil. Mas o fato é que isso é também verdade no campo político, embora bem menos reconhecido. A palavra democracia, que muitos associam a “poder do povo”, na verdade significava originalmente poder dos proprietários: demos, em grego antigo, significa uma medida agrária que era usada para definir as propriedades rurais das famílias que vieram, com Péricles, a comandar a política de Atenas. Só mais tarde demos veio a significar povo.

A Revolução Americana, por sua vez, ancorou-se na afirmação do direito de propriedade privada. Assim também as três primeiras convenções da Revolução Francesa. Justamente por isso são tratadas como revoluções burguesas. Para tentar conciliar direito civil e direito político, Marx distinguiu propriedade privada em geral de propriedade privada dos meios de produção. Com esse expediente conceitual, estava construído, no campo da ideologia materialista, o instrumento essencial para justificar a revolução e impor a democracia proletária como meio de ampliar o espaço público da liberdade e reduzir o espaço da liberdade individual.

Os liberais reagiram ferozmente, como de se esperar, à ameaça comunista à liberdade civil e política. De certa forma foram ajudados pelos comunistas porque a suposta democracia política soviética converteu-se em ditadura de partido único. Paradoxalmente, em parte por medo do comunismo, permitiu-se no pós-guerra que emergisse na Europa um sistema misto que de alguma forma conciliava a liberdade civil com a liberdade política. É a socialdemocracia europeia, em especial a construída no norte do Continente. Nos Estados Unidos, o Partido Democrata, sobretudo nos governos Roosevelt (New Deal) e Johnson (Grande Sociedade), conseguiu também importantes avanços da liberdade na esfera pública.

Esse relativo equilíbrio foi rompido por Reagan e Thatcher no início dos anos 80, e depois por Bush. Dessa vez foi o princípio da liberdade ilimitada que avançou sobre a esfera pública. Firmou-se como uma agenda explícita republicana, ainda em ação, que tomou a forma de pregação, justificação ideológica e implementação do Estado mínimo, com redução de impostos principalmente sobre os ricos, e auto-regulação, reduzindo dessa forma o espaço do poder público para interferir na economia privada, mesmo quando se trata de monopólios e oligopólios, ou de transações financeiras globais. Foi um movimento amplamente vitorioso em termos mundiais, em especial após o colapso de União Soviética.

O sistema neoliberal como princípio de ordenamento das sociedades e das economias poderia ter tido longa duração não fosse a crise iniciada em 2008. É que as forças de esquerda, patrocinadoras tradicionais das liberdades que buscam a ampliação dos espaços públicos nas sociedades, foram em grande parte cooptadas pelo neoliberalismo em face do desafio da globalização financeira. A crise, contudo, revelou os limites materiais do neoliberalismo, à margem de ideologias. Não haverá superação da crise a não ser pela ampliação do espaço público em detrimento do individualismo ilimitado. Em economia, em matéria ambiental, e em geopolítica. Cedo ou tarde as forças políticas compreenderão isso. O futuro do neoliberalismo, portanto, é ser contido ao longo de um novo ciclo de democratização.

(*) Economista e professor de Economia Internacional da UEPB, autor, entre outros livros, de “A Razão de Deus”, pela Civilização Brasileira.

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Re: A Crise Econômica Mundial

#490 Mensagem por nao entra » 03 Jan 2013, 07:54

É por esta e outras que eu estou devendo a 2 bancos, meu nome está sujo na praça e estou cagando pra eles.

QUERO QUE SE FODAM!

Peguei e usei todo o dinheiro que eles, IRRESPONSAVELMENTE, deixaram a minha disposição, mesmo sabendo que eu já estava desempregado, BANDO DE SAFADOS, ARDILOSOS.

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Re: A Crise Econômica Mundial

#491 Mensagem por Compson » 08 Jan 2013, 13:28

Carnage escreveu:Poxa, o Compson perdeu a vontade de birincar....
Os blogs de onde eu tirava minhas ideias geniais pararam de postar... :cry:

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Re: A Crise Econômica Mundial

#492 Mensagem por ghostwriter » 11 Jan 2013, 05:23

Carnage escreveu:http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=21461
Breve história do neoliberalismo, de suas consequências e de seu futuro
A crise revelou os limites materiais do neoliberalismo, à margem de ideologias. Não haverá superação da crise a não ser pela ampliação do espaço público em detrimento do individualismo ilimitado. Em economia, em matéria ambiental, e em geopolítica. Cedo ou tarde as forças políticas compreenderão isso. O futuro do neoliberalismo, portanto, é ser contido ao longo de um novo ciclo de democratização. O artigo é de J. Carlos de Assis.

J. Carlos de Assis (*)

Vem de Kant, no relato de Bobbio, a distinção entre as duas liberdades, conceituadas dessa forma desde os primórdios da Idade Moderna: a liberdade como ausência de limites, e a liberdade como faculdade de impor os próprios limites através de leis. A busca da primeira é facilmente reconhecível no Partido Republicano dos Estados Unidos, sendo que mais recentemente tomou a forma generalizada de neoliberalismo mundo afora; a da segunda, no Partido Democrata, que tomou forma melhor desenvolvida na social democracia europeia, hoje sob ameaça de estrangulamento pela política econômica imposta pela Alemanha.

É fácil perceber que a liberdade enquanto não limites está ligada sobretudo ao campo civil, enquanto a liberdade de se impor as leis a que se deve obedecer está vinculada ao campo político. Já não é tão fácil assim compreender essas duas liberdades como complementares, e não antitéticas. Uma jamais eliminará a outra enquanto houver liberdade em termos gerais. As liberdades civis e a liberdade política são conquistas imperecíveis da civilização. No mesmo movimento em que se criou a liberdade civil, criou-se a liberdade política. Uma depende da outra como subprodutos do mesmo tronco.

O elemento comum de origem das duas liberdades é o direito à propriedade privada. No campo civil, isso é óbvio, pois a propriedade privada é a pedra basilar do direito civil. Mas o fato é que isso é também verdade no campo político, embora bem menos reconhecido. A palavra democracia, que muitos associam a “poder do povo”, na verdade significava originalmente poder dos proprietários: demos, em grego antigo, significa uma medida agrária que era usada para definir as propriedades rurais das famílias que vieram, com Péricles, a comandar a política de Atenas. Só mais tarde demos veio a significar povo.

A Revolução Americana, por sua vez, ancorou-se na afirmação do direito de propriedade privada. Assim também as três primeiras convenções da Revolução Francesa. Justamente por isso são tratadas como revoluções burguesas. Para tentar conciliar direito civil e direito político, Marx distinguiu propriedade privada em geral de propriedade privada dos meios de produção. Com esse expediente conceitual, estava construído, no campo da ideologia materialista, o instrumento essencial para justificar a revolução e impor a democracia proletária como meio de ampliar o espaço público da liberdade e reduzir o espaço da liberdade individual.

Os liberais reagiram ferozmente, como de se esperar, à ameaça comunista à liberdade civil e política. De certa forma foram ajudados pelos comunistas porque a suposta democracia política soviética converteu-se em ditadura de partido único. Paradoxalmente, em parte por medo do comunismo, permitiu-se no pós-guerra que emergisse na Europa um sistema misto que de alguma forma conciliava a liberdade civil com a liberdade política. É a socialdemocracia europeia, em especial a construída no norte do Continente. Nos Estados Unidos, o Partido Democrata, sobretudo nos governos Roosevelt (New Deal) e Johnson (Grande Sociedade), conseguiu também importantes avanços da liberdade na esfera pública.

Esse relativo equilíbrio foi rompido por Reagan e Thatcher no início dos anos 80, e depois por Bush. Dessa vez foi o princípio da liberdade ilimitada que avançou sobre a esfera pública. Firmou-se como uma agenda explícita republicana, ainda em ação, que tomou a forma de pregação, justificação ideológica e implementação do Estado mínimo, com redução de impostos principalmente sobre os ricos, e auto-regulação, reduzindo dessa forma o espaço do poder público para interferir na economia privada, mesmo quando se trata de monopólios e oligopólios, ou de transações financeiras globais. Foi um movimento amplamente vitorioso em termos mundiais, em especial após o colapso de União Soviética.

O sistema neoliberal como princípio de ordenamento das sociedades e das economias poderia ter tido longa duração não fosse a crise iniciada em 2008. É que as forças de esquerda, patrocinadoras tradicionais das liberdades que buscam a ampliação dos espaços públicos nas sociedades, foram em grande parte cooptadas pelo neoliberalismo em face do desafio da globalização financeira. A crise, contudo, revelou os limites materiais do neoliberalismo, à margem de ideologias. Não haverá superação da crise a não ser pela ampliação do espaço público em detrimento do individualismo ilimitado. Em economia, em matéria ambiental, e em geopolítica. Cedo ou tarde as forças políticas compreenderão isso. O futuro do neoliberalismo, portanto, é ser contido ao longo de um novo ciclo de democratização.

(*) Economista e professor de Economia Internacional da UEPB, autor, entre outros livros, de “A Razão de Deus”, pela Civilização Brasileira.
Com a crise do endividamento soberano sendo apenas empurrada para o futuro próximo, parece cada vez mais forte a tendência a um regime centralizado de estado, talvez o velho comunismo mesmo.

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Re: A Crise Econômica Mundial

#493 Mensagem por ghostwriter » 12 Jan 2013, 14:23

2013 pode ser o ano em que a crise mundial vá estourar mesmo. Por quanto tempo mais um país como a Espanha vai conviver com desemprego geral de 25% e mais de 37% entre os jovens?

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Re: A Crise Econômica Mundial

#494 Mensagem por Carnage » 12 Jan 2013, 15:38

"Eu te disse"?

http://noticias.uol.com.br/blogs-e-colu ... -crise.htm
Aposta na austeridade econômica é o grande fracasso das economias em crise

Paul Krugman
Colunas NYT - Paul Krugman


E chegamos mais uma vez àquela época do ano: a reunião anual da Associação Norte-americana de Economia e suas afiliadas, uma espécie de feira medieval que funciona como um mercado para pessoas (doutores recém-formados em busca de empregos), livros e ideias. E, este ano, como em reuniões anteriores, um tema está dominando as discussões: a atual crise econômica.

Mas as coisas não deveriam ter acontecido dessa maneira. Se você tivesse entrevistado os economistas presentes nessa mesma reunião três anos atrás, a maioria deles certamente teria previsto que, hoje em dia, nós estaríamos falando sobre como a Grande Crise terminou – e não sobre os motivos pelos quais ela ainda continua.
Ver em tamanho maior
Europeus protestam contra crise econômica

Foto 2 de 37 - 14.nov.2012 - Policial segura manifestante em Madri, na Espanha. Espanha e Portugal iniciaram nesta quarta-feira (14) uma greve geral contra as medidas que os governos adotaram para tentar superar a crise econômica, que incluem corte de gastos e aumento de impostos Mais Andres Kudacki/AP Photo

Então, o que deu errado? A resposta tem a ver, principalmente, com o triunfo das ideias ruins.

É tentador argumentar que os fracassos econômicos dos últimos anos provam que os economistas não têm as respostas para essas questões. Mas a verdade é bem pior: na realidade, a economia “padrão” ofereceu boas respostas, mas os líderes políticos – e uma quantidade grande demais de economistas – optaram por esquecer ou ignorar o que já deveriam saber há muito tempo.

A história, nessa altura dos acontecimentos, é bastante simples. A crise financeira levou, por meio de vários canais, a uma queda acentuada nos gastos dos consumidores: os investimentos em imóveis residenciais despencaram com o estouro da bolha imobiliária e os consumidores começaram a poupar mais quando a riqueza ilusória criada pela bolha desapareceu – enquanto a dívida relacionada aos financiamentos imobiliários se manteve intacta. E essa queda nos gastos dos consumidores levou, inevitavelmente, a uma recessão global.

Mas a economia não funciona como as famílias. As famílias podem decidir gastar menos e tentar ganhar mais. Mas, na economia como um todo, gastos e receitas caminham juntos: minha despesa é sua receita e sua despesa é minha receita. Se todo mundo tenta cortar os gastos ao mesmo tempo, os rendimentos vão cair – e o desemprego vai disparar.

Então, o que pode ser feito? Um choque financeiro de menor porte, como o estouro da bolha das ponto-com, ocorrido no final da década de 1990, poderia ser resolvido por meio de um corte das taxas de juros. Mas a crise de 2008 foi muito maior, e até mesmo cortar as taxas de juros, reduzindo-as a zero, não foi suficiente.

Nesse ponto, os governos precisaram intervir, passando a apoiar suas economias enquanto o setor privado se reequilibrava. E, em certa medida, isso realmente aconteceu: a receita caiu drasticamente durante a crise, mas os gastos aumentaram enquanto programas e benefícios como o seguro-desemprego foram ampliados e estímulos econômicos temporários entraram em vigor. Os déficits orçamentários aumentaram, mas, na realidade, isso foi uma coisa boa – provavelmente eles foram o principal motivo que impediu um replay completo da Grande Depressão.

Mas tudo deu errado em 2010. A crise na Grécia foi interpretada, erroneamente, como um sinal de que todos os governos teriam que reduzir seus gastos e seus déficits imediatamente. A austeridade tornou-se a ordem do dia, e supostos especialistas que deveriam ser mais sensatos aplaudiram esse processo, enquanto os alertas de alguns economistas (mas não de economistas suficientes) de que a austeridade iria fazer a recuperação sair dos trilhos foram ignorados. Por exemplo: o presidente do BCE (Banco Central Europeu) afirmou confiantemente que “a ideia de que as medidas de austeridade podem provocar a estagnação é incorreta”.

Bem, alguém estava errado.

Dos trabalhos apresentados durante a atual reunião da Associação Norte-americana de Economia, provavelmente o ponto alto surgiu no ensaio de Olivier Blanchard e Leigh Daniel, do FMI (Fundo Monetário Internacional). Formalmente, o estudo representa apenas a opinião dos autores. Mas Blanchard, economista-chefe do FMI, não é um pesquisador comum, seu ensaio foi amplamente interpretado como um sinal de que o fundo realizou uma grande reavaliação da política econômica.

O que o estudo conclui não é apenas que a austeridade tem um efeito recessivo sobre as economias mais fracas, mas que seu efeito adverso é muito mais forte do que se acreditava anteriormente. A adoção prematura da austeridade, ao que parece, foi um erro terrível.

Em algumas das resenhas que li, o estudo foi descrito como se fosse a admissão, por parte do FMI, de que o órgão não sabe o que está fazendo. Essa interpretação está totalmente equivocada. Na realidade, o fundo se mostrava menos entusiasmado com a austeridade do que outros grandes “players” mundiais. Por isso, o FMI admite que estava errado e também afirma que todo mundo (com exceção dos economistas céticos) estava ainda mais errado do que ele. E o órgão merece crédito por estar disposto a repensar sua posição à luz de provas.

A notícia realmente ruim é a forma como alguns outros “players” estão fazendo a mesma coisa. Os líderes europeus, após criarem um sofrimento só visto em épocas de depressão nos países devedores e sem restaurar a confiança financeira, ainda insistem que a resposta é ampliar esse sofrimento. O atual governo britânico, que frustrou uma recuperação promissora ao recorrer à austeridade, se recusa totalmente a considerar a possibilidade de que cometeu um erro.

E, aqui na América, os republicanos insistem que empregarão a tática do confronto para negociar o teto da dívida – uma ação profundamente ilegítima em si mesma – e exigir cortes de gastos que nos levariam de volta à recessão.

A verdade é que acabamos de passar por um fracasso colossal em termos de política econômica – e muitos dos responsáveis por esse fracasso detêm o poder e se recusam a aprender com os erros.


http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... -esquecida
A crise e a experiência que foi esquecida
Enviado por luisnassif, qui, 10/01/2013 - 08:36
Por Gunter Zibell - SP

Comentário ao post "As lições de um fracasso colossal, por Paul Krugman"

A Experiência que foi esquecida.


Paul Krugman diz "... se recusam a aprender com a experiência."

Governos, empresas, pessoas, partidos, esquecem mesmo de quase tudo.

Desde os anos 1980 houve uma massificação de argumentos a favor de globalização, neoliberalismo, "fim de história" e um monte de coisas em que as pessoas acreditaram. Não se perceber que o neoliberalismo é uma utopia e que tentar segui-la leva a concentração de renda e a equilíbrios abaixo do potencial produtivo.

O único de válido nessa fantasiada toda é que a tecnologia costuma promover aumentos de produtividade, o que ocultou muita coisa.

Entre as experiências bem sucedidas do passado, que podem voltar :

- redução paulatina e programada das jornadas de trabalho. Muito comum até os anos 1970, mas desde então a maioria dos países centrais (com exceção de França e sua lei da jornada de 35 horas) abandonou essa forma racional de redistribuir o emprego.

- regulamentação financeira. Bancos são para captar e emprestar dinheiro, assumindo riscos de crédito, não para apostar com derivativos.

- proteções pontuais à indústria e comércio. O discurso de fronteiras abertas só favorece, sempre, a quem detém a melhor tecnologia. Os EUA, por exemplo e nessa condição, estão certos em fazê-lo. Como quando a Inglaterra o fazia no século XIX e os EUA não... Errado é quem deseja desenvolver alguma atividade fazê-lo também!

- pensões baseadas em rendimentos sobre ativos e resgates atuariais, não em contribuições futuras de 3ºs. (o sistema brasileiro já foi reformado com vistas a isso, o que faz nossa previdência ser mais estável que a de países europeus.)

- foco na economia real: os objetivos são produzir mais, com menos recursos, distribuindo melhor. O resto é acessório, não meta.

- tributação de exportações. Todo país com excessivas vantagens competitivas em uma atividade primária deve tributar essa atividade para evitar sobrevalorização artificial da moeda. Não fazer isso com base em discurso neoliberal é ignorar a teoria sobre Economia Internacional.

- acreditar em política fiscal. Sempre e sempre é mais estável que política monetária.

- reduzir desemprego é sempre mais importante que combater inflação. Mas não adianta estimular a demanda numa economia que já opere a pleno emprego, aí é importante estimular ganhos de produtividade primeiro. Há ovos que vêm antes de galinhas, e para isso é a atividade de planejamento, a "mão visível".

- estatizar ou não é um falso dilema, trata-se de troca de patrimônio e tudo que um estado pode gerir pode contratar. O que define o tamanho relativo de um Estado é sua capacidade de arrecadação, tributária ou por imposto inflacionário. O que define sua eficiência é a capacidade de oferecer o máximo de contrapartidas (e há a circunstância de em economias subdesenvolvidas o Estado ser capaz de organizar a acumulação de capital necessário a mais baixo custo.) O que define se há corrupção ou não é a presença de controles, não a posse de ações.

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Re: A Crise Econômica Mundial

#495 Mensagem por ghostwriter » 13 Jan 2013, 14:45

Paul Krugman,ganhador de um Nobel em economia, é um árduo defensor da expansão monetária.
Talvez a deterioração das finanças públicas dos países desenvolvidos tenha chegado a um ponto sem volta, por isso políticas de austeridade apenas agravem o problema. Mas a continuidade da impressão desenfreada de moeda em paralelo ao crescimento nos déficits públicos parece levar a um ponto de ruptura em futuro não muito distante.

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