Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#61 Mensagem por Carnage » 11 Out 2011, 23:57

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=18666
Relatório defende reorganização e reforço orçamentário do SUS
Para subcomissão da Câmara dos Deputados, Sistema Único de Saúde (SUS) precisa de contratos entre entes públicos para melhorar gestão e exige mais fontes de financiamento. Orçamento teria de dobrar. Conselhos estadual e municipal de secretários de saúde acham que mídia atrapalha debate. Texto será usado para pressionar governo e Senado em votação.

André Barrocal

BRASÍLIA – Depois de seis meses de trabalho, 30 horas de audiências públicas e viagens ao exterior, uma subcomissão da Câmara dos Deputados criada para examinar o Sistema Único de Saúde (SUS) concluiu que ele precisa ser reorganizado, para ganhar eficiência, e mais financiado, para realizar o que prevê a Constituição – atendimento geral e irrestrito aos brasileiros.

A melhoria da gestão teria sido em parte atacada pelo governo com decreto de junho do ministério da Saúde que definiu regras para gestão compartilhada do SUS entre União, Estados e municípios. O ideal, segundo o relatório, seria transformar o decreto em lei federal, além de aprofundá-lo em alguns aspectos.

O problema do financiamento, porém, ainda precisa ser enfrentado. Com estados e prefeituras perto ou acima do investimento mínimo, caberia ao governo federal a missão principal de reforçar o SUS. “Não podemos mais sucumbir ao discurso da gestão. Precisamos dobrar os gastos com saúde”, diz o relator, Rogério Carvalho (PT-SE), médico e secretário de saúde de Sergipe entre 2007 e 2010.

O parecer, apresentado nesta segunda-feira (10) em seminário no Congresso, faz algumas sugestões de fontes de recursos para o SUS. Taxar grandes movimentações financeiras, remessas de dólares ao exterior, jatinhos e iates e ampliar a tributação dos bancos. “Não podemos achar que pagamos impostos demais. Há várias demandas sobre o Estado”, diz Carvalho. “Nos últimos anos, quem mais aumentou os gastos foram os estados e os municípios. É a vez da União.”

Estados e prefeituras concordam com o diagnóstico e reclamam da imprensa. “A mídia está fazendo uma campanha muito acirrada para tentar mostrar que é problema de gestão”, diz a presidente do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde, Beatriz Dobashi, secretária em Mato Grosso. “A gente não tem garantia de financiamento sustentável, essa é uma verdade.”

Para José Enio Servilha Duarte, secretário-executivo do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde, o SUS é “um sistema quase perfeito” mas que “precisa avançar”, e a principal forma de produzir tal avanço é injetando mais dinheiro.

Batalha no Senado


O relatório da subcomissão será usado pela Frente Parlamentar da Saúde para presisonar o governo e tentar influenciar o Senado na votação de projeto sobre investimentos no setor.

Aprovado pelos deputados em setembro, o texto voltou ao Senado, onde fora apresentado em 2007 pelo senador-médico Tião Viana (PT-AC), hoje governador do Acre. “Estamos numa emergência, nosso campo de batalha é o Senado”, diz o coordenador da Frente, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS).

O projeto está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), à espera de que seja escolhido um relator. Em tese, deveria ser o mesmo da primeira votação, em 2008, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).

O projeto original impunha ao governo federal investir em saúde 10% de suas receitas. Estados e municípios já são obrigados a gastar percentuais mínimos – 12% e 15%, respectivamente.

As prefeituras aplicam em média 22%, segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Entre os estados, a grande maioria declara ao ministério da Saúde percentual superior a 12%, embora ouça como resposta que, com base nos dados fornecidos, há mais gente desenquadrada.

O texto aprovado na Câmara, porém, excluiu a vinculação de 10% das receitas aa União e criou um imposto para a saúde, a CSS, impossível de ser cobrado. Agora, o Senado terá de decidir o que fazer – recuperar o texto original ou endossar o da Câmara.

O governo federal não aceita a primeira hipótese, porque teria de tirar dinheiro de alguma outra área. Mas, por declarações da presidenta Dilma Rousseff e do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, admite a necessidade de reforçar o SUS, o que leva a um impasse.

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kssabu1
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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#62 Mensagem por kssabu1 » 13 Out 2011, 00:04

Carnage escreveu:http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=18666
Relatório defende reorganização e reforço orçamentário do SUS
Para subcomissão da Câmara dos Deputados, Sistema Único de Saúde (SUS) precisa de contratos entre entes públicos para melhorar gestão e exige mais fontes de financiamento. Orçamento teria de dobrar. Conselhos estadual e municipal de secretários de saúde acham que mídia atrapalha debate. Texto será usado para pressionar governo e Senado em votação.

André Barrocal

BRASÍLIA – Depois de seis meses de trabalho, 30 horas de audiências públicas e viagens ao exterior, uma subcomissão da Câmara dos Deputados criada para examinar o Sistema Único de Saúde (SUS) concluiu que ele precisa ser reorganizado, para ganhar eficiência, e mais financiado, para realizar o que prevê a Constituição – atendimento geral e irrestrito aos brasileiros.

A melhoria da gestão teria sido em parte atacada pelo governo com decreto de junho do ministério da Saúde que definiu regras para gestão compartilhada do SUS entre União, Estados e municípios. O ideal, segundo o relatório, seria transformar o decreto em lei federal, além de aprofundá-lo em alguns aspectos.

O problema do financiamento, porém, ainda precisa ser enfrentado. Com estados e prefeituras perto ou acima do investimento mínimo, caberia ao governo federal a missão principal de reforçar o SUS. “Não podemos mais sucumbir ao discurso da gestão. Precisamos dobrar os gastos com saúde”, diz o relator, Rogério Carvalho (PT-SE), médico e secretário de saúde de Sergipe entre 2007 e 2010.

O parecer, apresentado nesta segunda-feira (10) em seminário no Congresso, faz algumas sugestões de fontes de recursos para o SUS. Taxar grandes movimentações financeiras, remessas de dólares ao exterior, jatinhos e iates e ampliar a tributação dos bancos. “Não podemos achar que pagamos impostos demais. Há várias demandas sobre o Estado”, diz Carvalho. “Nos últimos anos, quem mais aumentou os gastos foram os estados e os municípios. É a vez da União.”

Estados e prefeituras concordam com o diagnóstico e reclamam da imprensa. “A mídia está fazendo uma campanha muito acirrada para tentar mostrar que é problema de gestão”, diz a presidente do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde, Beatriz Dobashi, secretária em Mato Grosso. “A gente não tem garantia de financiamento sustentável, essa é uma verdade.”

Para José Enio Servilha Duarte, secretário-executivo do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde, o SUS é “um sistema quase perfeito” mas que “precisa avançar”, e a principal forma de produzir tal avanço é injetando mais dinheiro.

Batalha no Senado


O relatório da subcomissão será usado pela Frente Parlamentar da Saúde para presisonar o governo e tentar influenciar o Senado na votação de projeto sobre investimentos no setor.

Aprovado pelos deputados em setembro, o texto voltou ao Senado, onde fora apresentado em 2007 pelo senador-médico Tião Viana (PT-AC), hoje governador do Acre. “Estamos numa emergência, nosso campo de batalha é o Senado”, diz o coordenador da Frente, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS).

O projeto está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), à espera de que seja escolhido um relator. Em tese, deveria ser o mesmo da primeira votação, em 2008, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).

O projeto original impunha ao governo federal investir em saúde 10% de suas receitas. Estados e municípios já são obrigados a gastar percentuais mínimos – 12% e 15%, respectivamente.

As prefeituras aplicam em média 22%, segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Entre os estados, a grande maioria declara ao ministério da Saúde percentual superior a 12%, embora ouça como resposta que, com base nos dados fornecidos, há mais gente desenquadrada.

O texto aprovado na Câmara, porém, excluiu a vinculação de 10% das receitas aa União e criou um imposto para a saúde, a CSS, impossível de ser cobrado. Agora, o Senado terá de decidir o que fazer – recuperar o texto original ou endossar o da Câmara.

O governo federal não aceita a primeira hipótese, porque teria de tirar dinheiro de alguma outra área. Mas, por declarações da presidenta Dilma Rousseff e do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, admite a necessidade de reforçar o SUS, o que leva a um impasse.
Bom... O grande problema da Saúde e de outros órgãos/sistemas é que o dinheiro não chega onde tem de chegar por conta de várias falcatruas e desvios de todo tipo. E quando chega é tratado de forma desrespeitosa (vide o caso das ambulâncias do SAMU, novas e abandonados devido a burocracia).
Antes de se falar em aumentar impostos e criar outros, é necessário fazer com que o sistema tributário existente funcione, ou que se crie um que funcione (reforma tributária). Mas opta-se sempre pelo jeito mais fácil, não importa o "ismo" que está no poder. Isso seria o início de algo que poderia ser chamado de justiça social.

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Carnage
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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#63 Mensagem por Carnage » 21 Out 2011, 23:43

http://convergenciadigital.uol.com.br/c ... 123&sid=16
Brasil, com excesso de impostos, perde vez na economia latino-americana

:: Da redação
:: Convergência Digital :: 20/10/2011


O Brasil perdeu seis posições em um ranking sobre a facilidade de fazer negócios em 183 países, divulgado anualmente pelo Banco Mundial. O relatório Doing Business 2012 (Fazendo Negócios 2012), lançado nesta quarta-feira, 19/10, em Washington, nos Estados Unidos, mostra que o Brasil caiu do 120º para o 126º lugar na lista que analisa os regulamentos que afetam as empresas nacionais nesses países.

O novo estudo engloba o período de junho de 2010 a maio de 2011 e aborda todo o ciclo de vida das empresas, desde a sua constituição até a resolução do processo de insolvência. As avaliações levam em conta dez indicadores específicos e se concentram especialmente no ambiente para pequenas e médias empresas.

O pior desempenho brasileiro é relativo ao pagamento de impostos, área na qual o país aparece em 150º lugar. Pela classificação do Brics (bloco que reúne o Brasil, a Rússia, China e África do Sul), a África do Sul aparece em 35º, a China em 91º , a Rússia em 120º, o Brasil em 126º e a Índia em 132º.

O Brasil também fica atrás de várias economias latino-americanas. O melhor colocado entre os países da região é o Chile, que ocupa a 39ª posição e é citado, ao lado do Peru (41º), da Colômbia (42º) e do México (53º), como destaque na implementação de melhorias regulamentares.

Apesar da queda no ranking geral, o Banco Mundial destaca a melhora na área de obtenção de crédito no Brasil, na qual o país ocupa a 98ª posição. "O Brasil melhorou o sistema de informação de crédito, permitindo que agências privadas possam coletar e compartilhar informações positivas", diz o relatório.

Na relação, pela ordem apresentada no relatório, estão Cingapura, Hong Kong, a Nova Zelândia, os Estados Unidos, a Dinamarca, Noruega, o Reino Unido, a Coreia do Sul, Islândia e Irlanda.

Fonte: Agência Brasil
Eu continuo pensando que o problema não é a carga tributária em si, mas onde ela aperta. No caso, a matéria está correta ao apontar os pontos errados onde ela pressiona. Mas é óbvio que é muito difícil coparar a econmia brasileira com a Chinesa, por exemplo, que é uma ditadura e onde os trabalhadores são explorados.

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Carnage
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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#64 Mensagem por Carnage » 08 Dez 2011, 21:28

http://www.viomundo.com.br/politica/jan ... blica.html

Jandira Feghali: Taxar 997 milionários levantaria R$ 10 bi para a saúde pública

por Luiz Carlos Azenha

A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados deve apreciar nesta quarta-feira, 7 de dezembro, o parecer da relatora Jandira Feghali (PCdoB-RJ) sobre o Projeto de Lei Complementar 48/11, de autoria do deputado Dr. Aluizio (PV-RJ), que trata da Contribuição Social das Grandes Fortunas.

Um imposto sobre as fortunas está previsto no inciso VII do artigo 153 da Constituição de 1988, nunca regulamentado.

A relatora pretende transformar o imposto em contribuição, permitindo assim que o dinheiro arrecadado seja vinculado a um tipo específico de gasto: o financiamento da saúde pública.

O imposto incidiria sobre 38.095 contribuintes, aqueles que têm patrimônio superior a 4 milhões de reais. As alíquotas teriam variação de 0,40% a 2,1%.

A relatora Jandira Feghali disse que, ao analisar os dados obtidos junto ao Fisco, constatou o tremendo grau de concentração de riqueza no Brasil: pelos cálculos da deputada, a contribuição arrecadaria 10 bilhões de reais taxando apenas os brasileiros com patrimônio superior a 100 milhões de reais, ou seja, 997 pessoas.

Considerando os dados de 2009, a contribuição levantaria 14 bilhões de reais.

“Vamos servir a 200 milhões de brasileiros com uma contribuição de fato em quem concentra patrimônio no Brasil”, diz Jandira.

Ela argumenta que taxar fortunas não é nenhuma novidade. O imposto existe na França para quem tem patrimônio superior a 600 mil euros, segundo ela.

Jandira também lembrou do milionário estadunidense que pediu para ser taxado. Ela se refere ao investidor Warren Buffett. De fato, nos Estados Unidos, existe até mesmo um grupo, chamado Patriotic Millionaires, que lidera uma campanha pela taxação de no mínimo 39,6% para quem tem renda superior a 1 milhão de dólares anuais. Uma pesquisa do Spectrum Group, publicada pelo Wall Street Journal, descobriu que 68% dos milionários entrevistados defendem aumento de imposto para os mais ricos.

A CSGF brasileira não trata de renda, mas de patrimônio acumulado.

Se você tem um Fusca paga 4% do valor em IPVA, mas a posse de um avião particular, de um helicóptero ou iate não é taxada, argumenta a deputada comunista.

Jandira diz que, pelos cálculos do ministro da Saúde Alexandre Padilha, a pasta precisa de um reforço de orçamento de 45 bilhões de reais por ano para dar conta das necessidades do setor. A contribuição dos milionários cobriria uma parte razoável disso.

Fiz duas provocações à deputada: 1) Os milionários brasileiros têm um poder político considerável e, como disse Garrincha sobre a tática infalível do técnico Vicente Feola para derrotar os russos, só falta combinar com o adversário; 2) O argumento clássico dos conservadores é de que, ao taxar os mais ricos, eles perdem o incentivo para produzir as riquezas que, eventualmente, se espalham por toda a sociedade (a famosa economia do trickle-down, do ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, segundo a qual as migalhas que caem lá de cima acabam nos alimentando).

Para ouvir as respostas, clique abaixo: (ver link acima)

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salsicha
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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#65 Mensagem por salsicha » 08 Dez 2011, 21:49

Só o exemplo do Fusca é que não foi muito legal.
Fuscas normalmente tem mais de 20 anos e são isentos de IPVA.


Acho que poderiam aumentar a alíquota dos afortunados e isentar os trabalhadores que ganham 5 ou 10 mil reais de salário. Afinal, salário é renda?

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roladoce
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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#66 Mensagem por roladoce » 08 Dez 2011, 22:07

salsicha escreveu:Só o exemplo do Fusca é que não foi muito legal.
Fuscas normalmente tem mais de 20 anos e são isentos de IPVA.


Acho que poderiam aumentar a alíquota dos afortunados e isentar os trabalhadores que ganham 5 ou 10 mil reais de salário. Afinal, salário é renda?
Tá maluco..só quer beneficiar a classe média!!??

Quantos brasileiros ganham tal renda??!!???

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Carnage
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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#67 Mensagem por Carnage » 12 Dez 2011, 22:18

http://colunas.epoca.globo.com/paulomor ... -na-saude/
Injustiça venceu na saúde
07:57, 12/12/2011
Paulo Moreira Leite
Política Tags: Congresso, dilma, Saúde


Uma semana depois que o Congresso rejeitou toda possibilidade de se criar uma nova fonte de recursos para a saúde pública, a verdade começa a aparecer. E ela é imoral.

Não há razões aceitáveis para se combater a criação de impostos para a saúde num país onde 100% dos gastos com saúde privada podem ser abatidos do imposto de renda.

Considerando o tamanho do subsídio oferecido, é vergonhoso dizer que se pretende proteger o contribuinte de impostos extorsivos. O que se fez foi manter um sistema desigual e injusto, onde 25% dos brasileiros que têm acesso a medicina privada consomem 45% dos gastos do país com saúde, enquanto 75% disputam o resto. Não tenho nada contra quem prefere tratar-se pelo sistema privado. Só acho que seria mais justo que essas pessoas pagassem suas contas.

Depois que o risco de criação de novas fontes de financiamento terminou, aqueles analistas que diziam que era tudo um problema de gestão já admitem que vivemos um caso de “subfinanciamento”, eufemismo para dizer que vai continuar faltando dinheiro.

Fala-se em “reforçar os esforços de gestão”, o que é sempre útil mas vamos eu gostaria de saber onde estão os bons exemplos e as lições a seguir. A medicina privada não é barata e mesmo assim vive sem dinheiro. Médicos privados já fazem greve, o que se dizia ser um pesadelo exclusivo do serviço público. Planos de saúde têm reserva de leitos em hospitais públicos que, em penúria cada vez maior, já não conseguem dispensar o sistema de duas portas. Mesmo condenável sob tantos pontos de vista, ele garante recursos que o Estado recusa.

O sistema atual ajuda a concentrar renda.

Beneficia quem tem renda alta e muito impostos para abater. Mas é péssimo para quem ganha pouco e não pode pagar na frente. O esforço para esvaziar a saúde pública chegou a um requinte máximo. Numa votação anterior, já se havia negado a possibilidade de se criar uma nova contribuição. Houve um cuidado, porém. Manteve-se a possibilidade de criar a contribuição, em outro momento. Por isso, eliminou-se apenas o artigo que regulamentava a cobrança. Preservou-se a possibilidade, no futuro, da contribuição vir a ser criada. Para se evitar que, em outros momento, surgisse um projeto regulamentando a contribuição, até este artigo de princípio, sem efeitos imediatos, foi eliminado.

É triste. Nos Estados Unidos, único país de PIB desenvolvido que tem um sistema de saúde privado no planeta, a população gasta muito mais do que os europeus por um serviço reconhecidamente pior. Isso porque a saúde é um direito público.

Toda tentativa de transformá-la numa mercadoria rentável, como sabonetes ou automóveis, está condenada ao fracasso e ao desperdício. No início da década passada, pude assistir a boa palestra sobre isso, nos Estados Unidos, feita pelo então ministro da Saúde José Serra.

Vive-se nos EUA um quadro tão dramático que apenas a mobilização da ultra-direita do Tea Party, financiada pelos barões da saúde privada e pelos fanáticos ideológicos do mercado, impede o fortalecimento de um sistema público capaz de atender as necessidades da classe média e dos assalariados que vivem acima da linha de pobreza.

O governo Dilma e sua bancada bateram em retirada num debate importante para a igualdade no país. Perderam uma grande oportunidade política. Sua atitude vai alimentar o ressentimento explorado por quem adora denunciar os maus serviços do SUS — nem sempre são tão ruins assim — e lembrar que na hora de cuidar da própria saúde nossos governantes procuram hospitais privados que parecem hotéis de luxo.

Do ponto de vista econômico, a manutenção de um sistema público precário atende a interesses dos grandes bancos, que são donos dos principais serviços de saúde privada.

Do ponto de vista social, o resultado é manter a desigualdade e reafirmar a diferença entre os cidadãos. A injustiça é inacreditável. Quem prefere andar de carro e táxi em vez de metrô e ônibus deve pagar um preço, concorda?

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#68 Mensagem por Dr. Zero » 24 Dez 2011, 01:17

insigne Carnage:

a que devo o seu interesse pelo SUS? alguém de seu círculo (ou mesmo vc mesmo) precisou recorrer ao serviço público?

como eu já te respondi anteriormente, a realidade é ainda pior que essas matérias de jornal que vc transcreve — só para ficar num exemplo, temos as famigeradas OSSs (Organizações Sociais de Saúde) que são organizações privadas, para as quais são terceirizados os atendimentos públicos, não sujeitas às regras do serviço público (particularmente licitações e contratações); muitas "ainda" contratam pela CLT, mas muitas outras partem para a terceirização pura e simples de sua atividade-fim, contratando por meio de "cooperativas" (que funcionam do mesmo jeito das supostas "cooperativas" de faxineiros, que todos nós sabemos que estão muito mais para "empregados" — sem direitos — que para "cooperados") ou exigindo a abertura de pessoas jurídicas para efetuar o contrato

é muito bonito falar que "não pode", mas quem não entra na dança não trabalha — simples assim

afora o downsizing e a reengenharia que correm a rodo nesses lugares — onde deveriam ter 15 funcionários colocam 6 e pagam como se fossem 2 (e 3 acabam se afastando por LER/DORT ou pedindo as contas)

P.S. vc achou algum cargo de interesse na Petrobrás que tenha tido concurso recentemente? minha pergunta não tem nenhum matiz ideológico ou político, é só para saber se vc conseguiu realizar aquele seu sonho

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#69 Mensagem por Carnage » 24 Dez 2011, 14:36

Dr. Zero escreveu:insigne Carnage:

a que devo o seu interesse pelo SUS? alguém de seu círculo (ou mesmo vc mesmo) precisou recorrer ao serviço público?
Eu pergunto a que devo as pessoas não terem interesse pelo SUS?
Dr. Zero escreveu:P.S. vc achou algum cargo de interesse na Petrobrás que tenha tido concurso recentemente? minha pergunta não tem nenhum matiz ideológico ou político, é só para saber se vc conseguiu realizar aquele seu sonho
Ai.... ai....

É dose....

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#70 Mensagem por Dr. Zero » 24 Dez 2011, 17:32

Carnage escreveu:
Dr. Zero escreveu:insigne Carnage:

a que devo o seu interesse pelo SUS? alguém de seu círculo (ou mesmo vc mesmo) precisou recorrer ao serviço público?
Eu pergunto a que devo as pessoas não terem interesse pelo SUS?
Dr. Zero escreveu:P.S. vc achou algum cargo de interesse na Petrobrás que tenha tido concurso recentemente? minha pergunta não tem nenhum matiz ideológico ou político, é só para saber se vc conseguiu realizar aquele seu sonho
Ai.... ai....

É dose....
Post de "Escolarizado é maioria entre desocupados" (27 Mar 2011)
Carnage escreveu:Colega, meus comentários não são no âmbito de crítica ou não ao governo.

Eu apenas apontei para o fato de que você forneceu informações incorretas e eu acho que todo mundo tem sempre que conferir as informações antes de sair por aí as repetindo acriticamente.
Se você, no caso da Petrobras, tivesse criticado que os concursos são insuficientes, seria uma coisa. Ao dizer que "não acontecem concursos a um tempão", você involuntariamente faltou com a verdade. Pra se criticar algo tem que ser ter base.

Não sou funcionário público. Apenas sempre acompanho os editais de concurso da Petrobras pra ver se tem algum cargo do meu interesse.

E no caso de eu prestar concurso e passar, continuaria não sendo funcionário público. Quem trabalha na Petrobras, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Sabesp, etc, não é tecnicamente funcionário público.

E as pessoas são tão informadas quanto elas querem ser.

abs
Post de "Escolarizado é maioria entre desocupados" (28 Mar 2011)
Dr. Zero escreveu:
Carnage escreveu:Quanto a isso eu não tenho como discutir, Dr. Zero.
ué, vc nunca ficou doente? nunca tentou pegar remédio no posto? nunca fez fisioterapia?

se não me engano, vc já disse uma vez que morava na ZL ou na ZS, sei lá, mas acho que isso tudo o que eu falei não lhe seria estranho — a diferença entre o SUS (se não for daqueles locais bem detonados tipo PS do Hospital de Pedreira) e o serviço privado está no carpete da sala, no coque das recepcionistas e na água da sala de espera

e em termos de gestão de saúde não se trata de dizer que o psdb é ruim, o pt não presta ou que o problema seja do dem, do ptb, do pdt, do pr, seja lá de quem for — todos eles são ruins e o pessoal da área privada não se mostrou muito melhor que isso, não é a toa que os convênios sejam um dos campeões de reclamações no Procon

citado do ranking de reclamações de 2010 do Procon-SP:
Cadastro de Reclamações Fundamentadas - 2010 escreveu: Planos de saúde dificultam marcação de exames e consultas
A agência reguladora do setor não vem obtendo êxito em assegurar aos consumidores desse tipo de serviço, absolutamente essencial diga-se, padrões adequados de qualidade.
Além de milhões de pessoas que, por estarem atreladas a contratos coletivos, ficam à margem da proteção regulatória, sobretudo no que diz respeito a reajustes e à garantia de manuteção do seu vínculo contratual, o Procon-SP identificou que os consumidores têm enfrentado enormes dificuldades quando necessitam utilizar os serviços contratados.
Entre os principais problemas registrados, estão a negativa para a marcação de consultas e cirurgias; demora no agendamento; disponibilidade de médicos, clínicas, hospitais ou laboratórios distantes da residência do consumidor; descredenciamento de médicos e instituições de saúde sem que o paciente seja previamente informado.
Samcil e Medial saúde estão em 1° e 3° lugares no ranking da área com 141 e 101 reclamações, respectivamente.
Entre as medidas adotadas pelo órgão, destacam-se a assinatura de termo de Compromisso com a empresa Medial Saúde e o compromisso assumido pela empresa Samcil, para a redução de demandas, bem como o encaminhamento de denúncias à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sobre as práticas verificadas e o envio de propostas e contribuições para a regulamentação do setor de saúde, em especial quanto ao tempo máximo de espera para marcação de exames, consultas e procedimentos.

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Dr. Zero
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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#71 Mensagem por Dr. Zero » 01 Jan 2012, 21:27

pela resposta deu até desgosto de desejar feliz natal ou algo parecido

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PAULOSTORY
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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#72 Mensagem por PAULOSTORY » 02 Jan 2012, 21:11

REALMENTE, ESTÃO PROCURANDO DESCOBRIR O SEXO DOS ANJOS!!
O AUMENTO DE ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS, GEROU UMA CONTRAPARTIDA NA MESMA PROPORÇÃO??
CADA UM DEVE SABER AVALIAR!!
NA MINHA OPINIÃO, QUANTO MAIS EU PAGO IMPOSTO, E QUANTO MAIS O GOVERNO ARRECADA, PROPORCIONALMENTE, A CONTRAPARTIDA ESTÁ CADA DIA MENOR!!! ::basta::

P.S. - ISSO PORQUE ESSE ERA UM GOVERNO COM O SLOGAN "UM BRASIL PARA TODOS"!!!
::basta:: 2

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Carnage
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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#73 Mensagem por Carnage » 02 Abr 2012, 23:12

Já que aqui se falou sobre finaciamento da saúde.

DENÚNCIAS DO FANTÁSTICO
Um esquema sutil que poucos entenderam

http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... entenderam

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zoclos
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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#74 Mensagem por zoclos » 11 Abr 2012, 09:52

como parcelar ipva atrasado: http://ipvaspdicas.blogspot.com.br

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#75 Mensagem por Carnage » 13 Mai 2012, 20:05

http://oglobo.globo.com/pais/parceria-c ... as-4852977
Parceria CNI-Igreja derruba votação para tributar fortunas
Em comissão da Câmara, parlamentares dos setores esvaziaram reunião


BRASÍLIA - Uma inusitada parceria entre o lobby da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e parlamentares católicos e evangélicos impediu nesta quarta-feira a aprovação de projeto que cria a Contribuição Social das Grandes Fortunas (CSGF), recurso que seria destinado exclusivamente para a saúde. Essa união de forças se deu na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara. O autor do pedido de verificação de quórum na comissão, uma manobra para impedir aprovação de projetos, foi do deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), médico que se apresenta como defensor da saúde. Desde o início da sessão, assessores da CNI e de deputados evangélicos negociaram boicotar a reunião.

O interesse dos religiosos era evitar, mais uma vez, um projeto que tramita há anos no Congresso e que cria direitos previdenciários para dependentes de homossexuais. Este nem chegou a ser apreciado. E o da bancada da CNI era impedir a votação do projeto que taxa as grandes fortunas. E conseguiram. Parlamentares desses dois grupos esvaziaram a sessão. O projeto que taxa as grandes fortunas tem como autor o deputado Doutor Aluizio Júnior (PV-RJ). Pela proposta, são criadas nove faixas de contribuição a partir de acúmulo de patrimônio de R$ 4 milhões e a última faixa é de acima de R$ 115 milhões. O projeto atinge 38 mil brasileiros, com patrimônios que variam nessas faixas.

- São R$ 14 bilhões a mais para a saúde por ano. Desse total, R$ 10 bilhões viriam de 600 pessoas, mais afortunadas do país. Vamos insistir com o projeto - disse Aluizio Júnior.

A relatora do projeto foi a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que deu parecer favorável. O projeto das grandes fortunas chegou a ser votado e 14 parlamentares votaram sim e três, não. Foi nesse momento que Perondi pediu a verificação de quórum e eram precisos 19 votantes ao todo. E tinham 17. Faltaram apenas dois para a matéria ser considerada aprovada.

Quando começou a votação, parlamentares do PSDB e do DEM deixaram o plenário. O deputado Doutor Paulo César (PSD-RJ) fez um parecer contrário ao de Jandira e argumentou que taxar grandes fortunas iria espantar os investimentos e empresários levariam dinheiro para fora do país. Mas a derrota, no final, pode ser atribuída a dois parlamentares evangélicos. Um deles, Pastor Eurico (PSB-PE) chegou a fazer um discurso a favor da taxação das grandes fortunas e afirmou até que a Câmara está cheio de lobbies de interesses. Chegou a ser aplaudido, mas, na hora de votar, atendeu ao apelo da parceria CNI-religiosos, e deixou o plenário. Nem sequer votou. Outro deputado, Marco Feliciano (PSC-SP), defensor dos interesses religiosos deixou o plenário quando se inicia a votação.

O advogado Paulo Fernando Melo, um assessor das bancadas religiosas e que atuou na parceria com a CNI, comemorou o resultado.

- Tinham duas matérias polêmicas na pauta (pensão para gays e taxação de grandes fortunas). No final, a articulação desses dois setores, que é regimental, deu certo e os dois lados saíram vitoriosos - disse Paulo Fernando.

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#76 Mensagem por Carnage » 09 Dez 2012, 17:22

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/?p=15782

Queremos ser o México ou a Escandinávia?
Paulo Nogueira 11 de novembro de 2012 91

Algumas considerações sobre a carga tributária e a campanha das empresas de mídia pela diminuição


Está na Folha, num editorial de hoje.

A carga tributária brasileira é alta. Cerca de 35% do PIB. Esta tem sido a base de incessantes campanhas de jornais e revistas sobre o assim chamado “Custo Brasil”.

Tirada a hipocrisia cínica, a pregação da mídia contra o “Custo Brasil” é uma tentativa de pagar (ainda) menos impostos e achatar direitos trabalhistas.

Notemos. A maior parte das grandes empresas jornalísticas já se dedica ao chamado ‘planejamento fiscal’. Isto quer dizer: encontrar brechas na legislação tributária para pagar menos do que deveriam.

A própria Folha já faz tempo adotou a tática de tratar juridicamente muitos jornalistas – em geral os de maior salário – como PJs, pessoas jurídicas. Assim, recolhe menos imposto. Uma amiga minha que foi ombudsman era PJ, e uma vez me fez a lista dos ilustre articulistas da Folha que também eram.

A Globo faz o mesmo. O ilibado Merval Pereira, um imortal tão empenhado na vida terrena na melhora dos costumes do país, talvez pudesse esclarecer sua situação na Globo – e, transparentemente, dizer quanto paga, em porcentual sobre o que recebe.

A Receita Federal cobra uma dívida bilionária em impostos das Organizações Globo, mas lamentavelmente a disputa jurídica se trava na mais completa escuridão. Que a Globo esconda a cobrança se entende, mas que a Receita Federal não coloque transparência num caso de alto interesse público para mim é incompreensível.

A única vez em que vi uma reprovação clara em João Roberto Marinho, acionista e editor da Globo, foi quando chegou a ele que a Época fazia uma reportagem sobre o modelo escandinavo. Como diretor editorial da Editora Globo, a Época respondia a mim. O projeto foi rapidamente abortado.

Voltemos ao queixume do editorial da Folha.

Como já vimos, a carga tributária do Brasil é de 35%. Agora olhemos dois opostos. A carga mais baixa, entre os 60 países que compõem a prestigiada OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, é a do México: 20%. As taxas mais altas são as da Escandinávia: em redor de 50%.

Queremos ser o que quando crescer: México ou Escandinávia?

O dinheiro do imposto, lembremos, constrói estradas, portos, aeroportos, hospitais, escolas públicas etc. Permite que a sociedade tenha acesso a saúde pública de bom nível, e as crianças – mesmo as mais humildes — a bom ensino.

Os herdeiros da Globo – os filhos dos irmãos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto – estudaram nas melhores escolas privadas e depois, pelas mãos do tutor Jorge Nóbrega, completaram seu preparo com cursos no exterior.

A Globo fala exaustivamente em meritocracia e em educação. Mas como filhos de famílias simples podem competir com os filhos dos irmãos Marinhos? Não estou falando no dinheiro, em si – mas na educação pública miserável que temos no Brasil.

Na Escandinávia, a meritocracia é para valer. Acesso a educação de bom nível todos têm. E a taxa de herança é alta o suficiente para mitigar as grandes vantagens dos herdeiros de fortunas. O mérito efetivo é de quem criou a fortuna, não de quem a herdou. A meritocracia deve ser entendida sob uma ótima justa e ampla, ou é apenas uma falácia para perpetuar iniquidades.

Hoje mesmo o site da Exame publicou um ranking dos 20 países mais prósperos de 2012 elaborado pela instituição inglesa Legatum Institute. Foram usados oito critérios para medir o sucesso das nações: economia, empreendedorismo e oportunidades, governança, educação, saúde, segurança e sensação de segurança pessoa, liberdade pessoal e capital social. A Escandinávia ficou simplesmente com o ouro, a prata e o bronze: Noruega (1ª), Dinamarca (2ª) e Suécia (3ª).

Se quisermos ser o México, é só atender aos insistentes apelos das grandes companhias de mídia. Se quisermos ser a Escandinávia, o caminho é mais árduo. Lá, em meados do século passado, se estabeleceu um consenso segundo o qual impostos altos são o preço – afinal barato – para que se tenha uma sociedade harmoniosa. E próspera: a qualidade da educação gera mão de obra de alto nível para tocar as empresas e um funcionalismo público excepcional. O final de tudo isso se reflete em felicidade: repare que em todas as listas que medem a satisfação das pessoas de um país a Escandinávia domina as posições no topo.

O sistema nórdico produz as pessoas mais felizes do mundo.

A Escandinávia é um sonho muito distante? Olhemos então para a China. À medida que o país foi se desenvolvendo economicamente, a carga tributária também cresceu. Ou não haveria recursos para fazer o extraordinário trabalho na infraestrutura – trens, estradas, portos, aeroportos etc – que a China vem empreendendo para dar suporte ao velocíssimo crescimento econômico.

Hoje, a taxa tributária da China está na faixa de 35%, a mesma do Brasil. E crescendo. Com sua campanha pelo atraso e pela iniquidade, os donos da empresa de mídia acabam fazendo o papel não de barões – mas de coronéis que se agarram a seus privilégios e mamatas indefensáveis.

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#77 Mensagem por ghostwriter » 11 Dez 2012, 22:58

Um dos maiores problemas que o Brasil enfrenta hoje em dia é o custo excessivo da máquina pública. Inflada durante os anos dourados da expansão chinesa, quando esse custo era suportável, hoje já esmaga a economia que não cresce quase mais nada.

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#78 Mensagem por Dr. Zero » 11 Dez 2012, 23:17

isso, que venha a "escandinávia", um lugar do mundo onde os índices de suicídio são um dos mais altos do mundo, onde a putaria pode terminar em cadeia, onde transar sem camisinha (como bem o sabe Julian Assange) pode acabar numa acusação de estupro, onde fumar em seu próprio jardim pode render um processo

afinal a famosa "alegria" e o "jeitinho" brasileiros só estão nos rendendo uma sociedade que é tida como uma das mais violentas e injustas do mundo, pelo jeito deveríamos transformar tudo em reserva florestal e migrar pros eua pra servir de servos e paga-paus do capitalismo

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#79 Mensagem por Carnage » 06 Fev 2013, 21:07

http://osamigosdopresidentelula.blogspo ... obrar.html
STF julga se Tarso Genro pode cobrar imposto sobre grandes fortunas

Enquanto no Congresso tramita proposta para criar um imposto específico sobre as heranças de grandes fortunas, os governadores já tem em mãos um imposto desta natureza, criado na Constituição de 1988. Trata-se do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD, também chamado de ITCD). No papel, a alíquota mais comum é 4% (a máxima permitida é 8%), mas poucos governadores se empenham em cobrar esse imposto com rigor, e em fazer justiça tributária.

O ITCMD é cobrado sobre transferências patrimoniais, mas é um imposto "esquecido" por vários governadores em muitas transações. Cartórios de imóveis costumam exigir a guia de recolhimento para registrar o herdeiro como novo dono, mas transferências em dinheiro, ações, cotas de empresas (inclusive empresas donas de imóveis), aplicações financeiras, veículos, iates, jatinhos, joias, obras de arte, trocam de mãos para herdeiros (e até "laranjas") sob vista grossa do fisco de muitos estados.

Muitos governadores ou ex-governadores, como Aécio Neves (PSDB-MG), preferem choramingar mais repasses de impostos federais para os estados (tirando dinheiro de aposentados do INSS, servidores públicos federais civis e militares, programas sociais para os mais pobres) do que cobrar com afinco o ITCMD dos seus familiares e amigos milionários e bilionários, inclusive os que financiam suas campanhas eleitorais.

O Rio Grande do Sul instituiu este imposto em 1989, com alíquota única de 4%. Quando Olívio Dutra (PT-RS) foi governador implantou alíquotas progressivas. Isentou famílias e pessoas que detinham pequenos bens, e criou uma tabela que começa com alíquota de 1% e ia até 8% para quem tinha mais posses. A classe média, quanto menor o patrimônio, menos pagava. Quanto mais rico, maior a alíquota, pois maior é a capacidade contributiva.

Um contribuinte gaúcho "chiou" e entrou na justiça contra as alíquotas diferentes. O Tribunal de Justiça gaúcho deu ganho de causa contra o estado, declarando a inconstitucionalidade da tabela progressiva e determinando o pagamento, pasmem, da alíquota mínima de 1% (curiosamente, a maioria dos juízes e suas famílias devem ter patrimônio suficiente para pagar alíquotas maiores do que 1% deste imposto).

O estado do RS recorreu. Em 2007, a causa chegou ao STF, que reconheceu a existência de repercussão geral na matéria (afeta interesse geral e não apenas da pessoa que entrou na justiça), mas só hoje continuará o julgamento. Nesse meio tempo, em 2009, durante o desgoverno de Yeda Crusius, a tucana recuou para a alíquota única de 4%.

O relator, ministro Ricardo Lewandowski, manteve a decisão do TJ-RS (e dessa vez discordamos do ministro. Discordamos politicamente, é claro, sem entrar no mérito nem conhecer os motivos jurídicos que embasaram sua decisão). Eros Grau (aposentado), Menezes Direito (falecido), Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa, Ayres Britto (aposentado) e Ellen Gracie (aposentada) divergiram do relator e votaram a favor da tabela progressiva. O ministro Marco Aurélio de Mello havia pedido vistas dos processo em agosto de 2011 e devolveu em junho de 2012 para continuar o julgamento. Ocupado demais em discutir se a Geiza Dias, que não tinha foro privilegiado, era "mequetrefe" ou não, só hoje o STF colocou em pauta.

Pela contagem de votos a favor, a tabela progressiva já é considerada constitucional, e os estados terão em mãos meios para tributar grandes fortunas em até 8%, sem sacrificar as famílias de classe média e baixa, fazendo justiça tributária.

Para dar um exemplo, ACM Neto e os outros herdeiros do finado ACM deveriam recolher aos cofres públicos do povo baiano cerca de R$ 40 milhões sobre a fortuna de R$ 500 milhões deixada pelo avô, segundo foi noticiado.

Se houver alguma reviravolta no STF que mude votos e "mele" o imposto estadual sobre grandes fortunas, caberá ao Congresso corrigir na forma de emenda Constitucional, se for preciso.

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#80 Mensagem por Carnage » 27 Jul 2013, 00:22

Pedro Delarue: Rico paga menos imposto; lanchas e jatinhos isentos
http://www.viomundo.com.br/denuncias/pe ... gacao.html



http://www.sindifisconacional.org.br/im ... rticulares
Imposto Justo tributará lanchas e jatinhos particulares

A Campanha “Imposto Justo”, de iniciativa do Sindifisco Nacional, além de conter o Projeto de Lei de Iniciativa Popular que cria novas faixas para gastos passíveis de dedução e atualizar a tabela do IR (Imposto de Renda), traz embutida no pacote outra iniciativa que permite justiça tributária.

Você sabia que o Brasil é hoje o dono da segunda maior frota de aviões civis do mundo, incluindo jatos, turboérlices e helicópteros – no último caso o Brasil é o 1º do ranking – e que nenhum deles paga IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores)? Esses veículos são de empresários, executivos, ou seja, pessoas com alto poder aquisito e que, no entanto, estão isentas da tributação.

Enquanto isso, o trabalhador que tem um carro popular não escapa da taxação do Fisco todos os anos. Será que isso é justo?

A PEC (Proposta de Emenda Constitucional) proposta pelo Sindifisco Nacional prevê a alteração de um inciso do artigo 155 da Constituição Federal para determinar que seja cobrado imposto sobre veículos automotores não só terrestres, mas aéreos e aquáticos. Vale ressaltar que aeronaves de uso comercial não entram no projeto. Hoje, a carta magna entende como veículos automotores apenas aqueles enquadrados como terrestres.

Foi pensando nisso que a entidade sindical sugere ampliar a base de incidência do imposto e acrescentar a tributação a veículos aéreos e aquáticos. Afinal, o IPVA tem uma finalidade social de arrecadar recursos para que estados prestem bons serviços à sociedade no âmbito da saúde, educação, segurança etc. Ainda que se saiba que os recursos não são administrados como se deveria, essa carga deve ser dividida por todos.

Por esse motivo, a tributação é justa. Quem imagina que esse imposto serve apenas para manutenção de estradas e rodovias está equivocado. E é por isso que essa ideia tem de ganhar fôlego.

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#81 Mensagem por EXT » 03 Out 2013, 09:50

E agora o infeliz do Haddad quer aumentar o IPTU da cidade de São paulo em até 40%. Saiu caro o cancelamento dos 20 centavos...
E vão dizer que quem tem imóvel próprio é rico, uma falácia, todo mundo sabe que o IPTU é repassado aos inquilinos nos aluguéis também.

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#82 Mensagem por Carnage » 01 Dez 2013, 12:59

http://www.viomundo.com.br/denuncias/la ... de-64.html
Quem tem medo da reforma tributária
Por Gilson Camargo


Professor do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP, o economista Ladislau Dowbor, nasceu em Banyuls, na França, em 1941, durante a Segunda Guerra. Os pais, de origem polonesa, estavam a caminho da América, fugindo da guerra.

Depois de formar-se em Economia Política na Universidade de Lausanne, na Suíça, fez mestrado e doutorado em Ciências Econômicas na Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, Polônia, e viveu no Brasil até o golpe de Estado de 1964.

Por sua militância de esquerda, foi preso, torturado e exilou-se na Argélia. Trabalhou como consultor na Guiné-Bissau, Nicarágua, Costa Rica, África do Sul e no Equador.

Anistiado, regressou ao Brasil. É autor e coautor de mais de 40 livros, a exemplo de Formação do Terceiro Mundo e O que é capital (ambos da editora Brasiliense), Aspectos econômicos da Educação (Ática) e Formação do Capitalismo no Brasil, publicado em diversos países e atualizado em 2010.

Seu livro mais recente, Democracia Econômica, apresenta 20 eixos de mudanças para o país e pode ser baixado na íntegra em dowbor.org.

“Eu acredito no país”, costuma responder quando perguntado sobre a viabilidade de reformas como a do sistema tributário.

“Acredito, porque assim como um canibal, sei que o homem é bom na sua essência”, brincou durante seu painel Um novo modelo de desenvolvimento – Ética e Justiça Social, no III Fórum da Igualdade, em Porto Alegre, no início de abril.

Nesta entrevista, defende que só uma mudança no modelo de # financiamento das campanhas políticas pode abrir caminho para a reforma tributária. E adianta números sobre a movimentação de recursos ilegais pelo sistema #financeiro, tema de seu próximo livro, que ainda não tem título, mas vai tratar sobre os descaminhos do dinheiro no país.

Extra Classe – A aprovação do Código Tributário Nacional, em 1966, foi a última alteração no sistema de arrecadação de impostos do país. Quase meio século depois, quais são os re#flexos dessa reforma?

Ladislau Dowbor – O código de 1966 é aprovado como parte de um conjunto de medidas que consolida a concentração de renda no país. Trata-se da mesma lógica do arrocho salarial promovido com o golpe de 1964. Durante os anos 1950, expandem-se no Brasil as empresas multinacionais, com particular importância do automóvel.

No país pobre da época havia a opção de reformas de base, com aumento do salário mínimo e reforma agrária, o que expandiria o mercado interno popular. E havia a opção inversa, de concentração maior ainda da renda.

A primeira opção geraria mais mercado de bens populares, ou bens-salário. A segunda geraria maior mercado de luxo, expandindo a classe média e o consumo do tipo apartamento/carro/ eletrodomésticos.

Esta última foi a opção imposta, e a lógica da reforma tributária foi de desonerar as classes abastadas para que pudessem comprar os produtos so#fisticados produzidos pelas multinacionais. Com isso, os instrumentos distributivos da tributação, como uma elevada alíquota de Imposto de Renda, bem como impostos sobre a fortuna, sobre herança e sobre a terra foram ignorados em proveito de tributos indiretos embutidos no preço dos bens que compramos.

De#finiu-se assim a principal característica do sistema tributário nacional, que permanece até hoje, que é dos pobres pagarem proporcionalmente mais impostos do que os ricos, e de se abandonar a visão redistributiva dos impostos, que foi, por exemplo, o fator principal do sucesso do modelo de desenvolvimento europeu.

Extra Classe – Por que é difícil promover nova reforma tributária? Que interesses estão em jogo e qual a relação dessa agenda com o sistema político-partidário?

Dowbor – A di#ficuldade maior reside no modelo de # financiamento das campanhas políticas. Uma das heranças mais pesadas da era FHC foi a autorização, a partir de 1997, do # financiamento corporativo das campanhas. Isso elevou fortemente os custos de uma eleição.

Em texto recente, Alceu Castilho (jornalista, autor do livro Partido da Terra, Ed. Contexto, que revela o percentual do território brasileiro que está nas mãos de políticos) a#firma que existe uma bancada da Friboi no Congresso, com 41 deputados federais eleitos e sete senadores. Dos 41 deputados # financiados pela empresa, só um, o gaúcho Vieira da Cunha, votou contra as mudanças no Código Florestal.

O próprio relator do Código, Paulo Piau, recebeu R$ 1,25 milhão de agropecuárias, de um total de doações para a sua campanha, que foi de R$ 2,3 milhões. A conclusão a que Castilho chega é que a Friboi não patrocinou essas campanhas para que eles votassem contra os interesses da empresa, que evidentemente é a favor das mudanças no Código Florestal, pois a plantação de soja empurra os rebanhos de gado para o Norte, para a Amazônia, o que interessa à empresa.

Ou seja, com o # financiamento corporativo, temos uma bancada ruralista, da grande mídia, das montadoras, dos grandes bancos, das empreiteiras, e temos de # ficar à procura de uma bancada do cidadão. Esta deformação maior do próprio núcleo de aprovação das leis torna difícil, na atual composição do Congresso, e enquanto não se instituir o # financiamento público e controlado das eleições, fazer qualquer modi#ficação tributária que seja do interesse da população em geral.

Extra Classe – Quais diretrizes devem orientar uma reforma tributária voltada para os interesses da sociedade e para os princípios da justiça tributária?

Dowbor – As diretrizes de uma reforma decente são bastante claras. O objetivo geral é de se assegurar que o dinheiro público seja utilizado de maneira produtiva, estimulando as atividades que promovem o desenvolvimento equilibrado, e taxando as que são mais prejudiciais. Nesse sentido busca-se desonerar as atividades que geram emprego, por exemplo, e a folha de pagamento em geral. Mas também se trata de taxar as atividades especulativas # financeiras.

O melhor imposto que havia no Brasil, a CPMF, taxava essencialmente as movimentações # financeiras dos grandes intermediários, era simples de cobrar e favorecia o # financiamento da saúde pública, tendo, portanto um impacto redistributivo.

Outro princípio é de se assegurar um peso maior aos impostos diretos progressivos, como o IR com alíquota parecida com as dos EUA e Europa, reduzindo- se o peso relativo dos impostos indiretos (sobre bens de consumo), que oneram proporcionalmente mais os pobres.

Um terceiro princípio está ligado à tributação sobre a riqueza familiar acumulada como, por exemplo, o imposto sobre a fortuna na França, que é pago pelos muito ricos e permite # nanciar o RMI, renda mínima dos mais pobres.

Um quarto princípio consiste em tributar as chamadas externalidades negativas. Uma empresa que emite dióxido de carbono está gerando impactos climáticos, poluindo o meio ambiente e gerando doenças, mas não paga pelas emissões.

Na Austrália, por exemplo, as maiores empresas pagam uma taxa #fixa por tonelada de dióxido de carbono que emitem, o que as estimula a instalar # filtros e a pesquisar formas mais limpas de produção.

Extra Classe – Como explicar, para não iniciados, por que o país precisa da reforma?

Dowbor – De forma geral, transita pelo governo um terço do PIB do país, hoje 34% da totalidade da produção de bens e serviços.

Essa carga tributária é moderada e há uma correlação rigorosa entre o tamanho do imposto e o nível de desenvolvimento: quanto mais pobre o país, menor a carga tributária, piores são os serviços públicos, o que por sua vez trava o desenvolvimento.

Sai mais barato para a população ter um sistema público de transporte de massa do que ter de tirar diariamente o carro da garagem e enfrentar os engarrafamentos.

Nos Estados Unidos se gasta US$ 7,3 mil por pessoa por ano com saúde, dominantemente com gastos privados, e resultados pí#fios, enquanto no Canadá vizinho, onde se gasta cerca de US$ 3,2 mil com sistema público, os resultados são incomparavelmente melhores.

Assim, produzir meias e bonecas Barbie é muito mais produtivo com um sistema empresarial privado, mas saúde, educação, cultura, segurança e outros serviços essenciais para a nossa qualidade de vida funcionam melhor e tornam-se mais baratos para todos quando são assegurados com sistemas públicos, como é o caso na Inglaterra, na França e em outros países que avançaram na qualidade de vida.

O mais produtivo é gerar um esforço de informação para a população. Os grupos mais ricos, que não querem mexer no imposto, colocam por toda parte os “impostômetros”, mas não vemos em nenhum lugar um “lucrômetro”.

Temos pela frente um grande esforço didático, no sentido de se mostrar que não se trata do tamanho do imposto, mas sim de quem paga, sobre que atividades, e com que uso #final dos recursos.

Extra Classe – É viável alterar o sistema tributário sem promover reformas em outros setores?

Dowbor – Uma condição necessária para a reforma tributária é a difusão de informação honesta sobre como funciona o sistema atual, e porque ele favorece os mais ricos e frequentemente os menos produtivos.

O objetivo é o que se chama normalmente de qualidade do imposto. Com a mídia que temos, hoje controlada por um oligopólio de quatro grupos, a informação é sistematicamente deformada.

Por exemplo, quando foi abolida a CPMF, a revista Veja apresentou uma capa de um leão com boné de Papai Noel dizendo que o #Fisco estava devolvendo R$ 80 bilhões à população. Evidentemente, não se tratava de devolução nenhuma e sim da desoneração dos grandes bancos, que deixariam de pagar o imposto que incidia essencialmente sobre transações financeiras.

Extra Classe – A lavagem de dinheiro é uma variável a ser combatida antes da reforma tributária?

Dowbor – Sim. Outro eixo de iniciativas paralelas à reforma tributária tem a ver com o controle dos recursos ilegais. Com a crise financeira mundial gerou-se um conjunto de atividades de busca de reforma institucional do sistema de intermediação, em particular dos grandes bancos.

Os primeiros resultados mostram que o estoque de dinheiro ilegal, fruto de evasão fiscal, lavagem de dinheiro de drogas, de comércio ilegal de armas e de diversas formas de corrupção, é da ordem de US$ 21 trilhões a US$ 32 trilhões de dólares, equivalente a algo entre um terço e metade do PIB mundial, sob controle e gestão dominante de bancos americanos e britânicos, além dos tradicionais Suíça e Luxemburgo.

Os dados levantados na pesquisa da Tax Justice Network mostram que se trata, no caso do Brasil, de um provável volume de US$ 520 bilhões, ou seja, cerca de 25% do PIB brasileiro.

Extra Classe – Qual o custo para a sociedade e como combater essa subeconomia criada pelo sistema bancário para se proteger?

Dowbor – Essa ilegalidade e fraudes por parte dos grandes bancos internacionais, que em nome de preservar a privacidade dos seus clientes asseguram fluxos seguros e secretos de dinheiro ilegal, penalizam os pagadores honestos, em particular os assalariados cujos rendimentos são declarados pelos empregadores, e desoneram as grandes fortunas, e em particular os intermediários financeiros.

Um elemento muito positivo nesse quadro de gradual construção de um marco regulatório e de busca de soluções mais adequadas é a aprovação em maio de 2012 da Lei da Transparência, que obriga todas as entidades públicas a produzir as informações sobre todas as suas atividades.

É um primeiro passo importantíssimo, que deve melhorar muito a redução do sistema de corrupção, mas falta evidentemente evoluir para sistemas transparentes no setor privado, em particular na linha da “disclosure” hoje demandada por diversos governos, para que a população, ou pelo menos os bancos centrais, saibam qual é o grau de desequilíbrio financeiro que os grandes bancos estão gerando.

Extra Classe – O senhor tem reafirmado que o país precisa sair da atual estrutura tributária regressiva – que, ao invés de captar dos mais ricos para repassar aos mais pobres na forma de serviços e assim dinamizar o conjunto da economia, cobra mais imposto dos assalariados – e adotar um sistema distributivo. O que isso significa?

Dowbor – A deformação do nosso sistema torna-se aparente ao compararmos os impactos do imposto sobre o coeficiente Gini, que mede a desigualdade de renda. O resultado final é a fragilidade financeira do Estado e a dificuldade de exercer uma política redistributiva.

O contraste com os países desenvolvidos é evidente. Enquanto na União Europeia, depois dos impostos, o coeficiente Gini melhora em 32,6%, na média da América Latina melhora em apenas 3,8%, o que com o nível de desigualdade existente, é particularmente grave.

A mesma deformação se apresenta, com algumas variações, para os diversos países da região. Acrescente-se que o sistema financeiro comercial não cumpre as suas funções de fomento.

A financeirização das atividades econômicas levou à generalização das atividades especulativas e do rentismo, com particular gravidade no caso do Brasil.

Com a fragilidade das finanças públicas, o desvio do uso das poupanças privadas pelo sistema bancário comercial, e a passividade dos bancos centrais na regulação do sistema de intermediação financeira – a herança do princípio da “autonomia do Banco Central” – orientar os recursos em função das necessidades do desenvolvimento torna-se um dos principais eixos de enfrentamento.

Extra Classe – Como reverter a relação entre a tributação regressiva e a desigualdade social, que é uma característica de grande parte das economias latino-americanas?

Dowbor – Após a aprovação de cláusulas mais democráticas nas leis dos países latino-americanos, a exemplo da reação pendular aos desmandos das ditaduras militares, o embate mais forte está se dando em torno da inevitável reforma tributária.

Ter políticas tributárias regressivas na região mais desigual do planeta é particularmente absurdo e explica, inclusive, a persistência da própria desigualdade.

Na América Latina, o imposto direto (em particular o imposto de renda que melhor permite progressividade segundo a riqueza e a renda) é da ordem de 5,6%, quando representa 15,3% nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Não é surpreendente que a pobreza dos países coincida com a baixa participação dos impostos diretos: é resultado do poder dos mais ricos de impedir a tributação que poderia visá-los. É de se notar também a fragilidade da carga da seguridade social nos países mais pobres, ainda que constantemente denunciada como excessiva na mídia conservadora.

O resumo da questão é simples: os privilegiados querem guardar os seus privilégios, ainda que a sua manutenção trave o desenvolvimento do conjunto. A tributação, no entanto, é essencial à continuidade das políticas sociais.

Extra Classe – A reforma tributária implica mudança na distribuição de renda e no modelo de desenvolvimento do país, em renúncia fiscal e impactos na Previdência. Como equacionar isso?

Dowbor – O Brasil instituiu desde 2003 uma política de sistemática redistribuição de renda. É um gigantesco avanço, com cerca de 40 milhões de pessoas tiradas da miséria, dinamização do consumo na base da sociedade, o que por sua vez reativou a economia e gerou mais de 15 milhões de empregos formais, criando uma dinâmica qualificada de círculo virtuoso.

No entanto, com cerca de 15% dos recursos do Estado sendo diretamente redistribuídos para a sociedade sob forma de previdência, bolsa-família e outros mecanismos, a carga tributária líquida disponível para o Estado situa-se em torno de 21% do PIB, o que é relativamente limitado para um conjunto de atividades, em particular de fornecimento de serviços sociais públicos e de investimento em infraestruturas.

É importante notar que uma tributação mais sólida das atividades de especulação financeira obrigaria os capitais parados em atividades rentistas a buscar aplicações produtivas na economia, o que tenderia a estimular mais as atividades.

Voltamos sempre ao mesmo princípio básico, de se tributar melhor os mais ricos, os rentistas financeiros que ganham sem produzir, os recursos acumulados em paraísos fiscais, para orientar esses recursos para reforçar as políticas redistributivas.

http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1482
Os vazamentos do dinheiro público

As eleições nos custam R$ 2 bilhões, é até pouca coisa. Mas a manipulação permitida nos custa centenas de bilhões por meio dos mecanismos que se tornaram legais ou de difícil controle judiciário. A deformação do sistema tributário desonera os muito ricos e fragiliza o setor público, reproduzindo a desigualdade
por Ladislau Dowbor


O Brasil não é pobre. Mas seus recursos são frequentemente mal utilizados, ou desviados, vazando pelas numerosas brechas, legais ou ilegais, quando poderiam ser produtivos. E não se trata de, como sempre, culpar o governo: são articulações públicas e privadas que deformam o processo decisório. Seguir o dinheiro ajuda a entender a dinâmica tanto deste como das deformações políticas. Cada um de nós conhece alguns aspectos e suspeita de outros. Mas vale a pena descrever os principais mecanismos e ver como se articulam.

A compra das eleições

Os grandes vazamentos não se dão, de forma geral, por meios ilegais, pois são praticados por grupos suficientemente poderosos para adaptar a legalidade aos seus interesses. O ponto de partida, portanto, está na apropriação da máquina que faz as leis. No Brasil, a lei que libera o financiamento das campanhas por interesses privados é de 1997.1 Quanto mais cara é a campanha, mais o processo é dominado por grandes financiamentos corporativos e mais a política se vê colonizada. O resultado é a erosão da democracia e custos muito mais elevados para todos, já que os gastos com as campanhas são repassados para o público por meio dos preços. Nos Estados Unidos, onde um sistema semelhante foi instalado em 2010, Hazel Henderson comenta: “Temos o melhor Congresso que o dinheiro pode comprar”.

Os grupos econômicos podem contribuir com até 2% do patrimônio, o que representa muito dinheiro. Os professores Wagner Pralon Mancuso e Bruno Speck, respectivamente da USP e da Unicamp, estudaram os impactos. “Os recursos empresariais ocupam o primeiro lugar entre as fontes de financiamento de campanhas eleitorais brasileiras. Em 2010, por exemplo, corresponderam a 74,4%, mais de R$ 2 bilhões, de todo o dinheiro aplicado nas eleições (dados do Tribunal Superior Eleitoral).”2

O custo das campanhas é até, em termos relativos, um mal menor se comparado aos custos de uma política estruturalmente deformada. Na realidade, é um desencadeador de deformações. A representação desequilibrada gerou um sistema tributário que onera proporcionalmente os mais pobres, levando à reprodução da desigualdade. Criou-se também uma cultura de superfaturamento de obras que a colusão entre políticos e grandes empreiteiras permite. Mais grave ainda, deforma-se o uso final dos recursos, por exemplo, com priorização do transporte individual nas grandes cidades ou do transporte rodoviário para transporte de carga, e assim por diante. E, em termos políticos, o sistema corrói o processo democrático ao gerar uma perda de confiança popular na política em geral.

O sistema gerou sua própria legalidade. Em 1997, transformou-se o poder financeiro em direito − o direito de influenciar as leis, às quais seremos todos submetidos. Ético mesmo é reformular o sistema e acompanhar os países que evoluíram para regras do jogo mais inteligentes e limitaram drasticamente o financiamento corporativo das campanhas.

A armadilha da dívida pública

Acostumamo-nos a que tipicamente 5% de nosso PIB seja desviado via governo para intermediários financeiros, sem que produzam nada. Pelo contrário, desviam-se os recursos do investimento produtivo para a aplicação financeira. Para cobrir os juros sobre a dívida, o governo FHC elevou a carga tributária de 26% para 32% do PIB. De algum lugar tinha de vir o dinheiro.

No momento em que Lula assumiu o governo, em 2003, a taxa Selic estava em 24,5%. Em junho de 2002, a dívida pública tinha chegado a 60% do PIB; hoje está mais próxima de 35%, e os juros pagos sobre a dívida baixaram para menos de 10%, mas o estoque da dívida é maior. Foi fácil abrir a torneira, fechá-la é muito mais complicado. Em comparação, a taxa oficial de juros praticada internacionalmente é da ordem de 0,5% a 2%.

A partir do governo Lula, o sistema foi sendo gradualmente controlado. Ainda assim, é uma transferência de dinheiro público para não produtores que se conta, como ordem de grandeza, em algo como R$ 150 bilhões por ano. É um sistema legal conseguido por meio do apoio político comprado com dinheiro corporativo e repassado ao consumidor nos preços que paga. Para os grupos que vivem de renda financeira, e não de produção, em vez de ir contra a lei, é mais prático fazer a lei ir ao seu encontro.

No braço de ferro que hoje se desenrola, a cada vez que se baixa meio ponto da Selic, o mundo financeiro grita na mídia, todos ameaçam com a inflação, pedem “responsabilidade” ao governo, conseguindo inclusive reverter o processo de baixa. A evolução é resumida por Amir Khair: “A dívida líquida do setor público foi marcadamente influenciada pela Selic. No início do governo FHC estava em 28% do PIB e, mesmo com a megavenda de patrimônio público com privatizações, ao final do governo chegou a 60,4%. A elevada Selic foi a responsável por isso. No final do governo Lula, tinha baixado para 39,2% e em julho estava em 34,9%. Caso a Selic continue caindo, é capaz que ao final do governo Dilma seja possível retornar próximo da que estava no início do governo FHC”.3

Uma monumental transferência de recursos públicos para rentistas que, além de nos custar muito dinheiro, desobriga os bancos de fazer investimentos produtivos que gerariam produto e emprego. É tão mais simples aplicar nos títulos, liquidez total, risco zero. Realizar investimentos produtivos, financiando, por exemplo, uma fábrica de sapatos, envolve análise de projetos, acompanhamento, enfim, atividades que vão além de aplicações financeiras.

A manipulação dos juros comerciais

Os intermediários financeiros e rentistas não se contentam com a Selic, taxa de juros oficial sobre a dívida pública. Recorrem a um segundo mecanismo, que é a fixação de elevadas taxas de juros ao tomador final por bancos comerciais, mecanismo diferente da taxa Selic, tanto assim é que a Selic baixou radicalmente diante dos 25-30% da fase FHC para os 8,5% atuais, sem que houvesse redução significativa dos juros dos bancos comerciais.

Naturalmente, os bancos comerciais, como entidades privadas, afirmam que são livres para praticar os juros que quiserem. A coisa não é assim, por uma razão simples: como trabalham com dinheiro do público, e não deles, devem seguir regras definidas pelo Banco Central, e mesmo um banco privado precisa de uma carta-patente que o autorize a funcionar dentro de certas regras. Estas, naturalmente, vão depender da capacidade de pressão política.

Como se trata de dinheiro do público apropriado diretamente pelos intermediários financeiros, sem mediação do governo, poderíamos achar que não é desvio de dinheiro. De certa forma, quando tiram nosso dinheiro sem a ajuda de um político, seria por assim dizer mais limpo. Habilidade de um lado, ingenuidade ou impotência do outro, mas não corrupção. Essencial para nós é que só se podem sustentar no Brasil juros tipicamente dez vezes maiores (dez vezes, não 10% a mais) em relação aos praticados internacionalmente mediante apoio político. E, como durante longo tempo tivemos banqueiros na presidência do Banco Central, montou-se mais um sistema impressionante de legalização do desvio de nosso dinheiro. Essa “ponte” entre o político e o comercial precisa ser explicitada.4

O artigo 170 de nossa Constituição define como princípios da ordem econômica e financeira, entre outros, a função social da propriedade (III) e a livre concorrência (IV). O artigo 173, no parágrafo 4o, estipula que “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros”. O parágrafo 5o é ainda mais explícito: “A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular”. Cartel é crime. Lucro exorbitante sem contribuição correspondente produtiva será “reprimido pela lei” com “punições compatíveis”.

Estudo do Ipea mostra que a taxa real de juros para pessoa física (descontada a inflação) cobrada pelo HSBC no Brasil é de 63,42%; no Reino Unido, é de 6,6% (no mesmo banco, para a mesma linha de crédito). Para o Santander, as cifras correspondentes são 55,74% e 10,81%. Para o Citibank, são 55,74% e 7,28%. O Itaú cobra sólidos 63,5%. Para pessoa jurídica, área vital porque se trataria de fomento a atividades produtivas, a situação é igualmente absurda. O HSBC, por exemplo, cobra 40,36% no Brasil e 7,86 no Reino Unido.5

No conjunto, trata-se de um desvio de dinheiro da economia real, via uma forma institucional ilegal, que é a “dominação dos mercados, eliminação da concorrência e aumento arbitrário dos lucros” que a Constituição condena em termos inequívocos. Diante dos números, há alguma dúvida quanto à ilegalidade? Não há notícias de julgamento a esse respeito, e sim de muitas denúncias no Procon, Idec e outras instituições, e milhões de pessoas se debatendo em dificuldades. O Serasa-Experian, hoje empresa multinacional, guardiã da moralidade financeira, decreta que brasileiros passam a ter o nome sujo, ou seja, pune quem não consegue pagar os 238% hoje cobrados no cartão, e não quem os cobra.

Os paraísos fiscais

Um dos efeitos indiretos da crise mundial é que há um forte avanço recente no estudo dos grandes grupos econômicos e das grandes fortunas. Aliás, o imenso esforço de comunicação destinado a atribuir a crise financeira mundial ao comportamento irresponsável dos pobres, seja nos Estados Unidos ou na Grécia, é patético. Um estudo que sobressai, de autoria do Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica (ETH, na sigla alemã), constatou que 147 corporações, das quais 75% são grupos financeiros, controlam 40% do sistema corporativo mundial. Num círculo um pouco mais aberto, 737 grupos controlam 80%. Nunca houve, na história da humanidade, nada de parecido com esse nível de controle planetário por meio de mecanismos econômicos e financeiros. A apropriação ou no mínimo fragilização das instituições políticas perante esses gigantes torna-se hoje fato comprovado.6

Corroborando essa pesquisa, e focando inclusive em grande parte os mesmos bancos, temos hoje outra pesquisa de grande porte, liderada por James Henry, ex-economista-chefe da McKinsey, e realizada no quadro da Tax Justice Network. Em termos resumidos, o estoque de recursos aplicados em paraísos fiscais é hoje da ordem de US$ 21 trilhões, um terço do PIB mundial. O Brasil participa generosamente com cerca de US$ 520 bilhões, mais de R$ 1 trilhão, cerca de um quarto do nosso PIB. São dados obtidos por meio de cruzamento de informações dos grandes bancos, do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) da Basileia, do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional, de bancos centrais e de várias instituições de pesquisa ou de controle. Nada de invenções: trata-se no essencial de juntar os dados de forma organizada, com metodologia clara e transparente, e indicações da relativa segurança ou insegurança dos dados a cada passo. Essa peça informativa fazia muita falta, e passamos agora a ver o que acontece com tanto dinheiro ilegal que resulta das várias formas de corrupção.7

A economia trata da alocação racional de recursos. Aqui há pouca racionalidade, a não ser que olhemos da perspectiva dos que deles se apropriam. As eleições nos custam R$ 2 bilhões, é até pouca coisa. Mas a manipulação permitida nos custa centenas de bilhões por meio dos mecanismos que se tornaram legais ou de difícil controle judiciário. A deformação do sistema tributário desonera os muito ricos e fragiliza o setor público, reproduzindo a desigualdade.

A irracionalidade das infraestruturas custa bilhões e nos atinge a todos, gerando um país de altos custos. Os cerca de R$ 150 bilhões de juros pagos a rentistas são um desvio radical de dinheiro que poderia ser transformado em investimentos. Os imensos recursos que constituem nossas poupanças depositadas em bancos poderiam servir ao fomento econômico, e não à agiotagem com as taxas de juros praticadas. O escoamento dos recursos gerados para paraísos fiscais, cerca de R$ 1 trilhão acumulados no caso do Brasil, nos priva de recursos necessários ao desenvolvimento, sustenta uma ilegalidade que virou cultura e deforma profundamente tanto o sistema político como o econômico. São as regras do jogo que estão viciadas.

Ladislau Dowbor é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, Polônia, e professor titular da PUC-SP. É autor de A reprodução social e Democracia economômica - um passeio pelas teorias (contato http://dowbor.org).


http://www.ocafezinho.com/2013/11/11/pe ... -banguela/
Pesquisa mostra que Leão brasileiro é banguela
Enviado por Miguel do Rosário


A organização Tax Justice Network está começando a virar um pé-no-saco dos sonegadores brasileiros.

Primeiro, causou um frisson no mundo ao revelar um ranking internacional com os países que detêm as maiores fortunas em paraísos fiscais. O Brasil estaria em quarto lugar, com seus super-ricos guardando no exterior, ilegalmente, cerca de R$ 1 trilhão.

Agora, ela volta a incomodar, dizendo que ocupamos o segundo lugar no planeta em evasão de tributos, apenas depois da Rússia. Só a Folha deu a notícia, no pé de página do Caderno Mercado.

Segundo a Tax Justice Network, o Brasil perde 13,4% de seu PIB por causa do envio clandestino de recursos para o exterior, fugindo à taxação doméstica. Nos EUA, 2,3% dos tributos fogem do país. Na China, 2,2%.

Esse descalabro mereceria uma campanha nas grandes mídias, até porque a sonegação dos ricos e poderosos acaba obrigando o governo a aumentar os impostos sobre a classe média.

Entretanto, seria injusto culpar apenas o empresariado. O governo tem de oferecer sistemas mais simples e justos na cobrança de tributos.

De qualquer forma, não tem como deixar de pensar na sonegação da Globo, revelada por este blog. A sonegação, agora está provado, é o maior ralo de recursos públicos do país, muito mais inclusive do que a corrupção. Segundo o sindicato nacional dos auditores fiscais, mais de R$ 400 bilhões são sonegados todos os anos.

Esses são os recursos que nos faltam para aprimorar o sistema de saúde e educação. Tem muitos Darfs a serem mostrados por aí…


NA FOLHA DE SP

PESADELO FISCAL

Brasil é “medalha de prata” em evasão de tributos

Entre as economias mais importantes, país só perde para a Rússia em sonegação; problema envolve de camelôs a multinacionais

RICARDO MIOTO, DE SÃO PAULO


Esta é para quem reclama da falta de inovação no Brasil: no campo da sonegação, poucos países desenvolveram “expertise” tão sofisticado.

Entre as economias mais importantes, perdemos apenas para a Rússia. A medalha de bronze vai para a Itália.

O ranking foi elaborado a partir de estatísticas do Banco Mundial pelo grupo internacional Tax Justice Network, com base em dados de 2011.

A conta é simples: a partir do PIB e das alíquotas tributárias estabelecidas, estima-se quanto deveria ser arrecadado. A partir disso, é possível saber o tamanho da evasão fiscal em cada país. No Brasil, o valor encontrado corresponde a 13,4% do PIB.

É fato que em países em desenvolvimento há muita atividade informal. Mas como explicar que o Brasil tenha um desempenho tão pior do que México e Argentina (evasão de 2,4% e 6,5% do PIB)?

Para compreender isso, é preciso vencer a imagem de que a evasão brasileira se refere somente ao camelô ou ao contrabandista que busca muamba no Paraguai. Muitas empresas grandes não pagam os impostos que deveriam.

No ano passado, por exemplo, a Receita anunciou um plano de cobrança de R$ 86 bilhões em tributos vencidos. Metade do total se referia a 317 grandes empresas, com dívida média de R$ 135 milhões.

Os R$ 86 bilhões são pouco menos do que o orçamento anual do Ministério da Saúde e mais de quatro vezes o gasto com o Bolsa Família.

Neste ano, o governo planeja dar condições especiais de pagamento de dívidas de multinacionais brasileiras que somam nada menos que R$ 680 bilhões –sete vez o orçamento da Saúde. Caso paguem seus débitos, terão perdão sobre multas e juros.

Divergências sobre o plano fizeram o subsecretário de Fiscalização da Receita, Caio Marcos Cândido, deixar o cargo. Em 2009, a secretária da Receita Lina Vieira foi demitida após autuações bilionárias contra Ford e Santander.

CAUSAS

Já nos anos 1970, o economista Michael Allingham, de Oxford, mostrou a forte correlação negativa entre a evasão e dois fatores: a probabilidade de a empresa ser fiscalizada e a magnitude da pena se for pega.

Quanto maior forem esses dois fatores, menor a evasão.

No caso brasileiro, desde 2003 a punibilidade dos crimes contra a ordem tributária passou a ser extinta caso o acusado, a qualquer momento, pague o seu débito.

Embora a lei preveja até cinco anos de reclusão para tais crimes, o réu pode escapar. A pendência pode ainda ser parcelada no âmbito do Refis, programa para facilitar o pagamento de dívidas tributárias criado em 2000 e reeditado várias vezes –e aberto agora à adesão.

No curto prazo, isso aumenta a arrecadação, mas pode há um risco que a levou a ser questionada, em vão, por membros do Ministério Público Federal em 2003.

“Como explicar a quem pagou os tributos na data aprazada que se concedem benefícios fiscais a quem agiu com dolo?”, defenderam o procurador da República José Adércio Sampaio e três colegas. “É um incentivo à sonegação.”

CULPA

Entre outros fatores que incentivam a sonegação no país, está a complexidade que afeta até mesmo ao empresário bem intencionado.

Os economistas Marcelo Siqueira e Francisco Ramos, das universidades federais do Ceará e de Pernambuco, citam ainda algo bem nacional: o sentimento generalizado de que o governo não aplica direito a arrecadação, reduzindo a culpa do sonegador.

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#83 Mensagem por Carnage » 08 Jan 2014, 20:28

http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia ... -sinprofaz
Sonegação no Brasil é 20 vezes maior que gasto com Bolsa Família, diz Sinprofaz
11/12/2013 - 15h24

Economia

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil


Brasília – A sonegação no Brasil é 20 vezes maior do que o valor gasto com o Programa Bolsa Família. O cálculo é do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), que volta a exibir hoje (11), em Brasília, o Sonegômetro, para mostrar os prejuízos que o país tem com a sonegação.

O placar, online, indica que a sonegação fiscal no Brasil está prestes a ultrapassar a casa dos R$ 400 bilhões. Desenvolvido pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), o Sonegômetro apresenta, em tempo real, o quanto o país deixa de arrecadar todos os dias.

Para o presidente do Sinprofaz, Heráclio Camargo, a sonegação caminha em conjunto com a corrupção. “A sonegação e a corrupção caminham juntas porque a corrupção precisa do dinheiro da sonegação para financiar as campanhas de políticos inescrupulosos e fomentar o círculo vicioso da lavagem de dinheiro”, disse ele.

“Infelizmente, o Brasil é leniente”, ressaltou Camargo, porque permite a inscrição, com o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), de empresas localizadas em paraísos fiscais. Segundo o presidente do Sinprofaz, basta procurar em todos os jornais, em notícias recentes e em todas as operações da Polícia Federal.

“É só observar que, em todos os mensalões de todos os partidos, usam-se mecanismos sofisticados de lavagem de dinheiro, e o governo federal não muda essa sistemática de permitir que empresas instaladas em paraísos fiscais sejam donas de hotéis, de restaurantes. São negócios que têm uma fachada lícita, mas muitos deles servem para lavar dinheiro”, reclamou.

Nos cálculos feitos por Camargo, R$ 400 bilhões representam aproximadamente 10% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riqueza produzidas no país), 25% do que é arrecadado. É 20 vezes mais do que se gasta com o Bolsa Família. De acordo com Camargo, mesmo com os questionamentos sobre esse programa, ele é benéfico para a economia, pois os recursos dele criam um circulo “virtuoso” da economia local. “Imagine se pegássemos 20 vezes esse valor e investíssemos em saneamento básico, na melhoria dos salário dos professores e na estruturação das carreiras de Estado. Seria um outro país, com R$ 400 bilhões a mais do que temos agora.”

Isso sem contar os valores da dívida ativa, que está em R$ 1,4 trilhão, acrescentou Heráclio. Ele destacou que os procuradores sequer têm um servidor de apoio por procurador, enquanto os juízes têm de 15 a 20 servidores. “Os culpados pelo sucateamento da Procuradoria da Fazenda Nacional são o Ministério da Fazenda e a Advocacia-Geral da União.” Para ele, é importante que a sociedade cobre, pois existem 300 vagas em aberto para a carreira de procurador e não há, também, carreira de apoio para combater o que ele considera "sonegação brutal" [R$ 400 bilhões] e tentar arrecadar melhor essa dívida de R$ 1,4 trilhão.

“São quase R$ 2 trilhões que estão aí para ser cobrados, e o governo pune os mais pobres e a classe média com uma tributação indireta alta e, notadamente, com a contrapartida baixa que é dada pelo Estado brasileiro, afirmou.

Edição: Nádia Franco

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#84 Mensagem por Carnage » 27 Fev 2014, 14:14

Sonegação dos ricos é 25 vezes maior que corrupção nos países em desenvolvimento
No ano passado, cerca de um trilhão de dólares fugiram dos países em desenvolvimento e terminaram em paraísos fiscais. Conheça as capitais da corrupção.
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria ... to/7/30342

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#85 Mensagem por Carnage » 02 Mar 2014, 22:15

http://www.redebrasilatual.com.br/econo ... -6967.html
Sonegação de impostos no Brasil supera orçamentos de Educação e Saúde
Anualmente, empresas e milionários deixam de recolher cerca de 10% do PIB nacional em impostos e tributos e aumentam a carga sobre a renda da classe média e dos mais pobres
por Rodrigo Gomes, da RBA publicado 01/03/2014 18:17


São Paulo – A sonegação de impostos no Brasil superou R$ 415 bilhões em 2013. O valor corresponde aproximadamente a 10% de toda a riqueza gerada no país durante o período e é maior que os orçamentos federais de 2014 para as pastas de educação, desenvolvimento social e saúde, somados. Neste ano, o total de impostos e tributos não recolhidos já se aproxima dos R$ 68 bilhões. Os dados são do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), que organiza o painel Sonegômetro.

O serviço calcula, a partir de estudos daquela entidade, o total de impostos e tributos que deveriam, mas não são pagos, por obra das chamadas pessoas jurídicas, isto é, empresas em geral, de todos os ramos e tamanhos. Para comparação, o programa social do governo federal Bolsa Família tem R$ 24 bilhões ao ano para atender 14 milhões de famílias. Portanto, o que foi sonegado no ano passado equivale a 17 anos do programa.

Ainda segundo o Sinprofaz, a soma dos tributos devidos pelos brasileiros, constantes na Dívida Ativa da União, ultrapassa R$ 1,3 trilhão, quase um terço do Produto Interno Bruto (PIB) de 2013 que foi de R$ 4,84 trilhões.

O estudo do sindicato se baseia em dados da Receita Federal, outras análises específicas sobre cada tributo, para então elaborar uma média ponderada. Os tributos não pagos são relativos a impostos diretos – aqueles que não estão embutidos em produtos – como Imposto Sobre Serviços (ISS), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), por exemplo. E escancaram a diferença com que o sistema tributário brasileiro atua sobre ricos e pobres.

“Eles são sonegados pelos muitos ricos e por pessoas jurídicas (empresas, indústrias), com mecanismos sofisticados de lavagem de dinheiro e de caixa dois”, afirmou o presidente do Sinprofaz, Heráclio Mendes de Camargo Neto, que é advogado e mestre em Direito.

A sonegação gigantesca, diz Camargo Neto, impõe a necessidade de tributar pesadamente o consumo, onde não é possível sonegar. "É injusto que todo paguem uma carga em tributos indiretos. E o povo paga muito. Mesmo que você seja isento do Imposto de Renda, vai gastar cerca de 49% do salário em tributos, mas quase tudo no supermercado, na farmácia", explica.

Outra injustiça está na forma como incide o Imposto de Renda. Quanto mais o contribuinte tem a declarar, maiores são as possibilidades de abater valores. "Os mais ricos podem abater certos gastos no Imposto de Renda. Em saúde, por exemplo, se você tem um plano privado um pouco melhor, você pode declará-lo e vai ter um abatimento (no cálculo final do imposto). Esta é uma característica injusta do nosso sistema. Os mais pobres não conseguem ter esse favor."

No entanto, continua o advogado, quem tem salários a partir de R$ 2.400 é tributado automaticamente pelo Imposto de Renda Retido na Fonte e muitas vezes não tem como reaver parte deste valor.

Em 2005, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário e a Associação Comercial de São Paulo criaram o impostômetro, cuja versão física está instalada no Pátio do Colégio, região central da capital paulista. O objetivo, ao mostrar o tamanho da arrecadação do poder público, é justamente debater a carga tributária do país, com vistas à redução de impostos e à reforma tributária.

Logicamente, os valores registrados pelo impostômetro (R$ 313 bilhões este ano, até o fechamento desta matéria) são superiores aos do sonegômetro (R$ 68 bilhões), caso contrário nem sequer haveria dinheiro para manter o funcionamento da maquina pública.

No entanto, alerta Camargo Neto, se o governo brasileiro efetivasse a cobrança deste valor sonegado, já seria possível equalizar melhor os impostos no país. “Se nós conseguirmos cobrar essas grandes empresas e pessoas físicas muito ricas, o governo poderia desonerar a classe média e os mais pobres. Seria o mais justo. Se todos pagassem o que devem, nós poderíamos corrigir a tabela do Imposto de Renda (que incide sobre os salários) e reduzir alíquotas sobre alimentos e produtos de primeira necessidade, que todo mundo usa”, defende.
Desigual

Detalhando-se a carga tributária brasileira pelas principais fontes, percebe-se que os tributos sobre bens e serviços, que afetam sobretudo os mais pobres, respondem por quase metade do total (49,22%). Em seguida vêm os tributos sobre a folha de salários (25,76%) e sobre a renda (19,02%). Somados, eles respondem por 94% da carga tributária total. Para o procurador, existe uma “escolha política” em não atuar na cobrança dos mais ricos e manter a situação como está.

Uma demanda urgente, segundo o procurador, é uma reforma tributária, que incida sobre o capital e deixe de onerar os trabalhadores. “É preciso um avanço maior da tributação sobre a riqueza. Veja os lucros astronômicos dos bancos, por exemplo. Por que o Banco do Brasil precisa lucrar R$ 12 bilhões e não pode ser tributado sobre metade disso? Essa é uma escolha política da sociedade. Imagine bilhões de cada um dos grandes bancos, o quanto você poderia desonerar os produtos de primeira necessidade?”, questiona.

Camargo Neto aponta ainda que a sonegação é maior por conta da precariedade estrutural em que a própria Procuradoria da Fazenda Nacional, responsável pela fiscalização sobre os tributos, se encontra. Ele conta que existem 300 vagas de procurador abertas há pelo menos seis anos esperando serem preenchidas.

"Nós não temos carreira de apoio, por exemplo. Há menos de um servidor de apoio para cada procurador. Os juízes, por exemplo, têm de 15 a 20 servidores de apoio. Nós temos 6,8 milhões de processos para cobrar e quase nenhum auxílio", denuncia.

Para completar, a sonegação de impostos prescreve em cinco anos, o que aprofunda o favorecimento dos sonegadores e sonegadoras. "É muito fácil se livrar com todas essas condições", lamenta.

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Re: Brasileiros já pagaram 1 trilhão em impostos este ano

#86 Mensagem por Carnage » 02 Mar 2014, 22:19

Não mata ninguém
Uma minúscula tributação sobre as grandes fortunas em nada incomodaria o sono dos mais ricos e poderia ser um grande reforço para a saúde pública e o combate à miséria

http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/70/economia

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