Vingar Antônio Palocci Filho das revelações, em maio de 2011, de que seu patrimônio teve uma evolução milionária de 20 vezes, em cinco anos. Segundo inconfidentes petistas, esta foi a razão que forçou o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, a denunciar a máfia de fiscais que fraudava o recolhimento do Imposto Sobre Serviço (ISS). Para ficar bem com Palocci, Haddad traiu o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), grande aliado petista.
Alguns ou pelo menos um dos autores do desvio de mais de R$ 500 milhões dos cofres públicos paulistanos (desde 2008) foram os mesmos que vazaram, anos atrás, as informações sobre as milionárias consultorias de Palocci – ex-ministro da Fazenda de Lula da Silva e ex-ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff. Nos bastidores petistas, comenta-se que Palocci obrigou Haddad a “cumprir o compromisso” de vingá-lo, denunciando os fiscais que o prejudicaram politicamente.
Pelo menos um dos envolvidos no escândalo da Prefeitura de São Paulo teria revelado como Palocci conseguiu comprar, no fim de 2010, um apartamento no luxuoso bairro paulistano dos Jardins, no valor de R$ 6,6 milhões. A empresa de Palocci, a então Projeto Consultoria, Planejamento e Eventos Ltda, comprou o imóvel em duas parcelas: R$ 3,6 milhões e R$ 3 milhões – conforme informações vazadas na ocasião. Em dezembro de 2011, Palocci mudou o nome de sua empresa para Projeto Administração de Imóveis.
Em 2011, Palocci alegou que o dinheiro veio dos serviços de consultoria que prestou quando deputado, atividade permitida por lei, e que tudo foi declarado à Receita Federal. A empresa do ex-ministro, segundo denúncias de 2011, teria arrecadado R$ 7,4 milhões, desde 2006. Cinco anos antes, Palocci tinha bens no valor de apenas R$ 375 mil. Agora, Palocci exigiu a cabeça de quem o dedurou. E Haddad, talvez a contragosto de arrumar uma briga com Kassab, aproveitou para quebrar o clima negativo do Mensalão, posando de "combatente contra a corrupção" na denúncia contra a velha máfia paulistana do ISS.
Agora, o caso é mais um capítulo da disputa entre petistas e tucanos sobre denuncismos de corrupção na prefeitura paulistana e no caso Siemens-Metrô com o governo Geraldo Alckmin. Sobre o esquema que desviava o ISS, beneficiando empreiteiras e incorporadoras de imóveis, o Ministério Público informa que a máfia dos fiscais começou a operar em 2005. Assim, teria agido nas administrações de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD), além de Haddad (PT). O promotor Roberto Bodini deve denunciar o caso à Justiça no começo de fevereiro ano que vem, depois das férias do Judiciário.
No mais recente capitulo do escândalo, O Globo revela que os nomes de grandes construtoras, shopping centers e até um hospital de São Paulo aparecem entre 410 empreendimentos beneficiários do esquema de fraudes. A lista, encontrada semanas atrás em poder de agentes públicos, comprova negociatas fechadas entre junho de 2010 e outubro de 2011. Os empreendimentos pagaram R$ 29 milhões em propina aos fiscais, enquanto deviam um total de R$ 59 milhões aos cofres públicos. No fim das contas, pagaram apenas R$ 2,5 milhões em ISS.
O MP deve denunciar que o dinheiro era repartido entre os auditores fiscais Luis Alexandre Cardoso Magalhães, Carlos Augusto di Lallo Leite, Eduardo Barcellos e Ronilson Rodrigues, considerado o chefe da quadrilha. Magalhães fez acordo de delação premiada com o Ministério Público e ficou cinco dias na cadeia. os demais passaram dez dias presos. Em seguida, Barcellos também fez acordo de delação premiada.
A operação contra a máfia dos fiscais foi deflagrada em 30 de outubro.
O escândalo obrigou os petistas a cortarem a própria carne. O secretário de Governo do prefeito Fernando Haddad, Antonio Donato, deixou o cargo no meio do escândalo. Foi suspeito de ter recebido R$ 200 mil para sua campanha eleitoral. Donato nega, mas, dependendo do que foi contado na deduragem da delação premiada, ele pode acabar também indiciado pelo promotor Roberto Bodini.
O engraçado da recente inconfidência de bastidores petistas sobre a vingança de Palocci contra os fiscais é que, em 2011, chegou a circular uma versão, dentro do mesmo PT, de que o ex-ministro fora vítima de fogo amigo dentro do partido. Segundo a versão de dois anos atrás, o núcleo paulista do partido, comandado por José Dirceu, teria resolvido transformar a Presidenta Dilma em refém. As revelações sobre a evolução patrimonial dele podem ter partido de lá. A fonte de intrigas teria, assim uma origem também “comercial” – muito além da política.
Agora, se for verdadeira a versão da vingança de Palocci contra os fiscais, a autofagia petralha fica menos culpada pelo mar de lama em que o PTitanic vai afundar, por causa dos icebergs de denúncias de corrupção que vêm por aí no ano reeleitoral.
http://www.alertatotal.net/2013/12/hadd ... nciar.html