Tim, como é chamado pelos amigos, viveu vários anos com o vírus HIV. Tratava-se com o coquetel de drogas e trabalhava como garçom num café de Berlim. Era mais um de tantos soropositivos que, graças ao avanço do tratamento, levavam uma vida praticamente normal. Em 2006, no entanto, ele descobriu que também tinha leucemia, um tipo de câncer que ataca o sistema de defesa. Tim procurou o médico Gero Hütter, um jovem oncologista que entende de leucemia, mas nunca havia atendido um doente de aids. Foi aí que a sorte começou a conspirar a favor dos dois. Tim precisaria passar por um transplante de medula. Hütter decidiu escolher um doador especial, com uma mutação que o torna naturalmente resistente ao vírus HIV. O resultado surpreendeu o mundo.
A mutação faz com que as células de defesa do organismo não tenham uma molécula chamada de CCR5. Ela é usada pelo HIV para invadir as células humanas.
Três anos e meio depois do transplante, os médicos não encontraram sinal do vírus – mesmo usando as técnicas mais avançadas de diagnóstico. Ainda assim é possível que o HIV ainda esteja escondido em poucas células em algum ponto do organismo. Se isso estiver ocorrendo e o vírus voltar a se manifestar no futuro, será o fim do entusiasmo em torno da primeira cura da aids.