Visite as Melhores Acompanhantes de SP


Reforma Política

Espaço destinado a conversar sobre tudo.

Regras do fórum
Responder

Resumo dos Test Drives

FILTRAR: Neutros: 0 Positivos: 0 Negativos: 0 Pisada na Bola: 0 Lista por Data Lista por Faixa de Preço
Faixa de Preço:R$ 0
Anal:Sim 0Não 0
Oral Sem:Sim 0Não 0
Beija:Sim 0Não 0
OBS: Informação baseada nos relatos dos usuários do fórum. Não há garantia nenhuma que as informações sejam corretas ou verdadeiras.
Mensagem
Autor
Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Reforma Política

#1 Mensagem por Carnage » 19 Set 2011, 22:35

Um combate sério a corrupção no país passa necessariamente por uma reforma política que altere as relações que existem hoje e que geram os problemas que vemos a todo tempo de caixa 2, compra de parlamentares, loteamento de cargos, etc.

Comecemos com texto de José Serra que é sintese do pensamento atual do PSDB:

http://www.joseserra.com.br/nonono/1417
Reforma política: relator do PT quer trocar o ruim pelo pior
29/08/2011 Por joseserra


Como foi noticiado, o deputado Henrique Fontana, relator da Comissão Especial da Reforma Política, apresentou anteprojeto de lei que lida, entre outras coisas, com o sistema eleitoral brasileiro. Farei em seguida alguns comentários, sem pretender abordar todos os tópicos.

Em termos de financiamento de campanha, Fontana propõe a criação de um Fundo de Financiamento das Campanhas Eleitorais (FFCE), a ser constituído por recursos do orçamento da União e por doações de pessoas físicas e jurídicas. O Fundo seria a única fonte admitida para financiamento de campanhas, ficando vedadas doações diretas de pessoas e empresas a candidatos. Apenas doações ao Fundo podem ser feitas, sem especificar o seu destino final. A distribuição do recurso do Fundo entre os partidos, cargos e circunscrições se dá conforme critérios de proporcionalidade previstos na lei (exemplo no caso de eleições presidenciais: 80% de acordo com proporção de votos obtidos pelo partido na eleição para a Câmara na eleição anterior, 15% igualmente entre os partidos com representantes na Câmara, 5% igualmente entre todos os partidos).

O projeto, é importante ressaltar, concentra totalmente nas direções partidárias o poder de decisão sobre alocação de recursos recebidos do Fundo para cada circunscrição. Ou seja, como o candidato estará, ele mesmo, impedido de captar recursos para sua campanha, a direção do partido terá em suas mãos, na prática, o poder de decidir quem se elegerá ou não — afinal, o partido decidirá não apenas a sua posição na lista partidária como o volume de recursos de que cada candidato poderá dispor. Diga-se que prever doações do setor privado a um fundo de campanha, sem qualquer direcionamento partidário ou a candidatos, chega a ser delirante.

Acrescente-se que o projeto tem um enorme viés pró-PT e PMDB, pois os recursos do Fundo, sejam eles orçamentários ou de doações, serão destinados em maior volume a ambos, como partidos (atualmente) mais votados nas proporcionais — nessa condição, terão enorme vantagem de partida. Além de casuística, essa é uma medida antidemocrática, pois as preferências dos eleitores podem mudar muito em quatro anos, e isso não estará refletido nos recursos disponíveis para cada partido na eleição, um evidente déficit de “accountability” do sistema.

Em relação às eleições proporcionais, Fontana prevê que o eleitor vote duas vezes. No primeiro voto, de legenda, o eleitor escolhe a lista preordenada do partido de sua preferência. No segundo, vota diretamente no candidato, sem vinculação obrigatória com a legenda escolhida no primeiro. Ou seja, pode votar no PSOL e num candidato, digamos, do PR! Numa nice.

O quociente eleitoral será calculado somando-se os votos na lista do partido com os votos nominais dos seus candidatos. O preenchimento das vagas se dará de forma alternada, da seguinte maneira: a primeira vaga do partido será preenchida pelo candidato com mais votos nominais; a segunda, pelo primeiro nome da lista preordenada; a terceira, pelo segundo candidato com mais votos nominais; a quarta, pelo segundo nome da lista… E assim por diante. No caso do próximo candidato da lista preordenada já ter sido contemplado com vaga pelo critério nominal, passa-se ao próximo da lista (e vice-versa).

Há ainda a exigência de que a lista preordenada tenha pelo menos um terço de suas vagas ocupadas por mulheres, de forma alternada, ou seja, a cada três posições da lista, pelo menos uma deve ser ocupada por uma mulher.

Fica claro que, se o eleitor já entende pouco o sistema atual, não há a menor chance de que ele compreenda este novo critério. Por conta das vagas reservadas à lista, o número de candidatos bem votados que não se elegerão aumentará nesse sistema em relação ao atual, o que certamente gerará grande consternação ao eleitor, que hoje já tem dificuldade de entender o critério do quociente eleitoral. Que dizer então da possibilidade de se votar na legenda de um partido e no candidato de outro? Ao invés de favorecer o comportamento racional do eleitor, esse sistema só aumenta a confusão.

As supostas vantagens do sistema de lista fechada — simplicidade para o eleitor, barateamento das campanhas, debate “programático” entre partidos — não podem nem remotamente ser atribuídas a esse verdadeiro samba-do-petista-doido. Afinal, o sistema proposto pelo relator é muito mais complexo e opaco do que o atual e não altera em nada o custo das campanhas. Aos defeitos do sistema que hoje prevalece , ele apenas acrescenta outros, em especial: falta de transparência para o eleitor; estímulo à incoerência do voto; controle absoluto das máquinas partidárias sobre as chances de sucesso dos candidatos.
http://www.henriquefontana.com.br/notic ... eu-projeto
Resposta do relator da Reforma Política Henrique Fontana (PT-RS) às críticas do ex-candidato José Serra ao seu projeto.

O artigo foi publicado no blog do tucano no dia 29/08, última segunda-feira.

Prezado José Serra,

Li com atenção suas considerações a respeito do anteprojeto de Reforma Política. (...)
http://www.joseserra.com.br/nonono/1471
Resposta ao deputado Henrique Fontana
15/09/2011 Por joseserra


O relator da proposta de Reforma Política na Câmara dos Deputados, Henrique Fontana, publicou no seu site uma resposta aos comentários que fiz sobre o anteprojeto em discussão na Comissão (veja o texto Reforma política: relator do PT quer trocar o ruim pelo pior). Reproduzo abaixo sua resposta, acrescentando meus comentários (em negrito) a cada um dos itens por ele abordados.



Prezado José Serra,

Li com atenção suas considerações a respeito do anteprojeto de Reforma Política. Tenho acompanhado com satisfação o intenso debate despertado pela proposta, dentro e fora do Congresso Nacional, e recebido inúmeras sugestões de alterações pontuais no anteprojeto. Estou convencido de que, por meio de discussão a mais ampla e qualificada possível, encontraremos os caminhos que aperfeiçoarão a democracia brasileira. Nesse debate, percebo que um dos pontos em comum é a insatisfação com o modelo atual, caracterizado pela crescente dependência do sistema representativo em relação aos recursos dos financiadores privados. Em política, a insatisfação e o desconforto são o primeiro passo para a adesão à mudança.

Devemos lembrar que, se os arranjos institucionais são um conjunto de regras formais e informais que condicionam o comportamento dos atores, estes também são construções decorrentes da vontade humana, podendo, assim, ser modificados. Ademais, as normas não são criadas em condições de isolamento, de plena abstração em relação aos problemas enfrentados por uma sociedade em determinada conjuntura histórica específica. Ao contrário, as instituições que regulam a vida política em determinado momento são a resultante das influências de um conjunto de forças políticas, de classes e grupos de interesse diversos, que apresentaram seus diagnósticos sobre os principais problemas enfrentados pelo sistema político de uma sociedade específica. Não basta, portanto, criticar sem apontar caminhos.



Quem me acompanha na vida pública sabe da minha obsessão por discutir e executar propostas viáveis, planejadas a partir de diagnósticos bem feitos. Lamento lembrar que se algum partido tem no DNA, o espírito da crítica pela crítica, é o PT, que por muito tempo viveu de uma política negativa, fazendo oposição sistemática a todas as ações propostas por outros governos. No caso particular do sistema eleitoral, já expressei diversas vezes minha principal proposta: a adoção do voto distrital uninominal nas eleições municipais já em 2012, como caminho para a futura adoção do voto distrital misto em nível nacional. Escrevi sobre isso no texto Diretas já em 2012.



Passo a comentar as propostas que apresentamos em nosso anteprojeto, dando prioridade aquelas que foram objeto dos seus comentários (registro apenas, para conhecimento dos leitores, que o anteprojeto trata de outros pontos, tais como a iniciativa popular de Leis e Propostas de Emendas à Constituição, a limitação das comissões provisórias dos partidos, o fim das coligações nas eleições proporcionais, as políticas de ação afirmativa de gênero, raça e a regulamentação das formas de escolha dos candidatos que farão parte das listas partidárias preordenadas, por meio do voto secreto dos convencionais ou filiados).

Em primeiro lugar, ao contrário do que foi sugerido, a proposta não entrega aos partidos o controle sobre a distribuição de recursos e, portanto, sobre o sucesso eleitoral dos candidatos. O Fundo de Financiamento das Campanhas Eleitorais estabelece critérios absolutamente transparentes para a distribuição dos recursos entre as campanhas para cada cargo, em cada estado ou município e entre os partidos políticos, a partir de resultados das eleições anteriores. A partir dessas regras, definidas pela legislação, caberá ao Tribunal Superior Eleitoral transferir os recursos do Fundo para os comitês financeiros dos partidos, em contas bancárias específicas para cada campanha. Ademais, estabelecemos que, nas eleições proporcionais, diferentemente do modelo atual, no qual muitos candidatos buscam o voto nominal sem qualquer apoio dos seus partidos, pelo menos 50% dos recursos recebidos para as campanhas de determinado cargo devem ser gastos igualitariamente entre todos os candidatos do partido.



O fato de os critérios para distribuição dos recursos entre os partidos estarem previstos na lei não altera o cerne do meu argumento: a decisão sobre quais candidatos privilegiar, dentro de uma determinada circunscrição, estará inteiramente nas mãos da direção partidária. Será dela a prerrogativa de definir a alocação, entre os candidatos do partido, de metade dos recursos disponíveis pelo Fundo, o que está longe de significar uma competição em igualdade de condições.


Nas regras de distribuição dos recursos do Fundo entre os partidos, contemplamos o critério da igualdade entre todos os partidos com registro no TSE (5%) e entre todas as agremiações que elegeram um representante na Câmara dos Deputados na eleição anterior (15%). Contudo, nem todos os partidos possuem a mesma força relativa na sociedade. Por essa razão, estabelecemos que 80% dos recursos devem ser alocados de forma proporcional aos votos dos partidos na última eleição para a Câmara dos Deputados (aliás, este é o critério usado pela maioria dos países que financiam eleições com recursos públicos). Considerando que o tamanho dos partidos não é decidido por eles mesmos, não nos parece haver forma mais democrática de mensurá-lo do que em função do número de votos que conquistaram em uma eleição nacional. Além disso, como estamos preservando a representação proporcional e assegurando percentual de 20% a ser distribuído segundo critérios igualitários, estamos convencidos de que a regra proposta permitirá que os partidos possam crescer (ou diminuir) de tamanho de acordo com o respaldo que seus projetos e políticas alcançaram na sociedade, inclusive quando estiveram no exercício do poder.


É curioso que esta proposta venha à tona quando seus maiores beneficiários, por terem atualmente as maiores bancadas, sejam o PT e o PMDB, principais partidos da base aliada do governo. O que argumentei no meu texto original é a deficiência desse critério: pela proposta, se após quatro anos um governo (hipotético) se mostrar desastroso e com baixa aprovação popular, ainda assim muito provavelmente terá direito à maior parte dos recursos eleitorais, que serão definidos pelos resultados de uma eleição realizada quatro anos antes! Não basta o fato de que a distribuição do tempo de TV já siga esse critério? A proposta dificulta, e muito, o surgimento de novas forças políticas, ao dar um poder desproporcional, via recursos públicos, ao status quo partidário.


Não nos surpreende que a regra que veda as doações diretas dos financiadores de campanha aos partidos ou candidatos cause algum desconforto àqueles que contam com o apoio dos grandes doadores. Trata-se de um dos pilares do modelo proposto. Os doadores privados que quiserem contribuir com a democracia brasileira poderão fazê-lo de modo republicano e transparente, sem que os representantes tornem-se dependentes dos recursos privados indispensáveis ao êxito eleitoral, em um contexto no qual as campanhas têm apresentado custos sempre crescentes. Ademais, no sistema atual de financiamento, os principais financiadores elaboram, entre quatro paredes, as “listas fechadas” dos candidatos de acordo com suas preferências ideológicas, em detrimento de amplo conjunto de forças políticas e movimentos sociais que, apesar da legitimidade de suas demandas, não obtêm os recursos necessários para alcançarem sua representação no sistema político. Essa desigualdade criada pelo acesso diferenciado aos recursos econômicos manifesta-se nas chances diferenciadas de sucesso eleitoral entre os diversos candidatos em disputa. Analisando a prestação de contas dos candidatos a Deputado Federal, em 2010, constatamos que, entre os 513 eleitos, 369 candidatos foram os que mais gastaram nos seus estados, o que representa 71,93% da Câmara.



Para falar de grandes doadores, seria mais adequado fazer referência à campanha presidencial do PT do ano passado, tendo sido a mais cara dentre todas e a que mais contou com recursos de “grandes doadores”. Um dos aspectos mais instigantes da proposta do deputado é que em vez de propor um financiamento público exclusivo – que é o que o PT diz defender, quando fala sobre o assunto – ele abre uma brecha para que empresas privadas doem ao Fundo, mas conforme critérios que garantem que todo recurso privado destinado às eleições seja canalizado prioritariamente para as campanhas dos maiores partidos – no caso, PMDB e PT.

Quanto aos defeitos do sistema atual, em termos dos custos de campanha e influência do poder econômico, divergimos quanto à solução: defendo a adoção do sistema conhecido entre nós como distrital misto, em que uma parte dos deputados é eleita pelo sistema proporcional e a outra no modelo distrital, majoritário, combinando de forma clara as qualidades de ambos os sistemas. Aí sim teríamos uma aproximação do representante com o eleitor e uma redução real no custo de campanha.


Ademais, os dados disponíveis no sítio do TSE na internet apontam para o crescimento crescente do custo das campanhas eleitorais. Em 2002, os gastos declarados por partidos e candidatos nas campanhas para Deputado Federal alcançaram R$ 189,6 milhões; em 2010, esse valor chegou ao montante de R$ 908,2 milhões, um crescimento de 479% em oito anos. Se continuarmos nesse ritmo exponencial de aumento dos gastos, em poucos anos o sistema político brasileiro será ocupado por apenas dois tipos de candidatos: os muito ricos ou aqueles que abrem mão de suas convicções e propostas para atender aos interesses dos seus financiadores de campanha. Em contrapartida, o financiamento público proporcionará maior igualdade entre os partidos e candidatos e permitirá, ao mesmo tempo, que muitas pessoas que não ingressam na vida pública por falta de recursos possam se sentir estimuladas a participar da disputa em uma campanha eleitoral.

Em articulação com o fortalecimento do debate programático, da democratização da vida partidária, da redução do custo das campanhas e da influência do poder econômico no sistema político, estamos propondo que o maior valor recebido por um partido político em uma determinada eleição constituirá teto naquela disputa. A partir dos valores dos recursos distribuídos entre os partidos pelo TSE, que serão públicos, tanto os atores do sistema político como a população poderão acompanhar os gastos realizados pelos partidos por meio das declarações das despesas efetuadas a cada quinze dias, em sítio específico para este fim organizado pela Justiça Eleitoral. A partir dessas regras, os partidos deverão racionalizar e organizar suas despesas, sabendo que deverão realizar todos gastos das campanhas apenas com os recursos recebidos do Fundo de Financiamento das Campanhas Eleitorais. Em contraste com o modelo atual, que apresenta grande disparidade entre a capacidade de arrecadação dos partidos e candidatos, num sistema baseado no financiamento das campanhas a partir de critérios republicanos, as diferenças relativas entre os partidos serão reduzidas. Ao mesmo tempo, ao racionalizarem seus gastos, os partidos deverão concentrar suas campanhas na elaboração de propostas coletivas, de modo que seus candidatos não desvinculem suas propostas políticas pessoais das ideias partidárias.



O problema com essa linha de argumentação é supor que o financiamento público terá o poder mágico de reduzir os custos de campanha. O anteprojeto do relator prevê um sistema eleitoral que preservará todas as características que levam aos altos custos atuais: os candidatos continuarão a ter de percorrer seu Estado (ou sua cidade, nas eleições municipais) inteiro(a) em busca de votos, e seguirão competindo ferrenhamente com centenas de rivais, incluindo seus próprios colegas de partido. Resultado: ou o Governo será pressionado a elevar o financiamento público a níveis estratosféricos, desviando recursos públicos preciosos de áreas como educação e saúde; ou, na prática, se estará institucionalizando o caixa dois. Mas o caixa dois aumentaria de qualquer modo se viesse a prevalecer o sistema eleitoral proposto pelo relator Fontana.



Também estamos propondo, de forma coerente com as regras do financiamento público, um sistema eleitoral que, por intermédio da valorização das campanhas coletivas e programáticas, tenderá a reduzir drasticamente os seus custos. Ao mesmo tempo em que preserva os benefícios proporcionados pela lista partidária preordenada, o sistema proposto não retira do eleitor a possibilidade de interferir no ordenamento da lista, alterando a posição do candidato de sua preferência. Ademais, outra novidade decorrente da introdução do voto duplo nas eleições proporcionais é que o eleitor deverá considerar o seu voto de uma perspectiva partidária. Como os dois votos serão computados no cálculo dos quocientes eleitoral e partidário, os partidos serão estimulados a defender suas propostas e ideias inclusive nas eleições proporcionais, que hoje se caracterizam pelo excessivo personalismo e ausência de espaço para o debate das propostas políticas que serão defendidas no Parlamento.

Ao mesmo tempo, como o eleitor poderá votar em candidatos de partidos diferentes, os partidos deverão ser muito criteriosos tanto na seleção dos candidatos, no posicionamento a eles conferido na lista partidária preordenada e na apresentação de suas propostas políticas, pois o leque das opções à disposição do eleitor não ficará comprometido pela vinculação a priori entre os dois votos (a propósito da desvinculação entre os dois votos, vale lembrar que esta é permitida também na Alemanha, por exemplo, onde o eleitor pode votar em um partido, no voto na lista preordenada, e em candidato de partido diferente, no distrito). Para que possamos ampliar a compreensão dessa sistemática pelo conjunto do eleitorado, o anteprojeto estabelece que o TSE, em seus comunicados nos meios de comunicação, deverá promover campanhas de esclarecimento da população a respeito das regras da representação proporcional adotadas no país. Ademais, reafirmamos o nosso compromisso com a representação proporcional, o direito de voz e de representação às minorias e com a preservação do voto de opinião, comprometidos quando utilizamos o sistema majoritário.



Infelizmente, é difícil imaginar como as campanhas se tornarão “coletivas e programáticas” se o eleitor vai continuar a ter de escolher entre milhares de candidatos disputando entre si os votos de todo um Estado ou município, como ocorre hoje. Aliás, o personalismo das campanhas pode até aumentar: isso porque os partidos que têm poucos votos de legenda tentarão compensar essa deficiência apresentando candidatos de apelo popularesco, como celebridades e excêntricos.

Não há comparação possível com o sistema alemão. Na Alemanha, o eleitor possui dois votos, mas com critérios distintos: um voto elege o representante do seu distrito, por critério majoritário (como se fosse uma eleição para prefeito: cada partido apresenta um candidato, e o mais votado é eleito). O outro voto é na legenda de um partido, e será ocupado conforme ordenação da lista partidária. Nesse modelo sim as campanhas são muitíssimo mais baratas, pois os candidatos pelo critério majoritário fazem campanha apenas no seu distrito, disputando com meia dúzia de concorrentes – e não milhares pelo Estado todo, como no modelo proporcional atual, mantido na proposta do relator.



Em síntese, o fortalecimento dos partidos, a drástica redução da influência do poder econômico nas campanhas eleitorais e a manutenção das virtudes da representação proporcional constituem os pilares do sistema proposto ao país. Aos que pensam de forma diferente, peço que apresentem, de forma coerente e articulada, soluções para os problemas inadiáveis que deveremos enfrentar.



A primeira pergunta a fazer, no caso de mudanças no sistema eleitoral, é qual o seu objetivo. Entendo que uma reforma política deva atender a três demandas principais: democratizar a política, tornar as eleições mais baratas e aproximar o eleitor do seu representante.

O sistema proporcional existente hoje no Brasil eleva demais o custo das campanhas, fortalece o individualismo e distancia representante e representado – poucos se lembram a quem deram o voto, para vereador ou deputado.O anteprojeto só pioraria esse estado de coisas, tornando o processo ainda mais confuso. Querem confusão maior do que um eleitor votar num partido e, ao mesmo tempo, num nome de outro partido?

Estou convicto, há muito tempo, de que o voto distrital seria o melhor remédio para os problemas do nosso sistema. Com ele os deputados disputariam votos numa circunscrição bem menor do que a atual, o que baratearia a eleição. Em cada distrito, cada partido só teria um candidato, o que reforçaria a identidade das legendas; e os eleitores saberiam sempre o nome do “seu” parlamentar, mesmo que não tivessem dado seu voto a ele, o que garantiria um nível de pressão popular e cobrança muito maior sobre o Congresso Nacional.

Como a introdução do voto distrital significaria uma grande mudança de cultura política, tenho proposto uma adoção gradual, começando pelas eleições para vereador nos municípios com mais de 200 mil eleitores (aqueles em que há segundo turno nas eleições para prefeito). Por se tratar de uma eleição local, nelas poderia ser adotado o voto distrital puro: elas seriam divididas em tantos distritos eleitorais quantos forem os vereadores a serem eleitos; em cada distrito, o candidato mais votado é eleito. É um modelo simples, transparente e muito menos custoso.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: Reforma Política

#2 Mensagem por Carnage » 19 Set 2011, 22:38

http://clippingmp.planejamento.gov.br/c ... -distrital
A campanha do voto distrital
Marcos Coimbra - Marcos Coimbra
Correio Braziliense - 18/09/2011


Pode-se concordar ou não com a campanha pró-voto distrital. Mas é ruim quando a opinião pública não fica sabendo de onde vem, quem a inspira e organiza. O risco é que ela compre gato por lebre

A recente campanha em favor do voto distrital tem uma história curiosa. Primeiro, foi divulgada com o estardalhaço que a mídia de direita dedica aos temas que considera prioritários, ocupando a capa de revistas e as colunas de seus comentaristas mais prestigiados. Depois, teve seu lançamento "sério" e "oficial".

Aconteceu esta semana, em São Paulo, no Instituto Millenium, seu 7º Colóquio, com uma interrogação no título Voto Distrital ou Proporcional? Os participantes responderam em coro (quase unânime): distrital.

Várias coisas foram interessantes no evento. Uma, é que, praticamente tudo que havia sido publicado pela imprensa em defesa do voto distrital estava lá: os mesmos especialistas ouvidos eram os palestrantes, os números e cálculos divulgados tinham sido preparados para ele. Parece que a mídia conservadora teve acesso privilegiado e pode antecipar o que seria tratado no Colóquio.

Outra é que, nele, tudo estava mais claro do que na imprensa. Enquanto ela apresentou sua argumentação como se resultasse de reportagens e trabalhos "técnicos", no colóquio a posição política da maioria dos convidados estava escancarada: o presidente do movimento Endireita Brasil foi o mediador dos debates, por exemplo. O evento foi realizado na sede da Federação do Comércio de São Paulo.

O Instituto Millenium congrega empresários, banqueiros, alguns intelectuais e muita gente da grande imprensa: os proprietários dos maiores veículos de comunicação, seus chefes de redação, alguns jornalistas e comentaristas, quase todos os personagens que costumam ouvir quando precisam da opinião de "entendidos" (em qualquer coisa, desde a crise da Líbia à musica popular). Não esquecendo diversos ex-integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso.

Na sua apresentação, o instituto diz que é "referência na divulgação dos temas democracia, liberdade, estado de direito e economia de mercado". Seu objetivo explícito é "atingir a opinião pública, conscientizando-a sobre os valores que considera primordiais para o fortalecimento da democracia e para o desenvolvimento do país".

Trata-se de um think tank da direita brasileira, uma organização destinada a preparar e propagandear sua agenda para o país. A grande diferença que tem em relação a instituições semelhantes em outros países (como os Estados Unidos, onde existem diversas), é a super representação, em seus quadros, de dirigentes dos grandes grupos da indústria da comunicação. Enquanto suas congêneres no exterior precisam dar tratos à bola para levar suas ideias à mídia, aqui as coisas podem ser resolvidas amigavelmente, com todo mundo sentado em torno da mesma mesa.

Não é, no entanto, a primeira vez que, no Brasil, uma entidade como o Instituto Millenium existe e tem essa ligação orgânica com a grande imprensa. No início dos anos 1960, houve algo parecido: o Ipes (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), de atuação nada irrelevante na criação das condições sociais e políticas que levaram ao golpe de 1964. (Chega a ser engraçado: os pais de alguns membros e mantenedores do Millenium fizeram parte do Ipes, confirmando a tese de que "filho de peixe, peixinho é".) Mas isso não quer dizer que o Millenium, nem seus integrantes (certamente não todos), sejam golpistas.

É evidente que as pessoas de direita têm todo o direito de se reunir para discutir suas ideias. De procurar fazer com que elas sejam conhecidas pela sociedade. De usar suas empresas e seu dinheiro para isso.

É natural, na democracia, que apóiem os candidatos com que mais se identificam. Que façam oposição àqueles de que discordam: os esquerdistas, socialistas, progressistas. E que não gostem dos petistas e "lulopetistas" (palavra inventada pelos jornais dos empresários que integram o Instituto).

Seria bom para todos, no entanto, que houvesse mais transparência nas relações entre a direita e alguns grupos de mídia. Que elas fossem assumidas com franqueza.

Pode-se concordar ou não com a campanha pró-voto distrital. Mas é ruim quando a opinião pública não fica sabendo de onde vem, quem a inspira e organiza. O risco é que ela compre gato por lebre.
http://www.cartacapital.com.br/politica ... -distrital
Os equívocos do voto distrital
Marcos Coimbra 17 de setembro de 2011 às 10:21h


Vamos imaginar que, por qualquer razão, a campanha que a direita brasileira move por meio de seus jornais e revistas em favor do voto distrital dê certo. E que, com a mesma irresponsabilidade com que tem sido propagandeado, o Congresso resolva aprová-lo.

As pessoas que foram convencidas pelos argumentos de políticos, jornalistas e intelectuais conservadores se sentiriam bem. Para elas, com o fim do voto proporcional, teríamos dado um grande passo para consertar as deficiências de nossa democracia.

Estariam enganadas.

Acreditaram que ele não tinha contraindicações e que era simples implantá-lo. Mas a verdade é que o voto distrital traz vários problemas e é difícil adaptá-lo à nossa cultura.

A primeira pergunta é quantitativa: quantos distritos haveria no Brasil? Alguns dizem que seriam 513, o número de deputados federais existentes. Mas, nas eleições para as Assembleias, qual seria o número? Os deputados estaduais são 1.059 (incluídos os distritais). Haveria municípios agrupados na eleição para a Câmara, mas separados na estadual?

Teríamos, também, de concordar com o tamanho dos distritos. No ano passado, éramos 135,8 milhões de eleitores. Se fossem 513 distritos, a média seria de perto de 265 mil eleitores em cada um.

Nos países com voto distrital, a praxe é fazer essa conta, aplicando o princípio de “cada cabeça, um voto”. Quando são federativos (como os Estados Unidos), procura-se, no entanto, corrigir a eventual falta de representação dos estados pequenos, assegurando que tenham ao menos um distrito.

Aplicando o princípio e supondo que ficaríamos com 513 distritos (pois seria pouco provável que a sociedade apoiasse o aumento do número de deputados), todos os estados teriam sua representação diminuída, à exceção de São Paulo (onde ela quase dobraria).

Há que pensar no que são distritos com 265 mil eleitores. Como imaginar que neles haveria a propalada proximidade entre representantes e representados? Alguém pensa, a sério, que deputados eleitos com base em territórios tão complexos e heterogêneos estariam “perto” dos eleitores? Que aumentaria a possibilidade de serem cobrados?

E onde começariam e terminariam os distritos recém-criados? O bairro tal ficaria junto de quais outros? A cidade A seria do distrito X ou Y? As microrregiões hoje reconhecidas administrativamente seriam mantidas?

Essas perguntas estão na base do que os norte-americanos chamam de apportionment: a necessidade de calcular e, periodicamente, recalcular o número de distritos dos estados e a combinação de localidades dentro deles, de forma a que reflitam as mudanças demográficas.

É um processo cheio de complicações e possibilidades de manipulação. A ponto de terem inventado uma palavra para designar a procura de vantagens individuais ou partidárias ao fazê-lo. O nome é gerrymandering e ocorre com frequência por lá.

Se, então, o Congresso aprovasse o voto distrital no Brasil, o que teríamos de imediato seriam novos problemas. Em vez de consertar nossos males, criaríamos outros.

Tudo valeria a pena se houvesse certeza da superioridade do voto distrital em relação ao proporcional. Nos aborreceríamos até chegar a ele, mas o resultado compensaria.

Não é, no entanto, o caso.

Por várias razões, o voto distrital está longe de ser uma solução. Nele, é possível que quase a metade de uma região, estado ou do País fique sem representação. E é certo que, para as minorias étnicas, religiosas, culturais, de gênero ou opinião, entre outras, seria quase impossível eleger deputados.

A disputa de votos baseados na territorialidade faz com que o conteúdo político das candidaturas fique em plano secundário. O que predomina é a discussão dos “problemas concretos” e de quem tem “mais capacidade” de resolvê-los. O típico eleito é (e se orgulha disso) um “despachante de luxo”, um parlamentar paroquial que vai para Brasília com a ideia de que só deve explicações à sua região. Isso já existe hoje, e se generalizaria e se intensificaria.

No voto distrital, os candidatos não precisam de seu partido para se eleger. Só sua votação conta. Sentem-se, portanto, donos exclusivos de “seus” votos. Estar filiado a determinado partido chega a ser irrelevante.

Complicado, sujeito a manipulações, o voto distrital é ruim na representação de minorias, leva à falta de ideologia na política e enfraquece os partidos.

Talvez sejam seus problemas que atraiam a direita. Ou, então, ela só quer mesmo é posar de quem tem a solução para o Brasil (mesmo que saiba que é conversa fiada). •
http://osamigosdopresidentelula.blogspo ... oltar.html
Os "modernos" Huck e Tass querem voltar aos tempos do voto bico de pena

Em pleno século XXI, quando há recursos tecnológicos para o cidadão votar até pela internet dentro de casa (e muito melhor informado pela própria internet), inclusive exercendo a democracia direta, os "moderninhos" Luciano Huck e Marcelo Tass se engajam como garotos-propaganda numa bizarra campanha para retornar o voto aos tempos das eleições fraudulentas decididas no bico de pena, resgatando o voto distrital da república velha e do império.

Hoje, os cidadãos tem muito mais facilidade e agilidade de participarem politicamente das grandes causas nacionais em redes sociais, independente do endereço em que moram (distrito).

A internet é a praça moderna, sem fronteiras geográficas, nem sociais. Cada vez faz menos sentido confinar o voto do cidadão para cargos que tratam das grandes questões nacionais, na sua vizinhança, em pequenas províncias (os distritos).

Para tratar dos assuntos locais existem as eleições municipais, com divisão de poderes, atribuições e responsabilidades federativas.

Por trás desse engôdo, esconde-se as intenções de levar as oligarquias políticas do PSDB de volta ao poder, conquistando maioria das cadeiras no Congresso com minoria dos votos.

Com o voto distrital é possível um partido ou coligação ter maioria no Congresso com apenas 25% dos votos populares (leia aqui um artigo explicando).

Na companhia da ditadura

Ao propor o voto distrital, os tucanos repetem a manobra tentada pela ditadura brasileira para permanecer no poder. Não por acaso, a base de apoio da ditadura na imprensa (Globo, Veja, etc.) é a mesma engajada na campanha pelo voto distrital.

No apagar das luzes da ditadura brasileira, em 1982, os feiticeiros políticos da ARENA (partido de apoio a ditadura, ancestral do DEMos), quando perderam o controle sobre o voto popular, tentaram permanecer no poder reintroduzindo justamente o voto distrital, através da Emenda Constitucional nº 22, de 29 de junho de 1982.

Não deu certo. Tal emenda não chegou a funcionar, pois antes das eleições de 1986, foi revogada com o fim da ditadura, pela Emenda Constitucional nº 25, de 1985. A Constituinte cidadã de 1988 decidiu por manter o voto proporcional.

Na companhia de Geoge W. Bush


O "moderno" voto distrital é o mesmo que elegeu George W. Bush presidente dos EUA, com menos cidadãos votando nele do que no adversário.

O resultado no voto direto popular foi:
Al Gore: 51.003.926 votos
George W. Bush: 50.460.110 votos

No sistema distrital estadunidense implantando há mais de dois séculos atrás, onde cada estado representa um distrito, o vencedor em cada distrito indica os delegados que votam no colégio eleitoral. Seguindo esta fórmula, o resultado foi:

Bush: 271 delegados
Gore: 266 delegados

Mesmo perdendo a eleição no voto popular, Bush tornou-se presidente com 5 votos indiretos de delegados a mais.

Voto CQC - Custe o que Custar

Os defensores do voto distrital argumentam que o eleitor exerceria maior controle sobre o deputado, por haver maior proximidade.

Não passa de teoria que não se sustenta na realidade.

O controle pelo eleitor depende de sua consciência política e interesse para acompanhar o desempenho de seu representante, e não do sistema eleitoral pelo qual ele foi eleito.

O vereador mora no município e está próximo ao eleitor, mas as mazelas da corrupção, das caixinhas de empresas de ônibus, da especulação imobiliária, das máfias de lixo, da merenda escolar, dos desvios na saúde, da apostilagem nas escolas, das licitações fraudulentas, do nepotismo, do fisiologismo, do clientelismo, dos super-salários, do legislar em causa própria, costuma ser até maior nas Câmaras de Vereadores (distante dos telejornais de abrangência nacional) do que no Congresso Nacional (mais vigiado pelo noticiário).

A intenção oculta das oligarquias defensoras do voto distrital é o contrário: é o maior controle dos caciques sobre o eleitorado do distrito, como ocorria nos currais eleitorais.

Para oligarquias inescrupulosas é mais fácil comprar votos e manter controle dentro de um pequeno eleitorado confinado em distritos, do que em um eleitorado de massas.

O povo dividido é mais fácil ser vencido


Tal qual um fazendeiro divide sua terra em pastos cercados e currais para melhor controlar a engorda de seu gado para abate, a divisão do eleitorado em distritos - pelas oligarquias - visa controlar a engorda de votos desorganizados para abate da soberania do voto popular, quebrando a estrutura das massas organizadas que não votam neles.

É paraticamente impossível um cacique político controlar as massas organizadas, com consciência dos interesses dos trabalhadores, dos mais pobres, dos mais fracos economicamente, das minorias e maiorias oprimidas e excluídas, quando organizadas em movimentos sociais.

O golpe branco seguinte

Conquistada maioria no Congresso com apenas um mínimo de 25% dos votos, o golpe seguinte seria tomar de assalto o poder executivo, instituindo o parlamentarismo (o sonho do tucanato em eleger o governo indiretamente, com sua aversão ao povão, como já deixou escapar FHC em um artigo).

É relativamente fácil conquistar 30% dos votos, com o eleitorado reacionário, com o poder econômico, e com o apoio maciço da imprensa oligarca. Esses votos podem levar à conquista de mais de 50% dos distritos e, com isso, conseguir nomear primeiro-ministro alguém como José Serra (PSDB/SP), apesar do repúdio popular nas urnas.

Lá se iria o Brasil descendo a ladeira de novo, rumo à quebradeira das crises internacionais e dependência do FMI, para entregar o Pré-Sal, o mercado interno, nossa energia limpa, nossas minas, nossa biodiversidade, nossos aquíferos e nossa produção agrícola e demais riquezas às antigas metrópoles decadentes do hemisfério norte.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Compson
Forista
Forista
Mensagens: 6415
Registrado em: 21 Nov 2003, 18:29
---
Quantidade de TD's: 135
Ver TD's

Re: Reforma Política

#3 Mensagem por Compson » 19 Set 2011, 22:49

A pior catástrofe que pode se abater sobre nós é ser aprovado esse tal de voto distrital...

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Mr.Caos
Forista
Forista
Mensagens: 2610
Registrado em: 14 Nov 2006, 23:22
---
Quantidade de TD's: 177
Ver TD's

Re: Reforma Política

#4 Mensagem por Mr.Caos » 19 Set 2011, 23:47

que tal um tópico sobre Revolução Econômica? é disso que o mundo e o brasil precisam.
Mas essa não será votada em lugar algum, será feita pelas massas. ::gostosa:: :-({|= \:D/ :-maosdadas-:

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

leteseu
Forista
Forista
Mensagens: 20036
Registrado em: 17 Set 2002, 18:23
---
Quantidade de TD's: 36
Ver TD's

Re: Reforma Política

#5 Mensagem por leteseu » 20 Set 2011, 10:16

Compson escreveu:A pior catástrofe que pode se abater sobre nós é ser aprovado esse tal de voto distrital...
Será mesmo? Hoje como está igualmente não funciona.... A saída para isso, no meu ponto de vista, não passa necessariamente pelo tipo de voto, distrital ou não.

O que precisamos é um choque de moralidade a ser iniciado no parlamento, onde deputado joga paciência no plenário.

Grande proposta, que não julgo demagógica, seria o trabalho sem remuneração dos deputados.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Compson
Forista
Forista
Mensagens: 6415
Registrado em: 21 Nov 2003, 18:29
---
Quantidade de TD's: 135
Ver TD's

Re: Reforma Política

#6 Mensagem por Compson » 20 Set 2011, 11:15

leteseu escreveu:
Compson escreveu:A pior catástrofe que pode se abater sobre nós é ser aprovado esse tal de voto distrital...
Será mesmo? Hoje como está igualmente não funciona.... A saída para isso, no meu ponto de vista, não passa necessariamente pelo tipo de voto, distrital ou não.
Ah, sim, mas pensar em "saída" com o Congresso atual é uma concessão excessiva ao otimismo (basta lembrar a Comissão da Verdade, que está para ser votada e que foi tão despojada de suas atribuições que está mais para Comissão de Mentirinha). Estou pensando em como não piorar.

Que eu saiba, há dois argumentos a favor do voto distrital (pleno ou misto): uma maior identificação do distrito com seu representante e uma tendência ao bipartidarismo, ou seja, a uma maior clareza sobre o espectro ideológico dos partidos.

Quem defende isso, para mim, esquece de duas coisas: os representantes mais "identificados" com sua região são justamente os mais populistas e clientelistas, portanto os mais ligados às correntes políticas tradicionais (basta ver como se dão as eleições municipais fora dos grandes centros). Por isso, o tal "bipartidarismo" tenderia mais a uma aberração do tipo PMDB x DEM (dois balaios de gatos) do que a uma oposição ideológica como um dia já houve entre PT x PSDB.

Além disso, um sistema de voto distrital pleno eliminaria qualquer representação de minoria: bem ou mal, se o sistema atual permite esquisitices como Tiririca, Maluf e Garotinho, o sistema distrital, além de não evitar esse problema (basta o figurão escolher o distrito certo), eliminaria as minorias, desde comunistas até os movimentos identitários (negros, homossexuais...), pois é muito improvável que estes encontrem um distrito onde consigam maioria. O sistema misto ameniza um pouco esse problema, mas ainda é pior para os pequenos.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Gilmor
Forista
Forista
Mensagens: 753
Registrado em: 11 Ago 2011, 23:48
---
Quantidade de TD's: 0
Ver TD's

Re: Reforma Política

#7 Mensagem por Gilmor » 20 Set 2011, 12:47

leteseu escreveu: O que precisamos é um choque de moralidade a ser iniciado no parlamento, onde deputado joga paciência no plenário.
Não podemos esquecer dos corruptores, as grandes empresas que financiam e depois manipulam essa corja.

Ontem assisti o documentário do Silvio Tendler sobre os agrotóxicos, é assustador mas recomendo a todos, o brasileiro é o maior consumidor de veneno do planeta, isso graças a uma bancada ruralista que é financiada por multinacionais como a Monsanto, só pra terem uma ideia agrotóxico no Brasil tem isenção tributária, é mole?

Vale a pena, e é de graça, O veneno está na mesa:

http://www.youtube.com/watch?v=8RVAgD44AGg

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Mr.Caos
Forista
Forista
Mensagens: 2610
Registrado em: 14 Nov 2006, 23:22
---
Quantidade de TD's: 177
Ver TD's

Re: Reforma Política

#8 Mensagem por Mr.Caos » 20 Set 2011, 19:00

leteseu escreveu:
Compson escreveu:A pior catástrofe que pode se abater sobre nós é ser aprovado esse tal de voto distrital...
Será mesmo? Hoje como está igualmente não funciona.... A saída para isso, no meu ponto de vista, não passa necessariamente pelo tipo de voto, distrital ou não.

O que precisamos é um choque de moralidade a ser iniciado no parlamento, onde deputado joga paciência no plenário.

Grande proposta, que não julgo demagógica, seria o trabalho sem remuneração dos deputados.
Muito provavelmente teria o efeito inverso. Ser corrupto se tornaria quase uma obrigação de ser deputado. É mesmo que iam atrás do pote de ouro para fazer valer a pena o investimento.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

leteseu
Forista
Forista
Mensagens: 20036
Registrado em: 17 Set 2002, 18:23
---
Quantidade de TD's: 36
Ver TD's

Re: Reforma Política

#9 Mensagem por leteseu » 20 Set 2011, 19:56

Parlamentos municipais de um determinado país nórdico não remuneram os parlamentares. Há gente de todos os níveis sociais nestes parlamentos pois as pessoas exercem atividades no seu dia-a-dia e dedicam parte do tempo ao parlamento.

A corrupcão é notavelmente inferior àquela que ocorre em nossos parlamentos municipais.

Deixar de remunerar não resolve é claro. Todavia se tivéssemos um sistema jurídico eficiente os corruptos e corruptores pensariam antes de agir ilicitamente. Com garantia de punicão e trabalho sem remuneracão teríamos apenas parlamentares vocacionados.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

caçador_novo
Forista
Forista
Mensagens: 666
Registrado em: 27 Out 2008, 01:29
---
Quantidade de TD's: 73
Ver TD's

Re: Reforma Política

#10 Mensagem por caçador_novo » 20 Set 2011, 22:30

Edu28 escreveu:
leteseu escreveu:
Compson escreveu:A pior catástrofe que pode se abater sobre nós é ser aprovado esse tal de voto distrital...
Será mesmo? Hoje como está igualmente não funciona.... A saída para isso, no meu ponto de vista, não passa necessariamente pelo tipo de voto, distrital ou não.

O que precisamos é um choque de moralidade a ser iniciado no parlamento, onde deputado joga paciência no plenário.

Grande proposta, que não julgo demagógica, seria o trabalho sem remuneração dos deputados.
Muito provavelmente teria o efeito inverso. Ser corrupto se tornaria quase uma obrigação de ser deputado. É mesmo que iam atrás do pote de ouro para fazer valer a pena o investimento.
O problema é que a remuneração de um deputado, geralmente, não paga o investimento feito na sua campanha. Assim sendo, das duas uma, ou o deputado é rico e gosta de usar seu dinheiro para contribuir com o progresso nacional (será que existe isso?) ou a campanha é custeada por alguém. Claro que esse alguém vai mandar a conta um dia.
Assim, não é o fato de receber salários que impede a ocorrência de votações encomendadas.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: Reforma Política

#11 Mensagem por Carnage » 20 Set 2011, 22:38

leteseu escreveu:Grande proposta, que não julgo demagógica, seria o trabalho sem remuneração dos deputados.
Proposta interessante, mas ela também não pode gerar problemas?

Afinal, se o cara "trabalha" sem receber, pode ficar ainda mais tentado a fazer uns "esqueminhas" pra ganhar uns trocados, ou seja, votar projetos em troca de grana mesmo.
leteseu escreveu:Parlamentos municipais de um determinado país nórdico não remuneram os parlamentares. Há gente de todos os níveis sociais nestes parlamentos pois as pessoas exercem atividades no seu dia-a-dia e dedicam parte do tempo ao parlamento.

A corrupcão é notavelmente inferior àquela que ocorre em nossos parlamentos municipais.

Deixar de remunerar não resolve é claro. Todavia se tivéssemos um sistema jurídico eficiente os corruptos e corruptores pensariam antes de agir ilicitamente. Com garantia de punicão e trabalho sem remuneracão teríamos apenas parlamentares vocacionados.
Interessante, mas será que funcionaria numa democracia tão "novinha" como a nossa e num país com níveis de escolariade tão baixos? Comparar com um país onde quase todo mundo tem curso superior não acho que seja viável.

Com relação ao sistema jurídico, atualmente ele me parece mais parte do problema do que possíbilidade de solução, já que a corrupção permeia lá também.

ver aqui:
http://www.gp-guia.net/viewtopic.php?p=1 ... 4#p1573801

E o caso enfático do ministro do supremo, Gilmar Mendes.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Compson
Forista
Forista
Mensagens: 6415
Registrado em: 21 Nov 2003, 18:29
---
Quantidade de TD's: 135
Ver TD's

Re: Reforma Política

#12 Mensagem por Compson » 21 Set 2011, 13:40

Carnage escreveu:
leteseu escreveu:Parlamentos municipais de um determinado país nórdico não remuneram os parlamentares. Há gente de todos os níveis sociais nestes parlamentos pois as pessoas exercem atividades no seu dia-a-dia e dedicam parte do tempo ao parlamento.

A corrupcão é notavelmente inferior àquela que ocorre em nossos parlamentos municipais.

Deixar de remunerar não resolve é claro. Todavia se tivéssemos um sistema jurídico eficiente os corruptos e corruptores pensariam antes de agir ilicitamente. Com garantia de punicão e trabalho sem remuneracão teríamos apenas parlamentares vocacionados.
Interessante, mas será que funcionaria numa democracia tão "novinha" como a nossa e num país com níveis de escolariade tão baixos? Comparar com um país onde quase todo mundo tem curso superior não acho que seja viável.
Além disso, ser parlamentar de uma cidade pequena é quase como participar do conselho de condomínio... Ser deputado federal no Brasil é uma exigência full time, só pelas distâncias que o cara tem que percorrer entre o Congresso e o Estado de origem....

Lembrando que, em sua maioria, os políticos são ricos porque são políticos, não o contrário! Quer dizer, um trabalhador médio não poderia abrir mão de quatro anos de remuneração e de sua vida profissional para servir ao país... Creio que a tendência seria tornar as relações mais promíscuas e clientelistas, pois o cara teria que ganhar a vida de outro jeito. Não que os promíscuos e clientelistas não existam hoje, mas a não remuneração tenderia a afastar os que não são.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Vasili Zaitsev
Forista
Forista
Mensagens: 42
Registrado em: 19 Ago 2011, 21:00
---
Quantidade de TD's: 0
Ver TD's

Re: Reforma Política

#13 Mensagem por Vasili Zaitsev » 21 Set 2011, 21:23

A corrupção encurrala o PT

Publicado em Quinta, 15 Setembro 2011 20:24 Escrito por Eymar Mascaro ..

O medo no PT é que a oposição consiga carimbar Lula de ter sido patrono de um dos governos mais corruptos no País. Os petistas tem motivos para proteger a imagem do ex-presidente, porque Lula pode voltar a ser candidato ao Planalto.

O mote da oposição é insistir nas denúncias de que Lula deixou para Dilma Rousseff, como herança, nichos de corruptos em alguns ministérios e em outros setores do governo. Além de encurralar Lula, a oposição coloca Dilma Rousseff na alça de mira, acusando a presidente de ter paralisado a faxina para não atingir o PMDB com suas vassouradas.

Dilma também tem motivos para não colocar a carroça na frente dos bois: se ela fizesse nos ministérios ocupados pelo PMDB o que fez, por exemplo, na pasta dos Transportes, que era pilotada pelo senador do PR, Alfredo Nascimento, compraria uma briga com o vice-presidente Michel Temer.

As denúncias de corrupção no governo do PT estão sendo arquivadas pela oposição para serem usadas nas próximas campanhas, as municipais do ano que vem e as de presidente e governador em 2014. Na tentativa de recuperar o poder, a oposição não quer brincar em serviço: vai usar nas inserções partidárias na televisão tudo o que for negativo para o PT para comprometer a gestão de Dilma Rousseff. PSDB e DEM estão convictos de que as próximas pesquisas vão revelar queda no índice de popularidade da presidente.

Líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias continua aproveitando as denúncias contra o governo para se firmar como principal porta-voz da oposição no combate a Dilma Rousseff. Além de ganhar espaço na mídia, Álvaro Dias tenta sedimentar sua pré- candidatura ao governo do Paraná em 2014.

Opositores reconhecem que o senador paranaense desempenha no Congresso o papel que deveria ser estrelado pelo presidenciável Aécio Neves. Na verdade, Aécio fica na expectativa assistindo aos ataques de Álvaro Dias à presidente.

O senador mineiro age no sentido inverso ao desejado por José Serra, que gostaria de ver todos os tucanos infernizando a vida de Dilma Rousseff. Nem todos os tucanos que exercem liderança nos seus estados, como Geraldo Alckmin e Fernando Henrique, endossam o tipo de oposição que Álvaro Dias faz no Senado.

Vira e mexe, o governador paulista se atrela a Dilma Rousseff, como ocorreu na última terça-feira em São Paulo. A cúpula do PT continua não aprovando a aproximação da presidente com alguns tucanos. Lula chegou a ser convidado para participar do encontro de Dilma e Alckmin no Palácio dos Bandeirantes, mas não compareceu. O PSDB ainda é o principal partido que pode ameaçar a continuidade do PT no Poder,a partir de 2014.

O partido tem dois fortes pretendentes à candidatura ao Planalto, José serra e Aécio Neves. Se a escolha do candidato fosse hoje, o senador mineiro levaria vantagem. Detalhe: a pré-candidatura de Aécio nasceu no dia em que as urnas decretaram em 2010 a derrota de Serra. Mesmo derrotado por Dilma, Serra não desistiu de continuar lutando por mais uma candidatura presidencial.

Tucanos, como José Serra, estão convencidos de que Lula não fala com sinceridade quando defende
a reeleição de Dilma Rousseff. Para Serra, Lula se comporta como quem corre atrás de outra candidatura.

Prova disso é que Lula imprime viagens pelo País fazendo pregação política.

O ex-presidente, contudo, jura que não pleiteará ser candidato em 2014 e que continuará apoiando sua sucessora. Dilma dá mostra de que acredita nas juras de amor de Lula.

http://www.dcomercio.com.br/index.php/o ... rrala-o-pt

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: Reforma Política

#14 Mensagem por Carnage » 21 Set 2011, 22:08

A corrupção encurrala o PT

Publicado em Quinta, 15 Setembro 2011 20:24 Escrito por Eymar Mascaro ..

O medo no PT é que a oposição consiga carimbar Lula de ter sido patrono de um dos governos mais corruptos no País. Os petistas tem motivos para proteger a imagem do ex-presidente, porque Lula pode voltar a ser candidato ao Planalto.
Não creio que isso aconteça.

O governo Lula foi fustigado 8 anos ininterruptos com denúncias e escandâlos, e ainda assim:
http://www.iguatunoticias.com/2011/09/p ... sgata.html
Numa pergunta comparativa da percepção do público sobre corrupção nos governos FHC e Lula, 31% afirmaram que ela era maior sob o governo FHC e 21% avaliam que o governo Lula era mais corrupto. E a maioria dos entrevistados (35%) acha que não há diferença entre os dois governos nesse aspecto.
Se depois de tanto tempo de bombardeio a maioria das pessoas ainda acha que a corrupção no governo FHC era igual ou maior, acho que isso vai demorar muito pra mudar.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: Reforma Política

#15 Mensagem por Carnage » 21 Set 2011, 22:09

http://antoniolassance.blogspot.com/201 ... forma.html?
O Parlasul como experimento de reforma política

Artigo publicado na revista do IPEA, Desafios do Desenvolvimento, nº 66

do blog de Antonio Lassance


O Brasil não é muito dado a experimentos em matéria de reforma política. À exceção das variações ocorridas entre os períodos de ditadura e transição para a democracia, e da instituição da emenda constitucional da reeleição, em 1997, as reformas costumam ser parciais, incrementais e muitas vezes desfeitas pela magistral capacidade dos políticos de darem nó em pingo d’água. Os partidos e suas lideranças pouco arriscam a promover mudanças, tanto pela incerteza de seus impactos quanto pelo interesse dos já eleitos em manter as regras que lhes foram favoráveis.

Mas os políticos e seus partidos não são os únicos arredios. “Nós, o povo”, também parecemos muito mais interessados em mudar os jogadores do que as regras do jogo, como nas duas vezes em que fomos submetidos a plebiscitos que colocaram o presidencialismo em xeque. Tampouco há consenso sobre o tema entre os especialistas. Há desde cientistas políticos que consideram que não se deve mudar nada, pois há o risco de tudo ficar pior, quanto os que defendem mexer em quase tudo: criar distritos, acabar com coligações, instituir voto em lista, obrigar à absoluta fidelidade partidária e garantir financiamento público das campanhas. Em posição intermediária estão os que consideram as reformas bem-vindas, mas inviáveis de serem feitas em bloco. Deveríamos, segundo esses, nos contentar com uma estratégia fatiada, com poucas alterações por vez. Ao invés do ideal, o possível.

A inviabilidade de modificações muito mirabolantes e a aversão ao risco tiveram a consequência, na última década, de transformar o Judiciário no grande reformador do sistema político do País. Embora os juízes tenham exercido sua prudência, é sinal de que há um problema quando o resultado das eleições sai dos tribunais, e não das urnas.

Mudanças mais amplas deveriam ser testadas antes de serem aceitas. Um pouco de experimentação é muito importante, mas nem sempre possível. Por isso, vale a pena uma atenção especial à tramitação do projeto para as eleições do Parlamento do Mercosul (Parlasul), que podem ocorrer em outubro de 2012 ou, como é mais provável, em 2014.

Neste ano, o Brasil passa a ter 37 representantes, dentre seus deputados e senadores eleitos para o Congresso Nacional. Quando realizar eleições diretas, terá direito a 75 parlamentares no Parlasul.

O projeto prevê o sonho de consumo de muitos dos que apregoam uma ampla reforma do sistema político brasileiro, a começar pela lista partidária. Os eleitores votariam diretamente nos partidos, sabendo exatamente a ordem dos candidatos que podem ser eleitos para o Parlamento do Mercosul.

Não haveria coligações e os escolhidos atenderiam a critérios atinentes à representatividade regional e de gênero. Se a lista partidária for encabeçada por um homem, de uma região do País, a segunda da lista será uma mulher, de outra região. Os eleitos não poderiam deixar seus mandatos para assumir cargos no Executivo. O voto seria dado em candidatos nacionais, a princípio, uma grande ajuda para estimular o debate qualificado sobre temas estratégicos à integração sulamericana. As campanhas teriam financiamento público. Hoje, o financiamento privado não só é permitido como tem o eufemístico apelido de “doação”, quando todos sabem muito bem que “não existe almoço grátis”.

Veremos como os partidos se comportam. Alguns apresentarão chapas recheadas de “notáveis”, com ex-chanceleres, ex-presidentes, intelectuais de renome, ou parlamentares que mostraram vocação para questões ligadas ao Mercosul. Claro que haverá quem pretenda abrigar políticos que perderam espaço nas disputas eleitorais tradicionais e estariam satisfeitos em fazer do Parlasul sua sinecura. Mas também é possível supor que algumas listas estarão abertas a promover uma renovação de quadros, atraindo quem nunca se aventurou a brigar por uma vaga de deputado ou senador. A propósito, desde que começou a organizar edições do Fórum Social Mundial, o Brasil tem várias lideranças, bastante articuladas no continente, que poderiam figurar em listas.

Três tradicionais destinos podem ser dados à proposta: ser melhorada, piorada ou engavetada. Se tudo caminhar bem, o País terá aproveitado a oportunidade de dar mais peso à dimensão política, democrática e de discussão de políticas públicas no Mercosul.

Na pior das hipóteses, se nada surgir de diferente, veríamos que embora as regras sejam essenciais, nem sempre são suficientes para garantir a escalação de nossos melhores jogadores e a satisfação dos que torcem pelo melhor resultado. Nesse caso, a lição seria a de que se deve diminuir as expectativas de que uma reforma política seja capaz, por si só, de provocar mudanças espetaculares.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Responder
  • Tópicos Semelhantes
    Respostas
    Exibições
    Última mensagem
  • Política do fôro pra repetecos?
    por DozeBracas » » em Rio Grande do Sul / Assuntos Gerais
    6 Respostas
    1671 Exibições
    Última mensagem por Roller Coaster

Voltar para “Assuntos Gerais - OFF Topic - Temas variados”