Um exemplo de pessoa que, com sua atitude, pode transformar para melhor o mundo em que vivemos. Religião e a crença em um ser superior não prestam, servem apenas para espalhar falsas concepções acerca da vida e do mundo ou manter enormes contingentes de pessoas na mais negra miséria.
Ao contrário do que se pensa, religião e crença em ser superior não são inofensivos, promovem o ódio, como no caso de israelenses e árabes ou atos selvagens, como o ataque às torres gêmeas, que foi feito em nome de deus e, posteriormente, a guerra que se seguiu com a invasão do Afeganistão e do Iraque, também feito pelos neoconservadores em nome de deus. Em São Paulo, a administração Kassab manda a polícia dar batidas nos bordéis a pedido da rede Record (Igreja Universal do Reino de Deus) e do vereador Polinário (Assembéia de Deus), levando para a delegacia pessoas cujo único crime é manter relações sexuais.Escritor israelense obtém da Justiça sentença que o declara sem religião
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Yoram Kaniuk compara o judaísmo ao Islã
O escritor israelense Yoram Kaniuk (foto), 81, foi reconhecido por um tribunal como "sem religião", não pertencente, portanto, ao judaísmo no cartório.
"É uma decisão de importância histórica porque ela estabelece uma jurisprudência", disse.
Após ter solicitado sem sucesso ao ministério do Interior a eliminação de qualquer menção religiosa no documento de estado civil, o escritor apelou em maio à Justiça com o argumento de que não desejava pertencer "ao que se chama de religião judaica em Israel", a qual comparou ao islã no Irã.
Esta semana, o tribunal de Tel Aviv considerou que qualquer cidadão tem o direito de definir-se como "livre de religião", de acordo com a lei fundamental israelense sobre a liberdade e a dignidade humanas.
Até então, os tribunais israelenses haviam rejeitado os recursos de intelectuais laicos para autorizar a inscrição da menção "israelense" nos documentos, como nacionalidade, ao invés, por exemplo, de "judeu" e "árabe".
A associação "Eu sou israelense", que recebeu milhares de assinaturas de apoio, pede há vários anos que palavra "israelense" seja adotada nos registros de estado civil. Existem 134 grupos nacionais reconhecidos pela lei de Israel, incluindo minorias religiosas, mas não o "povo israelense".
O ministério do Interior, tradicionalmente dominado por partidos religiosos, não aceita a menção "povo israelense" por incluir judeus e não judeus, o que prejudica o caráter judaico do Estado. Há muitos anos, nacionalidade e religião não figuram nos documentos de identidade, apenas nos registros de estado civil.
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'Israel tem de decidir: ser país democrático ou país judeu religioso'
depoimento de Yoram Kaniuk, 81, a propósito de
Escritor israelense obtém da Justiça sentença que o declara sem religião.
Tomei a decisão por que não queria ser minoria em minha própria família [risos]. Sou casado há 50 anos com uma americana não judia. Minhas filhas nasceram aqui, serviram o Exército, são cidadãs israelenses, mas não são consideradas judias. Ganhei um neto e ele foi considerado "sem religião", por ser filho de não judia. Decidi que quero ser como o meu neto.
Cansei do controle da religião neste país. É um ciclo perigoso: os religiosos se fortalecem politicamente e impõem mais e mais a religião sobre nós. Até o calendário e o horário de verão são impostos pelos religiosos. Há um controle inaceitável sobre a vida das pessoas. Querem transformar Israel num Estado religioso.
Lutei pela criação deste país. O objetivo não era um Estado judeu. [David] Ben Gurion [fundador de Israel] não sonhou com isso, ele não acreditava em religião. O que ele queria era um lar nacional para o povo judeu.
Decidi que quero ter a nacionalidade judia, não a religião. Mas Israel não reconhece isso. Bibi [premiê de Israel, Binyamin Netanyahu] fala o tempo todo que os palestinos devem reconhecer o caráter nacional judeu de Israel, mas o próprio Estado não reconhece a nacionalidade judia sem a religião.
A decisão judicial é histórica. O juiz abriu uma brecha que, espero, levará à separação entre Estado e religião. Ainda não é uma revolução, mas pode ser o começo.
Esse veredicto pode começar a quebrar o monopólio político dos religiosos. Se houver separação entre Estado e religião, eles não terão mais o mesmo poder político. Hoje, nosso modelo lembra a Idade Média. Quando a religião tem o controle, a vítima é sempre a liberdade.
Minha mulher e minhas filhas nunca sofreram por não serem judias. Vivemos em Tel Aviv, uma cidade muito liberal. Mas é humilhante, porque não são como os outros.
Todas as reações que recebi até agora foram muito boas. Milhares de pessoas esperam por isso há anos, e acho que muitas seguirão o meu exemplo. Ninguém me atacou ainda, mas espero que isso aconteça [risos].Sou um lutador.
Israel tem de decidir: pode ser país democrático ou país judeu religioso. Não pode ser os dois. Religião é dogma, não aceita a democracia.
Se em um ou dois anos não acontecer uma mudança, este país está perdido. Se tornará um Estado religioso e sem mão de obra, sem soldados para defendê-lo nem gente capacitada para desenvolver alta tecnologia.
Sustentamos centenas de milhares de parasitas. Hoje quase 50% dos alunos de classes primárias são ortodoxos, e a maioria não se integrará ao Estado.
Além de tudo, a falta de separação entre Estado e religião permite que o fascismo se espalhe. O incêndio criminoso da mesquita no norte de Israel é só um exemplo.
Há fascistas nos assentamentos que fazem o que querem e o governo não faz nada. Atacam árabes, arrancam suas oliveiras, vandalizam mesquitas e o governo faz vista grossa, pois teme perder seu apoio político.
Chegamos a um beco sem saída. Por isso o veredicto que me foi concedido é tão importante: cria uma brecha histórica para mudarmos isso, para acabarmos com a legitimidade dos fascistas que usam a religião.
Se Israel for mais democrático e menos religioso, o Estado poderá agir contra esses hooligans.
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