Lembrei um pouco de uma questão levantada no tópico sobre a "obra de arte musical" do "respeitadíssimo" (pelo menos entre jogadores de futebol e gringos meio equivocados) Michel Teló, 'ai se eu te pego'. A incapacidade de alguns milhões de indivíduos de se sentir felizes ou admirados com o sucesso alheio. Bando de invejosos incapazes!
Eu mesmo não me sinto muito propenso a ter admiração por profissionais bem-sucedidos de áreas que não me interessam muito, de áreas que eu não considero muito como legítimas, de quem não faça parte do meu círculo de afetos ou que não desperte em mim algum tipo de afeição; do contrário, são pessoas pelas quais eu costumo nutrir indiferença, antipatia, aversão ou ódio mesmo. Não costumo tomar uma atitude ativa em exteriorizar tais sentimentos, muito menos tentar prejudicar a pessoa mas meu dia não fica menos cinzento ao saber que tal pessoa chegou a um cargo de chefia, ganhou na loteria, entrou para a lista da Forbes ou passou a ganhar 3 milhões de reais por mês. Isso é inveja. E dependendo do temperamento da pessoa, a reação a ela pode ser desastrosa - caso daqueles que partem para a ação e, mesmo que isso não lhe traga nenhum benefício, faz de tudo para puxar o tapete alheio. Não é o meu caso. Eu, no máximo, ficaria feliz se o Neymar digamos.... rompesse um ligamento; se o Eike Batista fosse à falência.... mas nunca tomaria parte em algo para que tais coisas acontecessem. É claro que a reação à inveja pode impulsionar a pessoa a se esforçar mais, buscar mais conhecimentos, gerar novas ideias, enfim, pode servir de combustível para a pessoa subir na carreira e na vida; enfim é uma questão da combinação da inveja com a pessoa de temperamento certo. Nesse ponto ela é muito mais importante do que a admiração (a inveja branca) pois enquanto a inveja "do mal" (aquela que te faz perder o sono, ter dores pelo corpo, ferver de ódio e bradar as injustiças do mundo aos quatro cantos) te impele à ação, a se mexer, a dar um jeito na situação (ai o desfecho, bom ou ruim, vai depender do temperamento) a admiração é um sentimento pacífico, conciliador, relaxante que faz com que você se harmonize com a outra pessoa, se sinta realizado, feliz através dela e se conforme com a própria mediocridade. Você tende a se esforçar menos por estar menos incoformado já que aquela pessoa mereceu chegar lá e você não tem o direito de se incomodar com isso. Quando você se dá conta está com 40 e poucos anos, ainda vivendo de um empreguinho qualquer, esperando a aposentadoria, enquanto a sua pessoa admirada está no topo do mundo.
Então, também acho que uma pessoa que não teve inimigos na vida é uma pessoa que não realizou nada e foi mais além: se conciliou com a ideia de fracasso, sentindo-se feliz com o sucesso alheio.