http://br.noticias.yahoo.com/p%C3%BAbli ... 00034.htmlApenas uma plástica
Por Walter Hupsel | On The Rocks – ter, 31 de jan de 2012
Entrou em vigor na semana passada o acordo entre o Governo do estado de São Paulo e a a Apas (Associação Paulista de Supermercados) para banir as sacolas plásticas. Com este acordo, os supermercados de São Paulo não precisarão mais fornecê-las gratuitamente aos clientes que deverão levar as suas sacolinhas ecológicas, as ecobags, requisitar caixas de papelão para o transporte ou comprar as mesmas que antes recebia "de graça" por cerca de vinte centavos.
A preocupação do poder público é louvável. Sacolas plásticas são mesmo um problema ambiental, tanto pela sua produção quanto pelo tempo que levam para se decompor, mais de um século, e o impacto destas na natureza é brutal, sendo inclusive responsável pela morte dos animais que as comem.
Louvada a atitude, a preocupação ambiental do governo, há alguns problemas. Uma boa parte das sacolinhas era reutilizada, servia como lixo de banheiro, de cozinha, servia para que os donos de cachorros (ou alguns deles) recolhessem os cocôs de seu bichinhos do meio da calçada. Suponho que estas sacolinhas serão compradas, assim como aquele que resolveu dar uma passadinha no mercado, sem ter se planejado e não pode ou consegue carregar uma caixa de papelão (ônibus, bicicleta ou mesmo a pé).
Será que vai diminuir tanto assim? Quanto? Números são escassos e imprecisos.
Seria muito mais útil pro meio ambiente investir em coleta seletiva, em usinas de compostagem, em incentivos ao transporte público. Morei em três bairros diferentes nos últimos anos, em nenhum havia coleta seletiva, reciclagem etc... se somos campeões em reciclagem os somos às expensas do poder público, de políticas sérias, pensadas e arquitetadas no médio e longo prazo. A reciclagem de latinhas de alumínio foi a maneira de sobreviver de milhares de famílias brasileiras jogadas na miséria. É este exército de pessoas, paupérrimas, que ajuda, como sub-produto da própria miséria, a nos dar o recorde na reciclagem de alumínio. Em suma, se temos números a fornecer no quesito da reciclagem e da questão ambiental, estes não se devem aos governos, mas a uma estrutura social perversa.
Mas não. A saída é sempre o caminho mais fácil, que nada ou pouco resolve. O governo joga com a platéia em uma ação populista que terá bem pouco impacto no meio ambiente. Faz publicidade, angaria simpatias sem sequer tocar no problema a fundo. As sacolinhas continuarão sendo utilizadas, em uma quantidade um pouco menor, é verdade, mas que terá um impacto mínimo.
As sacolinhas continuarão sendo... vendidas. Talvez isso dê uma ideia do porquê do acordo, talvez isso dê uma ideia de qual é a platéia agraciada.
Público deve ter alternativa gratuita para levar compra
Agência Estado
Por Chico Siqueira, especial para a AE | Agência Estado – qua, 1 de fev de 2012
A Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-SP) divulgou nesta quarta-feira nota afirmando que os supermercados são obrigados a oferecer uma alternativa gratuita para os consumidores levarem suas compras para casa sem transtornos. Segundo a nota, na ausência de tal alternativa, os supermercados terão de fornecer as sacolas biodegradáveis gratuitamente.
"...Os estabelecimentos devem oferecer uma alternativa gratuita para que os consumidores possam finalizar sua compra de forma adequada...", diz um trecho da nota, que continua: "É importante destacar que, na ausência de opção gratuita para que o consumidor possa concluir sua compra, usufruindo de maneira adequada o serviço, o estabelecimento deverá fornecer gratuitamente a sacola biodegradável, respeitando assim os ditames do Código de Defesa do Consumidor (CDC)".
A medida, segundo o Procon, deve ser adotada "pelo tempo necessário à desagregação natural do hábito de consumo". O 'hábito de consumo' é a distribuição gratuita de sacolas de plástico, que era feita há mais de 40 anos pelos supermercados. O Código de Defesa do Consumidor diz no artigo 39 que é vedado ao fornecedor de serviços e produtos "recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e ainda, de conformidade com os usos e costumes".
http://br.noticias.yahoo.com/restri%C3% ... 00368.html
Restrição às sacolas em SP já resulta em demissões
Agência EstadoPor André Magnabosco | Agência Estado – qua, 25 de jan de 2012
Os fabricantes de sacolas plásticas já sentiram os primeiros efeitos do acordo entre as entidades representantes dos supermercados e os governos da cidade de São Paulo e estadual com o objetivo de restringir a distribuição gratuita do produto no varejo local. Desde dezembro, informam representantes da cadeia plástica, grandes redes varejistas interromperam as encomendas. Em resposta à queda das vendas, algumas fabricantes do produto já anunciaram as primeiras demissões, situação que também deve atingir o setor de máquinas utilizadas no segmento. "Há mais de um mês as empresas suspenderam as compras e as demissões já começam a criar apreensão nos sindicatos", destaca o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief), Alfredo Schmitt, sem quantificar o número de demitidos até o momento.
O consumo de sacolas plásticas no Estado de São Paulo movimenta aproximadamente R$ 200 milhões por ano, segundo estimativas de especialistas do setor. São utilizadas cerca de 6 bilhões de sacolas no Estado, o equivalente a quase 40% do mercado nacional. Por isso, os representantes da indústria plástica temem que o fim da distribuição gratuita nos supermercados de São Paulo possa atingir um grande número de pessoas.
Estimativas da Plastivida, entidade que defende a utilização apropriada do plástico, indicam que o mercado de sacolas plásticas responde por aproximadamente 30 mil empregos diretos e outros 80 mil indiretos no País. Além disso, lembra o presidente da entidade, Miguel Bahiense, a restrição à distribuição também pode atingir os trabalhadores responsáveis pelo empacotamento de mercadorias nos supermercados. O número de demissões, contudo, não pode ser estimado uma vez que a receptividade da medida pelos consumidores de São Paulo precisará ser analisada, pondera Bahiense.
A campanha, chamada de "Vamos Tirar o Planeta do Sufoco", teve início nesta quarta-feira e conta com o apoio da Associação Paulista de Supermercados (Apas). O acordo que sugere o fim da distribuição de sacolas plásticas não impõe qualquer medida por parte das redes varejistas, mas o apoio da entidade e a participação de grandes grupos como Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart fortalecem a iniciativa voluntária.
Apesar do apelo ambiental da campanha, os especialistas da indústria plástica defendem que a medida não representará ganhos efetivos para o meio ambiente. Eles alertam que a sacola plástica tradicionalmente distribuída nos supermercados de grande parte do País poderá ser substituída por materiais menos apropriados à conservação e transporte de resíduos, como o papelão. Outra opção cogitada pelos especialistas é que, sem a sacolinha, consumidores, principalmente com menor poder aquisitivo, deixem de utilizar qualquer tipo de proteção na armazenagem do lixo.
Varejo
Para Schmitt, o acordo que entra em vigor hoje representa uma derrota para o consumidor e uma vitória para as redes varejistas. Mas se por um lado o acordo é criticado por fabricantes, por outro há pesquisas que apontam o apoio dos consumidores à restrição ao uso de sacolas plásticas. Levantamento realizada pelo Ibope em Jundiaí (SP) indica que 77% da população é favorável ao modelo sem sacolas descartáveis produzidas a partir do petróleo.
Com o fim da distribuição gratuita, os supermercados passaram a cobrar aproximadamente R$ 0,19 por sacolinha fornecida. Outra opção é o uso das chamadas ecobags, sacolas elaboradas cujo principal diferencial é a durabilidade do material e sua característica reutilizável.
Na eventualidade de uma migração integral das sacolas tradicionais para um produto biodegradável, a produção seria equivalente a dois dias de consumo, estima Bahiense, que nesta quarta-feira visita supermercados de São Paulo. "É que para isso precisamos de uma resina importada", afirma. Outra opção é a produção de sacolas a partir de resinas desenvolvidas com o uso da cana de açúcar ou do milho. Ainda assim a produção nacional é insuficiente para atender à demanda doméstica.
Diante do impasse, os fabricantes de sacolas aguardam a análise de uma ação civil pública proposta pela classe de trabalhadores da indústria química na qual o acordo entre varejistas e a esfera governamental é questionado. Em meados do ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) votou de forma contrária a uma lei municipal que proibia a distribuição gratuita ou venda de sacolas plásticas nos estabelecimentos comerciais da capital paulista.