Eu só encontro uma explicação. Acredito que gente que age dessa forma são pessoas que tiveram poucos relacionamentos em vida; muito provavelmente ele relacionava-se apenas com sua mulher e, depois da separação, apenas com essa estudante com a qual se casou novamente. Esse pessoal possui um raciocínio religioso, de família, fidelidade, amor eterno, etc. Todas essas coisas são falsas e a vida assim o comprova.
25/03/2012 | PAIXÃO, ÁLCOOL E MORTE
A vida atormentada e a morte misteriosa do desembargador Viana Santos, ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo
LAURA DINIZ - REVISTA VEJA, 25 de Março de 2012
A história é pródiga em casos de homens sensatos e poderosos levados à ruína por uma paixão tormentosa. O desembargador Antonio Carlos Viana Santos, ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, a maior corte do país, encontrado morto há um ano em sua casa em circunstâncias misteriosas, entrou para essa lista quando conheceu a então estudante Maria Luiza Pereia. Viana Santos era professor em uma faculdade de direito de Taubaté, no início dos anos 2000. Maria Luiza era sua aluna. Ele estava perto dos 60 anos, ela tinha quase 30. Obeso e com problemas de saúde, encantou-se com a jovem de cabelos compridos e corpo exuberantes. Em pouco tempo, engataram um romance. "Enquanto era amante, ela era uma mulher carinhosíssima. Fazia as vezes de enfermeira, cozinheira e cuidadodora do Viana", diz um ex-assessor do desembargador. Ele se divorciou em 2009 para casar-se com ela. A partir daí, conforme relato de pessoas que conviveram com Viana Santos, a vida do casal mudou. As brigas se tornaram frequentes e, por vezes, eles chegavam à agressão fisíca. Em uma ocasião, Viana Santos contou a um amigo que havia sido espancado no rosto com uma frigideia. Ele, que já sofria com o alcoolismo, afundou-se ainda mais na bebida. Passou a ser visto com frequência tomando vodca no horário do expediente no botequim Kaneko, na Praça da Sé, perto da sede do tribunal.
Maria Luiza revelou-se uma mulher de hábitos caros. Chegava a gastar 12 000 reais em roupas numa só tarde, como fez certa vez durante um passeio a um shopping de Brasília. Quando ela ameaçou romper o casamento, Viana Santos lhe deu de presente um Porche Cayenne novo, de 373 000 reais. Ela desistiu da separação. Para bancar essa vida, o desembargador afundou-se em empréstimos e, em uma decisão controversa e recentemente descoberta, determinou que a tesouraria do Tribunal de Justiça lhe pagasse de forma adiantada cerca de 1 milhão de reais em férias e licenças-prêmio, que ele deveria receber em centenas de prestações.
Nervoso e deprimido com as brigas, foi internado diversas vezes e vivia com marcas roxas pelo corpo, que, amigos supõem, eram causadas pelas quedas que sofria quando se embriagava. Em dezembro de 2010, chegou ao Conselho Nacional de Justiça uma denúncia anônima contra ele e Maria Luiza, por venda de decisões e tráfico de influência no tribunal. Um mês depois, assessores leram as acusações para Viana Santos quando ele estava internado no Hospital do Coração, por insuficiência cardíaca e edema no pulmão. O texto incluía referências à sua vida conjugal. "Metade do que está aí é verdade. Sei que ela me trai, mas não consigo viver sem ela", limitou-se a responder. Quando teve alta, em janeiro, saiu com recomendações de evitar excessos. Três dias depois, Maria Luiza o levou para almoçar. Comeram frutos do mar e beberam champanhe. Quando voltaram para casa, Viana Santos estava trôpego, como mostraram as imagens capturadas por câmeras do circuito interno do prédio. Foi encontrado morto cerca de nove horas depois. Foi Maria Luiza quem chamou a polícia. Segundo uma das duas filhas do casamento anterior do desembargador, a mulher insistiu para que o corpo fosse enterrado naquele mesmo dia. As filhas não concordaram.Feita a necropsia, revelou-se um detalhe intrigante: o corpo do desembargador tinha 10 gramas de álcool por litro de sangue, uma dosagem extraordinariamente alta. Em geral, basta a ingestão de metade disso para que alguém entre em coma alcoólica. A cantora Amy Winehouse, por exemplo, tinha 4 gramas de álcool por litro de sangue quando morreu. A hipótese investigada pelo MInistério Público é estarrecedora: Viana Santos bebeu até demaiar; depois, alguém injetou álcool em seu corpo até que o organismo, sobrecarregado, não suportasse mais cumprir as funções vitais. Entre as hipóteses averigudas pelo Ministério Público está a de que essa pessoa tenha sido Maria Luiza.
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