Caros trago-lhes uma história real e triste contada por um homem bêbado numa noite fria e sombria num boteco qualquer da cidade:
O sangue esparramado pelo chão. O velho sente o chão molhado e quente enquanto ela ainda agoniza.
O velho está triste. Seus olhos cegos choram. Mas ele pensa no sentido da vida enquanto ela morre, crise existencial do caralho. Na verdade ele chora com pena de si próprio, chora por ela, chora por ele. Toda a paixão que ele sentia por ela foi pro saco, se dissipou numa nuvem negra e escura.
O velho era rico, cego, solitário, chifrudo, fodido e infeliz. E além de tudo era brocha. E só agora ele percebeu o quanto era infeliz. Casou com uma mulher interesseira, teve filhos, se separou e saiu com várias putas. Fragilizado e carente acabou se apaixonando por uma. E como desgraça pouca é bobagem a puta era anã. A puta anã havia sido artista de circo enquanto o circo sobreviveu. Hoje ninguém mais quer saber de circo. O conceito de circo mudou e para ajudar a ferrar, os ecochatos fazem campanha contra os animais no circo e por fim as crianças odeiam os palhaços. Sendo assim só restaram circos como os Du Soleil que mais parece teatro do que circo, circos feitos para ricos com ingressos que custam o olho da cara. Circo sem palhaço, sem leão e elefante, longe da periferia e das cidades bucólicas. A globalização fodeu com o circo e com a anã de circo. E o palhaço era só tristeza. Portanto o circo onde Matilda trabalhava fechou e ela foi para o olho da rua. E oq Matilda sabia fazer? Nada além de servir como espetáculo bizarro de circo. Era uma completa inutil. Além de tudo era feia pra caralho. Tinha cabelo palha de aço, um seio maior que o outro e uma cicatriz na testa. Puta que o pariu como era feia essa Matilda!
Mesmo assim arrumou emprego de maquiadora de defuntos numa funerária para ricos. Indicada pelo palhaço do circo onde trabalhou. Um dos donos da funerária era amigo do palhaço. Lá ela aprendeu as técnicas de maquiar defuntos e esse emprego lhe garantia a comida e a grana do aluguel. Porém, o dono da funerária era um cara com umas fantasias estranhas, um sujeito bem esquisito. Ele curtia praticas alternativas de sexo e prazer tais como sadomasoquismo, bondage e coisas do gênero. E outras maluquices mais. Foi aí que a sorte sorriu para Matilda. O cara percebeu o potêncial de Matilda para agradar fetichistas interessados no grotesco. No Universo do simbolismo Junguiano a anã era o arquétipo perfeito do mondo bizarro e do anti-tesão, pensou o maluco dono da funerária. Então arrumou uma boquinha para ela numa casa de sadomasoquismo. Lá Matilda vestiu roupa de couro e virou mestra dominatrix ou qualquer merda dessas. Chicoteava o rabo gordo dos caras e pisava no saco deles com seu salto. Na verdade Matilda odiava isso, achava todos patéticos e xaropes. Porém um dia aconteceu uma tragédia. Um cara pediu para Matilda lhe enfiar um saco de plástico na cabeça e amarrar. A fantasia do desgraçado era suforca-se com o saco ate´o limite. Então Matilda subiu num banquinho, colocou um saco transparente na cabeça do sujeito e amarrou bem amarrado. Colocou os braços do cara para trás apoiados numa haste e prendeu os punhos com algemas. Então desceu do banquinho. O combinado era deixar o filho da puta assim durante 3 minutos. O infeliz aguentava firme e quando começou dar mostras de desespero Matilda tratou de subir no banquinho mas o o banco quebrou e Matilda não pode alcançar o idiota. Matilda correu para chamar ajuda mas já era tarde demais. O cara tinha ido pro saco, literalmente. Pelo menos morreu com tesão.
Depois dessa tragédia Matilda foi chutada dali e foi parar num puteiro de quinta. Foi lá que Matilda conheceu seu verdadeiro amor. Hernandez, uma velho rico e cego por quem se apaixonou. Pela primeira vez na vida Matilda sentia-se tratada como um ser humano. Hernadez era seu cliente e também se apaixonou por Matilda. Hernanez era cliente assíduo do puteiro e costumava usar sua muleta em vez do pinto, que raramente funcionava.
Em vez de pedir para enfiar no rabo de Matilda, sem taxa de cu, o velho cego (que mesmo se quisesse não conseguiria acertar o buraco) lhe levava bombons. Em vez de mandá-la chupar até gozar na cara dela, o cego morimbundo e infeliz afagava-lhe os cabelos e dizia-lhe palavras de carinho. E assim foi. Um completava a desgraça do outro. A carência do velho cego, broxa e corno era suplida ao aliviar a solidão da anã deformada enquanto Matilda aniquilava a sua própria carência ao acalentar a alma triste do velho. Mesmo que o velho olhasse para baixo não poderia assustar-se com a feiura de Matilda e Matilda, cançada de levar rôla de bebados, não se importava com a pica murcha do velho. Com a megera da ex-mulher o cego gastou metade de sua fortuna, porém, para Matilda um passeio no Grupo Sérgio já era considerado um banquete. Então Matilda deixou de ser puta a pedido do velho que passou a sustentá-la.
Mas o velho era muito ciumento. Foi então que o conto de fadas virou pesadelo. Tudo começou quando o palhaço foi visitar Matilda. Matilda gostava do palhaço mas como amigo. Porém, o palhaço, que também era engolidor de espadas, tinha uma tara por Matilda. O palhaço então arquitetou um plano diabólico, iria ter Matilda a qualquer custo. Nem que fosse necessário estuprá-la. Então o palhaço esperou o momento certo para confessar seus desejos sexuais para Matilde. A anã, espantada, disse que ele estava confundindo as coisas e que agora ela era um mulher comprometida. Então o palhaço tomou para si uma faca e rendeu Matilda. Levou-a para o quarto, botou Matilda de quatro e enrabou-a sem dó.
Sei que vc é uma puta! POr que está com essa frescura agora? Até que esse cuzinho seu não está tão arrombado assim. Rebole mais sua cadela.
Gritava e ria o palhaço tarado.
Matilda chorava.
Foi então que a porta do quato abriu-se. O cego entrou com sua muleta. Não viu que havia um palhaço com nariz e tudo metendo o sabugo no rabo da sua estimada Matilda. Não viu que o palahço ria enquanto Matilda chorava. Não viu pela segundo vez alguém comendo sua mulher na sua frente. Mas Hernanez sentira novamente a dor de corno, intuição de cego. Um mundo de sombras. Como na alegoria de platão Hernanez imaginava uma caverna, uma sombra de quatro e outra por trás com um muletão entre os dois. Hernanez então, enfurecido, começou a dar muletadas a esmo, acertando o vazio. Perdendo o equilibrio e caindo. O palhaço, ainda de pau duro, deu-lhe um chute no traseiro.
HAHAHAH Bop otário, aqui palhaço é vc.
Zombou o sádico palhaço ladrão de mulher.
Matilda estava num canto com uma faca nas mãos. Olhou para o palhaço, olhou para o cego inútil chutado e jogado no chão. Pegou a faca e cortou os próprios pulsos. O palhaço então disse:
Ih! Sujou, vou cair fora.
E saiu cantarolando
O palhaço o que é? É ladrão de mulher O palhaço o que é? É ladrão de mulher
O palhaço o que é? É ladrão de mulher O palhaço o que é? É ladrão de mulher
Quando o socorro chegou Matilda já jazia morta e Hernanez estava vivo e morto. Morto e vivo.
Oq os olhos não viram o coração sentiu.
Hoje Hernanez ainda frequenta o velho puteiro. Mas não sobe com nenhuma garota. Ele sobe para o quarto sem ninguém. E fica lá pensando em Matilda olhando para o nada.
Essa foi a história de amor trágica entre um bop infeliz e cego e uma puta anã e grotesca.
Espero que tenham gostado, até a próxima.
ElPátrio - seu pior pesadelo.