Uma outra esquerda é possível

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Uma outra esquerda é possível

#1 Mensagem por florestal » 05 Ago 2016, 13:26

Um bom artigo que elucida quais são os caminhos brasileiros para se obter desenvolvimento econômico com inclusão social, um caminho que tiraria o país da atual crise de forma duradoura.

Para elevar o debate político por estas plagas.

Uma outra esquerda é possível

Não se tem muita noção, por ora, do que restará do sistema partidário após o fulminante conjunto de ações que se originaram em Curitiba há pouco mais de dois anos e lançaram luz inédita sobre o financiamento da atividade política, tema crucial para as relações entre governantes e governados e para a própria qualidade da democracia. Constatamos, assustados, que tal sistema andava funcionando em bases praticamente autorreferenciais. Entre outras coisas, pouco se conhecia sobre financiadores, lobbies, interesses legítimos ou escusos que contribuíam para dar forma à representação.

Como ninguém é ingênuo, sabia-se que os controles estavam falhando. Impossível ignorar o caráter espetacular das campanhas ou os abusos de marketing, com seus magos capazes de explorar cinicamente medos irracionais e suscitar expectativas ainda menos razoáveis. Agora, no entanto, a exposição dos males tem sido impiedosa e parece não poupar nenhuma força ou personalidade relevante. O celebrado artigo do juiz Sérgio Moro sobre a Operação Mãos Limpas, convém lembrar, foi publicado em 2004, no começo da era petista, quando a percepção de haver algo podre no reino da Dinamarca ainda não havia sido imensamente ampliada com os fatos que levaram à Ação Penal 470 e às investigações atuais sobre a ocupação da Petrobras e outras empresas públicas, com fins de reprodução de mandatos e manutenção de máquinas partidárias — para não falar das situações de enriquecimento pessoal que daí derivam por gravidade.

O impacto de investigações desta natureza não pode ser subestimado. Na Itália, de um modo ou de outro, foi simplesmente a pique a sensação de imobilidade que rodeava um “sistema de poder” congelado durante décadas. Em tal contexto “eterno”, seria quase absurdo prever o fim da Democracia Cristã, um partido que não era simplesmente “de direita”, para usar o jargão de que hoje se abusa, mas também canalizava para a vida pública os tradicionais valores solidaristas do mundo católico; e também difícil acreditar que o centenário Partido Socialista, de um “animal político” voraz como Bettino Craxi, morto no exílio, iria ser tragado no turbilhão.

Interessa-nos pouco aqui saber se o PT e o ex-aliado subalterno, o PMDB, com toda a marca que já deixaram na vida brasileira, o primeiro por mostrar ser plenamente plausível a “via pacífica” ao governo, o segundo por encarnar a resistência democrática ao autoritarismo, vão seguir o caminho do redimensionamento ou o da dissolução no rastro das investigações. Nessa altura, pouca gente pode prever quem serão os mortos e os sobreviventes, bem como o tamanho da tarefa de reconstrução do sistema partidário antes que se dissemine o vírus letal da antipolítica ou se agrave a sensação de que “ninguém nos representa” e “o voto não conta, todos são iguais”.

Exercícios inúteis de futurologia à parte, mais concreto já deveria estar sendo o trabalho autocrítico por parte da esquerda, dentro ou fora dos partidos. Diferentemente da situação italiana, e talvez para surpresa de muitos hoje seduzidos por um anticomunismo primário, o que nos faz falta são grupos políticos capazes de se reorientarem à maneira do antigo PCI, que, antes mesmo das Mãos Limpas e não por razões judiciais, mas culturais e políticas, havia tomado o caminho do reformismo, requalificando-se como “partido democrático” e acolhendo outras vertentes reformistas, inclusive de inspiração católica, para começar uma história diversa.

Entre nós o principal partido de esquerda parece não ter percebido, mesmo no plano retórico, as características estruturais da sociedade brasileira, que traz em si, “morfologicamente”, a pluralidade de classes e grupos sociais e suas respectivas representações políticas. Para dar conta deste dado, teria sido necessário preparar-se culturalmente para uma visão institucional sofisticada, cujo horizonte não se deixasse contaminar por um diagnóstico catastrófico da crise — grave — do nosso tempo e, por isso, não reiterasse contraposições caducas, como, para dar um exemplo que vale por todos, aquela que renitentemente opõe avanços “substantivos” e mecanismos “formais” do voto, dos partidos, das instituições.

Numa palavra, mais uma vez o aparato conceitual de tantos políticos e intelectuais “altermundistas”, brasileiros ou não, opôs democracia social e democracia política, como se a segunda fosse um obstáculo à primeira — e obstáculo a ser removido por mecanismos plebiscitários, apelos à mitologia de “assembleias constituintes originárias” e a concepções de “contra-hegemonia” alheias ao Estado democrático de direito, horizonte ineliminável de nossa época.

A nosso ver, por se inserir de modo acrítico em tal rede conceitual e virar as costas para a complexidade do País, é que o petismo no poder moveu-se tão desastradamente no plano institucional e no social. Se defino o parlamento como assembleia de “picaretas”, disponho-me, ato contínuo, a cooptá-los, dispensando os processos de persuasão e aliança e tornando-me assim agente de degradação ainda mais acentuada. E se me autodefino, autoritariamente, como a irrupção dos pobres na vida social e na história do Estado, divido grosseiramente a sociedade em casa grande e senzala, pobres e ricos, amigos e inimigos — simulacro de luta de classes, que, no entanto, mal arranha a desigualdade, afasta a esquerda de qualquer possibilidade dirigente e termina por preparar seu estatuto minoritário por muitas décadas.

Nas instituições e na sociedade, o resultado só podia ser desastroso. Ter feito esse tipo de aposta terá sido o pior dos males causado pelo petismo à esquerda e, sobretudo, ao País. Seja qual for o destino do partido e de seu máximo — e solitário — chefe, resta começar de novo: uma outra esquerda há de ser possível e dela, certamente, o Brasil não pode abrir mão.

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Luiz Sérgio Henriques é o editor de Gramsci e o Brasil.

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Re: Uma outra esquerda é possível

#2 Mensagem por ppk » 05 Ago 2016, 14:36

Ou seja, a gente precisa de mais esquerda para consertar as cagadas que a própria esquerda fez?

PUTA QUE PARIU!!

Mas oq esperar de um cara que disse aqui que era militante do PcdoB?

Não sei se vc sabe mas todo mundo no Brasil tá de saco cheio de esquerdistas.

FLW.

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Re: Uma outra esquerda é possível

#3 Mensagem por oGuto » 05 Ago 2016, 19:50

Torço para que seja impossível.

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florestal
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Re: Uma outra esquerda é possível

#4 Mensagem por florestal » 06 Ago 2016, 01:08

Conforme se sabe, o petismo é a falsa esquerda e nunca apoiou uma visão desenvolvimentista, que seria a adequada para uma esquerda nacional. Isso seria uma construção política e não apenas uma mudança na economia, o artigo abaixo aborda apenas a mudança econômica, mas nada fala sob as condições políticas para se criar esse sistema. Trata-se de privilegiar a indústria nacional, o capital produtivo, já que há muito todos os nossos empregos são mandados para a China e acabar com a política de exportar apenas artigos primários. Esse modelo descrito abaixo é combatido pelo capital financeiro, que no momento domina grande parte das economias em todo o mundo.

Outra coisa, esse modelo é sistêmico, ou seja, abarca outros segmentos da sociedade, como a educação por exemplo, que teria de ser de qualidade e voltada para o trabalho.
Visão Neodesenvolvimentista

O dólar fechou a R$ 3,19, a cotação mais baixa desde meados de julho do ano passado. Se a valorização do real se mantiver ou se aprofundar, talvez até seja possível para o Banco Central cumprir a promessa de levar a inflação para a meta de 4,5% no final de 2017.

Existe, porém, um grupo de economistas que não vê com bons olhos o real forte: os autointitulados novos desenvolvimentistas, como José Oreiro, Luiz Carlos Bresser-Pereira e Nelson Marconi. Os três estão lançando um livro de macroeconomia desenvolvimentista.

Oreiro, da UFRJ, que já lançara outro livro sobre o tema há poucas semanas, tem sido um dos principais porta-vozes da sua corrente que, diferentemente de outros economistas heterodoxos, leva a sério o problema fiscal. A diferença entre os novos desenvolvimentistas e os economistas ortodoxos e liberais, que hoje dominam a equipe econômica do governo, aparece quando o tema é câmbio.

Para entender a divergência, é preciso recuar no tempo. Para os ortodoxos, a grande crise atual tem como raiz mais profunda o crescimento da despesa pública a um ritmo muito acima da expansão do PIB desde a redemocratização. Oreiro não contesta esse diagnóstico, mas faz um acréscimo. Segundo o economista, o tripé macroeconômico - o regime introduzido em 1999 que combinava metas de inflação, câmbio flutuante e expressivos superávits primários - “se mostrou historicamente incapaz de lidar com dois problemas da economia brasileira, o crescimento da despesa primária como proporção do PIB e a incapacidade de se manter a taxa de câmbio num nível estável e competitivo no médio prazo”.

Assim, além dos problemas fiscais, a crise de hoje, para os novos desenvolvimentistas, deve ser debitada ao fato de que, durante os bons anos de Lula presidente na década passada, o governo deixou o real valorizar-se demais. E com isso, foi-se embora a competitividade das manufaturas brasileiras, levando a um processo de desindustrialização que inibiu investimentos e estancou o crescimento econômico.

É complexo o argumento sobre o governo Lula “ter deixado o câmbio se valorizar”. Afinal, a equipe econômica à época comprou dólares maciçamente, taxou a entrada de capitais e o ex-ministro Guido Mantega celebremente atacou a “guerra cambial” dos países ricos. Mas Oreiro explica que esses instrumentos não bastam, pois é preciso reorientar toda a política macroeconômica para trabalhar com uma “meta de câmbio real” competitiva. Não se trata de câmbio fixo, pois a meta não é de uma cotação nominal do dólar. A meta real é um parâmetro a ser mantido no médio prazo, não um nível a ser obrigatoriamente perseguido a todo instante. “É um câmbio administrado”, ele resume.

Fica mais claro quando o economista explica o que faria hoje. As metas de inflação de 2016, 2017 e 2018 deveriam ser redefinidas para cima, de forma a permitir uma convergência da inflação mais suave, que abrisse espaço para uma queda mais rápida e intensa dos juros. Essa redução de juros, por sua vez, diminuiria a diferença entre as baixas taxas internacionais e as elevadas taxas domésticas, que atrai capitais e valoriza o real. A política monetária levaria em conta não só o controle de inflação, mas também a meta real de câmbio.

A política fiscal seria mais apertada quando a economia estivesse crescendo, e mais relaxada quando houvesse desacelerações. Outra medida seria um imposto de exportação sobre commodities como soja e minério de ferro, com alíquotas variáveis dependendo do preço - de zero na baixa e crescente a partir de certo nível.

“O que ocorre agora com esse câmbio abaixo de R$ 3,20 é que voltamos a usar a âncora cambial, e pode estar indo por água abaixo todo o ajuste macroeconômico do ano passado, que inclusive já está se refletindo nos primeiros sinais de reação da indústria”, lamenta Oreiro.
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Re: Uma outra esquerda é possível

#5 Mensagem por ppk » 06 Ago 2016, 01:27


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