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Corrupção é coisa de político?

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Corrupção é coisa de político?

#1 Mensagem por Carnage » 31 Mai 2007, 21:17

Sabe, eu fico ouvindo por aí intermináveis discussões sobre como os políticos brasileiros são corruptos.
Mas o que eu não vejo ninguém se lembrar, é que esses políticos, fazem parte da sociedade, como nós. São maridos, primos, amigos, vizinhos, pais, condôminos, conhecidos, etc. Não são diferentes de nós. Não são uma outra espécie, com genética própria e comportamentos de acasalamento diferentes.
São fruto da nossa sociedades, como todos os demais.
Por que será que as pessoas tendem a colocá-los como uma coisa separada?

Eu parei de ver assim.

Eu ando pelas ruas todos os dias. Convivo com dezenas de pessoas no trabalho todos os dias. E observo as coisas. Oras, eu observo até mesmo as coisas que eu faço!
E vejo pessoas que se enfiam na sua frente para entrar no metrô, que jogam lixo no chão com total displicência, que recebem troco a mais e não devolvem, que te fecham no trânsito ou não dão passagem, que se fingem de mortas pra não receber trabalho, que quando o chefe não está aproveitam pra fazer três horas de almoço. Trabalhadores que mesmo ganhando 12 mil reais por mês sonegam imposto de renda.
Tudo uma questão de dimensão.

Sabe aquele seu amigo que descolou uma carteira de estudante falsificada pra pagar meia no cinema? O que ele faria se fosse responsável pela liberação de verbas pra uma licitação?
Aquele seu colega que descola um livro na Internet e leva pro trabalho pra imprimir na impressora de lá, como ele se comportaria se alguém lhe oferecesse férias no Caribe para aprovar um projeto de lei?
O seu primo que pediu uma forcinha pra um amigo que trabalha numa empresa pra ser privilegiado numa entrevista de emprego, ele deixaria de empregar parentes no seu gabinete no senado?
Seu vizinho que comprou um trabalho pronto pra entregar na faculdade, não pagaria pra ter informações privilegiadas numa licitação?
O cara que dá uma caixinha pro garçom pra conseguir um lugar melhor no restaurante ou suborna um guarda de trânsito pra não levar uma multa, ele não subornaria pra conseguir um polpudo contrato com o governo??

Alguns poderiam pensar em várias desculpas pra justificar algumas destas ações. Mas lembremos que a ética pura dita que um erro não justifica o outro. Não é porque você é prejudicado que é justo prejudicar alguém em retorno.
Outros podem pensar que enumerei faltas muito pequenas em relação às de muitos políticos. Mas como eu disse, é uma questão de dimensão. Tudo neste mundo começa pequeno. Pecados enormes costumam ser cometidos com a melhor das boas intenções. E atrocidades terríveis começaram com o pensamento de que “não vamos prejudicar ninguém de verdade...” Acho que a pessoa começa pensando que não está fazendo nada demais e acaba mais sujo que pau de galinheiro.

Não pensem os senhores que estou me isentando, sei muito bem quais são os meus pecados

Estamos vivendo numa sociedade onde ser honesto deixou de ser uma qualidade. Onde quem é honesto é taxado de trouxa. Onde o egoísmo, a ganância e a vaidade são as coisas mais importantes
Por menores que sejam as coisas ruins que fazemos, elas ainda são coisas ruins. E quando muitas pessoas fazem muitas pequenas coisas ruins, acabamos com uma montanha de lixo.

Pra mim a corrupção é o reflexo de uma doença que permeia toda uma sociedade, não uma mazela exclusiva de uma única casta. Apenas nessa casta as coisas ficam mais gritantes.

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Pro
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#2 Mensagem por Pro » 31 Mai 2007, 21:23

realmente a corrupçao e uma questao de dimensoes.
nao havia pensado nisto.
mas poxa Carnage o q aconteceu pra vc ficar com esse remorso todo derrepente?

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Carnage
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#3 Mensagem por Carnage » 31 Mai 2007, 21:29

Fui promovido a acessor.

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Nosferato
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#4 Mensagem por Nosferato » 01 Jun 2007, 02:38

Excelente texto, representa bem o momento atual do comportamento do brasileiro.
Também sou mais um filho da puta, já me peguei várias vezes, pagando de “herói sem caráter”.
O interessante é que todos vigiam o que o outro faz de errado, esquecendo-se do seu próprio comportamento, os exemplos pululam: no trânsito, todos se julgam “pilotos”, as barbeiragens alheias são atitudes imprudentes, as próprias barbeiragens, manobras audazes; nas empresas, a política do salve-se-quem-puder/rolo compressor é defendida por seus praticantes como arrojo profissional, quando os outros a praticam são “filhos-da-puta querendo ferrar os outros” e por aí vai.
Não sei se quando as pessoas reclamam dos políticos, elas estão partindo de valores éticos/humanos ou estão choramingando devido a própria falta de oportunidade para cometer os mesmos ilícitos.
Falta humanidade, isso é notório, mesmo por detrás de comportamentos, aparentemente, humanos, muitas vezes, escondem-se intenções individualistas, por exemplo, já ouvi muito frases do tipo: “esse tipo de investimento no social será bom para melhorar a imagem de nossa empresa”, “produtos ecológicos conquistam a parte do mercado que se sensibiliza essa tal causa”, “esses mendigos não devem ser retirados dessa praça, pois para a nossa ONG sobreviver, precisamos deles para comerem nossas marmitas”, “vou a igreja, pois me preocupo com minha salvação” etc etc
Não há governo ou sistema social que funcione quando não existem valores humanos.
Parece clichê, mas investimento em educação poderia minimizar esses problemas a longo prazo, “poderia”, já deixo a frase no futuro do pretérito, pois como eu já disse em outro tópico, estamos no país do futuro do pretérito...

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Peter_North
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#5 Mensagem por Peter_North » 01 Jun 2007, 11:06

De onde vem o dito: "Uma negociata é um grande negócio que não te convidaram para participar"

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Diffident
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#6 Mensagem por Diffident » 01 Jun 2007, 11:14

Sabias palavras do Carnage e Norferato.

Nunca tinha parado para pensar sobre o que foi colocado no texto do carnage. Mais se for pensar pelo mesmo ponto de vista dele, é pura realidade, ou pior.

É cada coisa que acontece, que até Deus duvida, isso é o que a mídia divulga, forra a realidade que todos nos sabemos que acontece mais isso não chega até o conhecimento de todos, desde um simples troco como foi citado, até montantes de dinheiro que aparecem e nunca se sabe qual é a verdadeira origem.

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Rover
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#7 Mensagem por Rover » 01 Jun 2007, 12:13

Sem querer ser certinho demais, mas apenas esclarecendo

Acessor é aquele que tem a seu cargo os acessórios de cena de filme, peça teatral, telenovela etc.

Assessor é aquele que assessora, assiste.

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Yiddish
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#8 Mensagem por Yiddish » 01 Jun 2007, 13:31

Artigo do jornalista Janer Cristaldo, à época do "Escândalo da violação do Painel do Senado" (Janeiro de 2001):

Costumo afirmar que corrupção, no Brasil, não é apanágio de ricos ou poderosos. Comentando a corrupção da gestão municipal passada em São Paulo, afirmei que economia da cidade é vasta reserva de caça, para repasto de predadores. Fartam-se primeiro os leões e mamíferos de maior porte. O resto da carniça é disputado por abutres, hienas e chacais. O que cai do palitar de dentes destes predadores menores vai nutrir ratos e bagrinhos, formigas e baratas. A grande massa de eleitores paulistanos jamais cometeria a insensatez de eleger representantes que interrompessem esta lubrificada cadeia alimentar.

O mesmo diga-se dos baianos (...). A imprensa nacional foi inundada de fotos, nos últimos dias, mostrando ACM rodeado de mães e pais-de-santo, que com suas crendices primitivas pretendiam fechar-lhe o corpo. Se alguém acha que os devotos de orixás assim manifestam seu amor pelo ex-senador, é bom lembrar que amor também tem preço.

Em setembro do ano passado, aposentou-se como sacerdotisa religiosa a mãe Nitinha de Oxum (batizada Benedita Maria do Nascimento), de 67 anos, a primeira mãe-de-santo da Bahia a receber este benefício previdenciário. Ocorre que um dos mandaletes de ACM, o senador Waldeck Ornélas, aproveitou sua passagem pelo ministério da Previdência, para estender ao culto afro os benefícios previstos no item "assistência cultural" do INSS, através do qual é pago um salário mínimo para padres e pastores aposentados. Ora, na Bahia existem 5.800 terreiros de candomblé cadastrados na federação, dos quais 2.800 funcionam em Salvador. Uma vez regulamentado o candomblé como religião, junto ao INSS — informa-nos a Folha —, mães e filhas de santo, ogãs e ekedês (espécies de mestres de cerimônias e organizadores nos terreiros de candomblé) podem requerer aposentadoria. Eleitor pode ser burro. Mas coerência é o que não lhe falta. Longa vida a ACM.

Mas o baiano não compra só no atacado. Agradam-lhe também as compras a varejo. Numa carta a Roberto Romano, sugere ao professor ouvir "os escritores da terra. No meu caso, nomes como Jorge Amado e João Ubaldo; ou os compositores da terra, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jerônimo, Vevé Calazans e dezenas de outros; ou os artistas plásticos, todos eles". Zélia Gattai e Gal Costa, nem foi preciso nominar. Acorreram voando em defesa do ex-senador. Jorge Amado, velho e doente, não se manifestou. Mas de quem escreveu para jornais ligados a Hitler, apoiou Stalin e foi o primeiro escritor brasileiro a saudar Collor de Mello como presidente, outra coisa não se poderia esperar senão o apoio ao poderoso de plantão. Caetano já tentou tirar o seu da reta, em entrevista ao Globo. Mas sua mamãe não foi ingrata, juntou-se ao hagiológio de Zélia e Gal Costa. Consumista compulsivo, ACM comprou até mesmo um intelectual de esquerda para fazer sua biografia, Fernando de Morais, jornalista que publicou no Brasil a primeira reportagem idílica sobre Cuba e uma biografia romanceada de Olga Benario.

ACM e Arruda mentiram no Senado, escabelam-se as vestais, acompanhadas em coro pela imprensa. O espanto é de um cinismo sem par. Político que mente é tautologia. Ou alguém conhece algum que não minta? Político algum se elege neste Brasil sem mentir. O eleitor pede para ser enganado? O candidato engana com gosto.

Em meio a este desapreço geral, uma coisa diga-se em favor do ex-senador: canalhice não é flor que brote sozinha, por geração espontânea. O ilustre baiano é o somatório da canalhice de seus eleitores. Quer voltar ao poder: "Serei candidato a uma das coisas que os baianos quiserem. Pode ser ao Governo ou ao Senado. Hoje, diria que seria ao Senado, mas tudo pode acontecer. É a Bahia que vai dirigir meu destino". Em seu discurso de renúncia, eivado de rancor, não descarta sequer a presidência da República.

Ontem, o ex-senador foi recebido como herói em Salvador, por uma multidão de fiéis bajuladores. Já é um indicativo. Nas próximas eleições, saberemos se na Bahia existe um só canalha, alguns canalhas ou milhões de canalhas. ACM, conhecedor dos bois com que lavra, tem certeza de que são milhões.

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srmadruga
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#9 Mensagem por srmadruga » 01 Jun 2007, 15:55

BOA carnage!!!!!!!!!
belo tópico

a juiza Denise Frossard deu uma entrevista na rádio JP(de manhã)14/05/2007.

http://jovempan.uol.com.br/jpamnew/opin ... =1236&act=
+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

A carga tributária brasileira bate recordes mundiais em vários setores, como o automobilístico. Na compra de um carro no valor de R$ 30 mil, por exemplo, cerca de R$ 9 mil vão para o governo: a carga de impostos chega a 30%. O Brasil ganha de longe de países do Primeiro Mundo, onde não há buracos nas estradas nem quebra-molas. Na Itália, esse percentual é de 17%; no Reino Unido, 15%; Espanha e Alemanha, 14%; Japão, 9%; e Estados Unidos, 6%.

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
A carga tributária rouba uma boa parcela do ganho dos trabalhadores brasileiros. Para fazer frente ao peso dos impostos, cada contribuinte tem de destinar o equivalente a 5 meses de trabalho para os cofres públicos.

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
Fonte: http://jovempan.uol.com.br/jpamnew/economia/impostos/

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Carnage
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#10 Mensagem por Carnage » 02 Jun 2007, 01:58

Rover escreveu:Acessor é aquele que tem a seu cargo os acessórios de cena de filme, peça teatral, telenovela etc.
Assessor é aquele que assessora, assiste.
Pois é! :wink:

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panzer
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#11 Mensagem por panzer » 02 Jun 2007, 16:45

Corrupção não existe sem corruptor, também não existe corrupção se não há norma para ser violada, portanto, se ninguém solicitasse algo indevido, ilegal ou imoral, não haveria corrupção, mas, faz parte da natureza humana superar obstáculos, e leis são obstáculos sociais para ações inconvenientes dos cidadãos, governo e empresas. Aliás, ao corruptor vale a lei do menor esforço também, afinal as regras impõem restrições mas também apontam alternativas, em geral mais onerosas do que o "jeitinho".

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Representantes do Povo...

#12 Mensagem por Erico » 02 Jun 2007, 21:39

Esses políticos são "representantes" do povo...

Pelo que vemos no dia a dia, até que estão "representando" bem... Infelizmente...

É gente demais querendo atestado médico para justificar faltas, sonegando imposto, errando o troco a favor, subornando funcionários, colando na prova, desrespeitando as leis de trânsito, guardando para si os objetos perdidos que encontrou, comprando software pirata, etc, etc, etc... Chega a existir gente que tenta até enganar as "GPs"...

Como diria alguém conhecido nosso: Lamentável!

:!: :!: :!:

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#13 Mensagem por Zeue » 02 Jun 2007, 22:08

Se já votamos nos filhos e não deu jeito. O negócio é votar nas putas. :D

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#14 Mensagem por Carnage » 28 Jun 2007, 09:52

Li isso hoje, e não poderia ser mais relativo ao assunto aqui se eu mesmo tivesse escrito!
Autor ignorado:
Entendendo o Brasil

Numa tarde de sexta-feira, recebi um telefonema de um amigo me convidando
para ir a um churrasco na sua casa. Acontece que na naquela noite eu tinha
que dar aula na faculdade.

O problema é que eu queria ir ao churrasco, mas como?

Bem, eu agi como, geralmente, todos nós agimos: fiz de conta que estava
cumprindo com a minha obrigação quando, na verdade, satisfiz o meu prazer.
O churrasco começava às oito da noite e a aula às sete e meia.
Fui à faculdade, registrei a aula, fiz a chamada e inventei uma aula de
leitura na biblioteca, abandonando a turma.

Saí para o churrasco querendo acreditar que cumprira meu dever de professor.

No churrasco, fiquei numa mesa com o dono da casa, que é médico, o amigo que
estava sendo homenageado, que é policial, um amigo do homenageado que é
advogado e político e a sua esposa que é universitária e estuda no período
da noite.

O assunto era um só: a roubalheira dos nossos políticos e a passividade da
sociedade (todos nós) mediante a podridão do episódio do mensalão.

Todos estávamos revoltados e propondo soluções para o melhor funcionamento
da máquina pública e para o resgate da ética entre a classe
política.

Num dado momento, o telefone do dono da casa tocou e ele se afastou para
atender.

Retornando, disse com raiva: "Não dá pra trabalhar com certas pessoas".

Naquela noite, ele estava de plantão no hospital, mas chegou lá cedo,
visitou alguns pacientes e leu "por cima", os prontuários.

Depois foi para casa e deixou como recomendação: "só me liguem em caso de
extrema emergência ou se aparecerem pacientes particulares".
Estava aborrecido porque a enfermeira lhe telefonara só porque chegou um
sexagenário com suspeita de infarto.

Ele "receitou" medicamentos pelo telefone e disse que a enfermeira só devia
ligar de novo se acontecesse algo grave.

Para aliviar o clima, perguntei ao amigo que estava sendo homenageado se já
havia feito a sua mudança de casa.

Ele respondeu que sim e, que isso não tinha lhe custado nada, pois o dono da
transportadora lhe havia retribuído '"um favor": meses antes, ele tinha
"resolvido" uns probleminhas de multas nos seus carros que poderiam lhe
custar a habilitação e, até mesmo, a sua empresa!

Aí, a esposa do político liga para uma colega que também fazia mestrado para
saber se ela tinha respondido à chamada por ela enquanto ela estava no
churrasco, pois ela já estava "pendurada nas faltas" nessa disciplina e não
poderia ser reprovada. E, feliz, sorriu com a resposta da colega: dera tudo
certo.

Em um outro momento, o anfitrião pergunta ao político como iria ficar o caso
de uma certa pessoa..

E ele respondeu que tudo estava indo bem, o problema era que na secretaria
almejada já havia alguém concursado ocupando o cargo que tal pessoa
pleiteava. Mas que ele não se preocupasse, pois estavam estudando uma medida
legal (?) para transferir o "dito cujo" de função ou de setor para a vaga
"do fulano" ser ocupada por ele. "Ele é um que não pode ficar de fora, pois
foi comprometido com a gente até o fim",finalizou.

Em meio a tudo isso, não deixávamos de falar das CPI's, da corrupção dos
políticos e da cumplicidade da sociedade que, apática, não movia uma palha
para mudar nada. Chegando em casa fui pensar naquela noite e em tudo o que
havia presenciado.

De repente, me lembrei do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, que diz:

"nós vivemos num ambiente de lassitude moral que se estende a todas as
camadas da sociedade e que esse negócio de dizer que as elites são corruptas
mas que o povo é honesto é conversa fiada
.

Nós somos um povo de comportamento desonesto de maneira geral, ou pelo menos
um comportamento pouco recomendável".

O melhor era que eu não precisava fazer qualquer pesquisa para concordar com
o escritor.

A sua afirmação estava magistralmente retratada no meu comportamento e no
comportamento dos meus amigos naquela noite e naquele churrasco que eu havia
freqüentado. Para começar, eu, como professor, roubei o povo ao fingir que
estava dando aula.

E estou surrupiando (roubando) a sociedade quando marco os tão conhecidos
seminários só para não dar aulas, com a mentira disfarçada de que os alunos
precisam treinar a arte de expressar bem as suas idéias.
Isso pelo fato dessa afirmação não ser verdade, mas parte de uma verdade
maior.

É lógico que os alunos precisam treinar a arte de bem expressar as suas
idéias, mas só depois de serem conduzidos pelo professor que, por sinal, é
pago para fazer isso.

A verdade inteira é que, quase sempre por motivos pessoais, o professor
acaba transformando o que seria uma, de várias técnicas de ensino, em sua
prática regular de ensino e o resultado é uma enorme massa de estudantes
"transfigurados", da noite para o dia, em professores dos professores que
deviam ensinar, mas não ensinam.
E o que dizer do dono da festa, o médico que estava "tirando plantão" e que,
ganhando o seu salário, reclamou de ser incomodado, apenas porque um senhor
de idade estava com suspeita de infarto?

Somos tão convictos de que somos bons, que o médico chegou a dizer que, se
ao menos o ancião tivesse sido diagnosticado por um profissional, então ele
se sentiria na obrigação de ir atendê-lo.

Ele só esqueceu de um detalhe: se o plantonista do hospital que, por sinal
era ele, estivesse cumprindo o seu plantão, o senhor de 64 anos de idade,
casado, pai de seis filhos, aposentado e que trabalhava desde os doze anos
de idade e contribuía com a previdência há trinta, talvez tivesse sido
atendido por um profissional e não tivesse sofrido um derrame cerebral.

É interessante vermos, também, o caso da universitária, a defensora dos
valores morais.

E, aqui eu pergunto: que valores seriam esses?

O famoso jeitinho brasileiro que, não custa lembrar, só virou instituição
nacional, porque nós lhe damos vida com as nossas atitudes!

Acredito que, mais uma vez, o Brasil passa por uma oportunidade de ouro para
rever-se como país e sair crescido e melhorado de toda essa crise.

O grande problema está nas pessoas.

Em mim, em você, nas nossas famílias, colegas, amigos e inimigos, parentes e
aderentes.

Se quisermos realmente uma nação melhor temos que assumir que nós também
somos recebedores do mensalão e que, portanto, cada um de nós também é
merecedor de sentar nas cadeiras da CPI.
Recebemos o mensalão quando fazemos coisas como as descritas acima, e também
quando copiamos ou compramos CD's piratas, quando pagamos propinas ao guarda
de trânsito para ele não nos aplicar multa, enfim, todos nós,
cada um a seu modo e com o seu preço, também é culpado, pessoalmente, por
tudo isso que está acontecendo no nosso país.

É bom não esquecer que nossos políticos não vieram de Marte, mas do nosso
meio, corrompidos por nós, corruptos e corruptores.


O real motivo para a sociedade assistir apática a toda essa decadência não é
apatia, mas cumplicidade.
E você meu caro amigo que acabou de ler isto,pense mas pense bem...

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General
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Re: Representantes do Povo...

#15 Mensagem por General » 28 Jun 2007, 10:08

Erico escreveu:Como diria alguém conhecido nosso: Lamentável!
Absolutamente lamentável, porém totalmente pertinente e contextualizado na atualizade, o tópico do Carnage.

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