Sobre o amor

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Sobre o amor

#1 Mensagem por florestal » 06 Jul 2009, 20:29

"Sobre o amor" é o título de um livro magnífico, escrito pelo pensador marxista Leandro Konder e editado pela Boitempo Editorial. O livro trata do assunto, revelando como se comportaram ou o que escreveram sobre o amor diversos escritores, filósofos, pensadores, poetas e literatos.

O amor, ao que tudo indica, é o sentimento mais forte de que é capaz a psiquê (alma, em grego). Ele costuma atropelar e arrastar outros sentimentos com ele em seu caminho. As sensações que provoca podem ser deliciosas, mas também podem ser dolorosas, assustadoras. Com ele, caminham medos e esperanças. Com ele, caminha também um persistente ceticismo. Ou, o que é pior, um solerte cinismo.

Muita gente teme a "aventura" do amor e prefere renunciar a ela. O prejuízo é grande: o conhecimento da condição humana sofre com a perda da possibilidade de viver uma experiência humana fundamental. No entanto, a "aceitação" da "aventura" nos põe diante de problemas e riscos consideráveis. Como "aceitar" os sentimentos sem se descartar deles, sem subestimar o tesouro de significações que eles nos trazem, tanto quando os vivemos pelo outro como quando o outro os vive por nós? E, ao mesmo tempo, como evitar a ilusão de se instalar numa desmesurada exaltação desses sentimentos - numa embriaguez ou num êxtase - que resultaria no abandono das questões que envolvem a criação de valores no interior mesmo dos afetos, quando pensados historicamente?

Alguém aqui conseguiria viver o amor como Sartre e Simone de Beauvoir o viveram?
Simone de Beauvoir: o essencial e o contingente


Se você não me queria,
Não devia me procurar,
Não devia me iludir,
Nem deixar eu me apaixonar.
Monsueto e Airton Amorim



O que dizer de uma relação amorosa que uniu ao longo de 51 anos uma escritora e um escritor importantes? Como teria sido a vida de Simone de Beauvoir se ela não tivesse encontrado Sartre, em 1929, na Escola Normal Superior? A própria Simone responde: "Não sei. O fato é que o encontrei e esse foi o acontecimento capital de minha existência"(1).

Simone publicou seu primeiro romance, A convidada, em 1943, e sua primeira peça de teatro, As bocas inúteis, em 1945. Seu ensaio sobre O segundo sexo, lançado em 1945, tornou-a famosa: ela passou a ser o centro da maior parte das discussões suscitadas em torno do feminismo na Europa do pós-guerra.

A popularidade maior, contudo, era a que lhe vinha do pacto que havia feito com Sartre. Eles não dissimulariam nada e seriam sempre verdadeiros no diálogo entre eles. Sartre argumentava: o amor que os unia era o amor "essencial". Convinha, no entanto, que ambos estivessem abertos para amores "contingentes", que não se confundiam com aventuras passageiras, desprovidas de importância.

O grande público, incluindo pessoas que não haviam lido nada dos dois escritores, queria saber se o pacto seria respeitado, se aquele tipo de relação era viável, e se cabeças intelectualizadas resistiriam ao ciúme.

Sartre ficou entusiasmado com Simone. Disse ela: "O que é maravilhoso em Simone de Beauvoir é que ela tem uma inteligência de homem e uma sensibilidade de mulher"(2). Os princípios em que o pacto se baseava não foram adotados em decorrência de uma pressão de Sartre sobre Simone, já que correspondiam plenamente a convicções que ela já possuia. Simone recusava liminarmente o casamento como instituição e insurgia-se contra a imposição da monogamia.

Nos anos que se seguiram, ficou claro que Sartre aproveitou bem mais do que Simone a liberdade de cultivar amores contingentes. Uma lista incompleta desses amores incluiu a atriz Simone Jolivet, Maria Girardi, Dolores Vanetti (atriz e ex-amante de André Breton), Wanda (irmã de Simone de Beauvoir e que se tornou atriz com o nome de Marie Olivier), a russa Olga Kosakievicz, Renée Ballon (ex-amante de André Malraux), Louise Vedrine, Michelle, Évelyne e Arlette El-Kaimk (que tinha apenas dezessete anos de idade na época).

Os amores contingentes de Sartre eram lealmente comentados por ele com Simone. Ela não previra o que de fato lhe aconteceu: sentiu-se muito mal, angustiada, deprimida, assustada com a dimensão de seu ciúme. Nunca antes lhe havia passado pela cabeça que poderia sentir ciúmes incontroláveis. O romance de Sartre com Simone Jolivet abalou sua auto-estima. Ela não conseguia sequer escrever. Sartre veio em seu auxílio, trazendo-lhe o carinho do amor "essencial".

Pouco a pouco, ela se recuperou. E, alguns anos mais tarde, chegou a declarar: "No interesse do meu pacto com Sartre, eu tinha a mesma liberdade que ele. E a usei"(3).

De fato a usou. Simone também teve amores contingentes. Mais discreta do que o autor de O ser e o nada, a autora de O segundo sexo freqüentou bem menos assiduamente o campo da contingência. Sabe-se de suas relações amorosas com dois companheiros de direção da revista Temps Modernes: Jacques-Laurent Bost e Claude Lanzmann (dezessete anos mais jovem do que ela). E é conhecida a paixão que surgiu em sua relação com o escritor norte-americano Nelson Algren. Claude Francis e Fernande Gontier, em sua biografia de Simone de Beauvoir, lançaram luz sobre esse episódio.

No início de 1947, Simone visitou os Estados Unidos. Como queria conhecer o submundo das grandes cidades norte-americanas, apresentaram-na a Nelson Algren, cujos livros eram escritos a partir de aventuras vividas no meio da marginalidade. Simone gostou muito dos livros e de seu autor, que tinha 1,85 metro de altura, era louro e bastante viril.

A relação de Simone com Nelson Algren tornou-se mais forte do que qualquer das relações de Sartre com seus amores contingentes. A escritora francesa e o escritor norte-americano apaixonaram-se; ela foi visitá-lo algumas vezes nos Estados Unidos e ele foi visitá-la na Europa. Passearam juntos, mantiveram intensa correspondência (Simone lhe escreveu cerca de 1800 páginas). Nelson Algren a chama de sua verdadeira esposa e ela responde: "É o que eu sou, de fato"(4).

Houve conflitos inevitáveis: Algren não entendia o pacto com Sartre e não aceitava a classificação dos amores como "essenciais" e "contingentes". Quem vive de amores contingentes - argumentava - tem uma vida contingente. Simone sentia-se abalada: "O amor me dá medo, me torna burra"(5). Um dia, depois de uma discussão, Simone lhe disse: "Se a nossa relação amorosa se rompesse, eu gostaria de ficar ao menos com a sua amizade"(6). E ele retrucou: "Jamais eu poderia lhe dar menos do que o meu amor"(7).

Desesperado, ele insiste na proposta de casamento que ela, no entanto, recusa. Aos trancos e barrancos, a relação ainda durou até o início dos anos 1950. Ele não conseguiria viver em Paris e ela não conseguiria viver fora de Paris. Esse era o problema prático insolúvel que estava por trás das frustrações subjetivas.

Nelson Algren nunca perdoou Simone. Em 1981, ao conceder uma entrevista, irritou-se violentamente quando o repórter lhe perguntou de Simone. Entre insultos, deixou transparecer o quanto a ausência dela o molestava. E no dia seguinte morreu, fulminado por um infarto.

Simone de Beauvoir desenvolveu intensa atividade literária em Paris. Embora nunca tenha se filiado a nenhum partido político, participou de numerosas batalhas memoráveis ao lado de Sartre. Chegou a presidir o Tribunal Russell, que condenou a invasão do Vietnã pelas tropas norte-americanas.

Em 1952 publicou o ensaio "É preciso queimar Sade?". Em 1954 lançou o romance Os mandarins, no qual, com nomes modificados, podiam ser reconhecidos diversos personagens reais (entre os quais, Nelson Algren). Ainda escreveu quatro volumes de memórias: Memórias de uma moça bem-comportada (1958), A força da idade (1960), A força das coisas (1963) e Balanço final (1972). Publicou também um ensaio intitulado A velhice (1970), muito bem escrito e o qual Otto Lara Resende disse sempre reler.

Sem a pretensão de arrolar toda a produção literária de Simone de Beauvoir, não posso deixar de dizer algo sobre A cerimonia do adeus( 8 ) (1981). É um livro perturbador, com as recordações pessoais de Simone a respeito dos últimos dez anos da vida de Sartre. Para escrevê-lo, ela valeu-se de um diário em que anotava tudo que acontecia e podia ser significativo.

A imagem de Sartre no livro é melancólica; em vários momentos chega a ser deprimente. Vemos um Sartre doente, cheio de dores, que sofre de incontinência urinária, quase inteiramente cego e reduzido à humildade da resignação. Simone pergunta como ele, tão pudico, vive a situação de falta de controle fisiológico. Ele responde: "É preciso ser modesto quando se é velho"(9).

A publicação de A cerimônia do adeus causou impacto. Muitos reprovaram Simone por sua descrição cruel da decadência de Sartre. Sua atitude é interpretada como uma vingança - talvez inconsciente - contra os sofrimentos que lhe foram infligidos no âmbito de sua relação com seu "amor essencial".

Outros, porém, viram na atitude da escritora uma última e coerente homenagem. Pelo pacto que fizeram em 1929, ambos não haviam assumido o compromisso de não dissimular nada, de dizer sempre tudo, com toda a franqueza? Cito novamente Otto Lara Resende, que observou, num artigo para o jornal O Globo: "Se a Beauvoir tivesse morrido primeiro, Sartre não a pouparia". E: "[...] três anos mais velho, Sartre cometeu a cortesia de morrer primeiro". Coube a ela falar sobre ele, no tom em que ambos se diziam as coisas.

Se cotejarmos o que diziam com o que faziam, as palavras com as ações, verificaremos que eles foram fiéis ao pacto. Mais do que isso: foram assustadoramente fiéis a si mesmos.

Para desgraça de Nelson Algren.

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1. Claude Francis e Fernande Gontier, Simone de Beauvoir (Paris, Perrin, 1985).
2. Ibidem.
3. Ibidem.
4. Ibidem.
5. Ibidem.
6. Ibidem.
7. Ibidem.
8. Simone de Beauvoir, A cerimonia do adeus (trad. Rita Braga, 3 ed., Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1983).
9. Ibidem.

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florestal
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Marx: os revolucionários também amam.

#2 Mensagem por florestal » 09 Jul 2009, 04:31

O homem cujas idéias transformaram o mundo haveria de morrer pouco tempo depois da perda de sua mulher. É a força do amor !

Um texto profundo, para ler e meditar.
Marx: os revolucionários também amam.



No peito do desafinado também bate um coração.
Tom Jobim e Newton Mendonça







Marx e o amor são duas palavras que dificilmente encontramos juntas, uma ao lado da outra. O que os ligaria, afinal? O que teriam a ver, um com o outro , o teórico militante da luta de classes e o sentimento sublime cantado pelos poetas? Que impressão produziriam, reunidos num mesmo quadro, o enérgico filósofo barbudo e o deus menino Eros, filho de Afrodite? Só o nosso tempo, fascinado por audácias anticonvencionais e questionamentos (revisões) dilacerantes, poderia descobrir interesse nessa estranha aproximação.

Em 1847, Marx irritou-se bastante quando encontrou ecos da retórica cristã sobre o amor em escritos de Feuerbach. Para ele, Feuerbach idealizava e superestimava os impulsos afetivos do ser humano, tinha uma visão contemplativa da sensibilidade e não levava suficientemente em conta a atividade criadora de que o homem é capaz, seu poder de transformar-se e transformar o mundo.

Marx acusava os "princípios sociais do cristianismo" de projetar no céu a compensação de todas as infâmias sofridas na terra. Considerava essa perspectiva inaceitável, porque enfraquecia a combatividade, num período em que os lutadores precisavam travar grandes combates. Quando foi da Alemanha para Paris, convenceu-se de que o portador material da causa da libertação da humanidade era o proletariado.

A adesão do intelectual Marx à causa da classe operária não foi uma adesão friamente pensada. Ao participar de uma reunião clandestina de trabalhadores, Marx emocionou-se com a fisionomia dos operários socialistas: "[...] a fraternidade dos homens não é nenhuma frase, mas sim verdade para eles, e a nobreza da humanidade nos ilumina a partir d[ess]as figuras endurecidas pelo trabalho"(1). E isso foi escrito em 1844, bem antes de O Capital.

Uma das causas mais profundas da repulsa que Marx sentia pelo capitalismo estava justamente em sua convicção de que o modo de produção capitalista não só introduz uma grave "alienação" na relação entre o sujeito-trabalhador e o fruto do seu trabalho, como cria um terrível "estranhamento" na relação dos homens uns com os outros que os torna extremamente inseguros, hipercompetitivos, e solapa as bases da solidariedade humana. Sufocada pela estreiteza dos horizontes classistas, a consciência dos homens experimenta enorme dificuldade em compreender os problemas universalmente, quer dizer, do ângulo do gênero humano.

A alienação tem suas raízes no trabalho, porém abrange, com grande variedade de formas, todas as atividades do homem. Ela coloca o ser humano em doloroso conflito com ele mesmo, com seus semelhantes e com a natureza (inclusive com o que existe nele de irredutivelmente natural).

A propriedade privada deforma tudo, leva-nos a crer que o homem rico é aquele que possui coisas, quando na realidade o homem "naturalmente" rico é aquele que sente com mais intensidade a necessidade interior de se realizar através de múltiplas manifestações vitais, isto é, aquele cuja atividade essencial está carregada de paixão.

Essa paixão, no sentido que Marx atritui ao termo, não se confunde com a palavra usada com freqüência para designar surtos entusiásticos, arrebatadamente adolescentes, que no entanto não ultrapassam as fronteiras dos horizontes do individualismo. O autor de Manuscritos econômico-filosóficos de 1844 escreveu: "A dominação da essência objetiva em mim, a irrupção sensível da minha atividade essencial é a paixão"(2).

Colocada em nossa atividade essencial sensível, universal, e humana, a paixão tem uma significação especial nas relações entre homens e mulheres.
  • A relação imediata, natural, necessária, do homem com o homem é a relação do homem com a mulher. Nesta relação genérica natural a relação do homem com a natureza é imediatamente a sua relação com o homem, assim como a relação com o homem é imediatamente a sua relação com a natureza, a sua própria determinação natural. Nesta relação fica sensivelmente claro portanto, e reduzido a um factum intuível, até que ponto a essência humana veio a ser para o homem natureza ou a natureza [veio a ser] essência humana do homem. A partir desta relação pode-se julgar, portanto, o completo nível de formação (die ganze Bildungsstufe) do homem(3).
A relação do homem com a mulher põe a nu a degradação a que chegam os seres humanos em sociedades marcadas pela divisão social do trabalho, pela propriedade privada. E Marx insiste: na relação do homem com a mulher vê-se "até que ponto a carência do ser humano se tornou carência humana para ele", que dizer, "até que ponto ele, em sua existencia mais individual, é ao mesmo tempo coletividade (Gemeinwesen)"(4).

Em outra passagem de Manuscritos econômico-filosóficos de 1844, Marx adverte o leitor: "Pressupondo o homem enquanto homem e seu comportamento com o mundo enquanto um [comportamento] humano, tú só podes trocar amor por amor, confiança por confiança etc."(5). Nas condições da alienação, todavia, o dinheiro - a capacidade exteriorizada (entäusserte) da humanidade"(6) - quantifica e relativiza tudo, subverte todos os valores, "transforma a fidelidade em infidelidade, o amor em ódio, o ódio em amor, a virtude em vício, o vício em virtude"(7).

O texto em que Marx esclareceu pela primeira vez alguns aspectos decisivos de sua perspectiva filosófica já deixava ver em seu pensamento uma concepção antropológica do amor. O amor é uma "maneira universal" que o ser humano tem de se apropriar do seu ser como "um homem total", agindo e refletindo, sentindo e pensando, descobrindo-se, reconhecendo-se e inventando-se.

A propriedade privada complica as coisas, dificulta tanto a compreensão como a experiência vivida do amor: "O lugar de todos os sentidos físicos e espirituais passou a ser ocupado, portanto, pelo simples estranhamento de todos esses sentidos, pelo sentido do ter"( 8 ). E o capitalismo torna o problema ainda mais agudo.

Depois de 1844, Marx não voltou a dedicar atenção ao tema, porque outras questões lhe pareceram ter implicações mais diretas e mais profundas nos conflitos políticos em que se achou envolvido. Quando o amor aparecia nos escritos que estava lendo, o filósofo marcava posição.

Em A sagrada família, ele ridicularizou Edgar Bauer, representante da chamada "Crítica crítica", porque este se referia ao amor como uma "criancice". Marx fustigou a abstratividade e o intelectualismo do outro: "O que a Crítica crítica quer combater com isso não é apenas o amor, mas tudo aquilo que é vivo, tudo que é imediato, toda experiência sensual, toda experiência real"(10).

Marx também foi sarcástico em relação a Max Stirner e a outro campeão da "Crítica crítica" de nome Szeliga. Disse que Szeliga reduzia "o verdadeiro amor sensual à secretio seminis [secreção seminal] mecânica"(11). E afirmou que a relação entre as teorias muito especulativas de Max Stirner e o estudo do mundo real era uma relação análoga àquela que existia entre o onanismo e o amor sexual.

Marx não tinha nenhuma tendência a flutuar no plano da teoria como num limbo: ele vivia o que pensava. A luta política, os estudos, as dívidas e as preocupações financeiras, nada disso o absorvia tanto a ponto de fazê-lo esquecer o amor que tinha por sua mulher, Jenny.

Sua concepção do amor como um dos meios de realização do "homem total", como um dos modos de o ser humano apropriar-se universalmente do seu ser, não pode ser desligada do seu engajamento amoroso existencial, quer dizer, de sua relação amorosa com Jenny.

O jornalista francês Pierre Durand escreveu um livro interessante a respeito dessa relação (12). Nele estão reconstituídas todas as principais peripécias e vicissitudes de um grande amor, cuja história atravessa numerosas crises ao longo de mais de 45 anos.

Em 1836, aos dezoito anos de idade, Marx apaixonou-se por jenny, que era quatro anos mais velha do que ele. Pediu-a em casamento, ela aceitou. Como o pretendente não tinha condições de se casar, os dois ainda foram obrigados a esperar oito anos.

Jenny fazia muito sucesso na cidade de Trier, era admirada nas festas e não teria dificuldade para desposar algum pretendente rico; ela era a filha dileta do primeiro conselheiro, o barão Ludwig von Mestphallen. Quando aceitou se casar com o jovem filho do cristão-novo Hirschel Marx, a situação tornou-se tão insólita que de início o noivado permaneceu em segredo.

Karl Marx, o noivo, foi para Berlim. De lá, enviava à noiva poemas transbordantes de carinho, saudade e má literatura. Voltando a Trier de férias, oficializou o noivado. Pretendia tornar-se professor de filosofia, chegou a doutorar-se, porém o clima político na Prússia piorou e o filósofo só conseguiu arranjar trabalho como jornalista. O casamento só se realizou em junho de 1843.

A vida do casal, como se sabe, foi atribuladíssima. Instalaram-se em Paris, onde Marx foi diretor de uma revista que teve um único número e fracassou. Em dado momento, acusado de desenvolver atividades políticas "subversivas", foi mandado para a Bélgica. Regressou à Alemanha, editou um jornal em Colônia e acabou se fixando em Londres, como exilado, por mais de trinta anos.

Marx e Jenny tiveram muitos filhos: a filha mais velha nasceu em Paris, em 1844, ano em que os Manuscritos foram escritos. A segunda filha, Laura, nasceu em Bruxelas, em 1845. Edgar também nasceu em Bruxelas, em 1846, e morreu oito anos e meio mais tarde. Já Guido nasceu em Londres, em 1849, e viveu somente um ano. Francisca, nascida igualmente em Londres, em 1851, teve o mesmo destino trágico do irmão: morreu com uma ano de idade. Eleanor, a caçula a quem todos chamavam de Tussy, teve mais sorte: nasceu em 1855 e sobreviveu.

Dos seis filhos nascidos, afinal, sobreviveram apenas as três mulheres. E das três - evidentemente marcadas pela dramática vida dos pais -, duas (Eleanor e Laura) viriam mais tarde a se suicidar.

A vida privada de Marx não foi menos agitada do que sua vida pública. Um episódio em particular foi ocultado durante muito tempo e só mais de um século depois é que foi possível reconstituí-lo. Em 1962, o historiador alemão Werner Blumenberg(13) comprovou que em 1851 Helene Demuth, criada de Jenny e oito anos mais nova do que ela, teve um filho de Marx. Engels, o fiel amigo, assumiu a paternidade da criança para ajudar o apavorado Karl. O menino Fiedrich Demuth foi entregue a uma família no East End de Londres que cuidou dele às custas de Engels. Friedrich viveu até 1929. Eleanor, a mais jovem das filhas de Marx, chegou a saber da verdade. O próprio Engels, no fim da vida, impossibilitado de falar, rabiscou a informação numa lousa. Eleanor chorou muito. Depois, estabeleceu contato com seu meio-irmão e apreciou muito suas qualidades humanas.

Eleanor mantinha com Edward Aveling uma relação amorosa muito sofrida. Um mês antes de se suicidar, ela escreveu uma carta a Friedrich, em que lhe dizia: "Considero-o um dos maiores e melhores homens que já conheci"(14). Mesmo que o tom da declaração pareça um tanto exagerado, talvez funcionando inconscientemente como uma compensação pelas decepções sofridas com o pai e com o amante, a admiração da meia-irmã depõe em favor do enjeitado Friedrich.

Em meio a todas as tempestades, enfrentando agruras, fugindo dos credores, preocupado com as filhas, Marx lutou a vida inteira pelo afeto de sua mulher, Jenny. Há numerosos testemunhos, diversas cartas que o comprovam.

Uma carta de Marx a Jenny, escrita em 21 de junho de 1856, quando ele estava em Manchester, é particularmente expressiva. Ela nos traz algo do viço e da impetuosidade de vinte anos antes. Marx começou dizendo: "Amadinha do meu coração, torno a te escrever porque estou sozinho e porque me cansa ficar dialogando na minha cabeça o tempo todo, sem que tomes conhecimento disso, sem que possas me ouvir e responder"(15).

Em seguida, ele conta que beija sempre o retrato dela e sonha com ela. "Beijo-te dos pés à cabeça, caio de joelhos diante de ti e gemo: amo-a, minha senhora. De fato, te amo. E te amo mais do que o mouro de Veneza jamais amou"(16). (A comparação com Otelo se deve ao fato de que o apelido de Marx na família era "mouro".) Adiante, ele escreve: "Quem, entre os meus numerosos caluniadores, quem, entre os meus inimigos maledicentes, já me acusou de ter vocação para desempenhar o papel de apaixonado num teatro de segunda categoria? Nenhum. No entanto, essa acusação seria verdadeira"(17).

E prossegue: "Certamente sorris, meu bem, e perguntas por que de repente eu venho com toda essa retórica. Se eu pudesse, contudo, apertar teu coração doce contra o meu coração, então me calaria, não diria mais nada"( 18 ).

A existência de outras mulheres, até bonitas, é reconhecida por Marx, porém elas não lhe interessam: "Na realidade, existem muitas outras mulheres e algumas delas são belas. Mas onde eu encontraria de novo um rosto no qual cada traço - e mesmo cada ruga - seja capaz de evocar as lembranças mais fortes e deliciosas da minha vida"(19).

Em outro trecho, o pensador revolucionário volta, mais uma vez, a discorrer em termos gerais sobre o amor. Não o faz em termos filosóficos, como nos Manuscritos de 1844, mas em função de sua experiência de homem apaixonado. Diz ele:
  • Basta que estejas longe e meu amor por ti aparece tal como ele é, como um gigante no qual se acham reunidas toda a energia do meu espírito e toda a vitalidade do meu coração. Sinto-me outra vez um homem, na medida em que me sinto vivendo uma grande paixão. A complexidade na qual somos envolvidos pelos estudos e pela educação modernos, bem como o ceticismo com que necessariamente relativizamos todas as impressões subjetivas e objetivas, tudo isso nos leva muito eficazmente a nos sentirmos fracos, pequenos, indecisos e titubeantes. Porém o amor - não o amor feuerbachiano pelo ser, não o amor moleschottiano pela transformação da matéria, não o amor pelo proletariado, mas o amor pela amada (no caso, por ti) - torna a fazer do homem um homem(20).
Um dos efeitos perniciosos da alienação manifesta-se na cisão da personalidade, no abismo criado entre a vida pública e a vida privada. A paixão que Jenny inspira a Marx estimula-o a reagir contra a exagerada separação entre as duas esferas e fortalece no interior de sua alma as tendências comprometidas com a unidade.

É claro que o fortalecimento da unidade é sempre precário, o equilíbrio precisa ser constantemente reconquistado em meio a grandes tumultos. O filósofo sabia disso. Ele conhecia e apreciava uma frase de Shakespeare - e a cita no primeiro volume de O Capital - que diz: "O curso do verdadeiro amor nunca é sereno"(21).

Marx não foi só um defensor do amor no plano teórico, mas foi também um praticante radical do amor em sua relação com Jenny. Quando ela morreu, em 1º de dezembro de 1881, Engels previu, desanimado: "O 'mouro' não vai sobreviver". De fato, Marx ficou arrasado. Numa carta ao amigo, em 1º de março de 1882, ele escreveu: "Você sabe que há poucas pessoas mais avessas ao patético-demonstrativo do que eu. Seria, contudo, uma mentira não confessar que grande parte do meu pensamento está absorvida pela recordação da minha mulher, boa parte da melhor parte da minha vida"(22).

Em seus escritos, o número de lapsos de linguagem aumenta. Sua saúde piora a cada semana. Os genros - Lafargue e Longuet - despertam-lhe crescente irritação. Um ano e quatro meses após a morte de sua mulher, também ele, afinal, se extingue.

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1. Karl Marx, Manuscritos econômico-filosóficos (trad. Jesus Ranieri, São Paulo, Boitempo, 2005), p. 146.
2. Ibidem, p. 113.
3. Ibidem, p. 104-5.
4. Ibidem, p. 105.
5. Ibidem, p. 161.
6. Ibidem, p. 159.
7. Ibidem, p. 160.
8. Ibidem, p. 108.
9. Idem, A sagrada família (trad. Marcelo Backes, São Paulo, Boitempo, 2003), p. 31.
10. Ibidem, p. 34.
11. Ibidem, p. 80-1.
12. Pierre Durand, La vie amoureuse de Karl Marx (Paris, Julliard, 1970).
13. Werner Blumenberg, Karl Marx (Londres, New Left Books, 1972).
14. Olga Meier e Sheila Rowbotham, The daughters of Karl Marx, Letters 1866-1869 (Londres, Penguin, 1982), p. 298.
15. Wolfgang Schwerbrock, Karl Marx Privat (Munique, List, 1962), p. 26-7.
16. Ibidem.
17. Ibidem.
18. Ibidem.
19. Ibidem.
20. Ibidem.
21. Karl Marx, O Capital (trad. Regis Barbosa e Flávio R. Kothe, 2. ed., São Paulo, Nova Cultural, 1985), p. 96. No original: "The course of true love never did run smooth" (William Shakespeare, A Midsummer night's dream, ato 1, cena 1).
22. Karl Marx e Friedrich Engels, Werke (Berlim, Dietz, 1963).

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leteseu
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#3 Mensagem por leteseu » 09 Jul 2009, 08:45

Sobre o amor e outros demônios é o título de um belo livro do Gabriel Garcia Marquez.

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#4 Mensagem por florestal » 12 Jul 2009, 20:16

leteseu escreveu:Sobre o amor e outros demônios é o título de um belo livro do Gabriel Garcia Marquez.
É, eu nunca li Gabriel Garcia Marquez, muito embora seja um autor renomado da América Latina e eu tenha muita admiração por suas posições políticas. Foi bem lembrado, vou ver se compro esse livro para ler.

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Tiozinho50
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#5 Mensagem por Tiozinho50 » 12 Jul 2009, 21:06

Viver para contar é autobiografia, bem legal.

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leteseu
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#6 Mensagem por leteseu » 13 Jul 2009, 00:06

Ainda sobre o Gabriel Garcia Marquez livro bacana é o "Memórias de Minhas Putas Tristes" : http://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3r ... as_Tristes

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#7 Mensagem por Tricampeão » 13 Jul 2009, 20:10

leteseu escreveu:Ainda sobre o Gabriel Garcia Marquez livro bacana é o "Memórias de Minhas Putas Tristes" : http://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3r ... as_Tristes
Também gostei.
Sei que havia um tópico só sobre livros que tratassem de putaria, mas não achei.

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Fortimbrás
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#8 Mensagem por Fortimbrás » 13 Jul 2009, 20:24

Garcia Marquez fala muito sobre putas em seus livros. Pilar Ternera ,se não me engano, é uma personagem de destaque em Cem Anos de Solidão.

Quem quiser ler sobre esse autor precisa ler , além do livro citado acima, Crônica de Uma Morte Anunciada e Amor nos Tempos de Cólera.

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MulderFox
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#9 Mensagem por MulderFox » 13 Jul 2009, 20:40

Experimentem "Trilogia Suja de Havana" de Pedro Juan Gutierrez ou o "Rei de Havana", também do mesmo autor.

Aliás, esse cara seria um grande postador de TD´s pelas suas narrativas. :D

[]´s

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#10 Mensagem por Nazrudin » 13 Jul 2009, 21:35

MulderFox escreveu:Experimentem "Trilogia Suja de Havana" de Pedro Juan Gutierrez ou o "Rei de Havana", também do mesmo autor.

Aliás, esse cara seria um grande postador de TD´s pelas suas narrativas. :D

[]´s
Li "Animal Tropical" e gostei muito. Trilogia vai ser o próximo dele. Vale a pena. Mas...ele não é putanheiro no sentido semântico da palavra. Inclusive disse em entrevista nunca ter pago por mulheres, já o contrário....
Trabalhou oferecendo serviços sexuais quando jovem no México se não me engano.

Onde está esse tópico de livros sobre putaria???? :twisted:

Me lembro de um tópico que faço um referência a Rubem Fonseca, onde o Mandrake anda tem sempre umas putinhas por perto. :lol:

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#11 Mensagem por Tiozinho50 » 13 Jul 2009, 21:57

Jorge Amado foi outro grande putanheiro.

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#12 Mensagem por MulderFox » 13 Jul 2009, 23:46

Nazrudin escreveu:
MulderFox escreveu:Experimentem "Trilogia Suja de Havana" de Pedro Juan Gutierrez ou o "Rei de Havana", também do mesmo autor.

Aliás, esse cara seria um grande postador de TD´s pelas suas narrativas. :D

[]´s
Li "Animal Tropical" e gostei muito. Trilogia vai ser o próximo dele. Vale a pena. Mas...ele não é putanheiro no sentido semântico da palavra. Inclusive disse em entrevista nunca ter pago por mulheres, já o contrário....
Trabalhou oferecendo serviços sexuais quando jovem no México se não me engano.

Onde está esse tópico de livros sobre putaria???? :twisted:

Me lembro de um tópico que faço um referência a Rubem Fonseca, onde o Mandrake anda tem sempre umas putinhas por perto. :lol:
No livro "O Rei de Havana" que achei melhor que Trilogia, ele descreve a trajetória do personagem pelas ruas de Cuba, onde o mesmo se envolve com várias prostitutas. Mas o livro não é sobre putaria, embora pareça o contrário lendo esse trecho que postei :


Uma manhã, por volta da onze, estava fumando e olhando a rua. Nelson tinha lhe dado um bofetão duro na boca, e estava com o lábio superior inchado e cortado por dentro. Passava a língua e sentia o gosto ferroso do sangue. Estava furiosa. Jogou a bituca na rua, deu uma cuspida meio sanguinolenta, querendo que caísse na cabeça de alguém, e se virou para entrar no quarto. O sol estava forte demais e lhe doía a cabeça. Os meninos, escondidos atrás do galinheiro, espiavam a putinha da vizinha. Os dois de olhos entrecerrados, sonhadores, mexendo ritmicamente no pau. A mulatinha estava meio nua, estendendo uma toalha e uma calcinha vermelha, de renda. Gostava que os meninos se masturbassem olhando para ela. A toalha pingava água e ela torcia e se molhava para se refrescar, debaixo do sol. Na verdade, gostaria de vê-los de corpo inteiro, frenéticos na frente dela, batendo a sua punheta, mas ainda eram meninos demais para se atrever a tanto. Quando crescessem um pouco mais seriam bons "atiradores" e exibiriam os paus nos portões do Malecón para todas que quisessem ver. Por ora, faziam escondido.

Quando ela viu aquele espetáculo, ficou ainda mais queimada. Empinou de raiva:
- Vão batendo punheta! Vão batendo punheta! Descarados, vão acabar morrendo, fora daí! Os dois! Fora daí!

Pegou um pau para bater neles, mas logo se virou para a vizinha provocante:

- E você, puta de merda, faz isso só pra foder, porque é uma puta. Não provoque mais, senão eles acabam morrendo. Sem comer e tocando punheta o dia inteiro! Vai matar eles, droga de puta! Vai matar eles!

- Escura aqui, tonta, não me amole, eu estou na minha casa e faço o que eu bem entendo.

- Você é uma bela de uma puta.

- Sou, mas com a minha boceta. E vivo vinte vezes melhor que você, que é tonta e imunda. Sua porca!

Os cachorros começaram a latir e as galinhas também se alvoroçaram. No meio de tanto barulho e tanta loucura, ela tenta saltar o pequeno muro que separa as coberturas, com o pau na mão, querendo bater na vizinhinha, mas Nelson já está em cima dela e lhe tira o pau da mão. Furiosa, tenta passar de qualquer jeito para o pátio vizinho, gritando:

- Você é uma puta! E você um punheteiro! Tira a mão de cima de mim. Me solta, punheteiro de merda.

- Não me xingue mais, porra, não me xingue mais!

Nelson está fora de si, descontrolado. É um homem de catorze anos, e lhe dói aquela humilhação. E ainda por cima, as gargalhadas gozadoras da vizinhinha, que agora provoca ainda mais:

- Vai, punheteiro, descarado, vai ficar maluco com tanta punheta! Vai arrumar uma mulher

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#13 Mensagem por Nazrudin » 14 Jul 2009, 09:34

Sim, esse é o estilo dele, all right. Tem muitas prostitutas nos livros dele e ele se envolve com elas mas não é a mesma relação dos turistas com as prostitutas, por que ele é cubano como elas. Sei lá, foi o que ele disse, vai ver que ele é um BOP. :lol:

Ele escreve querendo provocar e as vezes chocar, mas não só isso, têm um estilo muito flúido.

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#14 Mensagem por 100%tricolor » 15 Jul 2009, 15:31

Quem precisa de livros de putaria quando se tem o gpguia, histórias reais... e estórias pra todos os gostos..... temos grandes "escritores" aqui, temos até um tópico com crônicas e textos de putanheiros que seriam grandes escritores , na verdade quem não garante que algum grande nome da nossa literatura não esteja presente aqui usando um nick qualquer.... além do mais todos nós estamos narrando a vida real de nós mesmos putanheiros, muitos tds que aqui estão dariam um livro, pelos tds inclusive poderia traçar uma linha de altos e baixos na própria vida da pessoa, como vai mudando o gosto da pessoa, como a pessoa vai amadurecendo ou se desvirtuando de vez na putaria.... épocas em que gasta mais ou demais, em que gasta menos com isso, que vive pra isso, períodos mais tranqüilos, menos grana minas/mais baratas.... mais grana ambientes melhores minas mais caras.... o mundo trash... o mundo "normal" o luxo... bops e ogros... e por ai vai...
ler é bom sim, mas sobre putaria.... o melhor é viver... e postar uma parte disso aqui!

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#15 Mensagem por 100%tricolor » 15 Jul 2009, 15:38

Agora sobre a pergunta do tópico.....
Não não conseguiria ter uma relação dessa natureza.... até as putas eu prefiro comer sozinho na hora do tds eu não divido não, no maximo divido com outra gp, agora uma gp e dois putanheiros não da certo hehe (pra mim) .... e minha mulher eu não deixaria em sã consciência deixar passando nas mãos de outros... pra isso existem as putas... pra todo mundo poder experimentar....

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#16 Mensagem por BUCETEIRO.64 » 21 Jul 2009, 17:53

PROFUNDO... GOSTEI!!!

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florestal
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Sobre o amor

#17 Mensagem por florestal » 17 Mai 2011, 19:32

Este tópico mostra como o casamento monogâmico é falso e a péssima solução encontrada pelo maior dos intelectuais ao comer sua empregada.

Leiam, é ótimo!

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Sobre o amor

#18 Mensagem por florestal » 26 Jan 2013, 21:16

Casamento certo é o que tiveram Sarte e Simone de Beauvoir; o casamento correto é assim, muito embora as pessoas vivam fugindo disso, não querendo admitir.

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Re: Sobre o amor

#19 Mensagem por FacelessMan » 26 Jan 2013, 22:01

nada como um texto ressuscitado em pleno sábado às 23h
ops deixei escapar meu estilo forever alone de ser

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Re: Sobre o amor

#20 Mensagem por caçador_novo » 26 Jan 2013, 22:11

florestal escreveu:Casamento certo é o que tiveram Sarte e Simone de Beauvoir; o casamento correto é assim, muito embora as pessoas vivam fugindo disso, não querendo admitir.
Na realidade, as pessoas fogem de uma verdade muito incomoda: o casamento é uma instituição que visa preservar o capital acumulado, por meio do direito de herança. Por isso é um contrato do direito civil (leia-se direito patrimonial).
Como as pessoas não tem coragem de assumir essa verdade, criam ilusões românticas a respeito.
Uma piada pra terminar de forma alegre: no início do casamento, fala-se meu bem. No término do casamento, fala-se meus bens. :badgrin: :badgrin: :badgrin: :badgrin:

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Re: Sobre o amor

#21 Mensagem por florestal » 30 Ago 2016, 13:20

Um tópico antigo, mas que sempre é bom rever e que nos mostra a falência do casamento monogâmico.

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MALEVO
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Re: Sobre o amor

#22 Mensagem por MALEVO » 30 Ago 2016, 13:42

Se é prá ficar de putaria consensual, pra que casamento? É só pra complicar. O casamento poligâmico só é viável quando o homem é um fraco e não tem capacidade para dar prazer à sua parceira. O que parece ser o seu caso, se é que você tem uma parceira. Acho muitíssimo pouco provável.

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Fodedor Municipal
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Re: Sobre o amor

#23 Mensagem por Fodedor Municipal » 30 Ago 2016, 16:09

florestal escreveu:Um tópico antigo, mas que sempre é bom rever e que nos mostra a falência do casamento monogâmico.
Não sei de onde saiu essa conclusão. Relação monogâmica ainda é o tipo de relação mais comum entre homens e mulheres. Fora que as mulheres buscam isso o tempo todo. Só entrar em qualquer site/app de relacionamentos vc vê aquele mesmo papo furado da mulherada ("homem fiel, carinhoso e que me faça feliz").

E olha que eu sou um cara poligâmico, desde que me conheço por gente. Mas não tenho como negar que, dentro das relações amorosas entre casais heterossexuais não envolvidos com o sexo comercial (putas e clientes), a monogamia prevalece...

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MALEVO
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Re: Sobre o amor

#24 Mensagem por MALEVO » 30 Ago 2016, 17:25

Fodedor Municipal escreveu:Não sei de onde saiu essa conclusão.
Esta é uma questão recorrente nos tópicos gerados pelo florestal. :lol:

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