Relembrando o passado (Eleições presidenciais 2010)

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Relembrando o passado (Eleições presidenciais 2010)

#1 Mensagem por Carnage » 21 Jul 2009, 17:52

Maravilhoso esse mundo da intenet, onde nada se perde e tudo fica registrado!

Achei a notícia bastante interessante, às vésperas do segundo turno que levaria Lula a seu primeiro mandato como presidente, o adversário José Serra e seus aliados tentam explorar o medo que o passado do PT (que eles ignoraram completamente, diga-se de passagem da mesma forma que o PSDB ignora o dele, agindo hoje como um partido de extrema direita) provocaria nos eleitores.

Para eles, o governo do Lula seria um caos completo.

Que acham das previsões hoje? Se concretizaram?

http://www1.folha.uol.com.br/folha/bras ... 0600.shtml
17/10/2002 - 05h14
Serristas unificam "teoria do caos"
da Folha de S.Paulo, em Brasília


Após reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso - a primeira nesta campanha presidencial realizada no Palácio da Alvorada - , o comando político da campanha do presidenciável tucano, José Serra, unificou o discurso de que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode significar caos econômico e administrativo para o país e classificou a campanha petista de "estelionato eleitoral".

O presidente pediu empenho dos líderes para prestigiar a candidatura Serra. A proposta é sair do isolamento do primeiro turno e mobilizar 3.000 prefeitos do PSDB, PMDB e PFL nesta semana. Ficou marcada para a próxima quarta outra reunião no Alvorada, a quatro dias das eleições.

FHC, segundo relato dos presentes, assentiu com a cabeça quando o presidente do PSDB, o deputado federal José Aníbal (SP), usou a expressão "estelionato eleitoral". Na reunião com líderes e presidentes de partidos, FHC deu a entender que aprova a linha dura do programa de TV de Serra.

Em alusão indireta a Lula, afirmou: "Estão prometendo isso e aquilo, mundos e fundos, mas, na hora de governar, vão ver como é difícil". O próprio presidente lembrou de sua célebre frase de que seria "fácil governar o Brasil". FHC falou que se enganou.

De acordo com aliados que participaram do encontro, o presidente manterá, em público, a mesma "compostura" exibida anteontem, quando disse, em discurso na CNI (Confederação Nacional da Indústria), que o caminho do país será mantido seja quem for seu sucessor.

Para eles, a declaração foi um recado a respeito da força das instituições democráticas brasileiras para o público externo e não contradiz a atual campanha tucana.

"Tem horas em que o governo é uma coisa e a campanha é outra mesmo. O presidente fala para dentro toda hora e fala para fora toda hora. Ele tem sabido se envolver na campanha com compostura e não se envolver a partir do momento em que a compostura falisse", explicou o deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder do governo no Congresso.

"Estelionato eleitoral"

Aníbal afirmou após a reunião que Lula teria assumido tantos compromissos que "não se pode saber o caminho para o Brasil, tal é o grau de indefinição e de dissimulação da campanha. Não se sabe o que significará um governo do PT. É quase um estelionato eleitoral".

Segundo relato de Aníbal, FHC teria concordado com a avaliação do comando da campanha: "O presidente disse que compartilha conosco dessa avaliação". Questionado sobre as declarações feitas no dia anterior por FHC na CNI, Aníbal disse que foi uma afirmação de quem tem a responsabilidade de governar o país.

Segundo o deputado Michel Temer (SP), presidente do PMDB, FHC desempenha dois papéis distintos nestas eleições. "Há uma exigência do cenário internacional de revelar que nós estamos vivendo plenamente o sistema democrático, e, seja qual for o candidato eleito, o Brasil vai continuar. Mas não há dúvida, hoje isso ficou muito definido, que segurança absoluta nós teremos é com o candidato Serra", disse Temer, para quem "uma coisa é o presidente do país, outra coisa é o presidente interessado na eleição de José Serra". O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), disse que FHC teve a intenção de frear "qualquer perspectiva de golpe ou atentado à democracia" em seu último discurso.

"Nunca vi o candidato [Serra] dizer na televisão que a vitória de quem quer que seja possa significar ferir as instituições democráticas. O que o candidato tem dito na televisão é que a vitória de um programa que não tem consistência pode significar o caos do ponto de vista econômico e administrativo e um retrocesso do país nessa inserção mundial", disse.

Para os aliados, as propostas de Lula não são consistentes com o controle e as metas de inflação. "O PT vai reajustar o funcionalismo público, vai reaparelhar as Forças Armadas, vai fazer as casas populares que prometeu, vai baixar os juros drasticamente, ou quando chegar à realidade tudo vai ser diferente?", ironizou Arthur Virgílio. Segundo ele, o compromisso sério significa "sacrificar qualquer coisa", inclusive aumentar as taxas de juros em detrimento da candidatura.


Nos últimos nove dias de campanha, Serra vai insistir em mais duas teses: Lula estaria fugindo dos debates porque não está preparado para debater, e o PT estaria sendo derrotado nos Estados que governa. Na avaliação de FHC é muito difícil, mas Serra ainda teria condições de reverter a larga desvantagem em relação a Lula. Segundo a pesquisa Datafolha divulgada no domingo, Lula teve 58% contra 32% de Serra.

A eventual "virada", expressão usada pelos aliados de Serra, estaria baseada no tripé: programa no horário eleitoral gratuito crítico, mobilização dos prefeitos que apóiam o tucano e insistir em realizar mais de um debate de TV entre o tucano e o petista.

Participaram do encontro: Marco Maciel, Michel Temer, José Aníbal, Jarbas Vasconcelos, Arthur Virgílio, Renan Calheiros, Geddel Vieira Lima, Heráclito Fortes, Jutahy Magalhães e Gilberto Kassab.

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Vlad_Vostok
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#2 Mensagem por Vlad_Vostok » 21 Jul 2009, 23:18

Caramba!! . Qto topico pro Lula . Assim fica fácil acertar o pato.

Edição nº 433

ESPECIAL

A nota dele foi 5,2


Na campanha de 2002, antes de virar presidente, Lula fez mais de 700 promessas. A análise das mais importantes em 16 áreas mostra que ele cumpriu mais da metade do que foi prometido

No capítulo 18 de O Príncipe, o escritor florentino Nicolau Maquiavel, um dos maiores pensadores da política, afirmou: "A experiência nos faz ver que os príncipes que mais se destacaram pouco se preocuparam em honrar suas promessas". Um pouco mais adiante, Maquiavel recomenda: "Não pode nem deve um soberano prudente cumprir as suas promessas quando um tal cumprimento ameaça voltar-se contra ele e quando se diluem as próprias razões que o levaram a prometer".

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, falou a uma platéia de educadores sobre as promessas feitas por ele na campanha presidencial de 2002. Lula deu novas explicações para justificar por que um político nem sempre honra a palavra. "Se a gente não cumprir, é porque houve fatores extraterrestres que não permitiram que cumpríssemos", disse o presidente. "De uma coisa, podem ter certeza: não será por falta de esforço, por falta de compromisso e por falta de lealdade aos princípios que me fizeram chegar à Presidência da República que não vamos cumprir." Há razões nobres e compreensíveis para um governante não cumprir suas promessas. Elas podem enfrentar resistências políticas insuperáveis, deixar de ser necessárias ou simplesmente se revelar equivocadas. Mas as promessas de campanha formam uma espécie de contrato político com a sociedade. Quando é eleito, o governante recebe mandato do eleitor para executar um programa. Verificar o cumprimento das promessas de Lula permite, no momento em que ele se candidata à reeleição, avaliar até que ponto foi fiel ao contrato firmado com a sociedade.

Lula lançou, na semana passada, seu programa de governo na campanha por mais quatro anos no Palácio do Planalto. É, por enquanto, só uma carta de intenções genérica, e o PT prometeu detalhá-la. O novo programa não faz um balanço do atendimento das promessas contidas em seu congênere de 2002. Ao longo dos últimos cinco meses, ÉPOCA se encarregou de fazê-lo. Realizou uma exaustiva investigação para cotejar o que Lula prometeu na campanha de 2002 e o que entregou desde a posse. Compilou mais de 700 promessas nas 89 páginas do programa de governo, nas 452 páginas dos 15 cadernos temáticos, nos pronunciamentos de Lula nos três debates e entrevistas na TV e ainda nas declarações publicadas nos jornais em três meses de campanha: agosto, setembro e outubro de 2002.

Na segunda etapa, a reportagem filtrou o que era relevante e merecia ser analisado em profundidade. Os dois critérios adotados foram a ênfase dada por Lula à promessa e a importância dela para cada área. Ajudaram nessa seleção especialistas nos 16 segmentos em que as promessas foram agrupadas. Foram convidados apenas aqueles que não tinham vínculo formal com o governo, com o PT ou com a oposição. Ao final, sobraram as 111 principais promessas analisadas nesta série de reportagens. Os especialistas também ajudaram a avaliar o cumprimento de cada uma delas. Por fim, os representantes do governo foram procurados para comentar. Técnicos e secretários-executivos, além de nove ministros, deram entrevistas. Para facilitar o entendimento, o balanço final de cada promessa foi traduzido em notas, conforme critério exposto no quadro da página 33. A nota final média do governo foi 5,2. Lula foi aprovado na execução do contrato que firmara com a sociedade. De raspão.

Em um dos principais itens da prova - o crescimento econômico -, Lula foi reprovado. Nos documentos da campanha de 2002, Lula dizia que o país precisava crescer em média 5% ao ano
. Eleito, continuou prometendo. Chegou a dizer que o Brasil, sob sua administração, passaria pelo "espetáculo do crescimento". O avanço da economia brasileira nestes últimos anos não chegou nem perto do desempenho espetacular prometido. Essa expressão, infelizmente, ainda só pode ser usada para apontar o ritmo de desenvolvimento econômico atingido por China, Índia e outros países emergentes, concorrentes do Brasil no cenário internacional. Enquanto esses países apresentam índices anuais de crescimento de até 11%, o Brasil se acostumou a taxas de crescimento medíocres, como a divulgada, na semana passada, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De abril a junho, a economia brasileira cresceu apenas 0,5%. O índice obrigou os economistas a rever para baixo as estimativas para 2006. Neste ano, ao contrário do que prometia Lula em 2002, os 5% continuarão a ser uma miragem.

http://revistaepoca.globo.com/Revista/E ... 09,00.html

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#3 Mensagem por Carnage » 22 Jul 2009, 11:22

Vlad_Vostok, esqueceu de mencionar a data desta reportagem, que é de 04/09/2006.

Dados atuais que englobem o segundo mandato seriam interessantes.

Seria interessante também mostrar quantas promessas de campanha FHC cumpriu.

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#4 Mensagem por Mr. Blonde » 22 Jul 2009, 15:08

Vlad_Vostok escreveu:Caramba!! . Qto topico pro Lula . Assim fica fácil acertar o pato.


Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, falou a uma platéia de educadores sobre as promessas feitas por ele na campanha presidencial de 2002. Lula deu novas explicações para justificar por que um político nem sempre honra a palavra. "Se a gente não cumprir, é porque houve fatores extraterrestres que não permitiram que cumpríssemos",
](*,)

Não, não, não...

Tinha que ser o EXTRATERRESTRE!

O mlk sem-noção, não dá uma dentro :lol:

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Roy Kalifa
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#5 Mensagem por Roy Kalifa » 22 Jul 2009, 16:04

Na verdade já estou cansado das nossa opções eleitorais: Ou é PSDB ou PT.
Ambos se mostraram fracos no combate a corrupção e nas questões ambientais.

Gostaria de uma opção mais "mão de ferro" com mais controle rígido sobre questões importantes, como violência, meio ambiente, saúde pública e educação.

É possível ?

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bullitt
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#6 Mensagem por bullitt » 22 Jul 2009, 17:26

Roy Kalifa escreveu:Na verdade já estou cansado das nossa opções eleitorais: Ou é PSDB ou PT.
Ambos se mostraram fracos no combate a corrupção e nas questões ambientais.

Gostaria de uma opção mais "mão de ferro" com mais controle rígido sobre questões importantes, como violência, meio ambiente, saúde pública e educação.

É possível ?

É muito díficil. Existem sempre outras opções menos óbvias, mas são opções que assustam empresários e investidores, e aí já se sabe o que acontece (fuga de capital, disparada do dólar, etc.)

Dentro do cenário atual, pelo menos quanto à presidência do país, prefiro manter as duas opções principais na briga (PT e PSDB). Para manter a relativa tranquilidade econômica e a sua continuidade. Mas só isso, porque nenhuma das opções atuais me agrada. Em relação ao PT principalmente não me agrada essa farra de gastos e cabidão de empregos.

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#7 Mensagem por Carnage » 23 Jul 2009, 11:03

Roy Kalifa escreveu:Na verdade já estou cansado das nossa opções eleitorais: Ou é PSDB ou PT.
Ambos se mostraram fracos no combate a corrupção e nas questões ambientais.

Gostaria de uma opção mais "mão de ferro" com mais controle rígido sobre questões importantes, como violência, meio ambiente, saúde pública e educação.

É possível ?
Concordo!

Infelizmente, não vejo essa opção.

Na verdade, opções existem, mas a grande maioria dos brasileiros prefere votar numa das duas grandes opções, e se você quiser mudar, não consegue nada. Acaba sendo que você vota numa das duas apenas pra tentar evitar a outra que você acha a pior.

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#8 Mensagem por Carnage » 23 Jul 2009, 11:07

bullitt escreveu:Em relação ao PT principalmente não me agrada essa farra de gastos e cabidão de empregos.
Concordo também. Infelizmente quanto a isso o PSDB não é remédio. Enquanto o PT prefere distribuir cargos no governo pra amigos, o PSDB prefere terceirizar as coisas pra empresas privadas que pertencem aos amigos deles, pagando pra elas muito mais do que vale o serviço.

Quanto a isso, não sei dizer qual opção é a pior.

Só sei que, pelo exemplo de 16 anos em São Paulo, o PSDB da ala paulista é bastante incompetente administrativamente.

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#9 Mensagem por Tricampeão » 24 Jul 2009, 20:12

Carnage escreveu:
Roy Kalifa escreveu:Na verdade já estou cansado das nossa opções eleitorais: Ou é PSDB ou PT.
Ambos se mostraram fracos no combate a corrupção e nas questões ambientais.

Gostaria de uma opção mais "mão de ferro" com mais controle rígido sobre questões importantes, como violência, meio ambiente, saúde pública e educação.

É possível ?
Concordo!

Infelizmente, não vejo essa opção.

Na verdade, opções existem, mas a grande maioria dos brasileiros prefere votar numa das duas grandes opções, e se você quiser mudar, não consegue nada. Acaba sendo que você vota numa das duas apenas pra tentar evitar a outra que você acha a pior.
Discordo. Não adianta eleger presidente de partido pequeno. Sem base parlamentar, não se faz nada. Imaginem ganhar alguém daquela merda do PPS. O cara ia ter que fazer alianças de última hora e usar as legendas de aluguel para obter maioria no Congresso. Ou seja, corrupção pura.
É justamente para evitar esse tipo de coisa que a eleição tem 2 turnos. Idealmente, quem deve ganhar é o partido, não o candidato.

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#10 Mensagem por Sempre Alerta » 25 Jul 2009, 12:23

O que estamos precisando é de uma verdadeira reforma política pois do jeito que está, qualquer um que seja eleito, fica refém de partidos fisiológicos para obter a maioria.

Recentemente o Aécio disse que ninguém consegue governar sem o apoio do PMDB, o que é uma verdade..

Acho que um regime parlamentarista, com partidos fortes, seria a melhor opção.

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#11 Mensagem por florestal » 25 Jul 2009, 13:23

Tricampeão escreveu: Imaginem ganhar alguém daquela merda do PPS. O cara ia ter que fazer alianças de última hora e usar as legendas de aluguel para obter maioria no Congresso. Ou seja, corrupção pura.
O ódio suscitado na militância petista pelo PPS deve-se a intransigente defesa da coisa pública feita por esse partido.

Abaixo, mais um excelente artigo que pode ser visto no site do PPS. A entrevista aponta para a necessidade de criarmos partidos ideológicos no Brasil, como os países europeus mais modernos:

Roberto Romano: Vivemos com uma ética distorcida


O filósofo Roberto Romano diz que o foro privilegiado concedido aos políticos é uma licença para a delinquência


O sentimento de impunidade que alguns políticos brasileiros exibem, sustentando-se nos cargos mesmo debaixo de denúncias de desmandos, nepotismo e abuso de poder, é comparável ao dos nobres no período absolutista - considerado o mais corrupto da história moderna. Essa é a opinião do filósofo Roberto Romano, professor titular de Ética e Filosofia Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. Na entrevista abaixo, ele afirma que "até os garotos dessas dinastias políticas que se formam no Brasil têm certeza que o papai e o vovô não serão punidos".

Como explicar a permanência do presidente do Senado no cargo, após todas as denúncias contra ele e sua família, sem se sentir envergonhado e sem que a sociedade demonstre indignação? Na Inglaterra, um escândalo semelhante causou a queda de ministros e pedidos de desculpas.

Acho que vivemos numa sociedade com uma ética profundamente distorcida. Isso tem raízes históricas e raízes sociais propriamente brasileiras. Raízes históricas porque surgimos para a vida, enquanto gente, no período absolutista - um período de superconcentração de poderes na mão do rei; e da necessária bajulação do rei para se conseguir alguma coisa em termos de recursos, de glórias, etc. O nosso parâmetro original, portanto, já é o parâmetro do período absolutista, o mais corrupto da história moderna. Quando veio para o Brasil, d. João VI veio para evitar aquela "desgraça" da revolução puritana inglesa e das revoluções francesas e norte-americana. Veio estabelecer um Estado absolutista fora de tempo, anacrônico, ao qual o senhor seu filho, d. Pedro I, deu continuidade.

Mas depois veio a República.

No início da República tivemos um ensaio de liberalismo, uma tentativa de estabelecer um Estado minimamente democrático. Mas fracassou. Os costumes já estavam enraizados na ordem pública. Verifica-se então o retorno à prática antiga, dando-se ao presidente da República quase que as prerrogativas do imperador.

Vem daí a "ética distorcida"?

Ética é o conjunto de valores - ou de contravalores - que, de tão repetidos, se tornam automáticos, praticados até de forma inconsciente. E qual é a nossa memória? Ela é antiliberal, antidemocrática, não republicana. Quem está na escala hierárquica do poder não se julga obrigado a prestar contas a ninguém, como no sistema absolutista.

Quer dizer que, embora as pessoas digam que os políticos não têm ética, eles têm?

Eles têm essa ética aí, que estamos vendo. Com a centralização do poder e a falta de autonomia dos municípios e Estados, os políticos brasileiros atuam como mediadores com os donos do poder. Se um senador ou um deputado federal não traz obras para os município, ele não consegue se reeleger na sua base. Existe, portanto, um conúbio, uma cumplicidade, inconsciente muitas vezes, em que o eleitor colabora com o seu voto para o "é dando que se recebe", nesse sistema distorcido, sem federação e sem república. Para ter recursos, o político faz concessões e chantageia o Executivo. E ele ainda julga que faz um favor quando consegue uma creche.

Ele é um despachante de luxo?

Ele não se assume, de acordo com os preceitos do Estado Democrático de Direito, como fiscalizador e legislador. Veja a batalha que está ocorrendo no Congresso norte-americano, em torno da nomeação de Sonia Sotomayor para a Suprema Corte. O presidente tem maioria, mas a minoria questiona sem parar e a mulher se defende, luta pelo cargo. Compare com as audiências no Senado brasileiro para as nomeações de juízes do STF. Quando é mulher, a coisa chega ao nível do deboche. Elogiaram o vestido da Ellen Gracie, o penteado, a beleza. O discurso de um Wellington Salgado no Senado é de causar vergonha.

Dentro dessa ótica, como analisa a conversa debochada entre o neto de José Sarney e o pai, a respeito do seu emprego no gabinete do senador Epitácio Cafeteira?

É típico do Estado absolutista, em que os nobres se julgam acima das leis. Chamou minha atenção o que disseram do Cafeteira, que só faltou servir café para o menino. Ele não se mostrou um senador republicano, e sim um serviçal do clã.

O comportamento de políticos como Sarney é baseado no fato de se sentirem acima das leis?

Sim. Tudo piorou com o privilégio de foro (que permite permite aos políticos serem denunciados pelo procurador-geral da República e processados pelo Supremo). Privilégio de foro, numa República, é a mesma coisa que dar licença para a delinquência. Essas pessoas se julgam - e são efetivamente - impunes, inimputáveis. É piada dizer que o STF pode julgá-las. Até os garotos dessas dinastias políticas que se formam no Brasil têm certeza que o papai e o vovô não serão punidos.

Por que a sociedade não reage?

Entre outras coisas porque não temos partidos políticos democráticos e liberais no Brasil. Hoje o que predominam são federações de oligarquias. O DEM e o PMDB são duas grandes federações oligárquicas. Existe um PMDB no Rio Grande do Sul, outro no Rio de Janeiro, outro no Pará, outro no Maranhão... Os partidos são propriedades dessas federações, que não são democráticas, não realizam primárias, não fazem consultas para a modificação de programas, nem para a definição de candidatos. Nada mais igual aos partidos brasileiros do que os clubes de futebol: são os mesmos quadros dirigentes que estão lá há 50 anos, que controlam o caixa e o técnico, contratam jogadores, negociam. A torcida nunca é consultada.

Já tivemos a sociedade mobilizada, na época da ditadura.

A sociedade vive espasmos ciclotímicos. Numa hora todo mundo corre pelas Diretas Já, outra hora pelo impeachment do Collor e, na outra hora, fica no desânimo absoluto, como se estivéssemos condenados a esse destino da corrupção. É uma sociedade inoculada pelo vírus do absolutismo, do catolicismo conservador e da ausência de partidos políticos.

O senhor parece pessimista.

Existem coisas que, pela força do mercado, da urbanização, do avanço dos meios de comunicação, estão mudando, permitindo uma visão clara sobre o anacronismo entre a vida dos políticos e a vida real. As pessoas leem e ouvem os diálogos que vocês puseram na internet. Há uma consciência mais aguda.

Mas não suficiente?

Faça um levantamento de quantas ONGs existem na classe média e das que recebem recursos públicos. Vai entender porque as pessoas não vão às ruas. Ficaram realistas. E não há nada pior na democracia do que o realista, o sujeito que silencia diante das piores coisas da vida pública, com esperança de ter verba. Também considero alarmante e inaceitável o chefe de Estado, o presidente dizer que é preciso cuidado com a biografia de uma pessoa e de uma família com as características que vocês mostram, que a PF mostra.


Roberto Romano. Professor titular de Ética e Filosofia Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. Doutorado em Filosofia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, na França, e pós-doutorado pela Universidade Estadual de Campinas. É autor de vários livros, entre os quais O Caldeirão de Medeia

http://portal.pps.org.br/portal/showData/154764

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#12 Mensagem por Tricampeão » 25 Jul 2009, 17:54

florestal escreveu:
Tricampeão escreveu: Imaginem ganhar alguém daquela merda do PPS. O cara ia ter que fazer alianças de última hora e usar as legendas de aluguel para obter maioria no Congresso. Ou seja, corrupção pura.
O ódio suscitado na militância petista pelo PPS deve-se a intransigente defesa da coisa pública feita por esse partido.
O fato de você não conseguir argumentos para responder mostra que eu estou certo.
florestal escreveu:Abaixo, mais um excelente artigo que pode ser visto no site do PPS. A entrevista aponta para a necessidade de criarmos partidos ideológicos no Brasil, como os países europeus mais modernos:
Pelo visto, temos aqui um outro Vlad_vostok: um sujeito que sai colando citações que não entende e que não têm nada que ver com os assuntos em discussão. Roberto Romano diz textualmente que a corrupção "tem raízes históricas e raízes sociais propriamente brasileiras" e que "Tudo piorou com o privilégio de foro". Ou seja, as causas não têm nenhuma relação com a estrutura partidária. Se não entendeu, leia de novo.

Além disso, ele não disse que precisamos de "partidos ideológicos". Certamente ele nem imagina que alguém use essa expressão espúria e sem significado. Ele disse que precisamos de partidos de verdade, que realizem primárias, que façam consultas para a modificação de programas e para a definição de candidatos. Coisas que o PSDB e o PPS não fazem, e o PT faz.

Se perguntarem ao Roberto Romano o que ele acha do PPS, tenho certeza que ele vai concordar que é uma agremiação de compadres meia-boca, inexpressiva e irrelevante.





































































OOOOps, acho que já perguntaram:
http://emerluis.wordpress.com/2007/06/0 ... pt-e-psdb/
Roberto Romano, o cara que sabe das coisas, escreveu: Para Roberto Romano só existem dois partidos: PT e PSDB
05/06/2007

De Salvador, sem acentos corretos no teclado

Em entrevista para o programa Roda Vida da TV Cultura, exibida para todo o país na noite desta segunda-feira, o filósofo e professor da Unicamp Roberto Romano sentenciou: só existem dois partidos sérios no país, PT e PSDB. A frase foi emblemática diante das frequentes perguntas dos jornalistas da imprensa conversadora presente sobre a propagada reforma política. Romano frisou que nao ve legitimidade nos outros partidos que servem para “negociaçoes”.

Nesta ele jogou para a vala comum PMDB, PFL (DEM), PTB, PPS, PSOL, PSTU e todos os outros nanicos do país e disse que os únicos que tem propostas de estado, reforma e consolidaçao social sao os dois citados.

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#13 Mensagem por Carnage » 26 Jul 2009, 17:03

Tricampeão escreveu:OOOOps, acho que já perguntaram:
http://emerluis.wordpress.com/2007/06/0 ... pt-e-psdb/
Roberto Romano, o cara que sabe das coisas, escreveu: Para Roberto Romano só existem dois partidos: PT e PSDB
:lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol:
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HEADSHOT!!

Putamerda, Tri...

Florestal, e agora??

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FucaBala
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#14 Mensagem por FucaBala » 27 Jul 2009, 10:18

Tricampeão escreveu:OOOOps, acho que já perguntaram:
http://emerluis.wordpress.com/2007/06/0 ... pt-e-psdb/
Roberto Romano, o cara que sabe das coisas, escreveu: Para Roberto Romano só existem dois partidos: PT e PSDB
05/06/2007

De Salvador, sem acentos corretos no teclado

Em entrevista para o programa Roda Vida da TV Cultura, exibida para todo o país na noite desta segunda-feira, o filósofo e professor da Unicamp Roberto Romano sentenciou: só existem dois partidos sérios no país, PT e PSDB. A frase foi emblemática diante das frequentes perguntas dos jornalistas da imprensa conversadora presente sobre a propagada reforma política. Romano frisou que nao ve legitimidade nos outros partidos que servem para “negociaçoes”.

Nesta ele jogou para a vala comum PMDB, PFL (DEM), PTB, PPS, PSOL, PSTU e todos os outros nanicos do país e disse que os únicos que tem propostas de estado, reforma e consolidaçao social sao os dois citados.
:lol: :lol: :lol:
Sempre Alerta escreveu: O que estamos precisando é de uma verdadeira reforma política pois do jeito que está, qualquer um que seja eleito, fica refém de partidos fisiológicos para obter a maioria.

Recentemente o Aécio disse que ninguém consegue governar sem o apoio do PMDB, o que é uma verdade..

Acho que um regime parlamentarista, com partidos fortes, seria a melhor opção.
Isto é algo que temos de esquecer. Não interessa a nenhum deles e, o "bambambam" (PMDB) jamais votaria qualquer coisa parecida com reforma política.

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#15 Mensagem por Carnage » 27 Jul 2009, 10:28

Me parece que um grande entrave no país é o PMDB. Talvez também o DEM.

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#16 Mensagem por FucaBala » 27 Jul 2009, 22:10

Carnage escreveu:Me parece que um grande entrave no país é o PMDB. Talvez também o DEM.
Na realidade, nenhum deles tem interesse. Mas o PMDB, caso algo do tipo fosse realizado, seria o maior prejudicado.

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Re: Relembrando o passado (Eleições presidenciais 2010)

#17 Mensagem por Carnage » 31 Jul 2010, 00:58

http://www.istoe.com.br/reportagens/288 ... ternalPage
Recua Brasil
Edição 1534 da revista IstoÉ — 24.Fev de 1999

Cortes nos programas sociais para cumprir metas do FMI levam Fernando Henrique a enterrar promessas de investimentos feitas na campanha

GUILHERME EVELIN E RACHEL MELLO


O Brasil engatou a marcha à ré. Quatro meses depois de conquistada a reeleição, o “Avança Brasil”, programa de governo apresentado na campanha eleitoral pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, ameaça virar obra de ficção. Este ano, o País deve conhecer um recuo histórico, com queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5%, diminuição da renda per capita para os níveis de 1980 e índices de inflação e desemprego na casa dos dois dígitos, o que inviabiliza as promessas feitas pelo candidato FHC de manter a estabilidade do real e ainda tocar projetos capazes de gerar 7,8 milhões de novos postos de trabalho.

Segundo o professor Márcio Pochmann, especialista em economia do trabalho da Universidade de Campinas, a renda per capita no Brasil deve cair 4,8% em 1999, representando a volta ao mesmo patamar de 1980. Com a decisão de dobrar a aposta na política de arrocho ditada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), outro passo atrás vai ser dado nos próximos dias. Até a quarta-feira 24, o presidente deverá tomar uma decisão sobre novos cortes no Orçamento e nos investimentos das empresas estatais.

A tesourada de até R$ 4 bilhões vai atingir em cheio os programas do Brasil em Ação, um conjunto de obras consideradas prioritárias e apresentadas na campanha como o carro-chefe da retomada do desenvolvimento. Elas serão interrompidas ou adiadas. Pior: programas nas áreas sociais não serão poupados dos cortes. O candidato que pediu votos com o bordão de que o Brasil tem rumo iniciou, assim, o segundo mandato no Palácio do Planalto na trilha oposta da redução das desigualdades. “O presidente mudou de rumo. O eleitor percebeu isso e sua popularidade caiu como nunca. Junto à população, FHC ficou com a imagem potencial de mentiroso”, analisa Fátima Jordão, especialista em opinião pública.

Trabalho infantil

A primeira vítima desses descaminhos pode ser a pequena rede de proteção social no País, que funcionava de forma precária mesmo nos tempos de moeda estável. A luta pela erradicação do trabalho infantil é um bom exemplo. Segundo o IBGE, cerca de 3,8 milhões de crianças entre 5 e 14 anos trabalham hoje no Brasil. Uma das vitrines do primeiro mandato de Fernando Henrique, o programa atendeu somente 74 mil crianças trabalhadoras no ano passado. Em agosto, o governo prometeu investir R$ 60 milhões para ampliá-lo. No Orçamento, metade da verba foi cortada. Na última semana, o Planalto voltou atrás, depois de protestos de entidades nacionais e internacionais de defesa dos direitos das crianças, e se comprometeu a colocar mais R$ 52 milhões no projeto. Mas não disse de onde viria o dinheiro. “Em quatro anos, erradicaremos o trabalho infantil. Se não houver recursos, vamos recorrer ao apoio de um mutirão de voluntários “, sonha a secretária de Assistência Social, Wanda Engel. A promessa não encontra respaldo nos números. Especialistas calculam que o País teria que gastar R$ 1 bilhão por ano para erradicar o câncer da mão-de-obra infantil.

Na Educação, outros projetos que enchiam os olhos do presidente Fernando Henrique já sofreram duros golpes orçamentários no final do ano passado. O Programa de Informática, que deveria equipar com mais de 100 mil computadores escolas públicas de todo o País até o ano 2000, perdeu 90% de seus recursos. Em 1998, o Ministério da Educação investiu R$ 170 milhões no programa e comprou apenas 35 mil computadores. Neste ano, estão disponíveis somente R$ 12 milhões. “Mal dá para financiar os gastos fixos do programa”, reconhece o secretário-executivo do MEC, Luciano Patrício. As metas do projeto de Gestão Eficiente, que deveria melhorar as escolas públicas com compra de equipamentos e material, também ficam adiadas. O corte para este ano é de 67%. Na Saúde, ainda é difícil calcular as perdas porque o orçamento foi feito com a inclusão da CPMF ao longo de todo o ano. Como a contribuição só começa a ser recolhida em junho, projetos que vêm perdendo dinheiro nos últimos anos devem ser prejudicados. Entre eles, o de combate ao mosquito da dengue e o de infra-estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS).

Antes mesmo de os novos cortes ajudarem a alimentar a fogueira social, o governo já está sob fogo cruzado. Na última quarta-feira, ao iniciar a Campanha da Fraternidade de 1999, que tem o desemprego como tema, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma cartilha recheada de críticas à política econômica. “Existem outras formas de fazer equilíbrio fiscal. O pagamento dos serviços da dívida priva o País dos recursos que deveriam ser destinados à educação e à saúde”, atacou o secretário-geral da CNBB, dom Raymundo Damasceno. O quadro das contas públicas dá razão à Igreja. A redução dos gastos está sendo feita para compensar a elevação de despesas com a amortização da dívida pública. Com a política de juros altos, somente entre 1994 e 1998, essa dívida cresceu 424%, passando de R$ 61,7 bilhões para R$ 323,8 bilhões.

Além da cúpula da Igreja Católica, o governo está sob pressão também do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O BID condiciona a liberação de US$ 4,5 bilhões, parte do socorro externo de US$ 41 bilhões coordenado pelo FMI, à garantia de que 21 programas sociais – seguro-desemprego, merenda escolar e agentes comunitários de saúde, entre outros – serão poupados do arrocho. “Nossa experiência em outros países da América Latina mostra que a população mais pobre é sempre a mais atingida nos choques econômicos. Por isso, queremos assegurar que esses projetos vão ser preservados”, diz Ricardo Santiago, gerente operacional do BID para os países do Cone Sul.

120 anos

Ainda que programas sociais venham a ser incluídos nesse cordão de proteção exigido pelo BID, é certo que o Brasil está perdendo, no mínimo, tempo. Estudos do próprio Banco Interamericano mostram que o País levaria 120 anos para eliminar a miséria se sua economia crescesse 2% ao ano. “O quadro social é grave. E a tendência é piorar porque não se tomam providências”, diz o sociólogo Carlos Estevam Martins, professor da Universidade de São Paulo e co-autor do livro Política e sociedade em parceira com Fernando Henrique Cardoso. “Ainda é cedo para dizer que as metas do Avança Brasil são inviáveis. Trabalhamos com um horizonte de quatro anos. A partir do ano 2000, vamos modernizar o gerenciamento dos recursos, trabalhar com mais parcerias e aprender a fazer mais com menos dinheiro”, rebate José Silveira, secretário de Planejamento e Avaliação do Ministério de Orçamento e Gestão. O problema é que o médio prazo pode ser um tempo longo demais. A história recente do Brasil mostra que vendavais econômicos geram movimentos sociais e instabilidade política.

A intenção do governo FHC era capacitar 17 milhões de trabalhadores até 2002. Em agosto anunciou para 1999 gastos de R$ 662 milhões no Plano de Qualificação Profissional (Planfor). Com a crise, o orçamento do plano foi reduzido em 50%. A meta de treinar 12 milhões de trabalhadores até o ano 2000 foi adiada por pelo menos dois anos.

“Avança Brasil”

O candidato FHC se comprometeu a aumentar o número de bolsas-escola e acabar o trabalho infantil, que hoje emprega 3,8 milhões de crianças de cinco a 14 anos. No atual ritmo, a meta é inviável.

O governo Fernando Henrique atendeu no ano passado 74 mil crianças trabalhadoras. Prometeu elevar os gastos do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) de R$ 28 milhões para R$ 60 milhões. Mas o orçamento do PETI ficou em R$ 30 milhões. O governo comprometeu-se, na semana passada, a garantir mais R$ 52 milhões, sem dizer de onde viriam os recursos. Mesmo com o suplemento, as verbas são suficientes apenas para atender 117 mil crianças.

O Programa de Garantia de Renda Mínima para crianças seria implementado este ano. A meta inicial era investir R$ 320 milhões para pagamento de bolsas-escola em cerca de 300 municípios. O corte foi de 83%. O PGRM foi transformado em programa-piloto e deve atender menos de 30 municípios.

“O Brasil tem rumo”

Menina dos olhos do candidato FHC, o programa Toda Criança na Escola pretende colocar 98% das crianças na escola até 2002. A meta ficou mais distante depois que dois projetos de apoio do programa sofreram cortes drásticos.

O projeto de transporte escolar perdeu 83% de suas verbas. Em 1998, foram gastos R$ 74 milhões para compra de ônibus para transporte de estudantes. Para este ano, apenas R$ 13 milhões estão disponíveis. Na zona rural, a falta de transporte mantém as crianças afastadas da escola.

Para manter as crianças na escola, o projeto de Assistência Integral à Criança e ao Adolescente financia atividades de esporte e reforço escolar como complemento aos estudos. Em 1998, o projeto atendeu 430 mil crianças com gastos de R$ 85 milhões. Para 1999, só estão disponíveis R$ 30 milhões.

“Marcha à ré, não”

FHC prometeu mobilizar R$ 55 bilhões em investimentos para melhorar a infra-estrutura e acabar com os gargalos que atrapalham o crescimento do País. Este ano, o PIB pode cair até 3,5%. Obras prioritárias estão sendo interrompidas e adiadas.

A duplicação da rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Minas Gerais, deveria ficar pronta em 1999. Com os cortes no orçamento, a obra ficará para depois do ano 2000.

Planejado para aliviar o tráfego na região metropolitana de São Paulo, o Rodoanel teria o seu primeiro trecho de 32 quilômetros finalizado no ano 2000. Para 1999, a obra sofreu um corte de 53%. O término da obra inteira ficou para além de 2004.

A rodovia BR-230, que liga a região Norte ao Centro do País, começaria a ser pavimentada em 1999 no trecho entre as cidades de Altamira e Marabá (PA). Os R$ 40 milhões, porém, foram totalmente cortados. A obra não será sequer iniciada neste ano.

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Re: Relembrando o passado (Eleições presidenciais 2010)

#18 Mensagem por Carnage » 14 Ago 2010, 00:16

http://www.ternuma.com.br/cmarchi64.htm
A ÚLTIMA CIDADELA DE LULA
02/08/2002, 16h32

por Carlos Marchi, jornalista, no Blog do Noblat


Ontem Noblat me perguntou se Lula vai levar no primeiro ou se haverá segundo turno. Não era uma conversa de magos, mas de jornalistas, razão pela qual falávamos de probabilidades, não de adivinhações. Falando de probabilidades, eu disse a ele - e digo a vocês - que o candidato Lula da Silva não tem boas probabilidades na eleição de outubro. Digo mais: que o primeiro turno será muito mais difícil do que aparenta agora e que, se houver segundo turno, pela lei das probabilidades, Lula perde.

Apresso-me a explicar, antes que alguém me acuse de fazer mero exercício futurológico irresponsável ou engajado, por que razões sustento que Lula não é mais favorito, como era há dois anos, antes do escândalo do mensalão, e há quatro meses, depois de ensaiar uma efêmera recuperação. Aqui vão 20 razões para entender por que Lula deve perder a eleição:

1. Hoje Lula vaga pelo sertão sem água no cantil - é vitalmente dependente dos seus salvadores índices do Nordeste. Segundo a última pesquisa Ibope, se considerarmos, por hipótese, apenas as outras quatro regiões (sul, sudeste, norte e centro-oeste), Lula ganharia apertado no primeiro turno por 37% a 32%, mas num segundo turno Alckmin venceria por 46% a 41%. No Nordeste, Lula desafoga por 69% a 22%, mas é bom lembrar que o nordeste representa apenas 27% dos votos brasileiros (São Paulo sozinho representa mais de 22%).

2. A mesma pesquisa Ibope aponta que, no segundo turno, Alckmin vence no sul (46% a 40%) e no sudeste (46% a 40%) e empata no conjunto norte/centro-oeste (46% a 44% para Lula, com diferença dentro da margem de erro). Por aí se vê que as quatro regiões parecem pender a favor de Alckmin antes mesmo de começar o horário eleitoral gratuito, trunfo maior do tucano, e num momento em que Alckmin ainda tem razoável índice de desconhecimento.

3. Depender do Nordeste para ganhar uma eleição presidencial é um risco enorme. Lá está o eleitorado mais influenciável e mutante, em razão do baixo índice cultural e das más condições sociais. Além de acostumado a absorver influências sulinas, o eleitor nordestino é, por exemplo, o que mais muda o voto na última hora para sufragar o candidato que, segundo as pesquisas, vai ganhar a eleição (lá, o índice médio chega a 10%; nas outras regiões não passa de 3%).

4. Alckmin está mirando fixo no eleitor nordestino. Desde que deixou o governo paulista, em 31 de março, já foi 14 vezes ao Nordeste; de lá são os senadores Tasso Jereissati (CE, presidente do PSDB), Sérgio Guerra (PE, coordenador de campanha) e José Jorge (PE, vice). Esta semana o ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que apóia Alckmin, me revelou que está notando os primeiros sinais de quebra de resistência de políticos do interior a fazerem campanha para Alckmin. Não faziam antes porque achavam que ele não ganharia. Isso pode significar que Alckmin começa a penetrar nos grotões.

5. De fato, a última pesquisa Ibope mostra que Alckmin cresceu 14 pontos porcentuais no norte/centro-oeste, 4 pontos no Nordeste de Lula, 8 pontos no sul, 11 pontos nos municípios até 20 mil habitantes e 8 pontos no interior. Todos esses grupamentos - principalmente as cidades com menos de 20 mil habitantes e o interiorzão - englobam grotões. Já Lula ficou estável em todos eles e ainda caiu forte no Sul (de 42% para 37%).

6. A aposta de Lula no Bolsa Família - um contingente que não passou da 4ª série do ensino fundamental e cuja maior concentração está no Nordeste - se explica pela mudança substancial do perfil de voto recebido por ele ao longo das quatro eleições presidenciais a que concorreu. Segundo estudo do Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop), da Unicamp, 67% dos que votaram em Lula em 1989 eram analfabetos ou tinham só o 1º grau; em 1994 esse número caiu para 59,4%; em 1998 se manteve estável em 59,9%; e em 2002 voltou a cair para 52,8%.

7. Está claro que, ao longo das eleições, Lula perdeu uma parte importante do seu eleitorado preferencial. Em 1989, 2/3 dos seus votos estavam na classe menos instruída; 13 anos depois, esse segmento contribuía apenas com a metade dos votos totais dele e a composição do voto lulista foi engordada pela adesão da classe média. Agora, ao perder segmentos importantes da classe média por conta dos escândalos de corrupção, o presidente correu a compensar com o resgate dos votos perdidos entre os pobres.

8. Na distribuição dos votos por regiões, a situação é parecida. Em 1989, metade (49,4%) do eleitorado de Lula estava no sudeste; em 1994, esse contingente reduziu-se a 41,8%; em 1998, cresceu a 44,5%; em 2002 voltou a cair a 42,4%. Agora, em abril, as pesquisas apontaram que esse índice estava em 33%. A presença do Nordeste na composição do voto de Lula, que era de 31% em 1989, caiu para 28% em 1994, para 26,5% em 1998 e se alçou a 27,3% em 2002. Agora deu um salto espetacular para 41,3%. Essa é a chave para entender a necessidade de Lula reconquistar as antigas fontes do voto fácil: o voto dele está migrando fortemente do Sudeste para o Nordeste; e o voto dos mais pobres volta a crescer na composição do voto lulista.

9. Traduzindo em miúdos: a composição e a distribuição dos votos potenciais de Lula são, neste momento, muito pouco homogêneos. E eleições têm algumas regras sagradas. Da mesma forma que ninguém (com exceção de Juscelino Kubitschek) se elegeu presidente sem vencer em São Paulo (e Lula está perdendo), ninguém chega ao Planalto sem ostentar uma distribuição de voto homogênea. Tanto mais grave se essa votação heterogênea tiver prevalência de votos em regiões periféricas, influenciáveis pelos grandes centros. Por uma ótica antropológica, é muito mais crível esperar que o voto do sudeste influencie o voto do nordeste do que vice-versa.

10. Lula terá sérios problemas quando começar a propaganda eleitoral gratuita dos candidatos. O primeiro deles é que terá 7 minutos e 21 segundos diários contra 10 minutos e 22 segundos de Alckmin. Considerando que os estrategistas tucanos - a GW - costumam exibir alta eficiência na feitura dos programas políticos, é de esperar que o programa de Alckmin tire ótimo proveito desse tempo mais amplo.

11. Lula terá a inevitabilidade de enfrentar, na campanha de TV e rádio, o recrudescimento do tema da corrupção. Os adversários certamente vão relembrar as tristes passagens das CPIs, as denúncias chocantes, o cheque em branco, as explicações enroladíssimas, a depuração dos infiéis na cúpula do PT, o escândalo tangenciando o Palácio do Planalto. Dificilmente Lula escapará à sina de ter sua agenda comandada pelos oponentes e será obrigado a perder precioso tempo tentando explicações inúteis. E quanto mais ele falar nos escândalos, mais eles avivarão a memória e suscitarão um posicionamento contrário do eleitor.

12. Mas não é só. Entre os principais candidatos, além de Alckmin, Lula terá dois rivais dispostos a extrair-lhe o fígado pela boca - os senadores Heloísa Helena, do PSOL, e Cristovam Buarque, do PDT. E o mais complicado é que os dois vieram do próprio PT e, por isso, têm credibilidade nos ataques e críticas.

13. Para recuperar índices razoáveis de intenção de voto e da avaliação do governo, Lula gastou fortunas, no primeiro semestre, numa das mais rechonchudas mídias oficiais já vistas no país. Mas depois de apenas um mês sem propaganda, tanto sua intenção de voto quanto a avaliação do governo começaram a cair. Essa dupla queda combinada é um péssimo sinal - mostra que a ascensão anterior não teve lá grande consistência.

14. Do outro lado, Alckmin conseguiu sair de um patamar baixo de intenção de voto sem precisar de muita exposição pública. Ele cresceu em todas as regiões apenas com os programas do PSDB e comerciais partidários distribuídos ao longo de junho, além da mídia editorial - que ajuda pouco aos candidatos. Há quem diga que essa mínima visibilidade já o entronizou no papel de anti-Lula. Se for verdade, se ele de fato conseguir encarnar esse personagem, por si só, e se o personagem estiver sendo esperado com a expectativa de um messias, como se diz, vai ser muito difícil Lula ganhar.

15. Sem propaganda, em São Paulo, estado que governou por 5 anos, Alckmin ganha de Lula por uma diferença quase igual à de Lula no país inteiro. No país, segundo a última pesquisa Ibope, Lula venceria no primeiro turno por 44% a 27%; Alckmin venceria em São Paulo por 43% a 33%. No segundo turno, Lula venceria no país por 48% a 39% e o tucano ganharia em São Paulo por 51% a 37%. A comparação é abstrata, dirão contrariados lulistas, porque a eleição que vale é a nacional. Sem dúvida, mas o fato de vencer bem em São Paulo, estado que governou, dá a Alckmin o direito de usar ostensivamente no resto do país o argumento de que quem o conhece, vota majoritariamente nele.

16. E não é só o argumento. A quantidade de obras visíveis que Alckmin fez em São Paulo e vai mostrar na televisão é impressionante. Lula vive falando em comparar seu governo com o de Fernando Henrique; pois bem, o governo Lula será comparado com o governo Alckmin. E, pelo conjunto da obra, o petista perde feio, vocês, de outros estados, verão na televisão, a partir de 15 de agosto.

17. O estilo "pai dos pobres" de Lula, o jeito informal e meio esculhambado, os erros de português, as gafes, a mania de falar demais, no melhor estilo Fidel (ou seria Chávez?), a insistência de palpitar em tudo (nem sempre de forma adequada), tudo isso já cansou. As pessoas ainda não se deram conta disso porque não se constituiu, de forma física e visível, a alternativa a Lula, a encarnação do anti-Lula. Quando o eleitor se der conta - como parece que começou a dar-se - periga virar hemorragia.

18. Com aquele seu jeito picolé de chuchu, Alckmin parece anódino, sem sabor, sem carisma - mas funciona. Em 8 eleições, ganhou 7 e só perdeu 1, no olho mecânico. Ele tem a fórmula da vitória e ela passa por operar uma campanha suave, educada, didática. Repete pacientemente os argumentos. Explica mil vezes, de forma simples. No final, as pessoas apreendem.

19. Alckmin vai usufruir, na campanha, da credibilidade natural que têm os médicos, personagens mais importante para as famílias, principalmente no interior. Para as pessoas, sua palavra funciona como se fosse uma lei, uma variável que pode manter a vida ou redundar na morte. Todos param para ouvir o que o médico tem a falar. Além disso, Alckmin tem um arco de conhecimento técnico muito maior que o de Lula e um arco de palpites jogados ao vento infinitamente menor.

20. Outro dia Serra reconheceu (e olhe que para Serra reconhecer isso é porque deve ser verdade): "Alckmin é o melhor de nós (tucanos) todos na televisão". Ou seja: não chega a ser um estouro de carisma, mas é eficaz.

Cobrem-me o resultado final desse exercício de probabilidades no final de outubro.


Carlos Marchi é repórter político de O Estado de S. Paulo

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#19 Mensagem por Tricampeão » 14 Ago 2010, 15:51

Carnage escreveu:
Cobrem-me o resultado final desse exercício de probabilidades no final de outubro.

Carlos Marchi é repórter político de O Estado de S. Paulo
Cobraram? Acho que não. Os leitores do Estado Corrupto de S. Paulo não se interessam pela qualidade do que o jornal publica.

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Re: Relembrando o passado (Eleições presidenciais 2010)

#20 Mensagem por Carnage » 15 Ago 2010, 17:48

Cobraram porra nenhuma.

Desde antes de 2005 "especialistas" e "analistas" dos mais diversos publicam bobagens no Estadão, Folha, O Globo, ou as falam na televisão, na Globo, Band, etc, que são desmentidas pelos fatos meses depois, ou nem isso, e ninguém tá nem aí. Ninguém se liga que estes "renomados especialistas" não passam de torcedores pelo que eles acham que é o certo. Torcem pra que o que eles queriam que acontecesse aconteça e travestem isso de "análise". A grande maioria dos fiéis leitores destes meios torcem junto, leem com prazer as "previsões", e se sentem "acalmados" em saber que o que eles querem que aconteça vai mesmo acontecer.

Por isso, mesmo depois que não acontece, sua amnésia.seletiva os levam a ignorar que o tal analista jamais acerta uma, e continuam a lê-lo, somente por causa da esperança e "calma" que ler o que querem que seja a verdade lhes traz.

Basta ver todas as previsões terríveis e nefastas que foram feitas na época que estourou a crise global, quando todos estes leitores, levados pelas incríveis "análises" dos "especialistas" dos jornais, acharam que finalmente a incompetência do governo petralha ia ficar clara pra todos e o Brasil ia pra merda pra mostrar que eles estavam certos o tempo todo.
Deu no que deu...

As pessoa leem a "análise" acima sobre a derrota certa que o picolé de chuchu ia impor ao sapo barbudo e, confrontadas com o fato de que não passou de pura torcida e desejo do "analista", não se dão conta de que o mesmo analista continua lá escrevendo, agora falando que a cria do molusco apedeuta jamais teria chance de ganhar do vampirão. Daí elas leem e continuam torcendo, junto com ele. :lol:

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Re: Relembrando o passado (Eleições presidenciais 2010)

#21 Mensagem por Carnage » 18 Set 2010, 00:11

Matéria da revista Veja de 20 de março de 2002.

O texto é interessante, mas o legal é ler o último parágrafo vendo o que acontece hoje e as próprias atitudes atuais da revista. Chega a ser cômico...

http://veja.abril.com.br/200302/p_036.html
É a vez de Serra

O tucano rouba o lugar de Roseana Sarney nas pesquisas e deixa mordida
a cúpula do PFL, que só
fala em vingança


As últimas pesquisas de opinião divulgadas na semana passada dão a exata dimensão do prejuízo provocado na candidatura de Roseana Sarney pela devassa feita pela Polícia Federal em seu escritório. Em pouco mais de dois meses, de acordo com dados do Datafolha, Roseana caiu de 21% das intenções de voto para 15%, perdendo o segundo lugar para o candidato tucano, José Serra, que subiu de 7% para 17%. Serra esperava melhorar sua posição nas pesquisas aos poucos. Segundo suas contas, lá pelo mês de junho estaria brigando pelo segundo lugar. Mas acabou tomando o posto de Roseana já em março. Diante do novo cenário, pode-se dizer que o tucano abraça chances muito maiores de chegar ao Palácio do Planalto que aquelas que a filha de José Sarney tinha antes da batida policial. Mais uma vez, o candidato do PT, Luís Inácio Lula da Silva, corre o risco de atuar como figurante para valorizar a vitória do candidato anti-PT. Aconteceu isso em 1989, quando Fernando Collor e Lula fizeram o segundo turno, mas há agora uma diferença notável que dificulta ainda mais a missão do petista. Serra chega à corrida com apoio da máquina do governo, tendo a empurrá-lo Fernando Henrique Cardoso, cujo prestígio está ascendente, de acordo com as pesquisas. Outro fator decisivo diz respeito ao apoio seguro que Serra recebe no meio empresarial paulista. Nesse sentido, pode-se dizer que chegou a vez de Serra.

Na outra ponta, o PFL está em estado de catalepsia. Perdeu seu lugar no governo, está perdendo sua esperança de concorrer com candidato próprio e procura desesperadamente soluções que evitem sua rendição humilhante ao tucano José Serra. Na semana passada, a cúpula do partido falava em tomar carona na candidatura Ciro Gomes. E teve até gente lembrando de apelar para que Silvio Santos concorra à Presidência com a camisa pefelê. "Eles sempre pensam no meu nome em momentos de crise", disse a VEJA o empresário. "Mas não tenho planos de entrar nessa aventura."

O PFL é portador do vírus governista, para o qual não se conhece uma vacina. Está em seu DNA aderir de novo. Mas, por enquanto, é impensável que seus cardeais voltem de cabeça baixa a procurar o homem a quem atribuem a desgraça de sua candidata. Enquanto não se decidem pelo que fazer, agarram-se a qualquer chance de vingança. Na semana passada, os pefelistas entusiasmaram-se com a criação de uma "CPI do grampo" em união amiga com o PT, que sempre detestaram, sob o pretexto de que o Ministério da Saúde, com Serra à frente, contratou uma firma de arapongagem. Ao mesmo tempo que pressiona, o PFL reza para que o PSDB acabe optando por uma candidatura alternativa à de José Serra, como a de Aécio Neves, para que o partido possa aderir sem vexame. Nesse sentido, também se pode dizer que chegou a vez de Serra – a vez de Serra virar alvo.

Nesse ambiente hostil envolvendo os dois principais partidos da base governista, espalha-se pelo Brasil afora um clima de delação. Dossiês recheados de denúncia, na maior parte calúnias, circulam nervosamente de mão em mão. É a campanha mais lamacenta que o país já viu desde o fim da ditadura militar. Fernando Collor apelou para a difamação contra Lula, mas só fez uso dessa arma insidiosa no fim da campanha. Com um detalhe: ele teve a coragem de divulgar denúncias contra Lula no próprio programa eleitoral, correndo o risco de ser punido pelo eleitor em razão da baixaria. Agora, não. Os apócrifos dossiês, a arapongagem e a difamação começaram sete meses antes da eleição. Não há provas nesses dossiês. Aliás, nem é esse seu propósito. O que eles provam, na verdade, é que os bandidos são seus autores, e não as pessoas que neles são denunciadas. O PT acompanha calado a movimentação e o povo a tudo vê com espanto. Numa pesquisa feita pelo Instituto Vox Populi, mais da metade dos brasileiros acham que esses dossiês só servem para intimidar e 75% acreditam que político faz qualquer coisa para ganhar eleição. Com isso, a campanha desce do patamar desejável da discussão dos temas relevantes e se projeta na sarjeta da acusação pessoal. Não é um padrão civilizado e construtivo, marcado pela busca de idéias e receitas para melhorar o país.

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Carnage
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Re: Relembrando o passado (Eleições presidenciais 2010)

#22 Mensagem por Carnage » 24 Set 2010, 23:08

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... -guilherme
jornal Valor 11/07/2008
Wanderley Guilherme dos Santos


(...)

Para efeitos de análise, estou menos interessado em quem vai vencer do que na atitude posterior dos perdedores. Entre 1945 e 1964, a minoria eleitoral liderada pela UDN foi derrotada em três eleições sucessivas (em 1945, pelo general Eurico Dutra, em 1950, por Getúlio Vargas e, em 1955, por Juscelino Kubitschek) e foi lograda, em 1960, quando seu candidato vitorioso, Jânio Quadros, renunciou ao mandato sete meses depois da posse. O vice-presidente, João Goulart, a substituí-lo, fora eleito pela chapa adversária, da anterior maioria, agora minoria. O fracassado golpe militar, incentivado por civis, para impedir a posse de João Goulart expressava também o inconformismo da minoria histórica em permanecer fora do poder mais uma vez.

Em 1964, finalmente, a derrubada do governo Goulart não trouxe a consagração da minoria udenista, mas a instalação do que Tancredo Neves chamou de o "Estado Novo da UDN", sem a UDN e sem nenhuma das forças políticas até então organizadas.

A estabilidade da democracia depende crucialmente do comportamento dos perdedores, entre outras razões porque, em contabilidade rigorosa, significativa maioria dos governos democráticos é eleita com minoria de votos, transformada em maioria por artefatos institucionais.

No Brasil, a exigência de maioria absoluta dos votos válidos, alcançada mediante coligações, não tem assegurado que o vencedor represente a maioria das opiniões políticas. É importante esclarecer que não há vacina legislativa contra esse fenômeno, ou seja, nenhuma reforma eleitoral é capaz de evitá-lo. No que diz respeito ao Legislativo, aliás, o sistema proporcional é o que reduz ao máximo a distância entre vencedores e perdedores (ver Christopher Anderson e colegas, "Losers' Consent - Elections and Democratic Legitimacy", Oxford University Press, 2005).

Pelo clima em gestação nesta prévia das eleições municipais, temo que a atual oposição resista a aceitar outra derrota em 2010, caso ocorra. A sistemática difusão da tese de que o governo não tem candidato viável e, por isso, a oposição certamente ganhará a próxima eleição presidencial contribui para cristalizar no eleitorado oposicionista o sentimento de que só por artes ilegais ou vícios institucionais o atual governo pode ser ratificado pelo eleitorado. O aparelhamento atual dos órgãos de imprensa pelo partidarismo tucano facilitará, como em oportunidades anteriores, a agitação do arsenal de teses golpistas de que são proprietários. Por essa razão, a reação dos oposicionistas aos resultados das eleições municipais deste ano talvez prefigure o que pretendem fazer em 2010.

O consentimento da oposição a nova vitória petista dependerá, em primeiro lugar, da extensão da derrota. Embora nas duas eleições presidenciais anteriores a decisão tenha exigido um segundo turno, a vitória do presidente Luiz Inácio foi absolutamente indiscutível. As costumeiras dúvidas sobre a lisura do processo não tiveram chance de aparecer. Além disso, a derrota era esperada, tendo em vista as pesquisas sobre a tendência do eleitorado e sobre a avaliação do governo.

Novidade é a enorme distância entre a opinião pública, favorável ao governo, e o crescente otimismo oposicionista, fundado em pesquisas sobre candidaturas hipotéticas. Como os jornais e revistas pensam da mesma forma, seus editorialistas e comentadores imaginam que toda a população pensa como o colega da mesa ao lado, não obstante as pesquisas da primeira página registrarem o contrário. Cria-se um coro de iludidos que transborda para a fatia oposicionista do eleitorado, levando-o à certeza de vitória próxima. Aí mora o perigo.

Na hipótese bastante plausível de acirrada competição e vitória apertada de um eventual candidato petista ou apoiado pelo PT, como reagirão os profetas do apocalipse? Por certo não existem limites para a sugestão de teses desesperadas. Na eleição de Vargas e de Juscelino, por exemplo, os derrotados defenderam a anulação dos resultados porque ambos teriam recebido o voto dos comunistas e o Partido Comunista era ilegal. A exigência de maioria absoluta também foi lembrada como justificativa para o impedimento dos vitoriosos. Agora, quando os comunistas estão na legalidade, com volume de votos legais conhecido, e na vigência do requisito de maioria absoluta, que teses sustentarão os perdedores?

Uma derrota petista não trará ameaças à democracia. O Partido dos Trabalhadores perdeu três eleições presidenciais e o aprendizado de que política se faz a curto e longo prazo não lhe deve ser estranha. Uma derrota da atual facção oposicionista, sobretudo se for por diminuta margem de votos, tem tudo para reativar as inclinações históricas dos conservadores pelas soluções extralegais. Se as regras eleitorais não forem responsabilizadas, ou a apuração eletrônica, resta o eleitorado.

Já embutida nas análises das pesquisas sobre avaliação do governo repete-se a tese de que a consciência dos pobres e miseráveis, largamente representados entre os eleitores, está sendo corrompida por políticas sociais assistencialistas. Pouco importa que não se conheça política social na ausência de assistência aos carentes. A ênfase está posta na índole corruptível do eleitorado pobre, sem atenção para a simétrica possibilidade de que banqueiros e especuladores estejam sendo corrompidos pela taxa de juros e pela política cambial. A proximidade de uma vitória que, ao final, escapou produz prodígios de imaginação.

As eleições municipais deste ano serão muito concorridas, com comparativamente reduzidas taxas de abstenção e votos em branco, e normais. Em 2010, tudo dependerá de qual seja o vencedor, com que vantagem, e da resistência das instituições democráticas. 

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#23 Mensagem por Tricampeão » 25 Set 2010, 11:13

Não concordo com a análise do articulista.
Ele advoga a tese absurda de que o destino de uma sociedade esteja na mão da minoria derrotada nas eleições.
Ele escreve como se as leis que regem o desenvolvimento histórico da sociedade humana já não tivessem sido adequadamente elucidadas.
Como disse em outro tópico, a teoria e a prática mostram que, quando o poder está solidamente nas mãos da grande burguesia (atualmente uma classe mundial, mas, no passado, uma classe nacional), ela pode adotar os modelos econômico e político mais adequados aos seus interesses: liberalismo econômico no âmbito das relações de troca e liberalismo político no âmbito da organização do estado. Dessa forma, consegue o máximo de ganho econômico com o máximo de estabilidade política.
Mas o liberalismo econômico leva ao caos e o liberalismo político é lentamente percebido como limitado pelos trabalhadores, que então passam a questionar sua situação de subordinação e a utilizar as armas existentes para ascender ao poder. O caminho da política é o mais fácil, porque o liberalismo político oferece relativa abertura, ao passo que as regras do liberalismo econômico tornam a ascenção por este outro caminho muito mais difícil. Num determinado momento, um relativo equilíbrio é alcançado, no âmbito político. Os conflitos se sucedem e tornam-se cada vez mais violentos. Neste momento, a burocracia estatal intercede, advogando neutralidade e necessidade de salvar as instituições, e substitui o modelo de organização do estado por outro, autocrático. A partir daí, combatem o poder de uma das classes, em geral a classe dos trabalhadores, teoricamente mais fraca.
A idéia de que o fechamento político seja obra dos militares é totalmente equivocada. Trata-se de um movimento de toda a burocracia estatal, civil e militar. O que acontece é que os civis são mais espertos e geralmente conseguem fazer os militares ficarem com a culpa sozinhos. Dessa forma, quando a inevitável retomada da normalidade burocrática acontece, eles podem manter-se no poder, o que se torna impossível para os militares, que passam a ser associados ao golpe.
A idéia de que um golpe burocrático seja evitável é totalmente equivocada. Para isso, seria preciso que os trabalhadores aceitassem eternamente a deterioração de suas condições econômicas. Ou então, que essa deterioração não acontecesse, ou seja, que o liberalismo econômico não fosse o modelo adotado para regulamentar as relações de troca, e sim um outro, que não apresentasse a propensão a tornar os ricos mais ricos e os pobres, mais pobres.
A idéia de que o golpe burocrático seja sempre bem sucedido também é totalmente equivocada. Se o partido político que defende os interesses dos trabalhadores estiver preparado para ferrar os ricões e os golpistas, apropriando-se do discurso de salvação nacional dos adversários para mobilizar a população para a sua própria causa, é possível aproveitar a oportunidade e acelerar a mudança no sentido da justiça social. Isso já aconteceu diversas vezes na história da humanidade, e é por causa disso que alguns países estão num estágio mais avançado que outros.

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