Brasil e política internacional

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Brasil e política internacional

#1 Mensagem por Carnage » 14 Mar 2010, 18:53

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... a_np.shtml
América Latina
Cúpula em Cancún aprova novo bloco regional sem os EUA


Os presidentes dos países da América Latina e do Caribe aprovaram, nesta terça-feira em Cancún, no México, a criação de um novo bloco que represente todas as nações da região sem a participação do Canadá e dos Estados Unidos.

O organismo se chamaria, temporariamente, Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e iniciaria suas atividades a partir de julho de 2011 – data da próxima Cúpula da América Latina e do Caribe em Caracas, na Venezuela.

“Finalmente há um consenso sobre isso, também houve discussões intensas”, disse o presidente do México, Felipe Calderón.

Segundo ele, o novo bloco deve “impulsionar a integração regional e promover a agenda regional em encontros globais”.

Até agora, os líderes ainda não incluíram Honduras no novo grupo regional.

O bloco seria uma alternativa à Organização dos Estados Americanos (OEA) – o principal fórum das relações regionais nos últimos 50 anos.

A OEA tem sofrido críticas de seus próprios membros após uma série de embates políticos e comerciais entre países da região e os Estados Unidos.

Princípios

O novo organismo foi aprovado pelos 25 chefes de Estado e de governo que participaram da Cúpula no México.

Segundo o comunicado divulgado pelos líderes, o bloco terá entre seus princípios promover o respeito ao direito internacional, a igualdade dos Estados, evitar o uso de ameaça de força e trabalhar a favor do meio ambiente na região.

Além disso, o organismo deve promover a integração política da região assim como o diálogo com outros blocos.

As regras de operação definitivas deverão ser adotadas no evento de Caracas, no próximo ano, ou na Cúpula que ocorrerá no Chile, em 2012.

Apoio

O presidente de Cuba, Raúl Castro, elogiou o anúncio sobre a aprovação do novo bloco, que incluiria o país, diferentemente da OEA.

Cuba foi suspensa da Organização dos Estados Americanos em 1962 por causa do sistema político socialista da ilha. Em 2009, a OEA decidiu aceitar novamente os cubanos no bloco, mas Cuba rejeitou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância da criação do novo bloco para a integração da região

"É importante a gente lembrar que hoje não é um fato histórico menor, é um fato histórico de uma grande dimensão na medida em que estamos conquistando hoje nossa personalidade enquanto região, estamos firmando a personalidade quando decidimos criar uma comunidade da América Latina e do Caribe", disse Lula em Cancún.

"Todos nós estamos aos poucos descobrindo que a única saída que nós temos é trabalhar fortemente a nossa integração. E trabalhar a nossa integração significa nós nos confrontarmos com as instituições multilaterais existentes hoje e que não funcionam adequadamente", afirmou o presidente.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, já havia expressado seu apoio à proposta, afirmando que seria uma ação para distanciar a região da “colonização” americana.

Um representante do Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmou que não acredita que o novo bloco substituirá a OEA.

Os termos do novo organismo e a eventual substituição do Grupo do Rio e da Cúpula da América Latina e do Caribe pelo novo bloco ainda não foram esclarecidos.

Segundo o presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, “é muito importante que não tentemos substituir a OEA”.

“A OEA é uma organização permanente e tem suas próprias funções”, disse.

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Re: Brasil e política internacional

#2 Mensagem por Carnage » 14 Mar 2010, 18:54

http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... =580IMQ003
DIREITOS HUMANOS
Sobre o jornalismo de esgoto

Por Chico Villela em 9/3/2010
Reproduzido da NovaE, 1/3/2010


A Folha trilha com veemência o caminho da Veja, tomada pelo que Luis Nassif chama (alguns) "jornalistas de esgoto". Irmana-se assim ao grupo Globo na falsificação sistemática da informação em defesa de interesses, sempre identificados, de empresas e governos e candidatos, seus ou favoráveis ao império, ou do próprio império, como se registra na edição do dia 27/2/2010.

A visita de Lula a Cuba, marcada pelo seu comportamento dúbio ante a presença de presos políticos e dissidentes e a morte do preso de consciência Orlando Zapata Tamayo (que comentei e condenei um dia antes de essa imprensa grande reagir), agora vem sendo explorada ad nauseam em harmonia com seus atos de falsificação jornalística que visam à campanha para presidente. A regra clara é: destruir Lula e o PT para destruir Dilma, principalmente agora que Dilma encostou em Serra e Aécio espera para decidir mais tarde, de olho na desistência de Serra e na abertura de seu caminho para a candidatura, ocasião em que seria praticamente imbatível. A missão da Folha é facilitada por declarações oportunistas, como a do assessor internacional Marco Aurélio Garcia em Cuba, de que direitos humanos são problema em todo o mundo. São, claro, mas isso não pode servir de escudo a gestos de omissão.

Aliados fascistas

Essa história, tudo indica que ficará em foco na Folha durante muito tempo: rende condenações e votos contra Lula e na edição de hoje (01/03) rendeu muitas páginas, editorial e matérias. Mas a debilidade reside em que a questão dos direitos humanos na Folha refere-se sempre aos adversários do império: para a Folha, há problemas de DH na China, na Rússia, no Irã, em Cuba, na Venezuela, em Mianmar, por aí. A questão da liberdade de imprensa, cara à Folha e aos senhores da Sociedade Interamericana de Imprensa, donos de reservas e monopólios dos meios, falsifica com lente grande a questão da Venezuela, por exemplo, ignorando que Chávez tem feito mais para democratizar a imprensa do que todos esses ilustres senhores juntos. Hoje, primeiro dia de março, esses senhores da grande imprensa fazem reunião e festa com seus promotores, agentes e servos remunerados em São Paulo, sob as asas do suspeito Instituto Millenium.

A julgar pelo noticiário e análises da Folha, que, insista-se, reproduz poucos meios dos EUA e uma e outra matéria da imprensa britânica, nos EUA não há problemas de direitos humanos. Nem no Egito, aliado dos EUA e governado pelo ditador retrógrado e torturador (veja uma mostra rápida de alguns deles) que caminha para seus trinta anos de tirania e promete fazer do filho o sucessor, criando uma dinastia familiar, como na ditadura de Cuba; na Colômbia, domínio de traficantes (veja e baixe a biografia do presidente-traficante) e tropas paramilitares e, ao lado do México, principal aliado estratégico dos EUA na América Latina; na Arábia Saudita, reino muçulmano ditatorial da corrente sunita, a mais repressiva do islã; em Israel, que joga hoje o jogo apoiado pelos EUA de tratar os palestinos como foram tratados pelo regime nazista, como se vê neste ensaio fotográfico (até a linguagem vai se aproximando); na Geórgia, que aboliu a liberdade de imprensa sem que os leitores da Folha sequer tomassem conhecimento; na Índia, aliada estratégica dos EUA que adota sistemas sociais de castas de cores pré-medievais e acumula problemas de DH de toda ordem; no Uzbequistão, outro aliado estratégico dos EUA, embora pendular e chantagista, que adotava até há pouco a técnica inquisitorial de fritar em óleo fervente prisioneiros enviados pela CIA; todos, sem exceção, aliados do império e modelos de drásticas violações de DH nunca noticiados pela Folha.

Assassinato em Honduras

Problemas de DH nos EUA? Na "pátria da democracia"? Após os atentados false flag em 2001, o instituto jurídico do habeas corpus foi abolido pela lei mais fascista já aprovada num país ocidental após o fim da Segunda Guerra, o Patriot Act do regime Cheney-Bush. O habeas corpus tem uma história de cerca de 800 anos, desde o século 13, com destaque para sua fixação no território que hoje é ocupado pelo Reino Unido na ilha inglesa. Espalhou-se, vingou e é reconhecido pela maior parte dos países. Mas nunca vi a Folha referir-se ao fato de o instituto do habeas corpus ter sido abolido nos EUA a partir do Patriot Act de 2001.

Nem ao fato de a violação ilegal e inconstitucional do sigilo de correspondência, e-mail e telefone ter operado e ainda operar no país, sob o governo de democratas. Um país em que os dados pessoais e da obra, de um leitor que a retira em biblioteca, mesmo de universidades, terem de ser compulsoriamente informados à polícia política não é, definitivamente, uma democracia. E que há mais de 100 mil cidadãos (dados de oito meses atrás) proibidos de viajar em aviões? Quantos leitores da Folha conhecem esses fatos pelas páginas do jornal?

O direito à defesa nos EUA também desapareceu, como se pode ver em outro artigo deste blog e no site referido. A organização e operação de centros de tortura, exaustivamente documentada na imprensa livre mundial, e que continua sob B.H. Obama, sempre foi ignorada pela Folha. A morte sob torturas de três jovens em Guantánamo, na mesma manhã de junho de 2009, foi ignorada pela Folha e pela imprensa dos EUA, que a Folha reproduz e copia, com destaque para seu conveniado New York Times. Da mesma forma, a construção pela Halliburton de cerca de 600 centros de detenção equipados com áreas de eliminação física de dissidentes (são tantos os sites que remeto o leitor ao menu), em vários pontos, sempre isolados e afastados de centros urbanos, no território dos EUA, sempre foi assunto tabu para a Folha.

E a Folha, que celebra a questão, obscena e condenável, dos prisioneiros políticos de Cuba, nem sequer noticiou o assassinato da principal ativista contra os golpistas de Honduras, com aspecto de obra de profissionais. As notícias dão conta de que sua morte levou marca registrada do serviço de inteligência israelense, que assessora os gorilas hondurenhos, apelido revivido pelos militares locais dependentes do Pentágono e de especialistas israelenses em morte de dissidentes. Assuntos tabus para a Folha são aqueles não noticiados pela grande mídia associada dos EUA. Pobre jornal.

Diplomacia ou corretagem?

A Folha faz parecer natural, e não um ato de escândalo digno de um governo Arruda, um alto funcionário diplomático em missão oficial de governo dos EUA dirigir-se ao Brasil para vender produtos de suas empresas. Na página A10 de hoje, a manchete é: "EUA dão última cartada para vender caças". A foto e legenda que ilustram a reportagem são de "William Burns, subsecretário para Assuntos Políticos dos EUA", que tenta chantagear o Brasil com a afirmação de que a compra de seus Boeing facilitaria a negociação para a compra de 200 SuperTucanos da Embraer pela Marinha.

Ao repórter sua voz: "[...] o recado foi enviado de forma diplomática e discreta, pela delegação que prepara a visita na semana que vem da secretária de Estado, Hillary Clinton, a Brasília. O subsecretário [...] esteve ontem com o ministro Nelson Jobim (Defesa)". Desconheço o que a Folha pensa sobre discrição. A reportagem não esclarece a diferença fundamental entre as propostas: os EUA não transferem tecnologia, querem ser eternos fornecedores; os outros proponentes, Suécia e França, transferem tecnologia, oferecem assessoria, compartem futuros projetos, configuram novas alianças armadas estratégicas ao largo do poder imperial, e isso se inclui nos preços.

Os EUA recentemente vetaram a venda de aviões da Embraer brasileira à Venezuela: para o império, os aviões têm "componentes euamericanos", e esse fato não garantiria a reposição ao país inimigo. O nome disso nos meios de bandidos e traficantes é chantagem, mas para a "diplomacia do império" e para a imprensa que a apóia é apenas tema corriqueiro de noticiário.

Essa mistura de negócios com diplomacia sempre foi, por mais de um século, marca registrada do império e, para eles, é postura aceita, tanto quanto o Pentágono abrigar conselheiros sobre ciência e tecnologia avançadas que são representantes de empresas. Para os EUA, e para a Folha, isso é o dia-a-dia. Anormal, para a Folha, é Lula apoiar a legítima aspiração do Irã de dominar o ciclo nuclear, tanto quanto o Brasil vem fazendo, e em que já se encontra bastante adiantado, com desenvolvimento de tecnologia própria.

Um primor de desinformação

Israel detém tecnologia nuclear, abriga cerca de (estimativas nesse campo são variadas e difíceis, mas há aproximações) de um mínimo de 200 artefatos aptos a explodir. Desenvolveram sua tecnologia com assistência dos EUA. É um país amigo.

O Irã a duras penas vem tentando dominar o ciclo nuclear. É membro do Acordo contra a Proliferação de Armas Nucleares, patrocinado pela desacreditada ONU. EUA e Israel nunca foram membros do Acordo. Mas essa realidade não impede que há anos o Irã venha sendo chantageado e ameaçado por sua "pretensão em ter a bomba". O Irã não é um país amigo, nem dos EUA, nem da Folha.

O Brasil adotou, finalmente, postura de dignidade e clareza nesta e noutras questões. Mas a visita oficial da esposa traída, pela agente do Mossad Monica Lewinski, do ex-presidente Clinton é abordada pela Folha sob ângulo diferenciado. Na sua página A4 da edição de hoje, sob a manchete arrogante "EUA vêem `erro´ em apoio do Brasil ao Irã e elevam pressão", com foto de aperto de mãos empilhadas de Lula e Ahmadinejad, a Folha lista os pontos de "controvérsia":

1. Caças. Veja o comentário acima, com o adendo da Folha de que a secretária Hillary Clinton também se empenhará na venda dos seus caças.

2. Bases na Colômbia. A cândida Folha anota: "EUA e Colômbia expandiram seu acordo militar, elevando o contingente americano no país. O Brasil pediu garantias e reclamou da reativação da Quarta Frota que, segundo Lula, alcança o pré-sal". O império de bases, que tem nas sete bases colombianas mais um pequeno capítulo e definição perfeita para o atual império em decadência, jamais foi abordado pela Folha, nem sequer em seu dominical "caderno de análises" Mais!.

3. Honduras. O texto do verbete é um primor de desinformação: "De mãos atadas após o `abrigo´ ao presidente deposto Manuael Zelaya em sua embaixada, o Brasil pediu ajuda aos EUA para, depois, discordar da solução apontada: acatar as eleições".

Império exagerou na dose

Sem comentários: nada disso é verdadeiro. Os EUA espernearam, plantaram críticas em muitas mídias, mas o Brasil manteve o asilo; e deixou a embaixada, sob supervisão de diplomata, nas mãos dos asilados, que tiveram apoio de muitos populares que se transferiram para lá. A Folha deveria ter vergonha de suas afirmações: chegou a manter um repórter, dentro da embaixada, que forneceu relatos, de elevada dignidade humana, sobre os asilados e o seu próprio papel; e, agora, escreve esse lixo editorial.

4. Irã. O texto é claro na denúncia da ilegalidade absoluta e da prepotência do império: "Lula recebeu o presidente Mahmoud Ahmadinejad e deu apoio a um programa nuclear com fins pacíficos. Os EUA acusam o Irã de buscar armas e articulam novas sanções ao país". O Irã é acusado, segundo a Folha e os EUA, de buscar armas. Israel já as tem, centenas. Mas o Irã não pode buscar essas armas. Mais claro, impossível. Lembra o caso do Iraque, que poderia ter armas de destruição em massa. Como disse em blog anterior, cuidado com o ímpeto de esfaquear seu vizinho, que poderia vir a ameaçá-lo um dia. A teoria da "guerra preventiva", herança dos neocons fascistas da era Cheney-Bush, mantém-se como doutrina estratégica do inerme governo B.H. Obama. A Folha ecoa.

5. Algodão. O Brasil ganhou direito na OMC de usar 830 milhões de dólares em retaliação contra subsídios ilegais dos EUA. Sugiro mandar os EUA transferirem os recursos ao Haiti. Desde que se retirem, e retirem também do país seus 20 mil soldados, armados até os cotovelos. O Haiti, assunto do item 6, não cabe neste espaço: o império exacerbou sua loucura e exagerou na dose.

Sentimento é de nojo

Mas a Folha é insuperável. Na mesma página A4 em que esses temas se alinham, e da qual me abstenho de comentar a barafunda jornalística do texto da matéria, há um pé de página em que o enviado especial dos EUA , citado ao início deste texto, fala sobre os direitos humanos: "É preciso ser direto sobre abuso, afirma americano". O box do artigo foi entregue ao fantasma FHC. Serra despenca serra abaixo e é preciso ressuscitar até mesmo o viajante FHC (claro: com Serra ameaçado por Dilma, é preciso dar a palavra ao PSDB, e até mesmo ao caquético FHC). Que, até agora, não se manifestou contra a proibição da marcha do orégano em São Paulo. Logo ele, que vem fazendo esforços até pessoais pela causa!

Em tempo: durante a maior parte dos eventos sociais do terremoto do Haiti, a imprensa dos EUA sempre privilegiou a questão da propriedade e focou saques e destruição, ignorando os milhões de gestos sociais de solidariedade. A Folha de segunda-feira (1/3), dia da reunião celebratória dos seus pares em São Paulo, trouxe manchete repugnante: "Chile põe Exército nas ruas contra saques". Além de foto de quase meia página, de três saqueadores dentro de um centro de compras semidestruído. Como se tudo se resumisse a colocar tropas contra saqueadores perante mais de um milhão de pessoas em necessidade de sobrevivência e em desdobrados gestos de clemência e compaixão.

A grande imprensa é exemplar, sempre. Num momento em que se celebra, e o povo vivo celebra, a solidariedade, a salvação e o abrigo de vizinhos e pessoas em necessidade, milhares de demonstrações de solidariedade e desprendimento, e até mesmo os esforços do governo Bachelet de socorrer as populações com pelo menos água e comida, a imundície da Folha se revela em sua primeira página. O sentimento único possível é de nojo. Nassif tem razão: os empresários e jornalistas de esgoto estão à solta.

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Re: Brasil e política internacional

#3 Mensagem por Carnage » 14 Mar 2010, 18:55

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... ashington/
A sabujice da Globo diante do conflito comercial Brasil-EUA

O governo Obama não gostou das medidas anunciadas pelo governo Lula em retaliação aos subsídios ilegais que os EUA concedem aos produtores de algodão, o que não deixa de ser natural. Inusitada neste episódio foi a reação de alguns bajuladores e aliados do império, com destaque para as Organizações Globo da família Marinho.


Por Umberto Martins, no Vermelho


Na noite de segunda-feira (8), o Jornal da Globo (televisivo) destacou matéria do diário inglês “Financial Times” sugerindo que o Brasil caminha para uma guerra comercial com os EUA. Na manhã do dia seguinte (9), o jornal “O Globo” chegou às bancas com a manchete principal enfatizando a ameaça de alta dos preços do pão nosso de cada dia em função da sobretaxa que será aplicada à importação do trigo norte-americano. Uma atitude que o ministro da agricultura, Reinhold Stephanes, classificou com muita propriedade de “terrorismo”.

O fora da lei

Em reunião com o ministro Miguel Jorge (do Desenvolvimento), realizada nesta terça em Brasília, o secretário de Comércio dos EUA, Gary Locke, procurou colocar panos quentes na controvérsia, afirmando que o governo Obama não está interessado em iniciar uma guerra comercial com o Brasil. Washington não tem razão nem mesmo pretexto para agir de outra forma. O fora da lei neste caso é o próprio Tio Sam e mais ninguém.

O governo brasileiro agiu rigorosamente dentro das normas internacionais e foi também criterioso ao definir setores e ramos de atividade que terão as tarifas de importação elevadas, de forma a não prejudicar a indústria e o desenvolvimento nacional. As medidas adotadas foram autorizadas pela Organização Mundial do Comércio (COM), que em novembro do ano passado considerou ilegais os subsídios governamentais aos produtores do algodão norte-americano, ao julgar ação movida pelo Itamaraty.

O valor das retaliações comerciais foi estimado em 591 bilhões de dólares, distribuídos por vários ramos, e não se espera que tenha grandes repercussões para a indústria estadunidense, segundo os especialistas. A OMC autorizou uma represália maior, de até US$ 829 milhões, e o governo promete aplicar os US$ 238 milhões restantes com quebra de patentes, o que pode provocar prejuízos mais concentrados e sensíveis, principalmente aos monopólios farmacêuticos.

Arrogância imperialista

O governo brasileiro priorizou o caminho do diálogo para resolver o impasse, mas a Casa Branca não parece propensa a conversas. No velho e arrogante estilo imperialista, o novo embaixador americano em Brasília, Thomas Shannon, já chegou ao país falando em contrarretaliação, “como se a parte condenada por violação das normas internacionais fosse a vítima, não a culpada”, conforme notou o jornal “O Estado de São Paulo” em editorial publicado nesta terça.

A posição dos EUA, que se nega a rever as práticas protecionistas ilegais condenadas pela OMC, traduz o detestável unilateralismo imperial que alguns imaginaram superado com o fim do governo Bush, mas que infelizmente foi reafirmado e em certa medida fortalecido por Obama. Os interesses imperialistas de Washington não podem se sobrepor ao direito internacional.

Unilateralismo versus multilateralismo

Em contraposição à arrogância imperial, a retaliação anunciada pelo governo Lula constitui uma defesa do multilateralismo nas relações internacionais, pois “busca salvaguardar a credibilidade e legitimidade do sistema de soluções de controvérsias” da Organização Mundial do Comércio, conforme esclarece a nota divulgada pelo Itamaraty sobre o tema.

Também não temos razões para temer contrarretaliações. O Brasil já não depende tanto dos EUA como no passado. A importância comercial e financeira da maior potência capitalista do mundo para a economia nacional declinou e de forma acentuada ao longo dos últimos anos, inclusive por causa da rejeição da ALCA e da diversificação das exportações brasileiras. A China já é nossa maior parceira comercial.

Terrorismo

A especulação em torno da hipótese de aumento dos preços do pãozinho não tem fundamento e serve a interesses obscuros, segundo o ministro da Agricultura. Apenas 5% do trigo consumido no Brasil provêm dos EUA e podem ser importados de outros países, como a Argentina. “Estão fazendo terrorismo”, sustentou Stephanes.

A manchete de “O Globo” reflete a mentalidade colonizada, atrasada e subalterna que parte das classes dominantes brasileiras continuam cultivando em detrimento da soberania nacional. Mas, o ministro da Agricultura enxergou outros interesses menores neste jogo.

Especulação

“Já tem gente querendo ganhar dinheiro à custa de uma determinada situação”, comentou Stephanes na entrevista coletiva concedida em Brasília para apresentar o sexto levantamento da safra de grãos 2009/2010.

A especulação ocorre porque apenas cinco grandes grupos de moinhos controlam toda a comercialização de trigo no país e sempre pressionam o governo para reduzir a tarifa de importação, embora não aceitem abrir seus estoques, na opinião do ministro.

“Tem que se considerar que o custo do trigo no pãozinho varia de 10% a 16%. Então, como a restrição de 5% da importação implicaria aumento de 16% no preço? Isso não tem lógica nenhuma. É terrorismo”, afirmou.

De acordo com a agência Brasil, ele mostrou aos jornalistas um gráfico com a variação do preço do trigo e do pão francês nos últimos três anos, no qual o primeiro sofreu variação de R$ 750 por tonelada em 2007 para menos de R$ 450 por tonelada neste ano. O valor do pãozinho, entretanto, se manteve no mesmo patamar, mesmo com a queda do valor de sua matéria-prima. "Alguém está ganhando dinheiro aí, e não é o produtor", concluiu Stephanes.


http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... rasileira/
11/03/2010 - 09:27
A retaliação comercial brasileira
Do Último Segundo
Coluna Econômica 11/03/2010


Está um pouco confusa essa história da retaliação brasileira aos produtos americanos, em decorrência na vitória obtida na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra o subsídio ao algodão norte-americano.

A retaliação consiste no direito do país vencedor em escolher quais produtos poderão ser retaliados (isto é, ter as alíquotas de importação aumentadas) do país condenado.

Pode parecer estranho à primeira vista. Os subsídios americanos foram para o algodão. As retaliações brasileiras foram sobre outros produtos. Qual a lógica de se retaliar setores que nada tinham a ver com a pendência original.

***

Essa possibilidade surgiu no final da Rodada Uruguai, que definiu as novas regras da OMC – organismo que regula o comércio mundial. Os países desenvolvidos propuseram o mecanismo, como forma de pressionar os emergentes.

A reação inicial dos emergentes foi contrária à proposta. Coube ao representante brasileiro na rodada – o então embaixador Celso Amorim – convencê-los a aceitar a regra, desde que os desenvolvidos concordassem em se submeter a elas.

Com isso, os emergentes ganharam uma arma extraordinária.

Tome-se o caso do algodão. A condenação da OMC permitiu ao Brasil retaliar produtos americanos até o montante de pouco mais de US$ 500 milhões – uma gota perto do montante das exportações americanas.

Ao poder selecionar setores, o quadro muda de figura. Em vez de se basear apenas na importância econômicas das exportações do setor, o Itamarati escolherá aqueles setores com maior influência política nos EUA. Ao aumentar as alíquotas sobre seus produtos, deflagra um alarido dos setores contra o governo americano.

***

Não é por outro motivo que, assim que soube da decisão brasileira de retaliar, o governo norte-americano enviou imediatamente um negociador ao Brasil. Aí tem início um jogo interessante de blefes e tentativas de influenciar a opinião pública e governos.

Para todo mundo que acompanha os meandros dessas negociações, está claro que não se partirá para as vias de fato. Joga-se de um lado e do outro, blefa-se daqui e dali para se chegar ao melhor acordo possível.

Nesse jogo, os meios de comunicações tem um papel relevante, seja para fortalecer ou para torpedear as posições nacionais.

***

Do lado norte-americano, a jogada veio através do Financial Times, com uma matéria alertando que a retaliação poderia produzir uma guerra comercial.

Do lado brasileiro, alguns jornais resolveram atirar contra o próprio país. Foi o caso de O Globo e do Jornal Nacional que, em vez de divulgar a lógica da retaliação, preferiram matérias mostrando que o aumento das alíquotas de importação prejudicariam o consumidor brasileiro – mesmo sabendo-se que existem produtos de outras origens para substituir o norte-americano.

***

No final do jogo, provavelmente se chegará a um acordo pelo qual o governo norte-americano aportará recursos para um fundo destinado ao setor algodoeiro nacional – que abriu a representação contra o dumping.

Mas o episódio demonstra como é difícil para alguns veículos defender o interesse nacional.

Brasil não quer disputa comercial com EUA

O Brasil não está interessado em um confronto comercial com os Estados Unidos, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, é importante que os EUA respeitem as determinações da OMC – de autorizar uma retaliação brasileira a produtos norte-americanos -, senão o mundo pode virar uma “bagunça”. “Os Estados unidos são muito ricos. Podem fazer o que quiser na economia mundial, mas não é justo”, afirmou.


http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... na_id=4554
DEBATE ABERTO

Brasil: vocação natural e vontade de potência

Por imposição geográfica, histórica e constitucional, a prioridade número um da política externa brasileira sempre foi a América do Sul. Mas hoje é impossível o Brasil sustentar os seus objetivos e compromissos sul-americanos, sem pensar e atuar simultaneamente em escala global.

José Luís Fiori


Costuma-se falar de uma “vocação natural” dos países e dos povos, que estaria determinada pela sua geografia, pela sua história e pelos seus interesses econômicos. Mas ao mesmo tempo, sempre existiram países ou povos, que se atribuem um “destino manifesto” com o direito de ultrapassar os seus limites geográficos e históricos, e projetar o seu poder para além das suas fronteiras, com o objetivo de converter, civilizar ou governar os demais povos do mundo.

Entretanto, quando se estuda a história mundial, o que se descobre é que nunca existiram povos com vocações inapeláveis, nem países com destinos revelados. Descobre-se também, que todos os países que projetaram seu poder para fora de si mesmos, e conseguiram se transformar em “grandes potências”, foram em algum momento países periféricos e insignificantes, dentro do sistema mundial. E se constata, alem disto, que em todos estes casos de sucesso, existiu um momento em que havia uma distância muito grande entre a capacidade imediata que o país dispunha, e a sua vontade ou decisão política de mudar o seu lugar dentro da hierarquia internacional.

Uma distância objetiva, que foi superada sem voluntarismos extemporaneos, por uma estratégia de poder competente que soube avaliar em cada momento, o potencial expansivo do país, do ponto de vista político, econômico e militar. Donde se deva deduzir que existe uma “vontade de potência” mais universal do que se imagina, e que de fato o que ocorre é que a própria natureza competitiva e hierárquica do sistema impede que todos tenham o mesmo sucesso, criando a impressão equivocada de que só alguns possuem o destino superior de supervisionar o resto do mundo.

Por imposição geográfica, histórica e constitucional, a prioridade número um da política externa brasileira sempre foi a América do Sul. Mas hoje é impossível o Brasil sustentar os seus objetivos e compromissos sul-americanos, sem pensar e atuar simultaneamente em escala global. Partindo do suposto que acabou o tempo dos “pequenos países” conquistadores (como Portugal ou Inglaterra, por exemplo), e que o futuro do sistema mundial dependerá, daqui para frente, de um “jogo de poder” entre os grandes “países continentais”, como é o caso pioneiro dos EUA, e agora será também, o caso da China, da Russia, da India e do Brasil, excluida a União Européia enquanto näo for um estado único.

Neste jogo, os EUA já ocupam o epicentro e lideram a expansäo do sistema mundial, mas os outros quatro países possuem por si só, cerca de um quarto do território, e quase um terço da população mundial. E todos os quatro estäo disputando hegemonias regionais, e já projetam – em alguma medida - seu poder econômico ou diplomático, para fora de suas próprias regiões.

Pois bem, o que se deve esperar, na próxima década, é que a Russia se concentre na reconquista do seu antigo território e de sua zona de influencia imediata; que a expansäo global da China se mantenha no campo econômico e diplomático; e que a Índia siga envolvida com a construção de barreiras e alianças que protejam suas fronteiras, ao norte, onde se sente ameaçada pelo Paquistão e pelo Afeganistão, e ao sul, onde se sente ameaçada pelo novo poder naval da própria China.

Deste ponto de vista, comparado com estes três “países continentais”, o Brasil tem menor importância econômica do que a China e muito menor poder militar do que a Rússia, e que a Índia. Mas ao mesmo tempo, o Brasil é o único destes países que está situado numa região onde não enfrenta disputas territoriais com seus vizinhos, e por isto, é o país com maior potencial de expansão pacífica, dentro da sua própria região. Além disto, é o único destes países que contou – até aqui - com uma dupla vantagem com relação aos outros três, do ponto de vista de sua presença fora do seu próprio continente: em primeiro lugar, o Brasil usufruiu da condição de “potência desarmada”, porque está situado na zona de proteção militar incondicional dos Estados Unidos; e em segundo lugar, o Brasil usufruiu da condição de “candidato-herdeiro” à potência, porque é o único que pertence inteiramente à “matriz civilizatória” dos Estados Unidos.

Por isto, aliás, a expansão da influência brasileira tem seguido até aqui, a trilha que já foi percorrida pelos Estados Unidos, e pelos seus antepassados europeus. Mas além disto é fundamental destacar que o Brasil contou neste período recente com a liderança política de um presidente que transcendeu seu país, e projetou mundialmente sua imagem e sua influencia carismática. Como passou em outro momento, e numa outra clave, com a liderança mundial de Nelson Mandela, que foi muito além do poder real, e da influência internacional, da África do Sul.

Neste sentido, o primeiro que se deve calcular com relação ao futuro brasileiro, é que o fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, representará, inevitavelmente, uma perda no cenário internacional, como aconteceu também com a saída de Nelson Mandela. Com a diferença que o Brasil já está objetivamente muito à frente da África do Sul. Assim mesmo, para seguir adiante pelo caminho que já foi traçado, o Brasil terá que fazer pelo menos duas opçöes fundamentais e de longo prazo.

Em primeiro lugar, terá que decidir se aceita ou não a condição de “aliado estratégico” dos Estados Unidos, da Grã Bretanha e da França, com direito de acesso à tecnologia de ponta, mas mantendo-se na zona de influencia, e decisão militar dos Estados Unidos. Caso contrário, o Brasil terá que decidir se quer ou näo construir uma capacidade autônoma de sustentar suas posições internacionais, com seu próprio poder militar. Em seguida, o Brasil terá que definir a sua visão ou utopia, e o seu projeto de transformaçäo do sistema mundial, sem negar sua “matriz öriginária” européia, mas sem contar com nenhum “mandato” ou “destino”, revelado por Deus ou quem quer que seja, para converter, civilizar ou conquistar os povos mais fracos do sistema.

De qualquer forma, uma coisa é certa: o Brasil já se mobilizou internamente e estabeleceu nexos, dependências e expectativas internacionais muito extensas, num jogo de poder que näo admite recuos. Neste altura, qualquer retrocesso terá um custo muito alto para a história brasileira.

José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Re: Brasil e política internacional

#4 Mensagem por Ken Masters » 14 Mar 2010, 19:29

Esse bloco latino americano passará por sérias complicações no futuro, o negócio é o Brasil pensar primeiro nele, depois nos outros, parece egoísmo, mas nenhuma potência existe senão pensar em si mesma primeiro. E além do mais, ficar num bloco cheio de ditaduras de esquerda ou direita camufladas por uma democracia falsa e elitista não é modelo de equiparação com blocos mais sólidos. Se a unidade der certo, grandes passos serão dados e finalmente a América Latina terá um lugar de respeito, principalmente para o Brasil, México e Argentina. Chega de se inferiorizado por norte-americanos e europeus, tem que fazer que nem a China e Japão, manda todo mundo assistir e confie no seu talento.

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Re: Brasil e política internacional

#5 Mensagem por LFerrari » 15 Mar 2010, 19:02

Brasil vive um momento sublime na politica externa: o mundo condena o Irã e Lula o apóia; Fidel tá mais pra fossil do q pra ser humano, fisicamente e nas ideias, e na contramão do mundo Lula diz q ele é o cara.

De fato, temos tudo pra pleitear mesmo um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU!

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Re: Brasil e política internacional

#6 Mensagem por Carnage » 23 Mar 2010, 22:21

lferrari escreveu:Brasil vive um momento sublime na politica externa: o mundo condena o Irã e Lula o apóia
Sobre o Irã favor ler os últimos posts neste tópico:
viewtopic.php?p=1287653#p1287653

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Re: Brasil e política internacional

#7 Mensagem por Cara_do_Fliperama » 28 Mar 2010, 15:57

Nossa politica nacional jah eh uma piada de mal gosto , agora internacional ?
Nao sei porque tanta cisma em pleitear uma cadeira na ONU , se o pais (nosso) nem tem capacidade de resolver os proprios problemas . Essa nova organizacao deve ser um "jeitinho" de se conformar com a frustracao na ONU.
E as parcerias da nova organizacao ? Cuba ? Venezuela ? Bolivia ? Haiti ? Um pais pior que o outro ... so se for para virar fantoche do Chaves. Os outros paises melhores, Mexico e Chile (antes do terremoto) , na primeira oportunidade se alinham com os EUA. Argentina? esse nem precisa de comentario, parceria so se for pra afundar nosso pais junto.

Isso sem comentar tantos outros absurdos desse celso amorim. Pelo menos este ano o PT sai fora (assim espero e vai tarde).

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Re: Brasil e política internacional

#8 Mensagem por Carnage » 28 Mar 2010, 17:24

Acho incrível a discrepância entre a visão da mídia brasileira e da internacional sobre a política internacional brasileira. Quem foi até os link que postei logo acima teve uns exemplos disso...

Abaixo uma outra amostra do contraditório entre as duas visões mostrado na própria mídia local:

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... iplomacia/
16/03/2010 - 08:19
Manual de como analisar a diplomacia


Aqui no Blog tem havido discussões acerbas sobre a estratégia diplomática brasileira. Comentaristas antenados com a objetividade rude da diplomacia americana têm trazido críticas importantes – para serem analisadas e discutidas. Na outra ponta, analistas defendendo a estratégia do Itamarati. No pano de fundo, o novo papel do Brasil no mundo, a disputa com os Estados Unidos na influência sobre a América Latina, o novo protagonismo nas grandes discussões comerciais e os limites da realpolitik.

Enfim, tema dos mais relevantes, que exige enorme poder de análise, conhecimento histórico sobre o papel da diplomacia, reflexos sobre a posição do Brasil no mundo nas próximas décadas, tendo em vista o novo protagonismo do país.

Mas na mídia, discutir o tema obedece a um manual simplificador. Há como que templates que são preenchidos por conteúdo capturado aqui e ali, sem a preocupação de alinhavar um pensamento lógico. É uma soma de chavões e adjetivos, de pequenos truques retóricos para passar ao leitor a ilusão de que o autor domina o tema analisado. É o famoso “manual da dona Maria”, de tentativa de aplicação do senso comum nas grandes formulações complexas.

É o caso da análise que Otávio Frias Filho faz da diplomacia brasileira em seu jornal, peça preciosa para analisar o manual “como discutir na mídia sem dominar o assunto” (minhas observações em azul).

Aliás, a prova de que não lê sequer seu próprio jornal está na própria página com seu artigo. Na dobra abaixo, a matéria: “Prestígio universal permite a Brasil ser mediador, diz premiê palestino”, entrevista com o premiê palestino.

Da Folha
Uma política ingênua e errática

Definir algo como ingênuo confere ao polemista uma suposta superioridade intelectual, por tratar toda a formulação a ser combatida como algo intuitivo, primário em relação ao nível profundo de pensamento do crítico.

Na nossa diplomacia, cheia de distorções seletivas, a questão dos direitos humanos deixa de ter qualquer valor no trato com inimigos de Washington, os quais adulamos

OTAVIO FRIAS FILHO

DIRETOR DE REDAÇÃO


Durante muito tempo, a política externa brasileira foi negligenciada no debate público. Como ocorre em toda nação continental, a agenda interna sempre esmagou a externa, efeito acentuado, em nosso caso, pelo discreto relevo internacional do país. Aos poucos, esse quadro começa a mudar.

Talvez seja nossa inexperiência no palco do mundo, combinada à afoiteza do governo Lula em projetar a todo custo o peso geopolítico que o país já alcançou, o que nos leva a cometer equívocos em cascata e enveredar por um caminho temerário.

O paradoxo do Otavinho: “projetar a todo custo o peso geopolítico que o país já alcançou” pressupõe que esse peso seria alcançado inercialmente, sem que houvesse a necessidade de projetá-lo a todo custo. Ou seja, o país alcançou esse peso por obra da natureza ou pela mão divina, não pela ação diplomática.

Veja-se, por exemplo, o caso do Irã. Ao que tudo indica, a elite dirigente daquele país (incluída a facção oposicionista) acredita que possuir armas nucleares seja um imperativo de segurança nacional. Não é absurdo que pense assim. Os americanos promovem atualmente duas guerras de invasão nos países que fazem fronteira com o Irã a oeste (Iraque) e a leste (Afeganistão). A menos de mil quilômetros de seus limites territoriais, a distância entre São Paulo e Brasília, o Irã tem cinco vizinhos inamistosos e dotados de capacidade militar nuclear: Paquistão, Índia, China, Rússia e Israel.

Se essa premissa for aceita, nada deterá o Irã (exceto, talvez, um desesperado ataque preventivo de Israel). O mais provável é que Israel e Irã convivam no futuro sob o “equilíbrio do terror nuclear”, o mesmo mecanismo que deteve Estados Unidos e União Soviética no passado e detém os arqui-inimigos Índia e Paquistão hoje. O que o Brasil tem a ganhar ao se imiscuir em problema que não é diretamente seu, numa conjuntura geograficamente remota e comercialmente pouco importante para nós?

Apesar da diplomacia brasileira ser considerada, inclusive em Israel, um dos novos agentes mediadores no mundo, apesar do crescimento constante das exportações para o Oriente Médio, das possibilidades de parcerias tecnológicas com Israel, apesar do Brasil estar sendo considerado potência emergente, OFF considera a região pouco importante para o país. Faz parte do manual da dona Maria: não se meta em assuntos que não lhe digam respeito.

Os Estados Unidos influem e se intrometem nos conflitos do Oriente Médio não para pavonear seu peso mundial, como parecem supor nosso simplório presidente e seu trêfego chanceler.

Fantástico! Celso Amorim foi um dos atores centrais de todos os grandes eventos diplomáticos dos últimos anos. Como tal, está exposto a críticas – algumas muito bem fundamentadas, colocadas por comentaristas aqui do Blog. Lula virou ator político global. Merecem, no mínimo, crítica de gente grande. E o OFF, do alto da sua proficiência, trata um como “simplório” e outro como “trêfego”. Na próxima, emitirá o julgamento definitivo sobre personagens analisados: “bobo”, “feio” e “sujo.

Os EUA estão atolados até o pescoço na região porque sua economia é dependente do petróleo local (não é o caso da nossa) e sua comunidade judaica exerce peso desproporcional nas eleições americanas (diferente de novo do Brasil, onde comunidades de origem judaica e árabe têm expressão equilibrada e convivem de fato).

Não existe razão de política externa para que nossa atitude perante a complexa, quase insolúvel, contenda entre israelenses e palestinos seja outra que não uma equidistância comedida, sempre favorável à não violência e à negociação direta entre as partes.

A diplomacia brasileira é recebida de braços abertos em Israel, com exceção de um chanceler desequilibrado, Liberman. É recebida de braços abertos no Irã. Se isso não for “equidistância comedida”, o que seria? A cobertura editorial da Folha, talvez.

Retomar esse contato direto, aliás, é hoje o ponto crucial naquele conturbado trecho do globo. Nossa “diplomacia do futebol” tem pouco a fazer ali, exceto passar ridículo.

O que significa esse “retomar o contato direto”, tratado como “ponto crucial” daquele conturbado trecho do globo? E o que tem a ver a “diplomacia” do futebol” com isso? Parece ter sido montado no “gerador de lerolero”. Parece a dona Maria mediando brigas de vizinhos: deixem os dois resolverem por si só e ninguém se meta que não é problema nosso. OFF conseguiu ignorar o conceito histórico de mediação diplomática.

Numa entrevista recente, o novo embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, disse algo significativo, o que é inusitado entre diplomatas. Referindo-se às relações entre nossos dois países, constatou que “vamos começar a nos esbarrar por aí”. Shannon aludia ao fato de que o aumento do peso econômico e comercial do Brasil aumenta sua influência externa, irradia seus interesses e o expõe a crescentes áreas de atrito com outros países relevantes, desde logo os próprios Estados Unidos.

No começo do artigo, OFF diz que Oriente Médio está fora do raio de interesses do Brasil. Aqui, cita um diplomata para quem o aumento do peso econômico e comercial torna o país um player global. Para um player global o raio de interesse é o mundo. Nesse tipo de análise copia e cola, não se cuidou de costurar as partes coladas com o mesmo fio lógico. Se o Brasil aspira ser player global, se essa posição é admitida pelo próprio embaixador norte-americano, porque o conflito do Oriente Médio, que é tema diplomático global, não deveria ser tratado pela diplomacia brasileira? Há outras razões para tanto, mas OFF não as menciona por não saber elaborar sobre o tema.

Em outras palavras, não precisamos buscar sarnas para nos coçar, elas virão natural e infelizmente como decorrência de nossa projeção maior na geopolítica mundial. Logo teremos de enfrentar decisões realmente difíceis.

Também da série “os conselhos de dona Maria”. Uma conclusão que ninguém tinha pensado: para ser ator global basta o país ficar parado aguardando que as decisões difíceis cheguem naturalmente – e “infelizmente” (!). Qual seria o nome dessa nova diplomacia defendida por OFF? Provavelmente, “a diplomacia do protagonismo inercial“.

É provável, por exemplo, que o Brasil venha a ser um dos cinco entes soberanos a predominar no planeta antes de meados do século, junto com a China, os Estados Unidos, a Índia e a Europa. Continuaremos a ser o único a prescindir de armas nucleares como recurso dissuasivo? O ex-ministro Rubens Ricupero tem uma bela argumentação em defesa dessa originalidade, talvez até como contribuição da cultura brasileira ao futuro dos povos.

Como diria minhas caçulas: e… Aliás a contribuição da cultura brasileira ao futuro dos povos é justamente o que foi denominado de “a diplomacia do futebol”. OFF não se dá conta sequer dessa obviedade. Aliás, “entes soberanos” parecem mais divindades do Santo Daime.

Mesmo no âmbito de uma perspectiva pacifista, porém, que é da nossa tradição, abdicar de arma atômica implica como contrapartida a obrigação de dotar o país de recursos militares convencionais muito mais onerosos e destrutivos do que o aparato atual. São questões graves como essa que merecem debate profundo, mais que nossa ingênua, felizmente inócua, aparição no Oriente Médio ou nossa desastrada e igualmente inócua ingerência nos assuntos internos de Honduras.

Um dos argumentos mais simplistas da cartilha de “como discutir sem argumentar” é o das falsas opções. Não pode falar isso porque é mais importante falar aquilo, sendo que “isso” e “aquilo” não são conflitantes entre si. Para o raciocínio dar certo, faz-se de conta ser impossível tratar das duas coisas ao mesmo tempo. Aliás, ao defender a autodeterminação dos países – embora não tenha jamais avalizado experiências nucleares no Irã – a diplomacia brasileira está seguindo a lógica de pensar justamente o Brasil grande e os óbices diplomáticos que serão colocados mais à frente pelas potências atuais – como ocorre em todo processo histórico de emergência de novas potências.

Toda política externa deve combinar o interesse egoísta do próprio país com um elenco de valores universais (essencialmente, respeito aos direitos humanos e à autodeterminação dos povos). Ela será tanto mais sólida e respeitável quanto mais os dois aspectos se harmonizarem sem grande contradição. O que estamos fazendo é uma política errática, cheia de distorções seletivas, de modo que a questão dos direitos humanos, por exemplo, deixa de ter qualquer valor no trato com inimigos de Washington, os quais adulamos para sermos vistos como “independentes”.

Que tal OFF analisar com a profundidade que lhe é peculiar esse paradoxo: se um país comete delitos contra direitos humanos (primeiro ponto do manuel OFF de diplomacia externa), como interferir em sua política sem desrespeitar a autodeterminação dos povos (segundo ponto do manuel OFF de diplomacia externa)? E que tal analisar os valores de direitos humanos à luz de suas considerações sobre a ditabranda?

Vamos confrontar os Estados Unidos, sim, e cada vez mais. Mas vamos fazê-lo quando for relevante para o Brasil, não para realizar as fantasias ideológicas da militância que aplaude o presidente Lula e seu chanceler Celso Amorim, o qual errou mais uma vez quando se filiou no ano passado ao PT. Chanceler não deveria ter partido. Parodiando Clemenceau (1841-1929), a diplomacia é assunto sério demais para ser relegado a diplomatas e a ideólogos partidários.

Outro ponto do manual de discussões inúteis: citar sempre um pensador, de preferência com a data de nascimento e morte para passar a impressão de que buscou dados precisos. Mesmo que a paródia turve o sentido da frase original. Clemenceau dizia que a guerra é importante demais para ser conduzida por militares, porque era apenas uma extensão da… política diplomática.


Da Folha
Prestígio universal permite a Brasil ser mediador, diz premiê palestino

Em entrevista à Folha, Fayad afirma que “Estado palestino está pronto” e que esse fato em breve vai ficar óbvio para o mundo a despeito de paz com Israel

MARCELO NINIO

ENVIADO ESPECIAL A RAMALLAH


O premiê palestino, Salam Fayad, está à frente de uma revolução silenciosa. Nos três anos desde que assumiu o cargo, Fayad, 58, tem sido o motor de uma lenta mas persistente transformação da imagem da Autoridade Nacional Palestina (ANP). De entidade corrupta e ineficiente para embrião institucional de um país. Economista internacionalmente respeitado, com passagens pelo Banco Mundial e FMI (Fundo Monetário Internacional), Fayad nunca portou uma pistola. Suas armas são a eficiência, a responsabilidade e a transparência.

Em entrevista exclusiva à Folha, Fayad, que hoje se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Belém, explicou porque ainda crê em seu plano de estabelecer um Estado palestino até 2011.

FOLHA – Diante de tantos percalços, ainda é possível um Estado palestino em 2011?

SALAM FAYAD – Sim, é possível. Estamos construindo nossas instituições e seguindo padrões internacionais de gestão financeira que muitos países não têm. Mas para isso precisamos de um processo político capaz de terminar a ocupação. Esse processo não começou agora, mas nos anos 90. Deveria terminar em maio de 1999. Os temas já foram extensamente negociados. O que é considerado um desfecho aceitável para as negociações é mais que conhecido a esta altura. Mas a comunidade internacional precisa se esforçar muito mais para colocar fim à ocupação israelense.

FOLHA – Falta mais esforço dos Estados Unidos?

FAYAD – Não há dúvida de que para que esse processo seja bem-sucedido, os EUA terão de ter um papel dominante, por todo o longo envolvimento do país na região. Mas isso não significa que bastam os EUA. Nos últimos anos houve uma ampliação da mediação, com o envolvimento do Quarteto (EUA, União Europeia, Rússia e ONU). Foi criada uma sensação de parceria internacional, o que é um avanço. Mas essas não são as únicas potências mundiais que têm interesse em paz no Oriente Médio. O equilíbrio de poder mundial mudou e continua mudando. O Japão, por exemplo, é uma grande potência e não faz parte do Quarteto. China, Índia e Brasil tampouco. Quem discute o peso político e econômico do Brasil no mundo hoje?

FOLHA – Que tipo de papel o Brasil pode ter nesse processo?

FAYAD – O Brasil goza de prestígio universal e afeição imediata. É um atributo único, que pode ser extremamente importante numa negociação. Tenho imenso respeito pelo que o presidente Lula fez em seu país. A ampliação do processo de mediação é necessária para refletir a nova ordem mundial, e o peso do Brasil não pode ser ignorado. É claro que não falo de uma mediação conduzida somente pelo Brasil, porque aí estaríamos voltando às mesmas limitações de um processo só com os EUA. Mas numa negociação multilateral a participação do Brasil seria de grande ajuda.

FOLHA – Digamos que houvesse uma guinada dramática e o acordo de paz com Israel fosse assinado amanhã. O Estado palestino estaria pronto?

FAYAD – O Estado palestino está pronto. E esse fato vai ficar tão óbvio para o mundo que em breve será impossível negá-lo. Nossa ideia é criar uma massa crítica de mudanças positivas que tornará fácil convencer a comunidade de nações que os palestinos têm, de fato, algo que parece um Estado em funcionamento. Se a ocupação não terminar até lá, nossa convicção é que haverá tanta pressão para que o processo político produza esse resultado que ele acontecerá. Nossa independência será um dia que toda a humanidade celebrará, e a comunidade de nações estará com os palestinos.

FOLHA – Alegações de corrupção sempre marcaram a administração palestina. É um obstáculo?

FAYAD – Pela primeira vez os doadores começaram a transferir dinheiro diretamente para nós, o que indica a confiança que eles têm em nosso sistema. Não é segredo que rumores de corrupção e desvios acompanham a Autoridade Nacional Palestina. A realidade é que houve uma significativa evolução na forma de administração da ANP e na construção de instituições. O Ministério das Finanças funciona muito bem, seguindo os mais altos padrões internacionais. O fato de sermos capazes de publicar com absoluta regularidade todo dia 15 do mês um relatório financeiro sobre o mês anterior mostra não só nossa abertura, mas também a capacidade administrativa de tornar possível essa transparência. O problema é que a percepção de corrupção pode ser tão ruim como a própria corrupção. Estamos tentando mudar isso sendo agressivamente abertos.

FOLHA – O sr. acredita no premiê israelense quando ele diz apoiar o estabelecimento do Estado palestino?

FAYAD – A questão é de que país ele está falando. Se for país formado por restos, em que Israel mantém o controle, não aceitaremos. Queremos um Estado que emerja em todos os territórios ocupados por Israel em 1967. E sim, com Jerusalém Oriental como capital.



http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16479
“A política externa não é um bibelô na vitrine do governo”

Segundo o Assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, a política externa do governo Lula é um elemento constitutivo de um projeto de desenvolvimento nacional. "No mundo multipolar que se está constituindo, nós queremos aparecer sozinhos ou na excelente companhia dos países vizinhos? Nesse mundo que está em modificação, nós queremos ter uma relação forte com os países da África, da Ásia e do mundo árabe ou nós queremos ficar presos às nossas velhas fidelidades com os EUA e a Europa?” - questiona Garcia.

Maurício Thuswohl


RIO DE JANEIRO – Durante o debate realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) para o lançamento do livro “Brasil, entre o passado e o futuro” (Ed. Boitempo e Ed. Fundação Perseu Abramo), o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, defendeu a política externa levada a cabo pelo governo Lula nesses últimos anos: “Nossa política externa não é simplesmente um elemento decorativo ou um bibelô na vitrine do governo, mas é um elemento consubstancial em nosso projeto de desenvolvimento nacional”, disse.

Garcia defendeu que o Brasil assuma cada vez mais seu papel de protagonista nas grandes questões internacionais: “A política externa atual tem a capacidade de suscitar questões que estavam antes encobertas por alguns interesses e colocar em discussão temas que são fundamentais para o futuro da humanidade e para o futuro do Brasil em particular”.

O assessor de Lula citou como exemplo a política de integração sul-americana e fez uma provocação aos críticos do governo: “É importante ou não ter essa política? Ou nós queremos ser uma ilha de prosperidade em meio a um oceano de desigualdades? Esse é um tema fundamental. No mundo multipolar que se está constituindo, nós queremos aparecer sozinhos ou na excelente companhia dos países vizinhos? Nesse mundo que está em modificação, nós queremos ter uma relação forte com os países da África, da Ásia e do mundo árabe ou nós queremos ficar presos às nossas velhas fidelidades com os EUA e a Europa?”, questionou.

A busca desse fortalecimento com os países do Sul, segundo Garcia, não significa uma ruptura com os países desenvolvidos: “Sempre tivemos excelente relação com o governo dos EUA e continuamos tendo. Tivemos essa boa relação mesmo quando, nos primeiros dias do governo Lula, o Brasil assumiu uma posição de repúdio à Guerra do Iraque. É importante que tenhamos uma presença na discussão dos grandes temas da humanidade, como os que sacodem o mundo em torno de décadas de impasse na Palestina. Esse é um impasse que tem a capacidade de espraiar-se para o resto do mundo, alimentando pólos de inquietação e de fundamentalismo. Por isso, estamos presentes nessa discussão com independência, autonomia e realismo”, disse.

Estabilidade econômica

A estabilidade econômica do Brasil, na opinião de Marco Aurélio Garcia, fortalece a posição do país junto aos interlocutores internacionais: “Depois de mais de duas décadas de estancamento da economia brasileira, nós passamos a ter um crescimento constante. Sem dúvida ainda é insuficiente, mas antes nós lutávamos contra aqueles que diziam que o Brasil não podia crescer mais do que 3%, pois nossa estrutura não agüentaria. Claro que não agüentaria, porque durante duas ou três décadas nós nos preparamos cuidadosamente para ser um pequeno país, um país tacanho”.

Segundo Garcia, “o crescimento era uma ameaça” para a elite dirigente brasileira: “Na imprensa de alguns anos atrás, uma palavra banida era desenvolvimento. No atual governo, crescemos com distribuição de renda, com equilíbrio macroeconômico e com redução da vulnerabilidade externa. Se observarmos a história das seis últimas décadas no Brasil, vamos constatar que tivemos períodos de extraordinário crescimento da economia, mas isso quase sempre se deu com a manutenção da desigualdade social e com aumento da vulnerabilidade externa e macroeconômica”.

Prestígio internacional

A diplomacia brasileira, disse Garcia, goza de um inédito prestígio internacional: “Houve momentos da história do país em que tivemos uma política externa com visibilidade, mas foram momentos fugazes ou truncados, em tempos de política externa independente, com San Tiago Dantas e Afonso Arinos. Dois chanceleres, diga-se de passagem, que eram ligados a partidos, um ao PTB e outro à UDN. Essa história de que chanceler não pode ser ligado a partido político é novidade, e eu incluo aí o Celso Lafer, que também foi filiado ao PSDB e chegou a ser tesoureiro da campanha do Fernando Henrique. Tudo bem, isso virou nota de pé de página”, brincou.

A nova política externa brasileira, segundo Garcia, beneficia-se dessa tradição progressista do Itamaraty: “Obviamente que a política externa está demarcada em uma política de Estado, mas também traz características próprias ao momento atual. Não é uma forma simplesmente de projetar o Brasil no mundo, mas também de projetar o mundo no Brasil”.

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Re: Brasil e política internacional

#9 Mensagem por Carnage » 28 Mar 2010, 17:27

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... -fria.html
24 de março de 2010 às 22:03
OEA, herança maldita da Guerra Fria

por Breno Altman*, em Opera Mundi


A recondução do chileno José Miguel Insulza à secretaria-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos) normalmente seria fato de pouca monta. Afinal, trata-se de uma relíquia da Guerra Fria. Qualquer que seja seu dirigente, essa entidade tem em seu código genético o papel de articular a supremacia geopolítica dos Estados Unidos abaixo do rio Bravo.

Sua nova assembléia geral, convocada para reeleger o atual secretário-geral, chama atenção apenas porque ocorre em um cenário no qual muitos países latino-americanos parecem dispostos a superar o antigo modelo de associação continental.

A ampliação do Mercosul, o nascimento da Alba, a criação da Unasul e, mais recentemente, a fundação da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac) são sinais de que amadurece um forte sentimento autonomista na região. Por maiores que sejam as dificuldades, ganha força a percepção de que não é satisfatória a condição de quintal do vizinho ao norte, historicamente guarnecida pela OEA.

A pia batismal dessa instituição foi o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), assinado no Rio de Janeiro em 1947. Esse documento adotava um sistema de segurança coletiva no qual qualquer ataque a uma das nações do continente seria respondido pelos demais países signatários. Expressava, na prática, um contrato de adesão à hegemonia militar dos EUA na disputa contra a União Soviética e o campo socialista.

De nada serviu quando a Argentina, em 1982, foi atacada pela Inglaterra, depois de recuperar provisoriamente o controle das Ilhas Malvinas. A Casa Branca, mais do que cruzar os braços, colocou seus serviços de inteligência para auxiliar a marinha inglesa. Mas essa é outra história, fica aqui apenas um retrato da hipocrisia reinante nas tais “relações interamericanas”.

A criação da OEA

A submissão dos governos sulistas ao TIAR animou Washington a novos passos. Na 9ª Conferência Internacional dos Estados Americanos, realizada em Bogotá entre março e abril de 1948, o general George Marshall, então secretário de Estado, convocou os países presentes a um “compromisso de luta contra o comunismo”. Levou para casa uma nova organização continental, oficialmente fundada no dia 30 de abril de 1948 através de uma declaração, a Carta da OEA, que contou com a assinatura de 21 países e passou a vigorar a partir de dezembro de 1951.

A intenção dos norte-americanos, para além de estabelecer sua direção sobre questões de defesa, era criar um novo instrumento jurídico, político e econômico com o qual pudessem construir laços de subordinação que não reproduzissem o velho e fracassado colonialismo europeu. Suas ambições hegemônicas deveriam se realizar a partir da renúncia voluntária de países formalmente independentes a porções de sua soberania.

O recurso à violência viria a assumir um caráter punitivo e de ação política, respaldando oligarquias nacionais contra forças insurgentes ou governos populares, mas sem a lógica da ocupação permanente ou da anexação territorial. Uma estratégia na qual a OEA, nas palavras de Fidel Castro, desempenharia o papel de “ministério das colônias” dos EUA.

Cuba, aliás, seria a primeira vítima do tacape da entidade sediada na capital norte-americana. Acusada de se aliar ao bloco socialista, teve sua participação suspensa em 1962. Logo depois, em 1965, foi a vez da República Dominicana. Quando forças leais ao presidente constitucional Juan Bosh estavam a um passo de derrotar grupos civis e militares que tinham realizado um golpe de Estado, o país foi invadido por tropas conjuntas dos EUA e da OEA, com vergonhosa participação brasileira.

As ditaduras do continente, a propósito, sempre puderam desfilar livremente pelos corredores e encontros da instituição. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, mui seletivamente, só tinha olhos para governos que rompessem o alinhamento com a Casa Branca.

Nenhuma dessas informações consta do sítio eletrônico da organização liderada pelo socialista Insulza. Devidamente submetida a uma cirurgia plástica quando se esgotou o ciclo dos militares, no final dos anos 1980, a OEA foi reinventada como articuladora de iniciativas integracionistas. Foram forjados, em seu âmbito, projetos como o da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), que buscavam redesenhar os mercados e Estados nacionais como espaços acessórios da economia norte-americana.

Giro à esquerda

Mas essas tentativas acabaram frustradas ou comprometidas pela ascensão de forças progressistas em alguns dos principais países da região, especialmente no Brasil, na Venezuela e na Argentina. A primeira década do século 21 significou um importante giro à esquerda no continente.

Ao contrário de velhos governos oligárquicos e conservadores, as novas correntes se propunham a uma estratégia de fortalecimento do poder público, expansão do mercado interno de massas, distribuição de renda e ampliação dos direitos sociais. Ainda que com fortes diferenças em cada experiência local, esse caminho colocou em cheque o modelo privatista e desnacionalizante, base fundamental para a associação subordinada desejada pelos Estados Unidos.

O novo ciclo político, acoplado ao retumbante fracasso de países que embarcaram nos tratados de livre-comércio com Washington, cujo caso mais emblemático é o México, recolocou o tema da integração. O velho programa das plutocracias latino-americanas, verticalizado pela ambição de se tornarem sócias minoritárias e lucrativas do empreendimento norte-americano, veio sendo substituído pela defesa de um bloco autônomo, amparado sobre redes comuns de infra-estrutura, fontes de financiamento, fluxos comerciais e instituições políticas, além de planos ambiciosos para unificação da moeda e do sistema de defesa.

Mesmo nações dirigidas por partidos direitistas foram levadas, em alguma medida, a se juntar a essa onda, motivadas pela propulsão econômica da área latino-americana, no contexto de um mundo em crise e repartido por grandes alianças regionais. Essa tem sido a base objetiva, afinal, para o associativismo crescente entre os países do subcontinente.

Entulho neocolonial

Apesar de seu relativo enfraquecimento no jogo regional, a Casa Branca segue com cartas poderosas nas mãos. O cerne de sua contra-ofensiva, no terreno diplomático, é o bilateralismo. Dividir para reinar. Impedir ou atenuar as iniciativas autonomistas. Atrapalhar ou minimizar a construção de espaços sem sua participação. A OEA, para essa estratégia, segue com uma função relevante, que inclui a pressão sobre governos que aceleram seu distanciamento dos interesses norte-americanos, claro que sempre em nome da democracia e dos direitos humanos.

O mesmo não pode ser dito, quanto à pertinência dessa instituição, na perspectiva dos governos progressistas e da unificação latino-americana. A existência de uma organização dessa natureza é um fator inibidor. Não tem qualquer serventia positiva um organismo que historicamente se apresentou como guarda pretoriana de interesses imperiais.

Tampouco faz sentido no próprio aprimoramento das relações com os Estados Unidos. Quanto mais freqüentes e robustas forem as negociações em bloco, maior será o poder de pressão dos países ao sul. Quanto menor for a presença político-militar de Washington no subcontinente, mais amplas serão as possibilidades de integração e soberania.

A OEA, de fato, não passa de um entulho neocolonial. Seu esvaziamento progressivo, acompanhado pela denúncia do TIAR, significaria um avanço notável no processo democrático e independentista.

*Breno Altman é jornalista e diretor editorial do Opera Mundi

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Re: Brasil e política internacional

#10 Mensagem por Carnage » 11 Abr 2010, 16:53

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=29573
Senador americano dá uma surra no PiG (*). O Brasil não é espelho dos Estados Unidos

8/abril/2010 8:02


Christopher Dodd, do Partido Democrata de Connecticut, anunciou que não se candidatará à re-eleição.

O último trabalho dele, nesta legislatura, será ajudar o presidente Obama a redigir uma lei que impõe mais rigor e vigilância sobre o “cassino” do mercado financeiro, como dizia o Lord Keynes.

Dodd veio ao Brasil ajudar o Governo Lula a dar uma lição de moral ao PiG (*) e aos chanceleres da GloboNews.

Sobre o Irã:

“Não é função do Brasil espelhar a política externa dos estados Unidos… O presidente Lula acredita que isso (o programa nuclear iraniano) pode ser resolvido pela diplomacia. Espero que ele esteja certo, mas em algum momento nós teremos que decidir que talvez o Irã não esteja disposto a isso.”

Sobre Lula e o Bolsa Família:

“O Presidente Lula merece grande crédito. O Bolsa Família é uma ideia esplêndida, e uma fonte de renda atrelada à educação… É por isso que 80% dizem que Lula faz um bom trabalho.”

Sobre a tese do PSDB, da mulher do governador de São Paulo e dos DEMOS de que o Bolsa Família é uma espécie de “Bolsa para Vagabundos”:

“Considero válido esse ponto de vista, mas é fácil dizer quando você tem um bom emprego no Wall Street Journal” (Ou no PiG (*) – PHA). Vá explicar isso a uma família em SP, no Rio ou em Recife.”

Essa entrevista apareceu hoje no espaço que o Otavinho concedeu à Monica Bergamo, na Folha (**) da província de S. P. e, estranhamente, não mereceu a primeira página.

Em tempo: na mesma colona (***) se lê que 88 empresas brasileiras vão ao Irã na comitiva do presidente Lula. O Brasil exporta US$ 1,2 bilhão para o Irã e não importa US$ 15 milhões. E o PiG (*) e os chanceleres da GloboNews ainda querem que o Brasil trate mal o Irã …

Em tempo 2: Um amigo meu, mineiro, disse que, se o Serra fosse – porque não será – eleito, ele venderia o Bolsa Família à Wal Mart.

Paulo Henrique Amorim




Matéria no Indian Times

Link original: http://timesofindia.indiatimes.com/home ... 775158.cms

Matéria tratuzida:

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... -cara.html
Porque Lula é "O Cara"

Shobhan Saxena, Apr 9, 2010, 12.00am IST

do Times da Índia, via twitter do Tão Gomes Pinto


Brasília — Recentemente, a secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton pressionou o presidente brasileiro Lula da Silva para que o Brasil se juntasse aos Estados Unidos na imposição de novas sanções contra o Irã. Lula rebateu Clinton dizendo que “não é prudente empurrar o Irã contra a parede”. Não é o que Clinton gostaria de ter ouvido de um país que tem um dos assentos não permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas e faz lobby por um assento permanente.

Subsequentemente, em Tel Aviv, Lula chocou líderes israelenses por se negar a visitar o túmulo do pai do sionismo, Theodore Herzl. Em maio, Lula vai ao Irã para se encontrar com o presidente Ahmadinejad, uma decisão que jornais dos Estados Unidos descreveram como “não representativa de um país que aspira ser considerado um igual entre os líderes do mundo”. Lula está agindo como um líder mundial?

Caçoado pelos comentaristas do Brasil por sua gramática imprecisa, Lula se tornou um hit no palco mundial com seu estilo de homem comum. Na cúpula financeira sobre a crise global em Londres, no ano passado, ao ver Lula o presidente Barack Obama gritou: “Lá está o meu cara. Eu amo esse cara. Ele é o político mais popular da terra”. As declarações de Obama foram feitas apenas alguns dias depois do brasileiro ter atribuído a crise global ao “comportamente irracional dos brancos de olhos azuis que antes da crise pareciam saber tudo sobre economia”. As declarações de Lula fizeram a elite brasileira ranger os dentes.

A nove meses de deixar o poder, Lula viaja o mundo atacando a ONU pelo “sistema de castas”, o mundo rico em Copenhagen e em campanha por um maior papel global para “poderes emergentes” e pregando o “diálogo” com o Irã. Isso fez alguns observadores ocidentais se perguntarem se ele está seguindo os passos de Hugo Chávez como “gladiador da batalha antiimperialista”.

Nada mais distante da realidade. Lula se tornou um herói em casa e um estadista no mundo por razões genuínas. No Brasil, sua taxa de aprovação está em 76%, um recorde para um presidente em fim de mandato. Sua conquistas domésticas foram sem precedentes: desde 2003, ele mais que dobrou o salário mínimo para o equivalente a 300 dólares, ajudou a tirar 20 milhões de brasileiros da pobreza e derrubou a dívida pública para 35% do PIB (de 55%). No ano passado, os reais brasileiros foram a quinta moeda com melhor performance do mundo, a inflação caiu para 4% e o país navegou pela crise econômica mundial quase sem danos.

Graças aos programas sociais de Lula, os maiores beneficiários do crescimento foram os pobres para os quais o presidente, que cresceu engraxando sapatos e dividindo um quarto com a mãe e oito irmãos, é um símbolo de esperança. A popularidade de Lula é tão grande que ele até recebeu crédito pela descoberta de petróleo na costa do Brasil.

O país pode se tornar em breve o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e Lula já anunciou planos para gastar a renda do petróleo com programas contra a pobreza.

Naturalmente, Lula cometeu erros. Houve escândalos no governo e ele tem sido criticado pela esquerda do Partido dos Trabalhadores por ter se movido “muito para o Centro”. Mas ninguém questiona sua maior conquista: o posicionamento do Brasil no mundo. Lula converteu o músculo econômico em influência global ao promover o comércio “sul-sul” e crescentes ligações políticas com países em desenvolvimento. O que explica suas posições sobre o Irã, com o qual o comércio do Brasil cresceu 40% desde 2003. A químic com Ahmadinejad é tão boa que Obama pediu ao Brasil que medie as relações do Irã com os Estados Unidos, algo que Lula adoraria fazer. Na passagem por Tel Aviv, Lula sugeriu “alguem com neutralidade” para mediar o processo de paz no Oriente Médio. E ele não queria dizer Tony Blair.

Uma vez caçoado pela elite que bebe caipirinha em Copacabana, que “temia” que Lula poderia envergonhar o Brasil no exterior, o ex-operário metalúrgico tem demonstrando um domínio sólido da política externa. Durante seu primeiro mandato, ele trabalhou por relações mais próximas com a Índia, a China e a África do Sul.

Hoje a China, não os Estados Unidos, é o maior parceiro comercial do Brasil. Jogando um papel crucial na criação da IBSA e da BASIC, dois grupos envolvendo o Brasil, a Índia, a China e a África do Sul, Lula se tornou a voz mais forte das nações emergentes em questões globais como as mudanças do clima e a crise financeira. Com o movimento dos não-alinhados morto, esses grupos se tornaram a voz da Ásia, da África e da América Latina em questões globais. Descrevendo Lula como “uma referência para os países emergentes e também para o mundo em desenvolvimento”, em 2009 um importante jornal francês escolheu Lula como “homem do ano”.

Lula é o homem do momento porque ele seguiu uma fórmula simples, a de reforçar a economia doméstica, desligando o sistema financeiro do Brasil dos Estados Unidos, cultivando relações com países emergentes e seguindo uma política externa independente. E é por isso que ele pode falar o que quer em qualquer assunto.

Chamem de sorte, mas a falta de líderes carismáticos em outras nações emergentes também ajudou. Hoje, a China e a Índia são lideradas por tecnocratas, não por líderes de massa, a África do Sul não produziu um líder conhecido desde Nelson Mandela e o presidente da Rússia Vladimir Putin não tem as credenciais democráticas. Neste cenário, Lula agarrou a oportunidade com as duas mãos. Um líder indiano com imaginação poderia ter escrito este papel para si próprio.
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Re: Brasil e política internacional

#11 Mensagem por Coronel Capeta » 12 Abr 2010, 07:55

Carnage escreveu:http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=29573
(...)

Matéria no Indian Times

Link original: http://timesofindia.indiatimes.com/home ... 775158.cms

Matéria tratuzida:

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... -cara.html
Porque Lula é "O Cara"

Shobhan Saxena, Apr 9, 2010, 12.00am IST

do Times da Índia, via twitter do Tão Gomes Pinto


Brasília — Recentemente, a secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton pressionou o presidente brasileiro Lula da Silva para que o Brasil se juntasse aos Estados Unidos na imposição de novas sanções contra o Irã. Lula rebateu Clinton dizendo que “não é prudente empurrar o Irã contra a parede”. Não é o que Clinton gostaria de ter ouvido de um país que tem um dos assentos não permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas e faz lobby por um assento permanente.

Subsequentemente, em Tel Aviv, Lula chocou líderes israelenses por se negar a visitar o túmulo do pai do sionismo, Theodore Herzl. Em maio, Lula vai ao Irã para se encontrar com o presidente Ahmadinejad, uma decisão que jornais dos Estados Unidos descreveram como “não representativa de um país que aspira ser considerado um igual entre os líderes do mundo”. Lula está agindo como um líder mundial?

Caçoado pelos comentaristas do Brasil por sua gramática imprecisa, Lula se tornou um hit no palco mundial com seu estilo de homem comum. Na cúpula financeira sobre a crise global em Londres, no ano passado, ao ver Lula o presidente Barack Obama gritou: “Lá está o meu cara. Eu amo esse cara. Ele é o político mais popular da terra”. As declarações de Obama foram feitas apenas alguns dias depois do brasileiro ter atribuído a crise global ao “comportamente irracional dos brancos de olhos azuis que antes da crise pareciam saber tudo sobre economia”. As declarações de Lula fizeram a elite brasileira ranger os dentes.

A nove meses de deixar o poder, Lula viaja o mundo atacando a ONU pelo “sistema de castas”, o mundo rico em Copenhagen e em campanha por um maior papel global para “poderes emergentes” e pregando o “diálogo” com o Irã. Isso fez alguns observadores ocidentais se perguntarem se ele está seguindo os passos de Hugo Chávez como “gladiador da batalha antiimperialista”.

Nada mais distante da realidade. Lula se tornou um herói em casa e um estadista no mundo por razões genuínas. No Brasil, sua taxa de aprovação está em 76%, um recorde para um presidente em fim de mandato. Sua conquistas domésticas foram sem precedentes: desde 2003, ele mais que dobrou o salário mínimo para o equivalente a 300 dólares, ajudou a tirar 20 milhões de brasileiros da pobreza e derrubou a dívida pública para 35% do PIB (de 55%). No ano passado, os reais brasileiros foram a quinta moeda com melhor performance do mundo, a inflação caiu para 4% e o país navegou pela crise econômica mundial quase sem danos.

Graças aos programas sociais de Lula, os maiores beneficiários do crescimento foram os pobres para os quais o presidente, que cresceu engraxando sapatos e dividindo um quarto com a mãe e oito irmãos, é um símbolo de esperança. A popularidade de Lula é tão grande que ele até recebeu crédito pela descoberta de petróleo na costa do Brasil.

O país pode se tornar em breve o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e Lula já anunciou planos para gastar a renda do petróleo com programas contra a pobreza.

Naturalmente, Lula cometeu erros. Houve escândalos no governo e ele tem sido criticado pela esquerda do Partido dos Trabalhadores por ter se movido “muito para o Centro”. Mas ninguém questiona sua maior conquista: o posicionamento do Brasil no mundo. Lula converteu o músculo econômico em influência global ao promover o comércio “sul-sul” e crescentes ligações políticas com países em desenvolvimento. O que explica suas posições sobre o Irã, com o qual o comércio do Brasil cresceu 40% desde 2003. A químic com Ahmadinejad é tão boa que Obama pediu ao Brasil que medie as relações do Irã com os Estados Unidos, algo que Lula adoraria fazer. Na passagem por Tel Aviv, Lula sugeriu “alguem com neutralidade” para mediar o processo de paz no Oriente Médio. E ele não queria dizer Tony Blair.

Uma vez caçoado pela elite que bebe caipirinha em Copacabana, que “temia” que Lula poderia envergonhar o Brasil no exterior, o ex-operário metalúrgico tem demonstrando um domínio sólido da política externa. Durante seu primeiro mandato, ele trabalhou por relações mais próximas com a Índia, a China e a África do Sul.

Hoje a China, não os Estados Unidos, é o maior parceiro comercial do Brasil. Jogando um papel crucial na criação da IBSA e da BASIC, dois grupos envolvendo o Brasil, a Índia, a China e a África do Sul, Lula se tornou a voz mais forte das nações emergentes em questões globais como as mudanças do clima e a crise financeira. Com o movimento dos não-alinhados morto, esses grupos se tornaram a voz da Ásia, da África e da América Latina em questões globais. Descrevendo Lula como “uma referência para os países emergentes e também para o mundo em desenvolvimento”, em 2009 um importante jornal francês escolheu Lula como “homem do ano”.

Lula é o homem do momento porque ele seguiu uma fórmula simples, a de reforçar a economia doméstica, desligando o sistema financeiro do Brasil dos Estados Unidos, cultivando relações com países emergentes e seguindo uma política externa independente. E é por isso que ele pode falar o que quer em qualquer assunto.

Chamem de sorte, mas a falta de líderes carismáticos em outras nações emergentes também ajudou. Hoje, a China e a Índia são lideradas por tecnocratas, não por líderes de massa, a África do Sul não produziu um líder conhecido desde Nelson Mandela e o presidente da Rússia Vladimir Putin não tem as credenciais democráticas. Neste cenário, Lula agarrou a oportunidade com as duas mãos. Um líder indiano com imaginação poderia ter escrito este papel para si próprio.
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Eu destacaria a lucidez e objectividade deste artigo porque, goste-se ou não, as presidências do Lula e a ascenção do Brasil ao grupo das super-potências estão a fazer História e serão lembradas como o amadurecimento definitivo desse país. 8)

Isto é como a velha discussão de olhar para o copo meio cheio ou meio vazio :roll:
Tudo bem, o Brasil continua sendo aquele grande exportador global de futebolistas e putas gostosas :twisted:
Mas factos são factos...Nunca vi tanto brasileiro com tanto poder de compra como hoje em dia, viajando, comprando casa, estudando e (in)formando-se mais. O Brasil é esse país que mais parece um continente e mesmo assim consegue produzir em grande escala, mostrar crescimento económico acima da média mundial e continua atraindo consideráveis investimentos estrangeiros sem grande esforço, apesar de todas as dificuldades e contradições, e ainda consegue manter uma identidade cultural muito forte e ser sinónimo de nação jovem, criativa e destino turístico do mundo inteiro.

Já para não falar desse bónus imenso que foi descobrirem petróleo debaixo dos pés...
Isso só confirma a enorme riqueza natural do Brasil. E em tempos de crise e recessão, produtividade e criatividade é tudo...mesmo com corrupção e abusos de poder (não existe país imune a isso). E vocês produzem e criam pra caramba. Na minha humilde opinião, o Lula chegou no momento certo, por várias razões. Não me parece que se tenha deslumbrado, geriu muito bem a dívida pública do vosso país e deixou o caminho aberto para o reconhecimento internacional do Brasil numa escala sem precedentes.

Se, mesmo num país hipócrita e psicótico como os Estados Unidos, um actor de cinema série B (Reagan) e um afro-descendente (Obama) chegaram ao topo do poder contra todas as probabilidades, o Brasil que leva décadas de crise e ultrapassou uma ditadura militar e sabe "se virar" como ninguém com pouco que tenha, agora mostrou algo diferente, algo que não seja o previsível alinhamento em tudo o que os Estados Unidos dizem e fazem.

Pessoalmente, não tenho dúvidas que a única razão porque o Brasil só não está mais forte hoje, nem chegou mais rápido a esse super-grupo tem sido a crise mundial prolongada.

Acho que os brasileiros só ganharam nesta última década. E esse artigo, escrito por um indiano (em outra potência "emergente"), só vem mostrar a imagem que o Mundo tem do Brasil. Quem disse que a História é sempre igual?

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Re: Brasil e política internacional

#12 Mensagem por Carnage » 18 Abr 2010, 21:24

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... duplo.html
Marco Aurélio Garcia nega base militar dos EUA aqui: “Brasil não tem discurso duplo”

ATUALIZAÇÃO em 12 de abril às 16h43

O Viomundo acabou de conversar com a assessoria de Marco Aurélio Garcia, em Brasília, que informou: “A íntegra do acordo militar Brasil-Estados Unidos deve ser publicada entre hoje e amanhã no site do Itamaraty”.

***************

por Conceição Lemes


A imprensa internacional reiteradamente tem noticiado: está prevista a instalação no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, de uma base estadunidense.

Carta Capital não entrou nesse rumor e explicou por quê:

Em março, o chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, general Douglas Fraser, reuniu-se com o presidente Lula, o ministro Nelson Jobim e o chefe da Polícia Federal. O Globo e O Estado de S. Paulo lançaram o boato, reproduzido pela imprensa internacional, sobre a negociação de uma base do Pentágono no Rio de Janeiro. Alguns jornalistas entenderam que o subsecretário de Estado, Arturo Valenzuela, confirmou esse acordo em Quito, dia 5 de abril.

Em 6 de abril, em entrevista à Telam, agência de notícias da Argentina, Marco Aurélio Garcia, assessor especial de política internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desmentiu os boatos disseminados aqui e no exterior. Carta Capital reproduziu as suas declarações.

“Não é verdade que o Brasil esteja negociando a instalação de uma base estadunidense”, afirmou Marco Aurélio. “O que existe é um programa de cooperação com os EUA contra o narcotráfico, mas que não tem nada a ver com a possibilidade de instalar uma base militar estadunidense no Brasil. Não há qualquer chance de isso acontecer.”

Em 7 de abril, o Ministério das Relações Exteriores divulgou nota esclarecendo acordo Brasil-EUA, que deve ser assinado brevemente:

O acordo tem como objetivo aperfeiçoar a cobertura institucional para a cooperação bilateral já existente e futura em áreas como: a) visitas de delegações de alto nível, b) contatos em nível técnico, c) encontros entre instituições de defesa, d) troca de estudantes, instrutores e pessoal de treinamento, e) eventos de treinamento e aperfeiçoamento, f) visitas de navios, g) eventos esportivos e culturais, h) iniciativas comerciais relacionadas à defesa, e i) programas e projetos de tecnologia de defesa.

Em outro trecho, salienta:

Seguindo o estabelecido pelo Art. 1.IV.c da Resolução adotada na II Reunião Extraordinária de Ministros das Relações Exteriores e da Defesa da União de Nações Sul-Americanas, realizada em Quito no último dia 27 de novembro, o presente acordo contém cláusula expressa de garantias que assegura respeito aos princípios de igualdade soberana dos Estados, de integridade e inviolabilidade territorial e de não intervenção nos assuntos internos de outros Estados.

A nota do Itamaraty não fala em instalação de base militar. Trata da cooperação em equipamentos, tecnologia e treinamento. Não havia um acordo formal desde 1977, quando o general Ernesto Geisel, acusado de violações de direitos humanos, rompeu com os EUA. Ela não foi suficiente para tranquilizar o excelente Mauro Santayna, que, no dia 8, publicou o artigo Tratado indesejável , no JBOnline:

Com todas as explicações, incluídas as do Itamaraty, em nota oficial, é inconveniente o Acordo Militar que o Brasil está pronto a assinar com os Estados Unidos. Podemos firmar acordos semelhantes com países que podem comparar-se ao nosso, mas não com aquela república. É lamentável que esse tratado seja negociado pelo atual governo.

Mais adiante acrescentou:

Conviria ao ministro Nelson Jobim poupar-se de outro escolho biográfico – ele que deles anda bem servido – e explicar sua posição no episódio.

Estranhamente, no mesmo dia em que o Itamaraty divulgou a sua nota, Valenzuela, o subsecretário dos EUA para América Latina, em outra entrevista em Quito, Equador, à Ansa, agência italiana de notícias, reavivou a suspeita: “Washington está preparando a instalação de uma base militar norte-americana no Brasil para combater o narcotráfico”.

O Viomundo contatou Marco Aurélio Garcia. “O Brasil não tem discurso duplo”, respondeu por meio de sua assessoria. “Seria um contrassenso ante a forte reação brasileira às bases militares dos EUA na Colômbia. Insisto: não há menor possibilidade de isso acontecer.”

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... -aqui.html
Acordo militar não fala em base dos Estados Unidos no Brasil

O Brasil e os Estados Unidos assinaram nesta segunda-feira, 12 de abril, acordo de cooperação militar.

Ele confirma o que Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, havia dito em matéria publicada pelo Viomundo. O acordo não contempla a instalação de bases militares estadunidenses no Brasil nem o uso de nenhuma base brasileira por parte das Forças Armadas americanas, ao contrário do que a imprensa internacional noticiou a partir de boatos veiculados em O Globo e O Estado de S. Paulo.

Pelo Brasil, assinou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem aos Estados Unidos para Cúpula Nuclear. Pelo lado estadunidense, o secretário de Defesa, Robert Gates.

O acordo facilitará a compra de equipamentos e os contatos entre as Forças Armadas dos dois países. Prevê a colaboração em assuntos técnicos, além de encontros entre instituições de defesa, intercâmbios de estudantes e instrutores e treinamentos militares conjuntos. Segundo a agência EFE, fontes do Pentágono assinalaram que o acordo destina-se a formalizar vínculos já existentes.

Desde 1977, não havia um acordo formal entre os dois países. Na época, o general Ernesto Geisel, acusado de violações de direitos humanos, rompeu com os EUA.

“Na prática, de lá para cá, continuou havendo cooperação entre os dois países, mas sem acordo formal”, disse ao Viomundo uma fonte do governo brasileiro.”O acordo assinado hoje é absolutamente genérico e semelhante a outros 28 que o Brasil assinou nos últimos anos com outros países.”

Segundo a mesma fonte, o ponto mais importante é o artigo 3, que trata das garantias. É uma cláusula consagrada no pacto da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) assinado em novembro passado:

Na execução das atividades de cooperação realizadas no âmbito deste Acordo, as Partes comprometem-se a respeitar os princípios e propósitos relevantes da Carta das Nações Unidas e da Carta da Organização dos Estados Americanos, incluindo os de igualdade soberana dos Estados, integridade e inviolabilidade territoriais e não-intervenção em assuntos internos de outros Estados.

A íntegra do acordo (logo abaixo) foi publicado no final da tarde no site do Ministério das Relações Extertiores.

ACORDO ENTRE O GOVERNO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O GOVERNO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA SOBRE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE DEFESA

O Governo da República Federativa do Brasil
(doravante “Brasil”)
e
O Governo dos Estados Unidos da América
(doravante “Estados Unidos”)
(doravante denominados coletivamente “as Partes” e “Parte”, individualmente),

Imbuídos do interesse comum na paz e segurança internacionais, assim como na resolução pacífica de conflitos internacionais;

Desejando fortalecer suas boas e cordiais relações;

Reafirmando o princíp io da soberania; e

Desejando fortalecer a cooperação em matéria de Defesa,

Acordam o seguinte:

Artigo 1 – Escopo

O presente Acordo, regido pelos princípios de igualdade, reciprocidade e interesse mútuo, em conformidade com as respectivas leis e regulamentos nacionais e as obrigações internacionais das Partes, tem como objetivo promover:

a) a cooperação entre as Partes em assuntos relativos à Defesa, particularmente nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, apoio logístico, segurança tecnológica e aquisição de produtos e serviços de Defesa;

b) a troca de informações e experiências adquiridas no campo de operações e na utilização de equipamento militar de origem nacional e estrangeira, bem como as relacionadas a operações internacionais de manutenção de paz;

c) a troca de experiências na área de tecnologia de defesa;

d) a participação em treinamento e instru ção militar combinados, exercícios militares conjuntos e o intercâmbio de informações relacionado a esses temas;

e) a colaboração em assuntos relacionados a sistemas e equipamentos militares; e

f) a cooperação em quaisquer outras áreas militares que possa ser de interesse mútuo das Partes.

Artigo 2 – Cooperação

A cooperação entre as Partes pode incluir:

a) visitas recíprocas de delegações de alto nível a entidades civis e militares;

b) conversações entre funcionários e reuniões técnicas;

c) reuniões entre as instituições de Defesa equivalentes;

d) intercâmbio de instrutores e pessoal de treinamento, assim como de estudantes de instituições militares;

e) participação em cursos teóricos e práticos de treinamento, orientações, seminários, conferências, mesas-redondas e simpósios organizados em entidades militares e civis com interesse na Defesa, de comum acordo entre as Partes;

f) visitas de navios militares;

g) eventos culturais e desportivos;

h) facilitação de iniciativas comerciais relacionadas à área de Defesa; e

i) implementação e desenvolvimento de programas e projetos de aplicação de tecnologia de defesa, considerando a participação de entidades militares e civis estratégicas de cada Parte.

Artigo 3 – Garantias

Na execução das atividades de cooperação realizadas no âmbito deste Acordo, as Partes comprometem-se a respeitar os princípios e propósitos relevantes da Carta das Nações Unidas e da Carta da Organização dos Estados Americanos, incluindo os de igualdade soberana dos Estados, integridade e inviolabilidade territoriais e não-intervenção em assuntos internos de outros Estados.

Artigo 4 – Disposições Financeiras

1. Salvo se mutuamente acordado em contrário, cada Parte será responsável por suas despesas, incluindo, mas não limitado a:

a) gastos de transporte de e para o ponto de entrada no Estado anfitrião;

b) gastos relativos a pessoal, incluindo os de hospedagem e alimentação;

c) gastos relativos a tratamento médico e dentário, bem como de remoção ou evacuação do seu pessoal doente, ferido ou falecido.

2. Todas as atividades desenvolvidas no âmbito deste Acordo estarão sujeitas à disponibilidade dos recursos e fundos apropriados para estes fins.

Artigo 5 – Implementação, Protocolos Complementares e Emendas

1. Os Agentes Executivos das Partes deverão facilitar a implementação do presente Acordo. O Agente Executivo do Brasil será o Ministério da Defesa; o Agente Executivo dos Estados Unidos será o Departamento de Defesa.

2. Protocolos Complementares a este Acordo poderão ser celebrados com o consentimento das Partes, por escrito, pelos canais diplomáticos, e constituirão partes integrantes do presente Acordo.

3. Os Arranjos de Implementação no âmbito deste Acordo e programas e atividades específicas empreendidos para a consecução dos objetivos do presente Acordo e de seus Protocolos Complementares serão desenvolvidos e implementados pelos Agentes Executivos das Partes, serão restritos às matérias previstas neste Acordo e estarão em conformidade com as respectivas legislações das Partes.

4. Este Acordo poderá ser emendado por acordo escrito com consentimento das Partes. As emendas entrarão em vigor na data da última notificação entre as Partes, por meio dos canais diplomáticos, que indique o cumprimento dos respectivos requisitos internos para a vigência das emendas.

Artigo 6 – Solução de Controvérsias

Qualquer controvérsia relativa à interpretação ou aplicação deste Acordo será resolvida por meio de consultas e negociações entre as Partes, por via di plomática.

Artigo 7 – Validade e Denúncia

1. Este Acordo poderá ser denunciado por qualquer das Partes após 90 dias da notificação escrita à outra Parte, pelos canais diplomáticos.

2. A denúncia deste Acordo não afetará os programas e atividades em curso no âmbito do presente Acordo, salvo se acordado em contrário pelas Partes.

Artigo 8 – Entrada em Vigor

O presente Acordo entrará em vigor na data da última notificação trocada entre as Partes, por via diplomática, que indique o cumprimento dos respectivos requisitos internos para a vigência deste Acordo.

Feito em Washington D.C., em 12 de abril de 2010, nos idiomas português e inglês, sendo ambos os textos igualmente autênticos.
Os negócios e a soberania
14/04/2010
Por Mauro Santayana


O ministro Nelson Jobim, sem que o Congresso e o povo fossem ouvidos, assinou, em Washington, tratado militar com os Estados Unidos. O objetivo é restaurar o acordo que existia antes e que o general Geisel rompeu em 1977. O governo cometeu erro político de que se dará conta no futuro. O Tratado, dizem seus defensores, é igual ao que temos com outros países do mundo. Não é: desafia-se o ministro Jobim a firmar um equivalente, em todas as suas cláusulas, com a Rússia de Putin ou a China Continental. Como todos os tratados, ele favorece o signatário mais forte. Benjamin Franklin aconselhava tratar bem o vizinho, mas manter o portão bem trancado. Jobim abre a porta do quarto. O tratado prevê o treinamento de militares brasileiros nos Estados Unidos. Quem treina, adestra, e quem adestra, busca obter certos resultados, entre eles, o da fidelidade.

Os convênios militares são necessários quando um inimigo comum aos contratantes ameaça atacá-los em conjunto, ou em separado. É natural que juntem seus recursos, humanos, militares e econômicos, para a defesa. A que necessidade corresponde a submissão do Ministro Nelson Jobim? Estamos em paz com nossos vizinhos e com países distantes. Não temos contencioso algum que não possa ser resolvido com a diplomacia. Ao contrário: a grande ameaça que sofremos, a da perda de soberania sobre o território amazônico, vem, desde o século 19, exatamente dos Estados Unidos. O único acordo de defesa que a realpolitik nos aconselha é o tratado da Unasul, que reúna todos os recursos dos países do continente, a fim de enfrentar as ameaças externas à região.

Argumenta-se que o governo do presidente Obama busca construir bom entendimento com o Brasil e os outros países. Mas os tratados, sobretudo os militares, não vinculam pessoas ou governos: vinculam estados. O Obama de hoje pode ser substituído por um Bush, um Reagan ou um Ted Roosevelt, amanhã. Não podemos abrir a guarda.

Outro argumento, e este, imoral, é que sua assinatura é necessária para que a Embraer venda cem aviões supertucanos à Força Aérea Norte-Americana. Se os aviões são bons, o preço conveniente, e os Estados Unidos deles precisam, não há que subordinar uma coisa à outra. Seria natural que, em troca de comprar os aviões, os norte-americanos nos propusessem que lhes comprássemos veículos ou navios. Seriam moedas equivalentes de intercâmbio. Não podemos vender aviões, oferecendo, como vantagem extra, um só palmo de soberania.

O presidente Lula sabe, de suas visitas ao Exterior, que o nacionalismo continua a ser a força das elites e do povo. Só no Brasil os grupos dirigentes desprezam a nação com a mesma desenvoltura que defendem os negócios. A firmeza na defesa da nacionalidade é tanto maior, quanto mais discreta. Há momentos em que se torna impossível conter a indignação, como ocorreu aos policiais federais, obrigados, pelo brio, a prender e a expulsar do país turistas ianques que nos ofenderam com seus gestos indecentes, como ocorreu no Mato Grosso. A soberania se exerce como a exerceu o presidente Geisel, em 1977, revogando, unilateralmente, como era de nosso direito, o Acordo Militar de 1952.

O ministro Jobim desconhece como o povo acompanha seus atos, a começar pelo uso indevido de uniformes militares, proibido aos civis, pela lei 1803, de 14 de agosto de 1958, em seu artigo 40. É difícil aceitar, que ele tenha inserido – como declarou publicamente – dispositivo ilegítimo à Constituição da República. Não há razão política para que ele se mantenha nos mais altos cargos da República, com tal comportamento. Quem assim age, não defende a pátria: agride-a.

A cidadania está reagindo com indignação ao acordo, como os internautas averiguam, ao visitar os comentários dos leitores dos blogs dos grandes jornais. Essa é também uma forma de o Congresso aferir a vontade popular. Todos os candidatos às eleições de outubro devem dizer, de forma clara, o que pensam do documento. Não podemos votar naqueles dispostos a alienar a soberania por um prato de lentilhas – perdão, por um mero negócio, como a venda de aviões.

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Re: Brasil e política internacional

#13 Mensagem por Carnage » 18 Abr 2010, 21:30

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... clear.html
Obama nuclear

14/4/2010, Pepe Escobar, “Blog The Roving Eye”, Asia Times Online

http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/LD15Ak05.html

Tradução de Caia Fittipaldi


A reunião sobre segurança nuclear do presidente Obama dos EUA e 47 países, uma espécie de ‘Grupo dos 20’ bombado, bem pode ter sido a maior solenidade de engambela-trouxas, comandada por presidente dos EUA, desde a conferência de San Francisco em 1945, que criou a ONU.

Ninguém jamais precisou de qualquer show de relações públicas & propaganda, acompanhado de chave-de-braço à moda Washington, para convencer os políticos globais do perigo de urânio ou plutônio enriquecidos caírem em mãos de grupos jihadistas à moda al-Qaeda, ou de terroristas free-lancers.

Pois, ainda assim, analistas norte-americanos como Steve Clemons da New America Foundation não se cansam de elogiar a “sutileza calculada” de Obama, falam de “habilidade nixoniana” e de “profundidade estratégica”; e, isso, quando não estão falando dos esforços para elevar a reunião à categoria de “manifestação do que pode ser uma ordem mundial liderada pelos EUA”. A realidade é muito mais prosaica. Ou mais perigosa. Ou as duas coisas

A agenda nada-oculta do “Obama nuclear” visou exclusivamente a obter apoio global para uma rodada de sanções mais duras contra o Irã. Obama quer que as novas sanções estejam implantadas em junho. Obama e o presidente Hu Jintao conversaram sobre isso durante uma hora e meia. O impecavelmente lacônico Hu saiu da sala para dizer, basicamente, que o mundo está preparado para discutir o assunto – mas nada prometeu, absolutamente nada.

Obama, ao mesmo tempo em que, na conferência de imprensa pós-reunião, ainda insistia em que o Irã estaria tentando burlar a opinião pública global e estaria, sim, construindo armas atômicas – e, isso, sem qualquer prova do que diz –, insiste também em não convidar Israel a descer da torre de marfim em que se autoexilou e esclarecer se tem ou não armas atômicas (apesar de todos os especialistas garantirem que sim, Israel têm bombas atômicas). Obama, no máximo, repete que os EUA sempre convidaram “todos os países” a respeitar os acordos de não-proliferação (Israel, que nunca se declarou potência nuclear, nunca assinou o Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares, NPT).

O SALT da terra

O governo Obama está atualmente impingindo à opinião pública global que seu principal desejo seria amarrar todos os fios nucleares, sem deixar ponta solta em todo o mundo, antes de 2014. O desejo foi manifesto pelo próprio Obama, em discurso em Praga, ano passado: quer um mundo “livre de armas nucleares”.

Bem… Não é bem assim, não exatamente, como podem ver com os próprios olhos os cidadãos bem informados da imensa maioria das nações do mundo. Com ou sem reduções, o grosso do poder de fogo nuclear mundial continuará protegido nos EUA e na Rússia – não por acaso os juízes supremos, por décadas, que decidiam quem podia e quem não podia entrar no clube nuclear.

Semana passada, Obama e o presidente russo Dmitry Medvedev assinaram um acordo de desarmamento nuclear em – outra vez – Praga, o qual, teoricamente, reduzirá os arsenais de EUA e Rússia grosso modo em um terço.

Até agora, ninguém em Washington sabe, sequer, se o Senado ratificará esse acordo.

O que acontecerá com certeza é que o Senado não ratificará o Comprehensive Nuclear Test Ban Treaty (CTBT) [“Tratado Geral de Proibição de Testes Nucleares”] o qual, na opinião dos Republicanos, “ameaça a segurança nacional dos EUA”. Diferente de George W Bush em 2001, Obama em 2010 apoia a ratificação do Tratado da Proibição de Testes Nucleares.

Bom momento para lembrar o que aconteceu aos antigos tratados de limitação de armas estratégicas [ing. Strategic Arms Limitation Talks (SALT)].

O SALT-1, em 1972, anulou o Sistema de Mísseis Antibalísticos [ing. sistema Anti-Ballistic Missile (ABM)]. Os EUA começaram a corrida. A ex-URSS correu atrás dos EUA. Washington entrou em pânico. E então Richard Nixon teve um choque de realidade.

O SALT-2 foi construído para monitorar o crescimento dos arsenais nucleares. Washington temia o poder de fogo dos mísseis balísticos intercontinentais soviéticos [ing. Intercontinental Ballistic Missiles (ICBMs)] – SS-1, SS-18 e SS-19. Se não fossem monitorados, a URSS poderia instalar quantas ogivas nucleares quisesse em cada um desses mísseis, o que triplicava o poder de fogo.

Os EUA não ratificaram o acordo SALT-2 – embora, na prática, tenha sido respeitado pelo Pentágono. Nada disso foi explicado à opinião pública dos EUA à época, final dos anos 70s. O acordo SALT-2 foi vendido aos cidadãos como “um favor” dos EUA a Moscou – e, depois, foi rasgado, quando, nas palavras do presidente Jimmy Carter, a URSS atacou “aquele país profundamente religioso”, o Afeganistão, em 1979.

Meses antes, o embaixador dos EUA no Afeganistão fora assassinado por aqueles tipos “profundamente religiosos”, apesar de até a inteligência russa ter tentado salvá-lo. Essa história foi revelada à imprensa por ninguém menos que o rei supremo da política exterior de Carter, Dr. Zbigniew “vamos conquistar a Eurásia” Brzezinski.

Anos depois, o governo Bush rabiscou o tratado antimísseis balísticos [ing. Anti-Ballistic Missile Treaty (ABM Treaty ou ABMT) e, em 2003 decidiu adotar o Prompt Global Strike [Ataque Global Imediato] – sob o qual milhares de armas nucleares estratégicas passaram a poder ser convertidas para ser disparadas por ogivas convencionais no prazo de duas a quatro horas, o suficiente para destruir totalmente a infraestrutura vital de qualquer inimigo.

O plano de ataque global imediato de Bush é hoje o plano de ataque global imediato de Obama. Nada, rigorosamente nada, foi alterado.

Impressionados com a minha postura?

Já enquanto negociava um possível acordo SALT-3 com os russos, o governo Obama anunciou sua Revisão da Postura Nuclear dos EUA [ing. US Nuclear Posture Review (NPR)], de 72 páginas. A ‘nova postura nuclear’, pelo menos, reconhece explicitamente que a Rússia “já não é inimigo” e entroniza, nua e crua, uma política de “nenhuma nova arma nuclear”.

Mas a ‘nova postura nuclear’ não estabelece claramente o quanto ainda será reduzido o formidável arsenal nuclear dos EUA. E, como os russos imediatamente perceberam, nada diz, nem uma palavra, sobre as 200 bombas atômicas táticas que os EUA guardam em cinco bases da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Europa: na Alemanha, na Itália, na Bélgica, na Holanda e na Turquia.

Em teoria, a ‘nova postura nuclear’ dos EUA é um primeiro golpe dos EUA contra qualquer dos países que assinaram os tratados NPT – com duas notáveis exceções: o Irã, Estado-bandido (signatário dos NPT) e a Coreia do Norte, Estado-bandido, também, mas que não assinou os NPT. Não por acaso, nem um nem outro foram convidados para a reunião de engabelação geral em Washington – o que converte a reunião de engambelação geral, é claro, em reunião de engambelação geral sem importância alguma.

Nada se ouviu, vindo de Piongueangue – mas a Coreia do Norte é potência nuclear altamente idiossincrática; e Piongueangue, como o resto do mudo, sabe que a Coreia do Norte é imune a qualquer intimidação vinda dos EUA. E o resto do mundo sabe também que, se o Iraque se tivesse convertido em potência nuclear, jamais teria sido atacado por Washington.

Quanto ao Irã, não há qualquer prova de que seu programa de enriquecimento de urânio tenha sido orientado para fabricar armas. Por isso, precisamente, Obama jamais convencerá Hu, da China, a aceitar sanções pesadas contra o Irã.

E logo no início do encontro de Washington, ambos, Brasil e Turquia – anunciaram, mais uma vez, que são contrários a sanções, e especialmente contrários ao que o primeiro-ministro de Israel insiste em repetir que devem ser “sanções incapacitantes”.

Os líderes iranianos viram a ‘nova postura nuclear’ pelo que ela é: uma abertura para que os EUA ataquem o Irã com armas nucleares. Teerã exigirá da ONU uma resolução que condene os EUA – mas todos sabem que a medida dará em nada.

Não se metam com o meu espectro

Obama disse em Praga ano passado que queria “por um fim ao pensamento da Guerra Fria”; pregou que “o papel das armas nucleares seja reduzido, em nossa estratégia de segurança nacional” e conclamou “outros a fazerem o mesmo”.

Se isso é bem assim, Obama está em rota de colisão com o Pentágono e sua doutrina de “espectro total de dominação”.

Não há qualquer sinal de que os EUA estejam a caminho de reduzir o orçamento militar, maior que todos os orçamentos nacionais do planeta, somados. Com Obama, trata-se de “ataque global imediato”. O Pentágono está reforçando todo seu vasto poder estratégico não-nuclear; está muito à frente, e a plena carga, nos mísseis de defesa global; está impulsionando a OTAN, para que se converta em polícia global; já converteu submarinos nucleares de classe Ohio em transportadores de mísseis-cruzadores com ogivas não-nucleares; e nem cogita de abandonar seus sonhos de nuclearizar o espaço estelar.

A beleza disso é que o Pentágono só tem a ganhar com a ofensiva “Obama Nuclear”. O espectro de total dominação não exige imenso arsenal nuclear; o atual arsenal de mísseis balísticos intercontinentais que transportam ogivas nucleares é mais do que suficiente.

O Irã deve ser o teste. Na eventualidade – até aqui pouco provável – de um ataque ao Irã, o “ataque global imediato” teria seu batismo de fogo (literal), o que implicaria uma nova versão atualizada da operação “choque e pavor”.

Mas o show não pode parar. Mês que vem, haverá a conferência da ONU dedicada à revisão de cinco anos dos Tratados de Postura Nuclear. Obama estará no comando dessa revisão – que já está sendo divulgada em Washington como uma “estratégia efetiva” para conter o Irã.

Assim sendo, deve-se esperar que o governo Obama pressione ainda mais as relutantes China e Rússia – o que pouco tem a ver com “habilidade nixoniana” de oferecer cenouras (não só porretes), e terá de enfrentar a absoluta (e não infundada) paranóia de Teerã, que não se cansa de falar de golpe orquestrado pelos EUA contra o regime dos aiatolás.

Quanto à conversa, de que Washington teria interesse em “mundo completamente livre de armas nucleares”… Desse material se fazem os sonhos-delírios de quem não conhece o Pentágono.

Pepe Escobar é jornalista, colaborador de Asia Times Online. Recebe e-mails em pepeasia@yahoo.com

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Re: Brasil e política internacional

#14 Mensagem por Carnage » 19 Abr 2010, 21:43

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16538
Os jornalões e os interesses de fora

A aliança dos jornalões não é só com os tucanos. É também contra o país: no debate nuclear, como em outros, o governo Lula defende nossos interesses e a mídia fica com os de fora. Nas primeiras páginas da “Folha”, Estadão e “O Globo” a foto de ministro brasileiro presenteando o vilão Ahmadinejad com a camisa da seleção encantou os editorialistas. Como desprezam os interesses nacionais, eles festejam as leis extraterritoriais criadas nos EUA para intimidar e punir países que divergem de suas posições. O artigo é de Argemiro Ferreira.

Argemiro Ferreira


O primeira reação de muitos leitores que viram as manchetes idênticas, dia 14, na “Folha de S.Paulo” e no Estadão (a primeira página de “O Globo”, mesmo sem a manchete, coincidiu no enfoque e na foto) foi recordar a peça de propaganda do tucano Geraldo Alckmin na campanha eleitoral de 2006 - o pacote de dinheiro nas primeiras páginas, exposto de norte a sul do Brasil.

Daquela vez o truque sujo adiou a decisão do eleitorado para o 2˚ turno - no qual Alckmin acabaria com menos votos do que no 1˚. Agora a “coincidência” funciona como alerta para truques futuros. Mas a aliança dos jornalões não é só com os tucanos. É também contra o país: no debate nuclear, como em outros, o governo Lula defende nossos interesses e a mídia fica com os de fora.

Jornalões, revistonas e penduricalhos (Rede Globo à frente) apoiam-se no estereótipo iraniano fabricado por eles próprios. O presidente Ahmadinejad é baixo, magrelo e feio. Não está em questão a aparência dele e nem o holocausto - que reconheceu ter ocorrido, mesmo lembrando que os mortos na II Guerra foram 60 milhões e não apenas os 6 milhões de judeus.

O expediente de produzir o vilão e a partir dele demonizar um país inteiro para invadi-lo e tomar-lhe o petróleo - como foi em 1953 no próprio Irã (de Mossadegh) e em 2003 no Iraque (de Saddam) - começa com difamação e sanções. Armas de destruição em massa foram o pretexto dos EUA para invadir o Iraque. Armas que sequer existiam, como não existe a bomba-A do Irã.

Ao invés de sanções a política externa do Brasil prefere o apelo sensato à negociação. Afinal, o Iraque foi arrasado pelas bombas dos EUA e viu um milhão de civis (segundo estimativas) serem mortos. E lá as sanções, que puniram mais as crianças do que o governo, foram o capítulo inicial. Hoje a acusação dos EUA é que o Irã pode vir a ter uma bomba - em cinco anos.

Seria situação menos ameaçadora do que o arsenal nuclear de 100 bombas que o estado de Israel já tem, sem nunca ter assinado o TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear). A exemplo dos israelenses, Índia e Paquistão negaram-se a aderir ao TNP e já têm armas nucleares - não tantas como Israel, mas prontas para serem usadas numa guerra entre os dois.

E onde entra o Brasil nesse quadro? Assinou e cumpre o TNP, não tenta desenvolver a bomba (mesmo tendo condições para isso), proclama em sua Constituição que não o fará e ainda assinou pactos (um bilateral, com a Argentina; e outro regional, com a América Latina) nesse sentido. Mas sofre cobrança dos EUA, que descumprem o TNP e se arvoram em xerife nuclear.

O TNP não lhe confere tal autoridade. Ao contrário: manda os detentores de armas atômicas reduzirem os arsenais até sua eliminação completa. Os acordos EUA-Rússia só aposentam armas obsoletas, logo substituídas pelas modernas, sofisticadas e portáteis, que tornam mais provável o uso. (Até hoje um único país usou a bomba-A - duas, em Hiroshima e Nagasaki, contra populações civis e não instalações militares).

Nas primeiras páginas da “Folha”, Estadão e “O Globo” a foto de ministro brasileiro presenteando o vilão Ahmadinejad com a camisa da seleção encantou os editorialistas. Como desprezam os interesses nacionais, eles festejam as leis extraterritoriais criadas nos EUA para intimidar e punir países que divergem de suas posições, seja em Cuba ou no Irã.

Em janeiro do ano passado a mídia corporativa já criticava o destaque dado na Estratégia Nacional de Defesa, anunciada então pelo governo Lula, ao desenvolvimento da energia nuclear. Os jornalões prestavam-se claramente ao papel de veículo da pressão do governo Bush em fim de mandato - um “pato manco” agonizante, golpeado ainda pela derrota eleitoral humilhante.

Os mesmos veículos ansiosos para anistiar os crimes da ditadura (de que foram cúmplices e beneficiários) viam - e ainda vêem - com suspeita o compromisso dos militares brasileiros com a democracia e a defesa dos interesses nacionais. O faroeste midiático na época ainda buscava legitimar a superpotência invasora do Iraque no papel insólito de guardiã da paz e do desarmamento.

Essa mídia não costuma ter dúvidas, só certezas. Condena a resistência do Brasil em aderir ao protocolo adicional ao Acordo de Salvaguardas do TNP e atribui a culpa a militares obcecados em ter a bomba-A. Não leva em conta que a questão do desenvolvimento nuclear está longe de ser simplista como sugere o cacoete de um jornalismo aliado aos interesses externos.

Países sem armas nucleares sofrem restrições nas pesquisas - punidos por assinar o TNP. Índia, Paquistão e Israel, por ignorarem o TNP, têm suas bombas-A e são paparicados e privilegiados com acordos especiais. Em 1997-98 essa mesma mídia aplaudiu FHC por sujeitar-se à pressão dos EUA e aderir ao TNP, enquanto o Iraque sob sanções era acusado de ter a bomba - sem tê-la.

Depois do TNP os EUA passaram ainda a exigir que nós, os “sem bomba-A” (ou “have nots”, em oposição aos “haves”) assinássemos o tal protocolo adicional, que amplia as restrições, os controles e as inspeções. Inexistente antes, o protocolo teria de ser negociado com cada signatário do TNP, nunca imposto pelos EUA.

Os “sem bomba” sofrem limitações nas pesquisas, que a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) faz cumprir com inspeções. O compromisso do Brasil é com o uso pacífico da energia atômica. Defende o desarmamento nuclear e é reconhecida sua tradição pacífica. Mas não pode abrir mão da tecnologia nuclear e da necessidade estratégica de desenvolvê-la e dominá-la.

Em 2004 a “Folha” não hesitou em propor rendição singular, a pretexto de ser “transitória” a existência de países com e sem a bomba: o Brasil devia aderir ao protocolo adicional, “como uma decisão soberana”, e ao mesmo tempo “pedir” avanços pelo desarmamento. Ora, os que apóiam o protocolo são pouco mais de 80 dos 190 que assinaram o TNP. A maioria, assim, percebe a ameaça dos EUA de eternizar seu arsenal “transitório”.

Há ainda os interesses comerciais: em 2001 o crescente mercado mundial de urânio enriquecido já movimentava US$18 bilhões. Dono da 5ª maior reserva natural de urânio, o Brasil tem tecnologia própria de centrifugação, desenvolvida por seus cientistas ao longo de 30 anos. Para preservá-la protege com painéis, nas inspeções da AIEA, a sala das centrífugas na Fábrica de Combustível Nuclear da INB, em Resende.

Os interesses dos detentores de arsenais nucleares, claro, são diferentes daqueles dos “sem bomba”. A hipótese de espionagem industrial nas inspeções da AIEA não pode ser subestimada mas a proteção da tecnologia inovadora do Brasil foi descartada pela “Folha” com a alegação de que os EUA não precisam disso porque dispõem de sua espionagem “clássica”.

Antes da invasão do Iraque, no entanto, a CIA usava a equipe de inspeção da ONU (UNSCOM) - chefiada pelo sueco Rolf Ekeus até 1997 e depois pelo australiano Richard Butler (1998) - para espionar. O inspetor Scott Ritter, ex-fuzileiro dos EUA e veterano da guerra do Golfo, acusou os dois de tolerarem o jogo da CIA, permitindo a espionagem nas inspeções.

Na mesma linha do editorial da “Folha”, o do Estadão, dias depois, negou haver razão que justifique a não adesão ao protocolo adicional. Alegou ser do interesse do Brasil ratificar o compromisso com o desenvolvimento pacífico da energia atômica e “evitar atritos” com as potências empenhadas em impedir a proliferação nuclear. (E a FCN? E o mercado de urânio?)

Meses depois dos editoriais, o secretário de Estado de Bush, Colin Powell, ouviu no Brasil a explicação do ministro Celso Amorim sobre a proteção da tecnologia desenvolvida por nossos cientistas. E minimizou, ao falar à “Veja”, o que “Folha” e Estadão maximizaram: o Brasil não preocupava os EUA e nem devia ser comparado a Irã e Coréia, apesar dos “desacordos momentâneos” na AIEA.

Ao voltar ao ataque a 9 de janeiro de 2009, a “Folha” publicou matéria do chefe da surcusal de Brasília, Igor Gielow. “Os EUA cobraram ontem a adesão do Brasil ao chamado protocolo adicional”, dizia o texto. Não ficou claro se a “cobrança” era iniciativa americana, usando a “Folha”, ou se viera por acaso, premiando alguma solicitação de entrevista do jornal.

O entrevistado era o embaixador Gregory Schulte, que representava os EUA não no Brasil mas na AIEA e outros organismos sediados em Viena. Gielow omitiu (de propósito?) se o diplomata respondera a perguntas, se falara em Brasília (estaria ali por alguma razão?), se a entrevista fora por telefone ou se mandara respostas por email a perguntas enviadas a Viena.

Como o próprio jornalista caracterizara a entrevista como “cobrança” dos EUA, seria oportuno informar como tinha ocorrido - por telefone, cara-a-cara, troca de emails ou qualquer que tenha sido a situação. Teria sido uma tentativa de intimidação? Afinal, a dupla Bush-Cheney, derrotada, vivia seus últimos momentos – a apenas 12 dias do final do mandato.

No relato insólito da “Folha” Schulte cobrava a adesão do Brasil a pretexto de que “os EUA aderiram”. Mas o protocolo adicional ao Acordo de Salvaguardas (artigo III do TNP) só é aplicável (e impõe obrigações) aos “sem bomba”. Para os EUA a adesão não prevê inspeções - que são compulsórias para os "sem bomba". Estes têm de aceitá-las. Cabe à AIEA decidir o que inspecionar, como e onde.

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Re: Brasil e política internacional

#15 Mensagem por Carnage » 23 Abr 2010, 22:24

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... a-o-mundo/
Jeito ‘carinhoso’ do Brasil é obstáculo para estar entre os grandes, diz jornal

Do Estadão

Reportagem do ‘Financial Times’ destaca ascensão política do Brasil, mas alerta para gafes e erros.


Um artigo publicado nesta terça-feira pelo jornal britânico Financial Times afirma que o jeito “carinhoso” do Brasil é um obstáculo para que o país consiga um lugar entre as grandes potências no cenário internacional.

O texto assinado pelo jornalista John Paul Rathbone afirma que, após a crise financeira global, o Brasil “tornou-se importante na comédia das nações, quase sem ninguém perceber”.

Há seis anos, o Brasil participava apenas pela primeira vez como convidado de uma reunião do G8, grupo que reúne as maiores economias industrializadas do planeta, e tinha mil diplomatas espalhados pelo mundo. Hoje, segundo o jornal, o Brasil tem 1,4 mil diplomatas e sua voz, ao lado da Turquia e China, é importante em questões internacionais, como as sanções nucleares ao Irã.

Política de ‘arco-íris’

No entanto, segundo o texto, “a política de arco-íris do Brasil pode estar atingindo o seu limite e poderia até colocar em risco a vaga permanente no Conselho de Segurança que o país cobiça”.

“Gafes recentes mudaram a imagem açucarada do Brasil e do seu presidente também”, afirma o Financial Times.

Entre os episódios citados pelo jornal estão a crítica feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à greve de fome ativista cubano Orlando Zapata e os comentários do presidente sobre protestos da oposição após as eleições no Irã – quando Lula disse que as manifestações eram “choro de perdedores”.

O jornal também destaca o fato de que o Brasil condenou a instalação de bases militares americanas na Colômbia, mas ignorou a compra de armas russas feita pela Venezuela ou o suposto apoio do governo de Caracas às milícias das Farc.

“Para os críticos, essa é uma política externa irritante – narcisista e ingênua. Mas como todos os países poderosos, o Brasil está perseguindo o que acredita que sejam seus interesses. Se ele está fazendo isso bem é outro assunto”, diz o texto.

Para o jornal, o Brasil tem diplomatas de competência reconhecida, sobretudo na área comercial, mas o país não tem institutos de pesquisa capazes de abastecê-los com informações sobre o mundo, como Moscou e Washington, o que levaria o país a cometer “erros” e não se acostumar “aos holofotes da opinião internacional”.

“Isso custou pouco ao Brasil até agora”, diz o Financial Times.

“Ainda assim, muitos sentem que se o Brasil vai se sentar na principal mesa, ele terá de tomar decisões difíceis”, afirma o jornal, citando a posição do país sobre propriedade intelectual na Rodada Doha.

Outro desafio do Brasil, segundo o artigo, acontecerá após as eleições, quando o país perderá o “charme de Lula”.

“A imagem do império carinhoso pode não durar mais”, conclui o texto. BBC Brasil – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.


http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... -o-brasil/
Pesquisa indica que 41% do mundo vê Brasil de forma positiva

Da Revista Fórum


Em 28 países onde pessoas foram consultadas, 41% vê o Brasil como um país que tem influência positiva no mundo, contra 23% que entendem o país como uma influência negativa. A pesquisa foi encomendada pelo Serviço Mundial da BBC e conduzida pela GlobeScan/PIPA e ouviu quase 30 mil pessoas pessoalmente ou por telefone entre novembro do ano passado e fevereiro deste ano.

Durante a realização da pesquisa, houve alteração para baixo do índice de pessoas que viam o Brasil de forma positiva – de 45% para 42% em três meses. Os entrevistados foram perguntados se, dentro 17 países apresentados, eles eram considerados como uma influência positiva ou negativa na política global.

Nos países mais próximos, como no México e no Chile, a proporção de aprovações à política brasileira internacional é de 59% e 77%, respectivamente. Nos países asiáticos também há grande aceitação, como China (55%), Coreia do Sul (51%), Filipinas (47%) e Tailândia (44%).

Também houve uma melhora na percepção da imagem do país entre os europeus. No Reino Unido, a percepção negativa caiu em cinco pontos percentuais (de 20% para 15%) e na França a percepção positiva aumentou em oito pontos, de 42% para 50%.

A pesquisa da BBC também mostrou que a Alemanha é hoje o país com a avaliação mais positiva no mundo, com 59% de aprovação, enquanto o Irã foi indicado como a menor avaliação positiva (15% de aprovação contra 56% de rejeição). No Brasil, 80% dos entrevistados entendem que o Irã exerce uma influência negativa no mundo.

A imagem dos Estados Unidos melhorou em comparação com a última pesquisa, e hoje é visto como uma influência positiva por 46% dos entrevistados, contra 35% que o veem como uma influência negativa. Em comparação com o ano anterior, houve aumento da aprovação em quatro pontos percentuais e queda na rejeição em nove pontos percentuais.

A revista inglesa Monacle publicou na edição deste mês uma reportagem sobre o “boom” diplomático brasileiro e classificou o Brasil como um “jogador intrigante no cenário diplomático mundial”. O texto diz que o país cutuca “gentilmente” antigas potências, especialmente os Estados Unidos, “para que saiam de seu caminho quando necessário”, e aponta que estamos nos aproximando, conforme analisam especialistas, de países como Venezuela e Irã e China.

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Re: Brasil e política internacional

#16 Mensagem por Carnage » 23 Abr 2010, 22:26

http://altamiroborges.blogspot.com/2010 ... s-eua.html
Serra tira os sapatinhos para os EUA

O presidenciável demotucano José Serra vai aos poucos soltando suas asinhas. Quando sua pré-candidatura foi oficializada, no início de abril, ele se fingiu de bonzinho. Evitando se confrontar com a alta popularidade do presidente Lula, afirmou que manteria o que há de positivo no atual governo e lançou o bordão adocicado “O Brasil pode mais” – que logo foi encampado pela TV Globo numa desastrada propaganda subliminar. Mas o “Serrinha paz e amor” não se sustenta. É pura estratégia eleitoral, coisa de marqueteiro esperto para embalar um produto falsificado.

Na semana passada, num evento com empresários de Minas Gerais, José Serra começou a fazer a demarcação dos projetos em disputa da eleição de outubro. Ele criticou o Plano de Aceleração do Crescimento, o que reforça a confissão à revista Veja do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, de que o PAC será extinto. Também afirmou que irá “rever o papel” do BNDES. O que chamou a atenção no seu discurso, porém, foi o ataque ao Mercosul. Para ele, o bloco regional “atrapalha as relações comerciais do Brasil”. O discurso deve ter agradado aos seus amos dos EUA.

“Alinhamento automático” com o império

De há muito que a política externa do presidente Lula, mais altiva e ativa na defesa da soberania nacional, é motivo de duras críticas da oposição neoliberal-conservadora. Os demotucanos nunca engoliram a prioridade dada ao Mercosul e à integração regional; tentaram sabotar o ingresso da Venezuela no bloco regional e são inimigos declarados dos governos progressistas da região; não se pronunciaram contra o golpe militar em Honduras, mas condenaram o governo por dar abrigo ao presidente deposto. Para eles, como revela José Serra, a integração latino-americana atrapalha.

Presença nauseante nos telejornais da Globo e nas páginas dos jornalões e revistonas direitistas, os embaixadores tucanos Celso Lafer, Rubens Barbosa e Luiz Felipe Lampreia sempre pregaram o retorno à política de FHC do “alinhamento automático” com os EUA. No episódio recente da ameaça do governo Lula de retaliar produtos ianques em oposição ao seu protecionismo, alguns deles saíram em defesa dos EUA. Eles temem qualquer postura mais soberana diante do império. São contra a política de diversificação comercial do Brasil, contra a ênfase nas relações Sul-Sul.

Complexo de vira-lata dos demotucanos

Este é o time do candidato José Serra. Essa é a sua orientação para a política externa. Na prática, a oposição neoliberal-conservadora sonha com o retorno ao “alinhamento automático”. Mercosul e outras iniciativas visando quebrar o unilateralismo imperial seriam enterradas com a eleição do demotucano. O Brasil regrediria para o triste período de FHC, de total subserviência às potências capitalistas – do complexo de “vira-lata”. Serra tenta se afastar da imagem desgastada de FHC, mas sua política externa seria idêntica – não como farsa, mas como tragédia no mundo atual.

Para entender o que representaria este retrocesso vale a pena ler o livro “As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos (de Collor a Lula, 1990-2004)”, do renomado historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira. Ele comprova, como farta documentação, como a política externa regrediu nos oito anos de reinado de FHC. Neste período nefasto, o país só não aderiu ao tratado neocolonial dos EUA, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), devido à reação da sociedade. Esta resistência também evitou que Alcântara, no Maranhão, virasse uma base militar ianque.

Tratamento humilhante para o Brasil

Entre outros casos vexatórios da política de FHC, Moniz Bandeira relata a sumária exoneração do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) do Itamaraty, por este ter alertado o governo para os graves riscos da Alca. Cita a atitude acovardada do ex-ministro Celso Lafer diante das pressões dos EUA para afastar o embaixador brasileiro José Maurício Bustani da direção da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), ligada à ONU, por este ter tentado evitar a guerra genocida no Iraque. Lembra ainda os discursos do ex-ministro de FHC propondo a participação do Brasil no genocídio no Iraque com base no draconiano Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR).

O ápice dessa postura subserviente se deu quando o diplomata aceitou tirar seus sapatinhos nos aeroportos dos EUA. “Em 31 de janeiro de 2002, Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores do Brasil, sujeitou-se a tirar os sapatos e ficar descalço, a fim de ser revistado por seguranças do aeroporto, ao desembarcar em Miami. Esse desaire, ele novamente aceitou antes de tomar o avião para Washington, e mais uma vez desrespeitou a si próprio e desonrou não apenas o cargo de ministro, como também o governo ao qual servia. E, ao desembarcar em Nova York, voltou a tirar os sapatos, submetendo-se, pela terceira vez, ao mesmo tratamento humilhante”.

Subserviência ou soberania nacional?

Com base nas suas pesquisas, Moniz Bandeira garante que a eleição de Lula deu início a uma guinada na política externa, retomando a trajetória seguida por Vargas e outros nacionalistas. Ele lembra os discursos do então candidato contra a Alca, a indicação de Celso Amorim e de Samuel Pinheiro para o seu Ministério de Relações Exteriores, a prioridade às negociações do Mercosul, os esforços para a construção de um bloco regional sul-americano e a frenética investida na diversificação das relações com outros países em desenvolvimento – como China, Índia e Rússia. Cita ainda os duros discursos contra a ocupação do Iraque e o veto à base ianque em Alcântara.

Para o autor, após a longa fase de subserviência ao império, as relações do Brasil com os EUA voltaram a ficar tensas. Ele registra os vários discursos hidrófobos da direita estadunidense e não descarta manobras ardilosas e violentas para sabotar o atual projeto de autonomia nacional. Mas se mostra confiante na habilidade e ousadia da atual equipe do Itamaraty. Reproduzindo artigo do jornal O Globo, ele afirma que “há tempos (Celso Amorim) avisou a embaixadora dos EUA que não há força no mundo capaz de fazê-lo tirar os sapatos durante a revista de segurança dos aeroportos americanos. ‘Vou preso, mas não tiro o sapato’”. Conforme indica Moniz Bandeira, este é o dilema do Brasil na atualidade: subserviência ou soberania nacional?


http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16544
Jornal argentino questiona posição de Serra sobre Mercosul

Ao qualificar o Mercosul como uma farsa, Serra parece desconhecer, diz o Clarín, que o grosso das exportações industriais do país tem como destinatários países da América Latina. “Segundo estatísticas oficiais, 90% das vendas de produtos manufaturados de Brasil no mundo ocorrem no Mercosul e em mercados latinoamericanos”, lembra o jornal. As declarações do ex-governador de São Paulo surpreenderam negativamente várias lideranças latinoamericanas pelo desprezo revelado em relação aos demais países da região.

Marco Aurélio Weissheimer


O jornal argentino Clarín questionou as declarações de José Serra, pré-candidato tucano à presidência da República, que classificou o Mercosul como uma “farsa” e “um obstáculo para que o Brasil faça seus próprios acordos individuais em comércio”. As declarações foram feitas durante encontro de Serra com empresários na Federação de Indústrias de Minas Gerais (FIEMG). Serra disse ainda que “não tem sentido carregar o Mercosul” e que “a união aduaneira é uma farsa exceto quando serve para impor barreiras” ao Brasil.

As declarações do ex-governador de São Paulo surpreenderam negativamente várias lideranças latinoamericanas pelo desprezo que revelaram em relação ao processo de integração na América Latina. A sinalização de Serra foi clara: caso seja eleito, é o fim da integração.

As declarações do tucano, assinalou o Clarín, retomam teses já defendidas por ele quando foi derrotado por Lula em 2002. Essa visão, diz o jornal argentino, “supõe que o Brasil deva se afastar de Argentina, Paraguai e Uruguai, porque é a única maneira para seu país formar áreas de livre comércio com Estados Unidos e Europa, sem necessidade de “rastejar” diante de seus sócios”. Uma resolução do Mercosul, lembrou o jornal, estabelece que nenhum dos países do bloco pode realizar acordos comerciais separadamente sem discutir com os demais.

O Clarín também ironizou algumas afirmações do tucano. Serra disse que, sob um eventual governo seu, o mais importante será aumentar as exportações. “O certo”, diz o jornal”, “é que essa foi uma conquista obtida por Lula: desde que iniciou seu governo, no dia 1° de janeiro de 2003, o presidente conseguiu passar de 50 bilhões de vendas ao exterior para 250 bilhões. Ou seja, quintuplicou a presença brasileira nos mercados mundiais”.

Ao qualificar o Mercosul como uma farsa, Serra parece desconhecer, diz ainda o jornal, que o grosso das exportações industriais do país tem como destinatários países da América Latina. “Segundo estatísticas oficiais, 90% das vendas de produtos manufaturados de Brasil no mundo ocorrem no Mercosul e em mercados latinoamericanos”, diz ainda a publicação Argentina, que conclui:

“O candidato socialdemocrata evitou dizer como pretende reformular a posição do Brasil. Mas ignora que não é simples passar, como pretende, de um mercado comum definido por uma unia aduaneira a uma simples zona de livre comércio como a que existe no NAFTA. Ele pode desde já conquistar o desprestígio regional, além de submeter-se a severas punições por conta da ruptura de contratos internacionais”.

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Re: Brasil e política internacional

#17 Mensagem por Peter_North » 26 Abr 2010, 14:51

Coronel Capeta escreveu:Mas factos são factos...Nunca vi tanto brasileiro com tanto poder de compra como hoje em dia, viajando, comprando casa, estudando e (in)formando-se mais.
É o resultado de 16 anos de uma boa política financeira. A mesma que o PT lutou para não aprovar há 16 anos atrás. Que ironia não é mesmo?

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#18 Mensagem por Tricampeão » 30 Abr 2010, 20:39

A dívida da Grécia foi oficialmente rebaixada à categoria de lixo esta semana.
Não adiantou nada o governo grego puxar saco dos Estados Unidos, participando da aventura genocida no Iraque e no Afeganistão.
http://www.prnewswire.com/news-releases ... 28797.html
Greece is a strong partner in promoting stability and security in the world. We appreciate Greece sending troops to Afghanistan for the reconstruction there and to serve — allowing us to have a base there for soldiers traveling to Iraq. Not really having a base there, but that we can pass through Greece.
Quando precisaram de grana, não obtiveram a ajuda necessária.
O que mostra mais uma vez o acerto da política externa brasileira, que segue um padrão de independência com relação ao Leviatã imperial.

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roladoce
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Re:

#19 Mensagem por roladoce » 01 Mai 2010, 13:36

Tricampeão escreveu:A dívida da Grécia foi oficialmente rebaixada à categoria de lixo esta semana.
Não adiantou nada o governo grego puxar saco dos Estados Unidos, participando da aventura genocida no Iraque e no Afeganistão.
http://www.prnewswire.com/news-releases ... 28797.html
Greece is a strong partner in promoting stability and security in the world. We appreciate Greece sending troops to Afghanistan for the reconstruction there and to serve — allowing us to have a base there for soldiers traveling to Iraq. Not really having a base there, but that we can pass through Greece.
Quando precisaram de grana, não obtiveram a ajuda necessária.
O que mostra mais uma vez o acerto da política externa brasileira, que segue um padrão de independência com relação ao Leviatã imperial.
A politica internacional do Brasil é um misto de acertos e erros..

Na politica internacional financeira, esta boa...seguindo com sensatez as lições de casa e sem cair em tentações..

Mais na area da politica está mau, não defini sua posição de LIDER na america latina, não age como mediador natural, que somos, na america do sul pra contornar problemas diplomaticos, vide, venenzuela x colombia...

Mais agressividade em investimentos aqui...mais no geral esta melhor que antes..

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Carnage
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Re: Brasil e política internacional

#20 Mensagem por Carnage » 02 Mai 2010, 18:10

http://www.conversaafiada.com.br/mundo/ ... -o-recado/
Serra põe o galho dentro sobre Mercosul.
Mas argentinos (e americanos) entenderam o recado


Saiu no Valor, pág. A9, de terça e quarta feira, 20 e 21 de abril:

“ … afirmou o tucano, propondo como saída para fomentar as exportações o fim do Mercosul da forma como opera hoje … ‘ficar carregando esse Mercosul não faz sentido’ “. (*)

Saiu hoje na Folha (**), pág. A9:

“Não quero acabar com o Mercosul,” diz Serra.

A entrevistadora (?) Claudia Antunes não oferece ao distinto público a informação original.

Ou seja, por que lhe deu na telha dizer que não quer acabar com o Mercosul?

O que disse o Serra, antes, para botar o galho dentro, quatro dias depois.

Não, a Folha (**) é assim.

Aí, na entrevista púlpito, Serra diz que sua intenção é ”flexibilizar” o bloco.

A declaração original fez um estrago que não deveria fazer.

Serra sempre foi contra o Mercosul.

Ele acha e sempre achou que o Mercosul é redundante: realiza em condições desvantajosas exportações que o Brasil faria de qualquer jeito.

Primeiro, isso não é verdade.

Segundo, a tese dele é ótima para os Estados Unidos, como demonstrou o Conversa Afiada, ao citar trecho de livro do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.

Serra é um economicista.

Quando militava na AP, tomou umas doses irremediavelmente adulteradas de marxismo – ou seja, ele pensa que a Economia é tudo e não se acompanha da Política.

Ou seja, ele ingeriu Economia na porção errada e, não, Economia Política.

O economicismo é um vício de políticos e pseudo-intelectuais de inclinação estalinista que, com o tempo, “fecharam” com os conservadores.

Serra não vê ou não quer ver que o Mercosul é uma contra-partida brasileira à hegemonia americana.

Tout court.

Se não vê, é uma tragédia.

Se vê e não admite, pior ainda – é um ex-estalinista instalado na arquitetura ideológica dos interesses americanos.

Mas, os argentinos e americanos já sabem.

Se fosse eleito – porque não será – ele acabaria com o Mercosul.

Paulo Henrique Amorim

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... -de-serra/
(...) Manifesto pelo Mercosul

Unidos durante estes dois dias em Rio Grande , os parlamentares dos países do Mercosul que participaram do Pré-Fórum do Corredor Bioceânico se manifestaram em repúdio às afirmações do pré-candidato à Presidência da República, José Serra, sobre o bloco econômico ser “uma farsa”. “Mercosul é uma barreira para o Brasil fazer acordos comerciais. A união aduaneira é uma farsa, exceto quando serve para atrapalhar”, afirmou Serra, esta semana, a empresários em São Paulo.

Reunidos para dialogar sobre a consolidação do corredor que, além de uma via de transporte, pretende ser um marco para a integração socioeconômica e cultural entre os países, os parlamentares manifestaram descontentamento com a declaração de Serra, que contraria frontalmente a ideia de integração. No encerramento do evento, os participantes deram as mãos e se abraçaram, como representação da união entre os países e o fortalecimento dos projetos de desenvolvimento do bloco


http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16548
Serra repete discurso pró-ALCA da campanha de Alckmin

Ao caracterizar Mercosul como uma "farsa" e defender a "flexibilização" do bloco, o ex-governador José Serra repete discurso usado na campanha de Geraldo Alckmin em 2006. Menor peso para o Mercosul e retomada das negociações para uma Área de Livre Comércio nas Américas fazem parte da agenda política do PSDB. Senador tucano chegou a prever que "ALCA sairia com ou sem o Brasil". E o governador mineiro Aécio Neves enviou carta ao presidente Lula, em 2003, propondo que Belo Horizonte fosse a sede da ALCA.

Marco Aurélio Weissheimer


O pré-candidato à presidência da República, José Serra (PSDB), vem tentando consertar as críticas que fez ao Mercosul durante palestra na Federação de Indústrias de Minas Gerais. Serra disse que o bloco sulamericano era uma “farsa” e “uma barreira para que o Brasil possa fazer acordos comerciais”.

Diante da repercussão negativa das declarações, especialmente nos países parceiros do Brasil no Mercosul, o ex-governador de São Paulo recuou dizendo que defende apenas a “flexibilização do bloco”. “O Mercosul deve ser flexibilizado de modo a evitar que seja um obstáculo para políticas mais agressivas de acordos internacionais”, disse Serra em entrevista à Folha de S.Paulo. A mudança de discurso, na verdade, foi uma troca de seis por meia dúzia. A integração sulamericana nunca faz parte da agenda de Serra e de seu partido o PSDB.

Além de desastradas diplomaticamente, as declarações de Serra não são sequer originais. Elas foram repetidas por lideranças tucanas no início da campanha de Geraldo Alckmin, em 2006. Logo após ser anunciado como candidato do PSDB à presidência da República, Alckmin começou a discutir com um grupo de especialistas reunidos por ele, que recebeu o apelido de República dos Bandeirantes.

Esse grupo definiu a agenda do que seria um governo tucano no Brasil: reforma trabalhista radical, com corte de encargos e direitos; privatização de todos os bancos estaduais, fusão dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (ou seja, o fim deste último), adoção da política do déficit nominal zero, menor peso ao Mercosul e retomada das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA).

Ao chamar o Mercosul de “farsa” e defender a “flexibilização” do bloco, Serra está apenas repetindo o que disseram em 2006, Roberto Giannetti da Fonseca (empresário, ex-secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior), Arthur Virgílio (então líder do PSDB no Senado) e o governador de Minas Gerais Aécio Neves, etre outros.

Em matéria publicada no dia 10 de janeiro de 2006, a Folha de S.Paulo definiu assim o pensamento de Giannetti da Fonseca sobre uma futura política externa tucana: “pouco simpático ao Mercosul no formato atual, cobra evolução mais rápida dos acordos comerciais com a ALCA e as negociações com a União Européia”. Em novembro de 2005, o senador Arthur Virgílio aproveitou a visita de George W. Bush para defender a retomada das negociações da ALCA.

Para Virgílio, a aliança comercial com os EUA era de interesse do Brasil e deveria “ser buscada e perseguida e não suportada ou adiada”. A ALCA surgirá com ou sem o Brasil, profetizou na época o senador tucano. “Sem o Brasil, ela fará a alegria do México”, acrescentou, defendendo que a prioridade da política externa brasileira deveria ser um pacto político com os EUA em troca de vantagens comerciais claras, incluindo aí a queda de barreiras alfandegárias.

Nenhuma das previsões do senador se concretizou. A ALCA não surgiu sem o Brasil e o México não fez a festa com ela. Quando a maioria dos governos da América Latina decidiu apostar na integração regional em detrimento da proposta da ALCA, o discurso tucano perdeu força, sendo agora recuperado por Serra.

A simpatia do PSDB em relação à ALCA manifestou-se também através de outras iniciativas. Em 2003, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, encaminhou correspondência ao presidente Lula apresentando a candidatura de Belo Horizonte para abrigar a sede permanente da secretaria geral da futura Área de Livre Comércio das Américas.

Na carta, Aécio defendeu, entre outras coisas, que o Brasil deveria incluir, na sua pauta de negociação sobre a criação da área de livre comércio hemisférica a proposta de trazer para cá a sede da organização. “A questão da cidade-sede da área de livre comércio torna-se particularmente estratégica. São evidentes os ganhos oriundos de abrigar a ALCA não apenas para Minas Gerais, mas para todo o Brasil”, profetizou o governador mineiro.

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16547
O que significa flexibilizar o Mercosul?

As críticas de José Serra ao Mercosul aliam preconceito ideológico e desinformação. Não há precedente de experiência integracionista mais exitosa da região, fruto do trabalho de sucessivos e diferentes governos democráticos nos últimos vinte anos. A idéia de flexibilizar o Mercosul por meio da regressão a uma área de livre comércio representa, na prática, uma maneira de reabrir a discussão sobre tratados de livre comércio e fomentar o retorno da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O artigo é de Renato Martins.

Renato Martins


Com o ingresso da Venezuela o Mercosul passará a contar com uma população de 270 milhões de habitantes, PIB de US$ 2,3 trilhões e território de 12,7 milhões de quilômetros quadrados, da Patagônia ao Caribe. Não há precedente de experiência integracionista mais exitosa da região, fruto do trabalho de sucessivos e diferentes governos democráticos nos últimos vinte anos. A idéia de flexibilizar o Mercosul por meio da regressão a uma área de livre comércio representa, na prática, uma maneira de reabrir a discussão sobre tratados de livre comércio e fomentar o retorno da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Essas iniciativas são incompatíveis com o Mercosul. O que está novamente em discussão são projetos diferentes para a América Latina.

As críticas ao bloco estão eivadas, como sempre, de ideologia e desinformação. Não corresponde à realidade, por exemplo, a acusação de que o Mercosul engessa as negociações comerciais. O acordo de comércio preferencial Mercosul-Índia, assinado em 2005, está vigente desde 1º. de junho de 2009. Trata-se do primeiro acordo comercial extraterritorial do Mercosul, com preferências tarifárias fixas para cerca de 900 produtos. As negociações iniciais de um acordo comercial entre o Mercosul e a África do Sul evoluíram para um acordo com a União Sul-Africana (SACU). São 1.076 códigos de concessão do Mercosul e 1.026 da SACU. Assinado em dezembro de 2008 pelo Mercosul e em abril de 2009 pela União Sul-Africana, o acordo está em avaliação nos congressos nacionais.

Na América Latina foram fechados acordos comerciais com Chile, México, Bolívia, Comunidade Andina de Nações e Cuba. Todos estão em vigor. O acordo entre Mercosul e Israel, já aprovado pelo Uruguai, tem previsão de aprovação pelos demais países em 2010. Em dezembro de 2009, os presidentes dos Estados Partes aprovaram resolução para retomar as negociações entre o Mercosul e a União Européia. As negociações iniciais podem evoluir, em 2010, para a realização de uma inédita Cúpula Mercosul – União Européia.

Estes acordos beneficiam o país como o todo. As exportações brasileiras para o Mercosul possuem alto valor agregado, sendo 92% de produtos manufaturados, 3% de semifaturados e 5% de produtos básicos. Segundo a Secretaria de Comércio Externo/MDIC, de janeiro a março de 2010 o estado de São Paulo exportou para o Mercosul US$ 1,9 bilhão. O bloco representa o segundo destino das exportações paulistas, atrás apenas da União Européia. A Argentina é o primeiro parceiro comercial dos empresários paulistas (US$ 1,6) e supera os Estados Unidos (US$ 1,0) na segunda posição. A questão é que enquanto outros países da América Latina optaram pelos tratados de livre comércio com os EUA, o Mercosul tem apostado na via da integração regional, e é isto o que o torna alvo de críticas dos adversários.

Em 2009, apesar das condições adversas geradas pela crise financeira mundial, as negociações comerciais do Mercosul não foram paralisadas. Prosseguiram os entendimentos para a eliminação da dupla cobrança da tarifa externa comum e para a adoção de um código aduaneiro comum. Essas negociações são complexas. A Europa levou meio século para chegar ao estágio de união monetária. No Mercosul, desde 2008, está em vigor o Sistema de Pagamentos em Moedas Locais (SML) entre Brasil e Argentina. Em dezembro de 2009, o Uruguai anunciou a sua adesão ao Sistema. Esta é a base de uma futura integração monetária. O sistema permite a realização de operações de comércio exterior em pesos ou reais, sem necessidade de conversão ao dólar, e reduz os custos das transações comerciais.

A via de regressão a uma área de livre comércio é a forma mais rápida para acabar com o Mercosul e fomentar a volta da Alca. É uma ilusão imaginar que, por essa via, se alcançará a expansão do comércio brasileiro.
Os primeiros anos do Mercosul foram marcados pela liberalização dos mercados dos países membros, o que resultou em um vigoroso impulso comercial intra-bloco. Para sustentar o aumento do comércio decorrente desse impulso inicial são necessárias ações positivas de integração produtiva, investimentos em infra-estrutura e combate às assimetrias. A expansão do comércio depende de mais e melhor integração, e não o contrário. É por isso que foi criado em 2004, e regulamentado em 2005, o Fundo de Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul (Focem).

Este Fundo dispõe de US$ 100 milhões anuais, por um período de dez anos, para investir em projetos de infra-estrutura. Atualmente existem 25 projetos aprovados, orçados em quase Us$ 200 milhões. O Brasil contribui com 70% desse montante, a Argentina 27%, o Uruguai 2% e o Paraguai 1%. Os recursos são destinados a projetos como transmissão de energia, construção e recuperação de estradas, qualificação de fornecedores da cadeia produtiva do petróleo e do gás, entre outros. Na área da inclusão social há projetos de construção de moradias populares, apoio às micro, pequena e média empresas, fomento à economia solidária, apoio às cooperativas de resíduos sólidos, entre outros. Paraguai e Uruguai são os principais beneficiários. O Brasil apresentou projeto de criação da biblioteca da Universidade da Integração Latino America (Unila) e do Instituto Mercosul de Estudos Avançados, também ligado à Universidade. O Focem desapareceria numa zona de livre comércio.

Flexibilizar o Mercosul significa também congelar a implementação de políticas sociais nas áreas da saúde, educação, cultura, emprego, combate ao trabalho infantil, igualdade de gênero, defesa e promoção dos direitos humanos, meio ambiente, agricultura familiar, segurança alimentar, fomento às cooperativas, juventude, segurança regional, livre circulação de pessoas, previdência social, comunicação, turismo, esporte, entre outras.

O Mercosul hoje possui ações positivas em todos essas áreas, com resultados tangíveis que beneficiam milhares de cidadãos brasileiros como a contagem do tempo de serviço em qualquer um dos Estados Partes para efeito de aposentadoria; o atendimento médico em cidades de fronteira; a harmonização das políticas de aquisição e distribuição de medicamentos; a promoção de políticas comuns de equidade de gênero; acesso ao fundo de garantias da pequena e média empresa; acesso ao fundo da agricultura familiar; a promoção da Agenda 21 do Mercosul; o apoio à expansão dos Pontos de Cultura para o Mercosul; a cooperação na área de segurança pública; a promoção da agenda do trabalho decente, entre outras.

Flexibilizar o Mercosul significa suspender o funcionamento do Instituto Social do Mercosul, adiar a instituição da Comissão de Coordenação de Ministros de Assuntos Sociais do Mercosul e interromper as discussões sobre o Plano Estratégico de Ação Social do Mercosul. Esses novos organismos foram criados tendo em vista a formulação de políticas de desenvolvimento social harmônico no bloco. Elas seriam desnecessárias numa zona exclusiva de livre comércio. O Instituto Social é um exemplo disso. Ele foi criado em 2009 para colaborar tecnicamente na elaboração de políticas sociais regionais, sistematizar e atualizar indicadores sociais regionais, compilar e intercambiar boas práticas em matéria social, promover mecanismos de cooperação e contribuir para a superação das assimetrias entre os países membros. O Instituto ajudará a implementar o Plano de Ação Social do Mercosul, cujos eixos estratégicos visam promover a erradicação da fome, o combate à pobreza e a ajuda humanitária; os direitos humanos, a participação social, a saúde, a educação, a cultura, a integração produtiva, a agricultura familiar, a economia solidária e as cooperativas.

Flexibilizar o Mercosul significa ainda interromper o processo de integração política levado a cabo pelo Parlamento do Mercosul (Parlasul). A integração política deixou de ser uma utopia para se tornar um imperativo do crescimento econômico e do desenvolvimento social da região. O Parlasul começou a funcionar em julho de 2008, sendo que o Paraguai já elegeu seus representantes pelo voto direto. Além de aumentar a representatividade e a segurança jurídica do Mercosul, o Parlasul vai agilizar a aprovação dos acordos regionais pelos Congressos Nacionais.

Compete ao Parlasul velar pela observância e atualização das normas do Mercosul; relatar anualmente a situação dos direitos humanos nos Estados Partes; receber ao final de cada semestre relatório da presidência pro tempore; convocar audiências públicas e realizar seminários com representantes da sociedade civil; estabelecer intercâmbios com o Foro Consultivo Econômico e Social; propor projetos de normas para o Conselho do Mercado Comum, entre outras iniciativas políticas. O Parlamento já aprovou resolução de apoio às políticas integradas de tecnologia da informação no Mercosul, à execução de obras viárias para a construção de corredor bioceânico e às políticas comuns de utilização dos recursos do Aquífero Guarani.

Flexibilizar o Mercosul significa colocar em risco essas e outras conquistas. É preciso defendê-las, para que futuramente possam ser aperfeiçoadas e ampliadas.

(*) Doutor em Ciência Política pela USP

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Carnage
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Re: Brasil e política internacional

#21 Mensagem por Carnage » 27 Mai 2010, 17:16

http://www.brasileconomico.com.br/notic ... 83627.html
Assessor de Lula chama Serra de exterminador da política externa

Brasil Econômico - Por Rodrigo Viga Gaier/Reuters
27/05/10 14:31

Um dia após o pré-candidato à Presidência da República José Serra (PSDB) ter dito que a Bolívia é cúmplice na entrada de cocaína no Brasil, o assessor de assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, acusou o tucano de ser o "exterminador do futuro" da política externa brasileira.


Garcia disse que ficou muito preocupado com a declaração de Serra.

"Fiquei preocupado sobretudo quando se aspira ser um primeiro funcionário de governo que tem que ter muita seriedade. Isso envolve o relacionamento com países vizinhos que temos relações. O presidente Serra está tentando ser o exterminador da política externa", disse Garcia a jornalistas em evento no Rio.

Segundo declaração do ex-governador de São Paulo, de 80% a 90% da cocaína consumida internamente tem como origem a Bolívia.

O assessor da Presidência acusou Serra de tentar destruir as relações diplomáticas entre Brasil e Bolívia, dois fortes aliados no continente. "Ele já destruiu o Mercosul e quer destruir nossas relações com a Bolívia. Já chamou (o presidente do Irã) Mahmoud Ahmadinejad de Hitler", acrescentou.

Garcia acredita que a crítica generalizada de Serra indica que o tucano, se eleito, vai fechar embaixadas brasileiras no exterior.

"Acho que talvez ele esteja pensando que em uma política de cortes de despesas ele venha a fechar umas 20 ou 30 embaixadas de países aos quais ele está insultando no momento", afirmou Garcia.

"Isso não me parece prudente. Ele está brigando com tanta gente que não há outro caminho a não ser fechar as embaixadas".
http://www1.folha.uol.com.br/poder/7416 ... ista.shtml
Para Dilma, fala de Serra sobre Bolívia não é "de estadista ou de quem quer ser estadista"

GRACILIANO ROCHA
ENVIADO ESPECIAL A GRAMADO


A pré-candidata a presidente Dilma Rousseff (PT) disse hoje que não concorda com a "demonização" da Bolívia, ao comentar a declaração feita ontem por seu adversário José Serra (PSDB). O tucano disse em entrevista a uma rádio do Rio que o governo da Bolívia é "cúmplice" do tráfico de cocaína para o Brasil.

"Não é possível, de forma atabalhoada, a gente sair dizendo que um governo é isso ou aquilo. Não se faz isso em relações internacionais. Este não é o papel de um estadista ou de quem quer ser estadista", disse a pré-candidata ao ser questionada sobre a declaração de Serra.

"Não acho que este tipo de padrão, em que você sai acusando outro governo, seja uma coisa construtiva. Temos que ter cautela, prudência e saber que são relações delicadas, que envolvem soberanias. Mesmo sendo [a Bolívia] um país pequeno, e por ser um país pequeno, a delicadeza tem que ser maior", disse. "Acho que temos que construir na América Latina um padrão diferente de relacionamento."

Dilma participou hoje pela manhã do Congresso Nacional das Secretarias Municipais de Saúde, no município de Gramado (RS). Serra está sendo esperado no evento hoje à tarde.

Em um discurso de mais de 50 minutos, a pré-candidata defendeu a regulamentação da emenda 29, que disciplina os gastos em saúde, e falou sobre política externa --embora sem citar a Bolívia ou mencionar a declaração de seu adversário.

"Não podemos ser um país desenvolvido cercado de miseráveis. Não podemos desprezar nossos vizinhos e olhar com soberba para países diferentes de nós. Esta é a política imperialista que leva à guerra, ao conflito e os desprezo."

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Re: Brasil e política internacional

#22 Mensagem por FABGRU » 29 Mai 2010, 12:57

É muito importante que tenhamos uma pessoa que em sua trajetoria de vida e sobretudo
politica...Não tenha fronteira...Quando se trata de causas e pensamentos divergentes.....
O nosso inrrestrito respeito a este cidadão do mundo...LULA...Vindo de um lugar uma
região...Onde a cartilha da vida não foi facil...Que outros(AS) possam dar continuidade
a esta nação...

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#23 Mensagem por Tricampeão » 31 Mai 2010, 12:19

Por falar em trajetória, vamos falar um pouco de outra figura importante do lulismo internacional, Recep Tayyip Erdogan.
http://en.wikipedia.org/wiki/Recep_Tayyip_Erdo%C4%9Fan
Recep Tayyip Erdoğan is a Turkish politician, a former mayor of Istanbul and the Prime Minister of the Republic of Turkey since 14 March 2003. He is also the chairman of the Justice and Development Party (AK Parti), which holds a majority of the seats in the Turkish Parliament.
Erdoğan graduated in 1981 from Marmara University's Faculty of Economics and Commercial Sciences. He was involved in politics at the age of eighteen. In 1976, Erdogan was elected chairman of the Youth Branch of a Turkish political party for Istanbul. Erdoğan was also engaged in the sport as a semi-professional football player from 1969 to 1982.
[...]
He was sentenced to a prison term because of a poem he recited during a public address in the province of Siirt on December 12, 1997. The poem was quoted from a book published by a state enterprise and one that had been recommended to teachers by the Ministry of Education. After four months in prison, Erdoğan established the Justice and Development Party (AK Party) on August 14, 2001.
[...]
As prime minister, Erdoğan implemented numerous reforms within a period of time. [...] A great deal was achieved in democratization, attaining transparency, and preventing corruption. Parallel to this, inflation, which had for decades adversely affected the country's economy, was taken under control and the Turkish Lira retrieved its former prestige through the elimination of six zeros. Interest rates for public borrowings were pulled down; per capita income grew significantly.
[...]
As a teenager, he sold lemonade and sesame buns (simit) on the streets of Istanbul's rougher districts to earn extra money.
[...]
Erdogan's pro-EU government instituted several democratic reforms such as giving the European Court of Human Rights supremacy over Turkish courts, diminishing the powers of the 1991 Anti-Terror Law which had constrained Turkey’s democratization, and passing a partial amnesty to reduce penalties faced by many members of the Kurdish terrorist organization PKK who had surrendered to the government.
The government planned several times to reform the Turkish Constitution of 1982 in a so-called more democratic "civil constitution", but the main opposition party CHP did not want to participate.
In 2009, the Turkish government under Prime Minister Erdogan announced a plan to help end the quarter-century-long conflict that has cost more than 40,000 lives. The government’s plan, supported by the European Union, allowed the Kurdish language to be used in all broadcast media and political campaigns, and restore Kurdish names to cities and towns that have been given Turkish ones.
[...]
In 2002, Erdogan inherited a Turkish economy deep in recession due to the financial crisis of Ecevit's coalition government. Erdogan supported Finance Minister Ali Babacan in enforcing macro-economic policies. Erdogan tried to attract more foreign investors to Turkey and lifted most of government regulations, with the average GDP growth rate 7.3% during his premiership. The public debt as percentage of annual gross domestic product declined from 74% in 2002 to 39% in 2009.
[...]
When Barack Obama became President of United States, he made his first overseas trip to Turkey.
[...]
Erdoğan was named by the European Voice Organization "The European Of The Year 2004" for the reforms in his country.
[...]
During Erdoğan's Prime Ministership, relations with Greece have been normalized. The political and economic relations are strongly improved. In 2007, Prime Minister Erdoğan and Greek Prime Minister Kostas Karamanlis met on the bridge over the Evros River at the border between Greece and Turkey, for the inauguration of the Greek-Turkish natural gas pipeline, linking the longtime Aegean rivals through a project that will give Caspian gas its first direct Western outlet and help ease Russia’s energy dominance.
[...]
Erdogan and his party strongly supported the EU backed referendum of Cyprus, 2004 to reunify the island.
[...]
During Erdoğan's Prime Ministership, Abdullah Gül became the first Turkish head of state to visit Armenia, when he made the trip to Yerevan to watch a FIFA World Cup qualifying match between the countries. Erdoğan also met numerous times with the President of Armenia, Serzh Sargsyan, [...] On August 31, 2009, Turkey and Armenia signed protocols in Zurich to improve relations between the two countries.
[...]
During Erdoğan's term of office, the diplomatic relations between Turkey and Syria have significantly improved. In 2004, President Bashar al-Assad arrived in Turkey for the first official visit by a Syrian President in 57 years. In late 2004, Turkish Prime Minister Erdogan signed a free trade agreement with Syria. The visa restrictions between the two countries have been lifted in 2009, which caused an economic boom in the regions near the Syrian border.
[...]
On 29 January 2009, Erdoğan attended the World Economic Forum in Davos, the debate became heated in relation to the Gaza conflict. The Israeli President Shimon Peres was heavily criticized by Erdogan (sitting beside him) over the handling of the conflict as response to Peres' strong language. Erdoğan accused the moderator that Peres had even longer time than all the other panelists combined. The moderator, David Ignatius told Erdoğan that there was not enough time to "start the debate again" when he requested extra time of "one minute" beyond that which he had previously been allotted. Erdogan responded by walking out of the panel and vowing never to attend another Davos forum again.
[...]
On 14 March 2008, Turkey's Chief Prosecutor asked the country's Constitutional Court to ban Erdogan's governing party.
Campeão da democracia, craque do futebol, infância pobre, reformador de um governo corrupto deixado pelo antecessor, superador de uma herança econômica maldita recebida do antecessor, estadista global que estende a mão aos antigos inimigos, internos e externos, e que peita os fantoches de Washington, perseguido pelo torpe Judiciário de seu país, inimigo do câncer militarista, reconhecido e premiado internacionalmente pelos seus feitos, que, diga-se de passagem, não foram todos listados no artigo.
Que contraste com os pseudo-estadistas incensados pela mídia venal, hein?
Obama prometeu que ia fechar a masmorra mantida em Guantánamo, mas foi só papo. Ganhou um Prêmio Nobel por causa disso. Será que ele vai devolver algum dia?

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Re: Brasil e política internacional

#24 Mensagem por Carnage » 03 Jun 2010, 16:33

http://www.cartacapital.com.br/app/mate ... 2=8&i=6869
Política externa e opinião pública

Quem, nas últimas semanas, leu os principais jornais deve ter ficado com a impressão de que a nossa política de relações exteriores será um problema para Dilma Rousseff

Por Marcos Coimbra


Dentre os muitos descompassos que existem entre os sentimentos da maioria da população e o que dizem a oposição e a grande imprensa, um dos maiores acontece na avaliação da política externa do atual governo. Onde alguns só veem equívocos, ela enxerga, quase sempre, sucessos.

Quem, nas últimas semanas, leu os principais jornais deve ter ficado com a impressão de que a nossa política de relações exteriores será um problema para Dilma Rousseff. Como ela conseguirá defendê-la, se pouco ou nada se salva no que o governo faz?
Irresponsável, inconsequente, atrapalhada, é assim que pintam sua condução. Para quem tem a missão de propor a continuidade, seria um fardo e tanto para carregar.

Há tempos que a política externa é um dos alvos preferidos da oposição. Já na eleição de 2006, os estrategistas da campanha de Geraldo Alckmin viram uma oportunidade para enfraquecer a vantagem de Lula nas pesquisas no episódio da nacionalização das reservas bolivianas de petróleo e gás natural, feita pelo recém-empossado governo de Evo Morales. Não funcionou, e gorou a tentativa de transformar o assunto em tema eleitoral.

Ao longo do segundo mandato, foi subindo o tom das críticas, seja contra a política latino-americana do Itamaraty, seja em relação a outras questões, de comerciais e tarifárias a disputas por posição em organismos multilaterais. A compreensão e, às vezes, a simpatia do governo para com os bolivarianos do continente chegou a provocar, pelo que se ouviu no período, tremores de raiva em muita gente.

Em um importante jornal carioca, lemos, faz pouco tempo, uma pergunta que exemplifica esses sentimentos. Escrevendo sobre o que terá mais peso na decisão dos eleitores em outubro, o colunista se indagava se seria a satisfação das pessoas com o presidente e a constatação de que sua vida melhorou, ou “a percepção de parte do eleitorado de que uma política externa radicalizada à esquerda tem reflexos inevitáveis na maneira de conduzir a política interna”.

Essa “radicalização à esquerda” terá se acentuado depois das gestões brasileiras para resolver a crise nuclear iraniana. Nelas, não só a preferência do governo Lula pelos “radicais” se manifestaria, mas ficariam evidentes os traços que a oposição identifica como mais característicos de nossa política externa, nos quais se inclui a falta de compreensão do papel internacional do Brasil e de sua diplomacia.

Ao ouvir os especialistas convidados pelas grandes redes de televisão (a maioria ex-ministros de Fernando Henrique Cardoso), os espectadores poderiam se perguntar como um governo tão canhestro é tão respeitado pelo resto do mundo. Enquanto o coro dessas críticas só aumenta aqui dentro, o de elogios sobe a cada dia lá fora. Vindos de gregos e troianos.

Em vez de perceber qualquer problema na “esquerdização” da política externa, a opinião pública vê a atuação do governo e, especialmente, de Lula nas relações internacionais como um de seus maiores trunfos. Nenhum presidente recebeu, antes dele, tanto destaque nesse campo.

Nas pesquisas qualitativas feitas atualmente, o que se encontra é uma sensação de orgulho do cidadão comum pelo que avalia ser um crescente reconhecimento internacional do Brasil, seu governo e sua economia. Predomina a visão de Lula como um presidente que busca e consegue acordos com outros países, favoráveis aos interesses nacionais. Simplesmente não se ouvem ecos do que a grande imprensa publica. Conciliação, bom senso, entendimento, afirmação nacional, é com palavras como essas que as pessoas caracterizam a política externa.

Ela é (mais um) exemplo da surpresa positiva que a população teve com Lula e com o PT no governo. Muita gente temia pelo desempenho internacional de uma liderança como Lula, que poderia não estar à altura do que o País necessitava. Velhos preconceitos cercavam de expectativas cautelosas o que ele seria. Pelo que as pessoas sentem hoje, no entanto, nenhuma se confirmou.

Assim, Dilma Rousseff não terá dificuldades com esse tema na campanha. Ele nunca foi central nas nossas disputas presidenciais, mas vai subir de importância agora e nos próximos anos. Se desejar, Dilma pode promovê-lo desde já, e tem tudo a ganhar com isso.

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Re: Brasil e política internacional

#25 Mensagem por Carnage » 03 Jun 2010, 16:38

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16639
Serra acusa governo da Bolívia de ser cúmplice de traficantes

Sem apresentar qualquer prova, o pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, acusou nesta quarta-feira o governo de Evo Morales de ser cúmplice de traficantes do Rio de Janeiro. “Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível. O governo boliviano é cúmplice disto", afirmou Serra durante entrevista na rádio Globo.

Redação


Pelo andar da carruagem, o pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, ainda vai acabar propondo a separação do Brasil da América Latina. Após criticar duramente o Mercosul semanas atrás, classificado por ele como uma “farsa”, Serra dirigiu suas baterias agoras contra o governo boliviano, acusando-o de ser cúmplice de traficantes.

As declarações de Serra foram feitas durante entrevista ao programa “Se liga, Brasil”, na rádio Globo, no Rio de Janeiro. Sem apresentar qualquer tipo de prova, o pré-candidato tucano disse que o governo boliviano é cúmplice das quadrilhas de traficantes que atuam no Rio. “A cocaína vem de 80% a 90% da Bolívia, que é um governo amigo, não é? Como se fala muito”, ironizou. “Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível. O governo boliviano é cúmplice disto. Quem tem que enfrentar esta questão? O governo federal", declarou Serra.

Indagado se a acusação não poderia gerar futuramente um atrito diplomático, Serra desconversou e alegou que não fizera uma acusação, mas sim uma "análise da situação".


http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16642
A direita, enfim, achou seu candidato

Depois do Mercosul, o novo alvo de Serra é a Bolívia. Para azar do pré-candidato tucano e sorte do Brasil e do mundo, a era Bush chegou ao fim. Algum assessor com um mínimo de lucidez e informação bem que poderia avisá-lo das mudanças que estão em curso no mundo. Mas se o ex-governador de São Paulo decidiu abraçar por inteiro a agenda da direita no Brasil, na América Latina e nos Estados Unidos, faz sentido ele lutar pela restauração da velha ordem. Pode-se dizer, então, que, enfim, a direita achou um candidato à presidência do Brasil.

Editorial - Carta Maior

“A questão”, ponderou Alice, “é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem tantas coisas diferentes”.

“A questão”, replicou Humpty Dumpty, “é saber quem é que manda. É só isso”.
Lewis Carrol, Alice no País das Maravilhas (cap.6).


As declarações do ex-governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, acusando o governo boliviano de ser “cúmplice de traficantes”, além de levianas e irresponsáveis, podem acabar se voltando contra o próprio autor. Pela lógica da argumentação de Serra, não seria possível a exportação de cocaína a partir da Bolívia sem a conivência e/ou participação das autoridades daquele país. Bem, se é assim, alguém poderia dizer também que Serra é cúmplice do PCC (Primeiro Comando da Capital), da violência e do tráfico de drogas em São Paulo. “Você acha que toda violência e tráfico de drogas em São Paulo seria possível se o governo de lá não fosse cúmplice?” – poderia perguntar alguém, parafraseando Serra.

Neste mesmo contexto, cabe lembrar ainda as declarações do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, preso em 2007 no Brasil, que, em um depoimento à Justiça Federal em São Paulo, disse: “Para acabar com o tráfico de drogas em São Paulo, basta fechar o Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos)”. As denúncias de um traficante valem o que ele vale. Neste caso valeram, ao menos, o interesse da Justiça Federal em investigar a possibilidade de ligação entre o tráfico de drogas e a corrupção policial, possibilidade esta que parece não habitar o horizonte de Serra. O pré-candidato foi governador de São Paulo, mas afirma não ter nada a ver com isso. A culpa é da Bolívia.

Há método na aparente loucura do pré-candidato do PSDB. O fato de ter repetido as acusações levianas contra o governo de um país vizinho – e amigo, sim – do Brasil mostra que Serra acredita que pode ganhar votos com elas. Trata-se de um comportamento que revela traços interessantes da personalidade do pré-candidato e da estratégia de sua candidatura. Em primeiro lugar, mostra uma curiosa seletividade geográfica: em sua diatribe contra governos latino-americanos, Serra esqueceu de acusar a Colômbia como “cúmplice do narcotráfico”. Esquecimento, na verdade, que expõe mais ainda o caráter leviano da estratégia. Trata-se, simplesmente, de atacar governos considerados “amigos” do governo brasileiro.

Em segundo lugar, mostra uma postura irresponsável do pré-candidato, tomando a palavra aí em seu sentido literal, a saber, aquele que não responde por seus atos. Antes de apontar o dedo acusador para o governo de um país vizinho, Serra poderia visitar algumas ruas localizadas no centro velho de São Paulo que foram tomadas por traficantes e dependentes de drogas. Serra já ouviu falar da Cracolândia? Junto com a administração Kassab, um governo amigo como gosta de dizer, fez alguma coisa para resolver o problema? Imagine, Sr. Serra, 200 pessoas sob o efeito do crack gritando sob a sua janela, numa madrugada interminável ... Surreal? Na Cracolância é normal. E isso ocorre na sua cidade, não na Bolívia. Ocorre na capital do Estado onde o senhor foi eleito para governar e trabalhar para resolver, entre outros, esse tipo de problema. Mas é mais fácil, claro, acusar outro país pelo problema, ainda mais se esse outro país for governado por um índio.

E aí aparece o terceiro e mais perverso traço da estratégia de Serra: um racismo mal dissimulado. Quem decide apostar na estratégia do vale-tudo para ganhar um voto não hesita em dialogar com toda sorte de preconceito existente em nossa sociedade. Acusar o governo de Evo Morales de ser cúmplice do tráfico, além de ignorar criminosamente os esforços feitos atualmente pelo governo boliviano para combater o tráfico, aposta na força do preconceito contra Evo Morales, que já se manifestou várias vezes na imprensa brasileira por ocasião das disputas envolvendo o gás boliviano. Apostando neste imaginário perverso, acusar um índio boliviano de ser cúmplice do tráfico de drogas parece ser “mais negócio” do que acusar um branco de classe média que sabe usar boas gravatas. Alguém com Álvaro Uribe, por exemplo...

E, em quarto, mas não menos importante lugar, as declarações do pré-candidato tucano indicam um retrocesso de proporções gigantescas na política externa brasileira, caso fosse eleito presidente da República. Mais uma vez aqui, há método na loucura tucana. Não é por acaso que essas declarações surgem no exato momento em que o Brasil desponta como um ator de peso na política global, defendendo o caminho do diálogo e da negociação ao invés da via das armas, da destruição e da morte. Como assinala José Luís Fiori em artigo publicado nesta página:

A mensagem foi clara: o Brasil quer ser uma potencia global e usará sua influência para ajudar a moldar o mundo, além de suas fronteiras. E o sucesso do Acordo já consagrou uma nova posição de autonomia do Brasil, com relação aos Estados Unidos, Inglaterra e França (...) O jornal O Globo foi quem acertou em cheio, ao prever - com perfeita lucidez - na véspera do Acordo, que o sucesso da mediação do presidente Lula com o Irã projetaria o Brasil, definitivamente, no cenário mundial. O que de fato aconteceu, estabelecendo uma descontinuidade definitiva com relação à política externa do governo FHC, que foi, ao mesmo tempo, provinciana e deslumbrada, e submissa aos juízos e decisões estratégicas das grandes potências.

As últimas linhas do texto de Fiori resumem o que está por trás da estratégia de Serra de chamar o Mercosul de “farsa”, de acusar o governo da Bolívia de cumplicidade com o tráfico, de criticar a iniciativa do governo brasileiro em ajudar a evitar uma nova guerra no Oriente Médio. Curiosa e tristemente, essa estratégia, entre outros lamentáveis problemas, sofre de um atraso histórico dramático. Para azar de Serra e sorte do Brasil e do mundo, a doutrina Bush chegou ao fim. No dia 27 de maio, o governo dos EUA anunciou sua nova doutrina de segurança nacional que abandonou o conceito de “guerra preventiva” como elemento definidor da estratégia da política externa norte-americana. Algum assessor com um mínimo de lucidez e informação bem que poderia avisar ao pré-candidato tucano das
mudanças que estão em curso no mundo, especialmente do final da era Bush. Mas se ele decidiu abraçar por inteiro a agenda da direita no Brasil, na América Latina e nos Estados Unidos, faz sentido lutar pela restauração da velha ordem. Pode-se dizer, então, que, enfim, a direita achou um candidato à presidência do Brasil.

http://www.blogcidadania.com.br/2010/05 ... -o-brasil/
Bolívia consome menos drogas do que o Brasil

Em mais uma operação “casada” entre órgãos de imprensa e o candidato a ocupar a Presidência da República a partir do ano que vem José Serra, o cultivo de coca na Bolívia está sendo transformado em factóide eleitoral do qual o tucano pretende se beneficiar com seu discurso acusatório ao país vizinho.

Não conseguirei traduzir quanto me é doloroso ver o que estão fazendo com a imagem daquele povo e daquele país que cresce, desenvolve-se, reduz a pobreza e a miséria como nunca, educa o povo e combate as drogas com sucesso crescente.

Posso dizer bastante sobre a Bolívia porque já estive em várias partes do país, tais como Santa Cruz de La Sierra, La Paz, Cochabamba, Oruro, Potosi e Sucre, e posso garantir que o boliviano consome muito menos drogas que o brasileiro, o que, inclusive, é atestado pelo último “Relatório Mundial sobre Drogas 2009” divulgado pelo “Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime” (UNODC, sigla em inglês) em junho do ano passado.

Além disso, o relatório mostra que a Bolívia perde para a Colômbia e para o Peru em termos de exportação ilegal de pasta de coca e que boa parte da cocaína que entra no Brasil pela Bolívia vem desses outros países através do território boliviano.

Hoje, domingo, a Folha de São Paulo publica uma reportagem irresponsável sob uma manchete mentirosa dizendo que a Polícia Federal “avalizaria” as acusações de Serra à Bolívia. Lendo a matéria, percebe-se que é tudo mentira. Valendo-se do mesmo recurso do grampo imaginário contra Gilmar Mendes, o jornal cita uma fonte anônima como se tivesse recebido uma declaração oficial da PF.

E mesmo que o tal relatório da PF exista, não pode ser tomado por posição oficial da instituição, pois em organizações sem orientação político-ideológica oficial como a nossa Polícia Federal passou a ser neste governo, pode-se conseguir relatórios para todos os gostos. Só que um relatório, mesmo existindo, é muito diferente de uma conclusão oficial da instituição.

Espertamente, então, o jornal da família Frias não ouviu a Polícia Federal sobre a “denúncia” que faria neste domingo com base em fontes anônimas, pois um desmentido dela se chocaria com a manchete que se queria colocar, de que aquela instituição teria “avalizado” o factóide eleitoral de Serra.

Conheço muito bem o povo boliviano. É um povo de costumes muito mais recatados, sobretudo entre a população indígena. A folha de coca faz parte da cultura deles. Os bolivianos usam-na para fazer infusões com fins medicinais, como o eficientíssimo “té de coca”, quase mágico no combate aos efeitos da altitude no altiplano da Bolívia.

Por toda região dos Andes (sobretudo na Bolívia, no Peru, no Equador e na Colômbia), a folha de coca é amplamente consumida e industrializada. Pode-se comprar chá de coca industrializado ou a própria folha até em supermercados.

Ainda assim, o boliviano, proporcionalmente, usa muito menos drogas do que os povos de países mais ricos que importam ilegalmente da Bolívia a matéria-prima da cocaína. Consome-se menos maconha, menos ecstasy, quase nada de crack e até a própria cocaína. O boliviano não gosta de se drogar como os povos dos países mais ricos.

Na verdade, apesar de que, sob Evo Morales, a Bolívia deixou de ser o país mais pobre da América Latina, aquele ainda é um país paupérrimo e sem recursos. É muito mais difícil para a Bolívia fiscalizar todo seu território. Nem o Brasil, com todos os seus recursos, consegue.

O discurso de Serra vai ao encontro do discurso americano sobre impedir o milenar cultivo de coca nos Andes. É óbvio que, como nessa região se produz enorme parte da coca cultivada hoje – que, inclusive, tem fins farmacológicos no mundo inteiro –, é dos países andinos que vem a matéria-prima da cocaína.

Cabe a cada país fazer como a Bolívia e coibir a produção, o consumo e o tráfico de cocaína, fiscalizar fronteiras, reduzir a miséria de forma a reduzir a mão-de-obra da indústria da droga, a qual se vale das populações carentes para transportar e vender sua produção.

Como Serra fracassa miseravelmente em combater o crack em São Paulo – sobretudo na capital, onde se fuma a droga em certas regiões da cidade à vista de todos, inclusive da polícia, e o Estado não faz nada -, ele inventou essa farsa contra a Bolívia e pôs seu jornal para endossá-la valendo-se de fontes anônimas apresentadas como se fossem oficiais.

É inútil e farsesco eleger a Bolívia como culpada pela nossa dificuldade de lidar com as drogas. Aliás, trata-se de uma dificuldade que até os países mais ricos têm, o que fez com que vários deles as legalizassem. Esse discurso só serve mesmo para um candidato como Serra, que não sabe o que dizer para convencer o eleitorado a elegê-lo.



http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... serra.html
Contra a Bolívia, a indignação seletiva de Serra

por DR. ROSINHA

…guarden con amor sus hojas y cuando sientan dolor en su corazón, hambre en su carne y oscuridad en su mente…
llévenlas a la boca y con dulzura extraigan su espíritu que es parte del mio…
obtendrán alimento para su cuerpo, amor para su dolor y luz para su mente…

“A lenda da coca”, Antonio Diaz Villani


++ Culpar a Bolívia e não mencionar Peru e Colômbia é uma amostra da indignação seletiva do PSDB. Não interessa aos tucanos atacar os direitistas Alan García e Alvaro Uribe

Qualquer candidato, quando decide partir para uma disputa eleitoral, sabe de antemão se a sua própria candidatura é para valer ou apenas para disputar. Não importa em que lugar esteja nas pesquisas, quando a candidatura é mesmo para valer, os temas são tratados com seriedade, respeito e modéstia. Nada de arrogância. Nada de mentiras.

As recentes declarações de José Serra atestam que sua candidatura não é para valer. É impensável que um candidato à Presidência da República trate um tema fundamental como o da política externa com tamanha insensatez, desinformação, desrespeito.

O ‘presidenciável’ tucano só age assim porque se deu conta de que a sua candidatura não é de fato para valer – é só para disputar.

Semanas atrás, Serra declarou que o Mercosul é “uma farsa”. Com que cara, no caso de uma eventual vitória eleitoral, participaria das reuniões semestrais com os demais presidentes do bloco –Cristina, Lugo, e Mujica–, supostos promotores de “uma farsa”?

Em relação à Bolívia e a Evo Morales, fez pior. Em entrevista a uma rádio carioca, Serra disse o seguinte: “Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível. O governo boliviano é cúmplice disto”.

Para além da notória gafe diplomática, a declaração do candidato tucano não encontra respaldo em fatos. Conforme o último relatório do UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime), de 2009, a Bolívia é apenas o terceiro cultivador de folha de coca. Em primeiro lugar aparece a Colômbia (81 mil hectares), seguida do Peru (56 mil). A Bolívia tem em torno de 30,5 mil hectares. Colômbia e Peru, portanto, cultivam 4,5 vezes mais folha de coca que a Bolívia.

Embora o mesmo relatório registre em 2008 um ligeiro aumento das áreas cultivadas no Peru (4%) e na Bolívia (6%), a atual área em território boliviano é significativamente inferior aos números da década de 1990.

Em 1994, por exemplo, a Bolívia tinha inclusive uma área de cultivo de coca maior do que a Colômbia (48,1 mil hectares contra 44,7 mil, respectivamente). E não consta que, ao longo de toda a década de 90, José Serra tenha dado alguma declaração sobre o tráfico na Bolívia. Afinal, quem governava o país vizinho, na época? Seus aliados ideológicos – uma elite preconceituosa e de direita, submissa aos Estados Unidos.

Ainda de acordo com o relatório do UNODC, a quase totalidade da cocaína consumida nos EUA vem da Colômbia, e passa pelo México. Em relação à Europa, as estatísticas feitas com base nas apreensões indicam que 48% dos países europeus apontam que a cocaína lá consumida tem como principal fonte a Colômbia, seguida do Peru (30%). A Bolívia é mencionada em apenas 18% dos países europeus.

O relatório não apresenta dados específicos sobre o consumo no Brasil. Já o “CIA Factbook” também menciona que a Colômbia é responsável pela “quase totalidade” da cocaína consumida nos EUA, e pela “grande maioria” da cocaína consumida em outros mercados. O mesmo documento cita a Bolívia como “país trânsito” da cocaína refinada que vem da Colômbia e do Peru, destinada ao Brasil, Argentina, Chile e Europa.

Na realidade, a Bolívia nunca teve grande capacidade de refino. Na cadeia da cocaína, é essencialmente um país primário-exportador e corredor de trânsito. O tráfico e o refino mundiais são oligopolizados pelos grandes cartéis colombianos.

Assim, o percentual mencionado pelo candidato tucano, segundo o qual 90% da cocaína consumida no Brasil seria exportada pela Bolívia, não se sustenta em dados concretos.

Culpar a Bolívia e não mencionar o Peru e, acima de tudo, a Colômbia, é mais uma amostra da indignação seletiva dos tucanos. Não interessa ao PSDB atacar os governos direitistas de Alan García e Alvaro Uribe.

Vale lembrar ainda que as autoridades brasileiras, inclusive as estaduais, também têm sua parcela de responsabilidade. Sabe-se, por exemplo, que o Estado de São Paulo é usado como centro de distribuição de drogas no Brasil. O relatório da UNODC menciona que boa parte da cocaína que chega à África passa pelo Brasil.

Daí a afirmar levianamente que os governos paulista e brasileiro são cúmplices de traficantes vai uma distância enorme.

Observe-se, finalmente, que o consumo da folha de coca não é ilegal na Bolívia. A nova Constituição da Bolívia reconhece o hábito de mascar folha de coca como um patrimônio cultural ancestral do país. O chá de coca é uma infusão da milenar tradição indígena.

De tudo isso, um fato torna-se cada vez mais incontestável: o pré-candidato José Serra precisa de luz para sua mente.

Dr. Rosinha, médico pediatra, é deputado federal (PT-PR)

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Re: Brasil e política internacional

#26 Mensagem por Carnage » 03 Jun 2010, 16:41

http://www.blogcidadania.com.br/2010/05 ... -colombia/
Imprensa brasileira esconde farsa eleitoral na Colômbia

Está acontecendo um verdadeiro escândalo eleitoral logo aqui ao lado, na Colômbia, mas, no Brasil, estamos completamente alheios ao fato. Uma eleição está sendo roubada pelo regime de forma descarada, com relatos sucessivos de fraudes, intimidações, assassinatos e incursão de agentes norte-americanos no país para influírem no processo. Contudo, na imprensa brasileira mal se percebe que o país vizinho começou a escolher seu novo presidente.

Contrariando as pesquisas de intenção de voto, o candidato governista, Juan Manuel Santos, do Partido de Unidade Nacional, o mesmo do presidente Alvaro Uribe, teve mais do que o dobro dos votos do oposicionista Antanas Mockus, do Partido Verde, na eleição de ontem.

Os observadores internacionais e nacionais estão fazendo reiteradas denúncias. A candidatura de Santos teria sido beneficiada pela compra de votos, segundo acusa relatório da Missão de Observação Eleitoral (MOE) da Colômbia. Mesmo com a segurança reforçada em todo o país, foram registradas 17 ações armadas, de acordo com a entidade. Esses ataques impediram que muitos eleitores chegassem aos centros de votação. Houve bloqueio de estradas e a descoberta de explosivos em zonas rurais. Várias mortes foram registradas.

É voz corrente no país que está sendo encenada uma farsa ao fim da qual o candidato de Uribe será eleito. Tanto é verossímil essa versão que a abstenção chegou a 51%. A maioria da população nem se atreve a se arriscar a ir votar e sofrer pressões e constrangimentos. A transição vai sendo conduzida muito mais pela Cia do que pelo regime beneficiado pelas fraudes – um regime afundado em denúncias e escândalos de corrupção.

No entanto, você já ouviu o Arnaldo Jabor vociferar contra a Colômbia chamando o regime de Uribe de “ditadura”? Onde estão Globos, Folhas, Vejas e Estadões para condenaram essa farsa eleitoral na Colômbia, esse estupro da democracia que acontece aqui ao nosso lado? A eloqüência com que condenam a Venezuela ou a Bolívia que têm feito eleições inquestionáveis simplesmente vira fumaça diante de um país como a Colômbia, em que a democracia é uma enorme farsa.

No Bom Dia Brasil, por exemplo, nenhuma palavra sobre fraudes, pressões, assassinatos de eleitores ou sobre a incursão americana no processo eleitoral colombiano. Só falaram que as pesquisas “erraram”. A Folha de São Paulo desta segunda, nada noticiou sobre o assunto. O Globo diz que o candidato de Uribe “surpreendeu”. O Estadão diz apenas que o candidato do regime foi “o mais votado”. O Valor diz, seco, que “haverá segundo turno”.

A exceção foi o Jornal do Brasil, reportando denúncias de compras de votos, e matéria do UOL que não foi parar no jornal do grupo Folha.

Junte-se essa postura da imprensa brasileira com a que adotou em relação ao golpe em Honduras, criando mais uma expressão polêmica, a do “golpe constitucional”, ou a discurseira que os veículos de Marinhos, Frias, Civitas e Mesquitas mandaram seus capangas “colunistas” e “blogueiros” espalharem sobre cassar a candidatura Dilma Rousseff por “propaganda antecipada” e se terá claro quanta ameaça ainda pesa sobre a democracia brasileira.

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Re: Brasil e política internacional

#27 Mensagem por Carnage » 13 Jun 2010, 20:22

http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas ... afico.jhtm
Serra diz que, ao contrário da Bolívia, Colômbia não faz "corpo mole" ao tráfico
Diego Salmen
Do UOL Eleições
Em São Paulo


O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse nesta terça-feira (8) que o governo da Colômbia, ao contrário do da Bolívia, "não faz corpo mole" no combate ao fornecimento de drogas para o Brasil. Ele havia dito que o governo de Evo Morales era "cúmplice" no tráfico de drogas.

Segundo um relatório divulgado pela Jife (Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes) em fevereiro deste ano, a Colômbia registra o maior número de apreensões de cocaína e de laboratórios destruídos em toda a região.

Serra, no entanto, disse que sua crítica à Bolívia valia para qualquer nação que fornecesse drogas ao país. O tucano se encontrou em São Paulo com especialistas em dependência química e familiares de dependentes para ouvir suas propostas para o tema.

O ex-governador de São Paulo prometeu que, se eleito, irá "fortalecer a ação de combate ao contrabando e repressão ao tráfico". Ele disse ainda que o SUS (Sistema Único de Saúde) irá financiar internações de dependentes químicos em clínicas especializadas.

Na avaliação do pré-candidato, a atual estrutura institucional do governo federal para lutar contra as drogas é inadequada. "O esquema Senad [Secretaria Nacional Antidrogas] mais o Ministério da Saúde não funciona", criticou o presidenciável.

"Tem gente que é contra clinicas especializadas com internação", disse Serra, em referência à ausência deste modelo na proposta de combate às drogas recentemente elaborada pelo governo. "Acho que o SUS tem que chegar às comunidades terapêuticas", afirmou.

O governo da Colômbia não faz "corpo mole" ao tráfico? E o governo do estado de São Paulo? Faz o que??
http://www.youtube.com/watch?v=MuImc6ep ... r_embedded


A Colômbia é uma beleza, não é??

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... omeAtual=1
A Colômbia, a busca da paz e a região

A falta de segurança e paz é um problema real na Colômbia. Mas a política de “segurança democrática” não visa exatamente reestabelecer a paz e construir uma sociedade democrática. Na verdade, em nome da busca de segurança deteriorou-se gravemente a situação dos direitos humanos e da democracia. Ou seja, está criada uma situação extremamente difícil para criar a paz sem uma mudança total de estratégia de quem for eleito. O artigo é de Cândido Grzybowski.

Cândido Grzybowski (*)


No domingo, dia 30 de maio, foi o primeiro turno das eleições presidenciais na Colômbia. João Manuel Santos, o candidato do Partido da U do presidente Álvaro Uribe, quase alcançou a vitória no primeiro turno e está em muito boa posição para o segundo, no dia 20 de junho. João Manuel Santos foi até outro dia o comandante das Forças Armadas da Colômbia . Em segundo lugar vem o filósofo e matemático Antanas Mockus, do Partido Verde. Ele foi reitor da Universidade Nacional e duas vezes prefeito da capital, Bogotá, com uma gestão criativa e eficiente. Mas de verde ele nada tem. Atrás, em terceiro, vem Gustavo Petro, do Polo Democrático, como candidato de esquerda. Ex-guerrilheiro, que depôs as armas no começo de 1990, hoje ativíssimo parlamentar da oposição. O Polo Democrático está à frente da gestão da capital, Bogotá. Vale lembrar que na Colômbia, diferente do Brasil, o voto não é obrigatório,o que torna o comparecimento às urnas uma questão crucial na definição da legitimidade e, sobretudo, da real hegemonia.

O quadro colombiano é um nó de difícil solução se permanecer entregue às suas próprias contradições. Entre nós, aqui no Brasil, predomina uma avaliação política que ignora a profunda divisão que vive a sociedade colombiana, atravessada por uma guerra interna sem perspectiva de fim pela força das armas. Apesar da ofensiva oficial, a guerrilha das FARC, apoiada no narcotráfico, depois de sofrer vários revezes, parece ressurgir com sete vidas. Mas a questão é que existem os “paramilitares”, também baseados no narcotráfico, gozando de certa complacência do governo na prática. Dada esta associação do conflito com o narcotráfico, Uribe recebeu grande ajuda militar dos EUA, preocupados essencialmente com o combate ao narcotráfico, agora materializada nas sete bases militares, que tanta oposição recebeu dos países sulamericanos, Brasil na frente.

A tal política de “segurança democrática” de Uribe, levada a cabo por João Manuel Santos à frente das Forças Armadas, é uma espécie de guerra do terror a la Bush. Baseada numa política de prêmio por produtividade militar, avaliada por número de mortos, o exército está envolvido numa controvérsia a respeito de uns mil civis assassinados, contabilizados como pertencentes à guerrilha. Isto associado a muitas práticas ilegais em relação a opositores e Judiciário e muita corrupção a partir do centro do poder. Saindo da presidência, será difícil para Uribe viajar por aí sem ser pego por algum juiz atento para levá-lo ao Tribunal Penal Internacional pelos inúmeros e comprovados crimes cometidos na frente do governo. Mesmo no plano econômico, os altos índices de crescimento não conseguem esconder o desemprego em alta (de 12 a 14%) e a desigualdade social mais acentuada, alimentados por uma política neoliberal meio fora do tempo. Hoje, a Colômbia está à frente do Brasil no quesito desigualdade social.

A falta de segurança e paz é um problema real na Colômbia. Mas a política de “segurança democrática” não visa exatamente reestabelecer a paz e construir uma sociedade democrática. Na verdade, em nome da busca de segurança deteriorou-se gravemente a situação dos direitos humanos e da democracia. Ou seja, está criada uma situação extremamente difícil para criar a paz sem uma mudança total de estratégia de quem for eleito. Pior, sem solução da guerra interna na Colômbia, não temos como avançar no projeto de região, hoje uma questão central com as mudanças geopolíticas em curso e o desenho de uma nova arquitetura de poder. A evolução da situação nesse país vizinho é um problema que diz respeito à cidadania de toda a região. Sem paz na Colômbia não há como pensar os desafios que temos para criar sociedades participativas e sustentáveis, com justiça social e ambiental na região, e ter peso nas decisões mundiais.

Venho de uma curta mas estimulante, apesar de cansativa, viagem à Colômbia, de 23 a 27 de maio. Fui a convite do IDPAC – Instituto Distrital de la Participación y Acción Comunal, do governo municipal de Bogotá, e da organização civil Viva la Ciudadania, que mantém uma parceria para animar a participação cidadã na cidade. Fiz reuniões e dei palestras para lideranças comunitárias e agentes políticos sobre os desafios que temos para construir um outro mundo. A capital hoje é um bastião da oposição. Muito do clima que se vive nos bairros que andei pouco ou nada deve a Uribe e sim a várias administrações locais que, de forma contínua, apostaram na participação cidadã e na construção de uma cidade para todos e todas.

O clima eleitoral que senti na capital era de buscar outro caminho para o país, seja quem for o eleito. Participei de inúmeras reuniões para ver o que poderíamos fazer como cidadãs e cidadãos da região. Hoje estou convencido que precisamos aproveitar a conjuntura para apoiar os e as que, de dentro da Colômbia, buscam arrancar um compromisso do eleito por uma agenda de diálogo político, negociação e superação da guerra sem saída, construção da paz e aposta na região. A dinâmica do Fórum Social Mundial pode ajudar. Mas precisamos envolver a região inteira, o Brasil em particular, criando condições para fazer as coisas andarem em outra direção.

(*) Sociólogo e diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase)

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Re: Brasil e política internacional

#28 Mensagem por Carnage » 13 Jun 2010, 20:24

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16676
Colômbia: do “erro” nas pesquisas ao legado de Uribe

Para quem pensa que Juan Manuel Santos, candidato de Uribe, já é presidente, cabe considerar alguns dados. Os votos dos outros quatro candidatos somam 4 milhões e 300 mil, os de Antanas Mockus superam os 3 milhões, os de Santos são 6 milhões e 700 mil e persiste a incógnita de quantos dos 51% que se abstiveram no primeiro turno poderiam votar desta vez e em quem. Nos últimos meses, denúncias sobre a relação de paramilitares, narcotráfico e governo põe em questão a natureza do "legado" do atual governo. O artigo é de Frida Modak.

Frida Modak - ALAI-AMLATINA


O resultado do primeiro turno na Colômbia só poderia ser explicado por dois motivos, dizem os especialistas em assuntos eleitorais. Um é que as pesquisas tenham sido manipuladas para favorecer a um determinado tipo de campanha publicitária; o outro é que os manipulados sejam os votos emitidos pelos colombianos. As duas possibilidades são graves e são as autoridades desse país que devem se pronunciar.

Já a presidente do Conselho Nacional Eleitoral disse que os resultados “deram razão” a um projeto que ela representava há três meses, para regulamentar as pesquisas, em que defendia a proibição das pesquisas telefônicas e pela internet e a fixação de um prazo mínimo entre uma sondagem e outra.

De sua parte, os pesquisadores alegam que seus prognósticos ficaram defasados em função da mudança que ocorreu na semana anterior às eleições, período em que é proibida a publicação de pesquisas. O concreto é que falta clareza e há que se confiar em que com o tempo se saiba o que aconteceu e de que maneira isso está ou não relacionado com a “revolcón”, como Juan Manuel Santos chamou o caminho para a mudança em sua campanha.

Por ora a atenção está voltada ao segundo turno eleitoral, que acontecerá em alguns dias. O ex-ministro de Defesa Juan Manuel Santos, que aparece como herdeiro do presidente Álvaro Uribe quer assegurar-se de que seus 46,56% não mudem de lado e está pedindo o apoio de outros partidos de direita para formar “um governo de unidade nacional”. Enquanto estas linhas são escritas os liberais mantêm sua posição de deixar seus militantes livres e pedem a Santos que explique o que é para ele um governo de unidade nacional.

Por sua vez, Antanas Mockus, o candidato do Partido Verde que alcançou o segundo lugar, com 21,4%, defendia algo diferente. Ele se propõe a atrair 51% dos colombianos que se abstiveram de votar. Não busca alianças burocráticas, disse, mas “alianças de cidadãos” e assim é como entende um possível acordo com o Pólo Democrático. (1)

Este partido disse que apoiaria Mockus no segundo turno, com base numa carta aberta que elaborou, na qual defende como pontos fundamentais o respeito à soberania nacional, aos direitos trabalhistas, sociais e econômicos e que arranquem as terras das máfias.

Tratar-se-ia, então, de um apoio sobre pontos concretos e não uma mescla entre ambos os partidos, a qual Mockus julgou inconveniente para os dois. O Partido Verde é de centro e o Pólo, de esquerda. O objetivo de Mockus é chegar aos que se abstiveram, que são em sua maioria ambientalistas e anticlientelistas, definição esta última a que Mockus se soma.

Para quem pensa que Santos já é presidente, cabe considerar alguns dados. Os votos dos outros quatro candidatos somam 4 milhões e 300 mil, os de Mockus superam os 3 milhões, os de Santos são 6 milhões e 700 mil e persiste a incógnita de quantos dos 51% que se abstiveram no primeiro turno poderiam votar desta vez e em quem.

O “legado” de Uribe

Na Colômbia, fala-se muito do “legado” do presidente Uribe, que consistiria no que alguns consideram o debilitamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC -, a dissolução dos paramilitares, o combate ao narcotráfico e à delinquência; tudo isso no marco de sua chamada política de segurança democrática e do Plano Colômbia financiado pelos Estados Unidos.

Nas últimas semanas em especial, porém, surgiram informações que contrastam com essas conquistas. O que se tem denunciado já há meses é que os paramilitares se reagruparam sob outras denominações, e continuam realizando as mesmas atividades, que, além do narcotráfico consistem em intervir em processos eleitorais.

Os antecedentes a respeito são numerosos. Publicaram testemunhos dos chefes dos “páras” que relatam como pressionam e ameaçam os eleitores dos vários lugares para impor o voto e fazer com que seus candidatos ganhem as eleições. Agora, nas vésperas da eleição surgiram acusações contra um irmão do atual presidente.

Juan Carlos Meneses, ex-major da Policía Nacional da Colômbia acusou Santiago Uribe Vélez de ter criado e mantido nos anos 90 uma estrutura paramilitar que cometeu crimes, em conivência com a polícia, em Antioquia. Meneses sustentou que o presidente havia apoiado as atividades de seu irmão.

A denúncia foi feita em Buenos Aires, Argentina, ao grupo integrado por Adolfo Pérez Esquivel, Premio Nobel da Paz e diretor do Serviço Paz e Justiça; Carlos Zamorano, da Liga Argentina pelos Direitos do Homem; Eduardo Freiler, juiz da Câmara Federal de Apelações Criminais e Correcional; Binusz Smuckler, presidente consultivo da Associação Americana de Juristas e Ernesto Moreau, representante, da Associação Americana de Juristas.

Por outro lado, Gabriela Cariba Knaul de Albuquerque e Silva, relatora especial das Nações Unidas para a independência de juízes e advogados, que em dezembro passado visitou a Colômbia, acaba de observar em seu informe ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que “nos últimos anos apareceram novos atores armados ilegais. Neste marco se estabeleceram vínculos entre dirigentes de grupos paramilitares e políticos, inclusive membros do Congresso”.

Registrou também que a extradição aos Estados Unidos de 18 paramilitares colombianos por tráfico de entorpecentes “impediu” que eles dessem testemunho sobre os crimes de lesa humanidade que cometeram “e sobre suas relações com políticos colombianos, principalmente congressistas e funcionários”.

Esta informação apareceu no diário El Tiempo de Bogotá na quarta-feira passada, dia 2 de junho. Esse jornal foi criado por um antepassado do atual candidato a presidente Juan Manuel Santos e permaneceu em sua totalidade nas mãos da família, até que há mais de um ano foi vendida uma parte ao grupo espanhol Planeta.

A visita de Hillary

Em 27 de maio passado, quando ainda estavam em vigor as pesquisas eleitorais, a chancelaria colombiana anunciou a visita de Hillary Clinton ao país. Segundo a embaixadora da Colômbia nos Estados Unidos essa visita é “uma mostra clara da relação estreita entre os dois países e uma mensagem de apoio a Colômbia, a sua democracia e à importância dos temas da agenda bilateral”. Não mencionou os temas.

Chamou a atenção que a visita fosse a tão poucos dias da eleição e as interpretações foram muitas. Dois dias depois das eleições, Uribe disse que Hillary Clinton estaria no país nos dias 8 e 9 deste mês. Disse ainda que os dois países têm uma “aliança” contra o narcotráfico e que seu governo avançou muito na luta contra esse flagelo.

Mas disse também: “Vamos ver o que vão nos dizer da ratificação do Tratado de Livre Comércio nos Estados Unidos. Enquanto eles pensam lá que nós vimos buscando tratados de comércio com outros países do mundo”. E a funcionária não poderá dar-lhe boas notícias, porque dias depois dessas declarações do mandatário os congressistas Mark Warner e Christopher Dodd se reuniram com ele.

Este último [Dodd] disse que só faltavam 40 dias de sessões no Congresso de seu país e que esse tratado não será discutido por falta de tempo; isso implica que não será negociado ao longo deste ano. Os parlamentares estadunidenses levaram vários anos para avaliar que na Colômbia não há segurança para os dirigentes sindicais.

Em todo caso vai se falar sobre o tema e também do combate às drogas através do Plano Colômbia, pelo qual Washington já forneceu aos sucessivos governos governos colombianos 6,5 milhões de dólares.

Também foi informado que o candidato Manuel Santos irá se reunir com a secretária de Estado. A porta-voz da secretária de Estado formulou uma declaração felicitando o povo colombiano por “sua forte participação eleitoral”. Não fez comentário algum a respeito dos 51% de abstenção.

E embora não se venha a falar de tratado de livre comércio este ano, vai se falar dos Corpos de Paz estadunidenses. Como será lembrado, foram criados no marco da Aliança para o Progresso de John Kennedy e depois de alguns anos desapareceram, ao menos em nossa região. A senhora Clinton disse há um tempo que os reviveria, e que este ano voltarão a Colômbia, com base no convênio firmado em 11 de maio passado entre o chanceler colombiano Jaime Bermúdez e o diretor dos Corpos de Paz, Aarón Williams.

(*) Frida Modak, é jornalista e foi Secretária de Imprensa do Presidente
Salvador Allende.

(1) NDLR: O Polo Democrático Alternativo chamou o voto nulo no próximo 29 de junho. Ver:http://alainet.org/active/38729〈=es

Tradução: Katarina Peixoto

http://operamundi.uol.com.br/noticias/U ... 4486.shtml
Uribe defende privilégios jurídicos para militares

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, defendeu que os militares do país recebam “proteção jurídica” especial em crimes pelos quais são acusados, inclusive violações de direitos humanos, informou a imprensa local nesta quinta-feira (10/6).

Em entrevista a uma rádio de Bogotá, Uribe se declarou a favor de um projeto de lei que permita “proteger juridicamente os membros das forças armadas”.

“Vamos ter que pensar um projeto de lei na Colômbia, uma revisão do ordenamento jurídico, para evitar o desestímulo nas forças armadas”, justificou Uribe. “Uma coisa é fazer respeitar absolutamente os direitos humanos, e outra é destratar a força pública”.

As declarações do presidente colombiano foram motivadas pela condenação do coronel da reserva Alfonso Plazas Vega, por sua responsabilidade na invasão do Palácio da Justiça, em 1985, que terminou com o desaparecimento de 11 pessoas. Plazas Vega foi sentenciado a 30 anos de prisão. Uribe manifestou “tristeza” com a decisão da Justiça colombiana.

"Este caso do Palácio da Justiça ocorreu em 1985. Foi um crime contra a humanidade cometido por uma aliança perversa entre o tráfico de drogas e uma guerrilha. E quem está indo para a prisão é o coronel das forças armadas. Sinto dor que a esta altura da vida, nessa sentença se ordene uma investigação contra o ex-presidente Belisario Betancur", responsável pelo governo na época, disse Uribe, citado pelo jornal El Colombiano.

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Re: Brasil e política internacional

#29 Mensagem por Carnage » 26 Jun 2010, 00:13

http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... =595IMQ008
O Brasil dos jornais

Por Luciano Martins Costa em 25/6/2010
Comentário para o programa radiofônico do OI, 25/6/2010


É manchete no Estado de S.Paulo na sexta-feira (25/6) o anúncio da reunião do G-20, marcada para o fim de semana no Canadá. Observe-se que a notícia explica porque o Brasil e os Estados Unidos estão alinhados em torno da proposta de estimular a economia, contra a escolha da Europa, de priorizar o aperto fiscal. A informação também é contemplada na Folha de S.Paulo, embora com menos destaque.

Apesar de o tema ser complexo, a manchete do Estadão elabora com clareza o dilema que se apresenta diante dos líderes mundiais: buscar primeiro o equilíbrio das contas ou ampliar as chances de retomada do crescimento.

O modelo proposto por Brasil e Estados Unidos é o que vem dando certo para a economia brasileira, com algumas variáveis.

Quando a crise financeira internacional eclodiu, em setembro de 2008, o Brasil organizava o ingresso no mercado dos milhões de cidadãos resgatados da miséria pelos programas sociais de transferência de renda. Esse resgate também foi beneficiado pela estabilidade que se vinha consolidando, o que permitiu os investimentos privados e públicos que estimulavam os negócios.

Diante da crise, o governo brasileiro procurou acelerar esse processo, e como resultado tivemos o reaquecimento rápido da economia, após apenas um trimestre de dificuldades.

Lugar no palco

Quando o presidente Barack Obama declarou que seu colega brasileiro era "o cara", episódio que a imprensa tratou de maneira folclórica, os dois países vinham promovendo uma série de encontros bilaterais para discutir como enfrentar a crise global.

É desse período o alinhamento entre Brasil e Estados Unidos em torno da proposta que é defendida agora no G-20. Depois disso, houve o episódio do Irã, no qual o Brasil exerceu sua soberania, contrariando a opinião dos americanos. Passado o desencontro, ocorrência trivial entre nações independentes, outra vez os dois países voltam ao mesmo lado da mesa.

A lembrança serve para observar como, muitas vezes, ao se prenderem excessivamente ao fato do dia, os jornais perdem a perspectiva histórica, podendo induzir o leitor a tirar conclusões equivocadas.

A imprensa brasileira precisa engolir, de uma vez por todas, o fato de que o Brasil se tornou protagonista importante no conjunto das nações justamente porque não se alinha automaticamente com os Estados Unidos.

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Re: Brasil e política internacional

#30 Mensagem por FABGRU » 28 Jun 2010, 19:47

A diplomacia brasileira foi sempre muito respeitada internacionalmente,conhecida por seu pragmatismo e pela busca
de ampliação de parceiros comerciais..Lula parece aprofundar estas caracteristicas ao trazer consigo,um pragmatismo
sindical,que se movimenta a partir de um eixo ideológico mais a esquerda, mas não muito definido. Ao aproximar dos
EUA, estaria diminuindo os espaços de manobra de outras forças latino-americanas..Nada,enfim, que o mundo sindical desconheça...............

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