Em Portugal, como no Brasil, a putaria não é ilegal. Simplesmente, é tolerada.
Na verdade, ambos os Estados não definem o que é legal, apenas o que não é. Esse limbo proporciona situações absurdas. Uma das mais hipócritas e cómicas é, sem dúvida, a dos anúncios de putas.
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Este é um dos muitos anúncios que podemos encontrar na Secção de Convívio de um qualquer jornal publicado em Portugal.
Nunca fui bom aluno em Aritmética e posso estar a fazer mal as contas. A loucura pode até ser, de facto, total... mas continuo a questionar-me: se as gatas espectaculares são 3, as bocas não deveriam ser também 3 e as mãos... 6?... Não?!...
“Viseu, estudante 26a, bumbum apertadinho, oral mútuo, peludinha, Adoro tudo Tel: xx xxx xx xx”
Muitos destes anúncios trazem, além de brilhantes descrições das autoras, fotos suas em posições sensuais, roupagem reduzida e invariavelmente em lingerie. Muitas vezes a leitura é dificultada pela linguagem telegráfica estilo SMS (os malvados jornais cobram por linha de texto…). Assim se poderia pensar que isto nem se trata de anúncios de putas. O que vemos aqui são pessoas, na sua maior parte mulheres, que procuram apoio por se sentirem sós
Vejamos o caso referido no inicio do “post”. Em Viseu, terra interiorana de poucas oportunidades, vive uma jovem tranquila de 26 anos, que procura oralidade, ou seja, conversas mútuas, porque está farta de só escutar os outros. Tem problemas devido ao excesso de pelos que possui no corpo e sente dificuldades no WC (bumbum apertadinho).
Outro caso, “A Sacavém, Ana bonita, 25a, Xupaxupa Nat. Atras Adoro 2op – Liga dou detalhes – Tel: xx xxx xx xx”
Percebemos, de uma forma bastante clara, que esta senhora quer encontrar um amigo. Tem 25 anos, adora chupa-chupas (“pirulitos”, para os brasileiros) naturais, nada de adoçantes e, segundo a mesma, é bonita. Mora numa zona degradada de Lisboa, para azar dela. Para aqueles que ainda têm dúvidas e se questionam: “Então para quê essas fotos em lingerie?” Ora, é preciso captar a atenção dos potenciais novos amigos queridos. Já pensaram o que estarão sentindo estas pobres mulheres? A solidão que penetra o seu ser, dia após dia?
O último caso que vos deixo, servirá para reflexão: “Arroios, Quarent, Loira, Desinibida, Completa, Oral Nat. – Tel: xx xxx xx xx”
Esta Senhora na casa dos 40 anos, vive por acaso numa das freguesias com maior índice de puta por metro quadrado (Arroios) e deseja conviver com alguém que aprecie pessoas desinibidas. Completa, porque não lhe falta nenhum membro (há pessoas que não falam com amputadas) e que fala muito (oraliza). Óptima companhia para um cházinho.
Por isso, reflitam antes de chamar a estas pobres coitadas de putas. São seres carentes, solitárias, com poucos estudos (ou nenhuns) e acima de tudo abertas a novas amizades, 24 horas por dia…
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No Brasil, segundo pude perceber, os anúncios de puta são um exemplo disfarçado da hipocrisia reinante. No Rio de Janeiro, basta dirigir-se a um qualquer orelhão para informar-se convenientemente das bucetudas de plantão. É que, em princípio, a propaganda e os anúncios de serviços de sexo, prostituição, oferta de acompanhantes é proibida nos meios de comunicação social. Porém…
Por um lado, a prefeitura de São Paulo fechou várias casas que praticavam conduta explícita de incentivo à prostituição. Por outro, apesar da legislação, os jornais conseguem publicar os seus classificados, obviamente soft, sem palavras muito vulgares. Questão de sobrevivência: as páginas de anúncios garantem rendas de dezenas de milhares de reais por mês. Mesmo que, para poderem publicar estes classificados os jornais tenham a obrigação de cobri-los com um papel opaco para evitar o acesso de menores de idade, como sucede no Rio de Janeiro,.
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Com tanta restrição, anunciar na Internet tornou-se mais barato e menos burocrático, além de garantir maior acessibilidade, e é hoje o melhor meio de divulgação da puta. A ironia é que no mesmo jornal onde lemos sobre o encerramento de bordéis achamos anúncios prometendo convívios prazerosos com uma garota “loira, bonita, carinhosa e sem frescura”. As putas e a hipocrisia.
Na verdade, ambos os Estados não definem o que é legal, apenas o que não é. Esse limbo proporciona situações absurdas. Uma das mais hipócritas e cómicas é, sem dúvida, a dos anúncios de putas.
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Este é um dos muitos anúncios que podemos encontrar na Secção de Convívio de um qualquer jornal publicado em Portugal.
Nunca fui bom aluno em Aritmética e posso estar a fazer mal as contas. A loucura pode até ser, de facto, total... mas continuo a questionar-me: se as gatas espectaculares são 3, as bocas não deveriam ser também 3 e as mãos... 6?... Não?!...
“Viseu, estudante 26a, bumbum apertadinho, oral mútuo, peludinha, Adoro tudo Tel: xx xxx xx xx”
Muitos destes anúncios trazem, além de brilhantes descrições das autoras, fotos suas em posições sensuais, roupagem reduzida e invariavelmente em lingerie. Muitas vezes a leitura é dificultada pela linguagem telegráfica estilo SMS (os malvados jornais cobram por linha de texto…). Assim se poderia pensar que isto nem se trata de anúncios de putas. O que vemos aqui são pessoas, na sua maior parte mulheres, que procuram apoio por se sentirem sós


Vejamos o caso referido no inicio do “post”. Em Viseu, terra interiorana de poucas oportunidades, vive uma jovem tranquila de 26 anos, que procura oralidade, ou seja, conversas mútuas, porque está farta de só escutar os outros. Tem problemas devido ao excesso de pelos que possui no corpo e sente dificuldades no WC (bumbum apertadinho).
Outro caso, “A Sacavém, Ana bonita, 25a, Xupaxupa Nat. Atras Adoro 2op – Liga dou detalhes – Tel: xx xxx xx xx”
Percebemos, de uma forma bastante clara, que esta senhora quer encontrar um amigo. Tem 25 anos, adora chupa-chupas (“pirulitos”, para os brasileiros) naturais, nada de adoçantes e, segundo a mesma, é bonita. Mora numa zona degradada de Lisboa, para azar dela. Para aqueles que ainda têm dúvidas e se questionam: “Então para quê essas fotos em lingerie?” Ora, é preciso captar a atenção dos potenciais novos amigos queridos. Já pensaram o que estarão sentindo estas pobres mulheres? A solidão que penetra o seu ser, dia após dia?

O último caso que vos deixo, servirá para reflexão: “Arroios, Quarent, Loira, Desinibida, Completa, Oral Nat. – Tel: xx xxx xx xx”
Esta Senhora na casa dos 40 anos, vive por acaso numa das freguesias com maior índice de puta por metro quadrado (Arroios) e deseja conviver com alguém que aprecie pessoas desinibidas. Completa, porque não lhe falta nenhum membro (há pessoas que não falam com amputadas) e que fala muito (oraliza). Óptima companhia para um cházinho.
Por isso, reflitam antes de chamar a estas pobres coitadas de putas. São seres carentes, solitárias, com poucos estudos (ou nenhuns) e acima de tudo abertas a novas amizades, 24 horas por dia…

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No Brasil, segundo pude perceber, os anúncios de puta são um exemplo disfarçado da hipocrisia reinante. No Rio de Janeiro, basta dirigir-se a um qualquer orelhão para informar-se convenientemente das bucetudas de plantão. É que, em princípio, a propaganda e os anúncios de serviços de sexo, prostituição, oferta de acompanhantes é proibida nos meios de comunicação social. Porém…
Por um lado, a prefeitura de São Paulo fechou várias casas que praticavam conduta explícita de incentivo à prostituição. Por outro, apesar da legislação, os jornais conseguem publicar os seus classificados, obviamente soft, sem palavras muito vulgares. Questão de sobrevivência: as páginas de anúncios garantem rendas de dezenas de milhares de reais por mês. Mesmo que, para poderem publicar estes classificados os jornais tenham a obrigação de cobri-los com um papel opaco para evitar o acesso de menores de idade, como sucede no Rio de Janeiro,.
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Com tanta restrição, anunciar na Internet tornou-se mais barato e menos burocrático, além de garantir maior acessibilidade, e é hoje o melhor meio de divulgação da puta. A ironia é que no mesmo jornal onde lemos sobre o encerramento de bordéis achamos anúncios prometendo convívios prazerosos com uma garota “loira, bonita, carinhosa e sem frescura”. As putas e a hipocrisia.