Ano passado a igreja católica reiterou suas manifestações anteriores, no sentido de condenar o uso da camisinha. Segundo a Santa Madre Igreja, o sexo tem fins apenas de procriação e fora disso, insere-se no rol dos sete pecados capitais, mais especificamente o da luxúria.
A novidade recente, foi que a camisinha não protege o pecador de contrair o HIV.
Portanto, nós putanheiros, agora, além de estarmos já condenados ao fogo eterno, somos também homicidas culposos e, quiçá, dolosos eventuais, porque assumimos o risco do assassinato.
Faço esta breve digressão para manifestar minha decepção por constatar que, pelos próximos decênios, a cerimônia matrimonial se manterá tal como é há séculos, com aquela fatídica pergunta do pároco: “Promete lhe ser fiel, até que a morte os separe?”
E você, com aquela feição cínica, dentro do seu fraque alugado e sob o brilho do gumex: “Sim!”
Percebam sempre que é um sim com exclamação e toda a carga pérfida a que o núbio tem direito.
A noiva chora de emoção; o sogro, que há anos corneia sua sogra, chora de emoção; o seu pai, que há anos corneia sua mãe, chora de emoção e a catedral inteira se emociona no momento solene. Então, o padre sela o seu destino: “Até que a morte os separe...”.
O padre já está acostumado e, por isso, ao contrário do noivo, não usa a exclamação. São três pontos mesmo.
Onde eu quero chegar com tudo isso, é mostrar, a partir do solene momento, o quão emocionante passa a ser a vida de um putanheiro casado. Que me perdoem os solteiros, mas putaria sem esposa não tem graça. Solteiro não tem que inventar estratagemas, não imagina desculpas e tampouco é posto à prova de bate-pronto.
- Onde você estava?
- No escritório, trabalhando!
- Liguei lá e não tinha ninguém!
- Era o escritório do Paranhos, não o meu!
- Liguei lá e ninguém atendeu também!
- Estávamos no porão, revirando o arquivo morto e de lá não se escuta o telefone.
É, amigo, a vida do putanheiro casado não é fácil e quanto mais você chafurda nela, mais emoções tem. Tomo como exemplo, o que vivi na semana passada.
A maioria por aqui, sabe que nem só de puta vive um putanheiro. Existem também as indefectíveis amantes. Sim, porque enquanto a puta satisfaz suas necessidades a curto prazo, a amante satisfaz aquelas de médio prazo e a patroa as de longo prazo. Está aí o Che que não me deixa mentir sozinho. Às vezes, até sem querer, a gente acaba reunindo em uma mesma figura, a puta e a amante. Ou ex-puta e amante, como no meu caso. Ou amante e cunhada, como no caso do Smegman. As combinações possíveis elevam-se à enésima potência.
Pois bem, voltando à última semana, tinha eu acabado de voltar da praia, depois de uma semana confinado com a patroa, filhos, mãe, sogros, sobrinhos, cunhados, tudo sobre a canga financeira deste burro de carga que escreve estas mal traçadas linhas. Óbvio que com toda essa platéia, sequer havia oportunidade de uma “rapidinha” no banheiro. Assim, voltei ao trabalho pranchando o batente da porta e fazendo as pesquisas de praxe no GPGuia, para escolher a próxima vítima do abate.
Porém, para minha surpresa, uma ex-amante, que eu sempre tive sérias desconfianças de que era uma ex-GP, me ligou convidando para tirar umas férias com ela, na praia, para comemorar que estava se formando. Tudo na faixa! Eu pagando....
Como já fazia um tempo que eu não estava naquelas carnes, aceitei de pronto o convite, até porque três ou quatro dias com ela serviriam para desopilar o fígado e drenar a bolsa escrotal. Antes porém, ela, muito solícita, convidou-me para jantarmos no dia seguinte e nas palavras dela, depois dar “uma esticadinha”. Para bom entendedor, lambreta é buceta.
No dia aprazado, estava eu todo pimpão, já afiando a espada, quando pela manhã, recebo o telefonema de outra ex-amante, que vivia me regulando o brioco, convidando para almoçar com ela. Maldição, parece que as mulheres sentem o cheiro umas das outras. Por que não fazem as coisas de forma organizada?!
Já mencionei essa segunda amante no GPGuia. Trata-se daquela evangélica gostosa e casada, cheia de questionamentos religiosos, que sempre que se desvia dos caminhos de Deus, me encontra nas quebradas.
Como entendo que um filho da pátria não foge à luta e deve sempre ter levantada a clava forte, resolvi encarar o turno dobrado. O problema é que essa evangélica, quando está com o diabo no corpo, não há pentecoste de pica que vença o desafio. O resultado é que terminei a tarde extenuado e ainda nem tinha entrado no turno da noite.
A solução para evitar a humilhação, foi apelar: Viagra!
Por que não? Já ouvira relatos sobre os efeitos maravilhosos da pílula azul, embora um grande amigo meu tenha me contado que para ele, não havia feito a menor diferença.
Início da noite, rumo à farmácia. Fui decidido e mesmo que fosse uma balconista, iria pedir o paudurolatodebilaumole, até porque não devo nada a ninguém e estou cagando e andando para o que os outros pensam. Se quiserem pensar que sou brocha, que se dane. Entrei na farmácia, era uma balconista. Dei meia volta e fui para a outra esquina, onde um homem me atendeu. Fui convincente:
- E aí, será que essa merda funciona mesmo? Vamos ver o que é que dá!
Oitenta mangos depois, fui buscar a vítima, já fazendo planos: levo-a a um restaurante, lá pelo meio do jantar vou até o banheiro, enfio o comprimido na boca, volto para a mesa, engulo-o com um copo d’água e aproximadamente uma hora depois, já chego no motel em ponto de bala.
Chegando na casa dela, a mulher deslumbrante de linda e sexy entra no meu carro e eu pergunto todo gentil, meloso e quase babando nos peitos dela:
- Onde você gostaria de jantar? Você é a formanda e tem o direito de escolher.
Ela não titubeou:
- Vamos para o motel direto!
Pronto! Lá se foi meu planejamento erétil!
Sem perder a classe e aproveitando a escuridão e que havia uma garrafa de água no carro eu disse:
- Espera um pouco que eu vou tomar meu remédio pra gripe (eu realmente estava gripado; desgraça pouca é bobagem).
Enfiei a mão no bolso interno do paletó, destaquei um comprimido e tomei pensando, “vou ter que enrolar durante uma hora”.
Para minha sorte, o trânsito se encarregou de engolir meia hora, enquanto a outra meia hora gastei já no motel, lendo uma apelação que ela pediu que eu corrigisse. Mais brochante, impossível. Mas, foi o tempo de terminar a leitura e a mulher se encostar em mim, para que eu percebesse as maravilhas da ciência em nossas vidas. Se alguém duvida do resultado, eu sou categórico em dizer: funciona mesmo!
A fodelança foi realmente animal e eu bombeava como se não tivesse transado há séculos. Lembrei-me de uma crônica do Mário Prata, em que ele narrava o comentário de um amigo, que dizia: “Isso é pau pa cu!”
Acho que foi transmissão de pensamento, porque em seguida a mulher me falou: “Vamos fazer anal.” Quase caí de costas, porque aquela vaca sempre foi de uma frescura diabética e passou a vida fazendo cu doce para soltar o roskófi.
Mas, sinceramente, preferia que ela tivesse continuado a fazer cu doce, pois foi só enfiar o cacete no cu, que ela começou a peidar no meu pau. Embora brochante, o bicho não esmoreceu e continuou a conexão desprezando o cheiro forte. Sob o pretexto de dor, ela sucumbiu e voltamos à xavasca, para terminar o serviço bucetal.
Fiquei impressionado com os resultados, porque mesmo depois de gozar, o bicho teimava em não baixar e durante a noite eu tanto escalavrei a criatura, que no 4º (quarto!) round ela teve que bater uma punheta para mim, pois já não tinha condições de rala e rola.
Tudo muito bonito, tudo muito gostoso, mas na saída ela me fez prometer que vou lhe dar um anel da Vivara, lindo e caro, que ela tanto gostou. Assegurei-lhe que iria dar o anel, até porque ela me havia presenteado com seu anel (de couro) também. De mais a mais, se eu já menti no altar, na frente do padre, da noiva, família e convidados, o que me custava mentir para a amante, de forma bem menos solene, na saída do motel? Afinal, o que é uma espinha para um leproso?
No dia seguinte, arrumando o carro para uma viagem com a família, percebi que no chão, atrás do banco do passageiro e bem visível para quem entrasse pela porta de trás, havia um cartão de banco e crédito. Era o cartão da ex ou atual amante, já nem sei mais. Aquela puta (ou ex-puta) filha da puta, plantou o cartão no carro, para que a minha patroa o achasse. E ia ser o diabo, porque a patroa sabe o nome dela, de outros carnavais anos passados. Além do cartão, ela também deixou na porta do passageiro, os dois papéis dos bombons que o motel ofereceu na saída. E a patroa sabe que motéis dão bombons e que eu não como doces.
Bem que eu desconfiei que a esmola era demais. Convidou-me para ir ao motel, pediu para enrabá-la, chupou, bateu punheta. Barba, cabelo e bigode tem seu preço.
Quase que a morte me separou da patroa. A minha morte.
Como diz aquele clip da DM9 que circulou pela Internet, “faça uma coisa assustadora todos os dias”.
Só de birra, vou dizer que não achei o cartão do banco quando ela me perguntar e vou dizer que mandei lavar o carro. Deixa o cu arrombado dela piscar um pouco.