A Termas La Confraria fica na Rua da Quitanda, 74 - Centro
A noite da última quarta-feira foi intensa.
Sou um homem de ondas. Posso passar dias, semanas ou até meses sem nenhuma vontade de ter contato com os subterrâneos da prostituição. É um mundo que às vezes pesa e nos contamina com uma vibração desagradável, sempre senti a necessidade de intercalar a vida promíscua com períodos de purificação.
De qualquer forma, como citei em outras experiências, já não me basta somente o sexo pelo sexo, preciso de uma pitada boêmia, de um pouco de adrenalina, para que o prazer da interseção carnal seja realmente um prazer.
Essa é a diferença entre o putanheiro e o libertino. O putanheiro é mecânico, quer somente a ejaculação linear; o libertino vive, quer abraçar todas as sensações. Um é bula, o outro é história. É a natureza de cada um.
Retornei à boate 119, fui a procura da descomunal morena que vi e não comi, seu nome é Índia. Chegando ao trash, esbarro logo de cara com a Pérola, minha última degustação, e percebi que ela ficou decepcionada quando avisei que estava lá por outra mulher. Pérola é uma beleza de menina, mas fiquei obcecado pela Índia como um Capitão Ahab indo à caça de Moby Dick.
“Sou atormentado pela eterna ânsia por coisas remotas. Amo navegar por mares proibidos e desembarcar em costas bárbaras” — escreveu Herman Melville.
Creio sofrer da mesma cisma que o autor.
Índia não estava, não havia aparecido para trabalhar. Fiquei profundamente frustrado e arrependido de não a ter agarrado na noite anterior. Quem disse que sempre temos uma segunda chance? Perdi a oportunidade.
Os Deuses da luxúria, porém, amam os libertinos. Eis que surge no salão, como o sol da volúpia a queimar os nossos olhos, uma bela ninfeta com seios expostos, seios pequenos, empinados, com biquinhos rosados apontando para o teto. Chegou dançando, com um copo imenso de vodka na mão. Chama-se Jade. Salivei diante da menina... mas esse é outro caso e será contado em um tópico diferente.
Por acaso, na 119 encontrei o antiquíssimo forista Maledeto. Gente boa. Conversando, ele insistiu que fôssemos ao Clube La Confraria, na rua da Quitanda. Partimos pelas noturnas ruelas desertas do Centro e conseguimos alcançar o endereço sem sermos seviciados por silvícolas no meio do caminho.
Na recepção, um senhor pergunta os nossos nomes para anotar na comanda, meu amigo diz o dele e o meu.
— Sou o Maledeto e esse é o Dante, ele ainda está lá nos fóruns.
— Dante?! Nossa. Dante é relíquia — responde o recepcionista.
Poucas palavras para definir a fama inútil e uma velhice evidente: relíquia...
Para quem não conhece, a La Confraria é uma derivação da antiga Faceclub e da recente 74. Sim, havia mulheres e clientes no salão, o cenário não era ruim. Para o atual cenário das termas, a vista se mostrava bem favorável.
O salão do La Confraria não é grande, tem formato em “L” e é escuro, mas nos permite enxergar o que devemos ver. O bar fica na extremidade à direita da entrada. Uma garrafa da cerveja Corona custa 18 reais. Conjunções carnais de 40 minutos saem a 180 reais e por uma hora fica 270 reais.
Outros personagens das antigas apareceram no local, breves cumprimentos e sentei-me para contemplar o ambiente. Não demorou para que uma morena com um corpaço cruzasse os meus olhos, acenei para ela e a menina veio me cumprimentar. Lancei de cara a primeira pergunta...
— Estou querendo uma companhia, mas você beija? — pergunto.
— Claro que beijo — responde a mulher.
Nisso, ela cola os lábios nos meus e enfia a língua feroz que badalou a minha úvula. Arrepiou-me. Disse-me chamar-se Tainá. Sensualíssima. Conversamos mais um pouco e pedi uma alcova pelo período de uma hora. Tainá prometia raros deleites.
Colocaram-me num quarto imenso (talvez, a fama não seja tão inútil assim). Eu e Tainá nos banhamos juntos, com lábios e línguas se enroscando interminavelmente. Após nos secarmos, fomos para a cama tamanho king-size, continuamos nos beijando. Que beijo afrodisíaco e viciante essa menina tem. Simplesmente não parávamos de nos beijar, de roçar perigosamente a pele.
Tainá gemia, murmurando que estava uma delícia. Suguei seus peitos, chupei sua vagina cheirosa e úmida. A garota se contorcia em espasmos bruscos. Totalmente demais. Ela avança para me aplicar um boquete mata-leão. Admito que foi difícil resistir, quase entreguei os pontos, mas sobrevivi ao golpe.
Peço que Tainá fique de quatro e vislumbro aquela paisagem empinada, dourada, oferecendo-se ao coito como um tobogã erótico. Preparo o meu combalido pênis e o deslizo para dentro daquele reino dos mistérios vaginais.
Aumento as estocadas, a menina rebola, grita, avisa que vai gozar. Creio que gozei antes, lançando meus honrados guerreiros para serem mortos asfixiados dentro de um saco de látex. Trágico fim de milhares de espermatozoides esperançosos.
Tempo encerrado. Desci à pista da boate, resgatei Maledeto, que estava em petição de miséria após algumas doses de uísque, pegamos um táxi e dentro do carro reconheci a música que tocava.
https://www.youtube.com/watch?v=or6Oz6t ... rt_radio=1
Da janela, as ruas e avenidas despovoadas e mudas se descortinavam. Decifra-me ou devoro-te — é o que todas as ruas parecem dizer à noite. Fecha-se mais um capítulo. Que não seja ainda o epílogo, porque a noite pulsa e o libertino vive.