11/08/09 - 12h07 - Atualizado em 11/08/09 - 12h15
Não há motivo de pânico por causa da nova gripe, avalia Temporão
Do Valor OnLine
BRASÍLIA - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, reafirmou hoje, em comissão geral na Câmara, que o pânico criado em torno da nova gripe (H1N1) não é benéfico para o país e ressaltou que o ministério está agindo de acordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Temporão disse que a saúde brasileira retardou ao máximo - por 80 dias - a entrada do vírus da gripe no Brasil e esse retardamento é um marco importante. Ele afirmou que, neste segundo momento, com o vírus já circulando em território nacional, o atendimento médico-hospitalar tem recebido atenção do ministério.
Segundo os dados apresentados pelo ministro, o Brasil registrou 192 mortes em decorrência da nova gripe, sendo a taxa de mortalidade de 0,09, menor que a taxa de 0,14 dos Estados Unidos. A taxa é elaborada levando-se em conta o número de mortes por 100 mil habitantes.
Temporão criticou a elaboração de rankings que posicionariam o país em relação a outros países no número de mortos. " Essa é uma análise bastante frágil. O número de óbitos deve ser considerado em relação à população " , disse.
O ministro lembrou ainda que 43% dos pacientes com síndrome respiratória aguda grave causada pelo vírus H1N1 apresentam pelo menos um fator de risco. Entre os pacientes com gripe comum, 39% apresentam pelo menos um fator de risco envolvido.
Encaixam-se no grupo de risco, principalmente, portadores de doenças respiratórias, gestantes, crianças menores de cinco anos, pacientes imunodeprimidos e cardiopatas.
O ministro disse que, do total de óbitos no Brasil, 28 foram de mulheres grávidas. Por outro lado, outras 107 gestantes foram curadas. " Além disso, 30% das gestantes que morreram tinham pelo menos um fator de risco adicional, como hipertensão arterial " , observou Temporão.
O ministro também respondeu a críticas relacionadas à disponibilização do tratamento no país. Segundo ele, até o momento, o Ministério da Saúde entregou aos estados 392.621 kits de tratamento completo. No mesmo período, o Sistema Único de Saúde (SUS) identificou 28 mil casos de todos os tipos de gripe. " É possível atender com folga a demanda. "
Até o fim de agosto, o ministério receberá mais 800 mil tratamentos, que estão sendo imediatamente entregues a estados e municípios. " O medicamento é gratuito para todas as pessoas que necessitam " , disse.
" Avalio como irresponsável a banalização do uso do medicamento " , afirmou ainda o ministro. Ele lembrou que o vírus pode apresentar resistência ao medicamento e que é possível comprar remédios sem receita médica no Brasil.
Temporão explicou por que o Brasil não está usando o outro medicamento, além do Tamiflu, de combate ao H1N1 - o zanamivir, de nome comercial Relenza. Na época em que os medicamentos foram comprados, o zanamivir não tinha registro no país e agora está sendo guardado de forma estratégica, caso o Tamiflu deixe de ser eficaz. Além disso, o zanamivir é menos prático, pois deve ser aspirado oralmente.
Segundo o ministro, também deixou de fazer sentido o exame de diagnóstico da gripe causada pelo H1N1. " Há dois vírus circulando, os sintomas são semelhantes e o tratamento é o mesmo. "
Temporão informou que o Instituto Butantan produzirá a vacina no Brasil. Para complementar, o país comprará doses de laboratório, uma vez que a produção não será suficiente para atender à demanda.
(Agência Câmara)
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