Outros detalhes da vida louca do "Imperador...
Viagem ao mundo proibido de Adriano
A três meses da Copa, a situação do Imperador é mais séria do que pensam aqueles que acreditam que ele sofre apenas com o vaivém da bebida. O DIA mostra os bastidores da rotina de festas e polêmicas
Vila Cruzeiro é o 'Spa' do Imperador
Rio - Adriano já tinha se exilado na Vila Cruzeiro, local que chama de ‘spa’, quando abandonou a Inter e disse que não voltaria à Itália. Na época, foi caçado até pela polícia na favela. Mas nenhuma situação parece incomodá-lo ali dentro. E o episódio da bolha mostra isso. Naquela noite o Flamengo havia empatado sem gols com o Goiás no Maracanã, pela antepenúltima rodada do Brasileiro. Nem por isso ele cancelou a já programada festa em casa. Mas quando eram 4h, chamou alguns amigos, que recusaram o convite de ir para a favela. Ele foi. Numa discussão com um antigo morador local, trocou socos. Na confusão, queimou o pé na motocicleta.
Tantas peripécias deram margem a incontáveis especulações, inclusive sobre seu envolvimento com drogas. Mas quem frequenta sua casa diz jamais ter visto o craque se drogar. Sem contar o fato de, como atleta, estar sempre sujeito a fazer exames antidoping.
ÁREA VIP NA FAVELA PARA CURTIR O FUNK
Nos tão famosos bailes – especialmente os da Chatuba, onde Joanna Machado flagrou o craque e seus companheiros de Flamengo no último episódio de barraco entre eles —, o Imperador costuma ficar numa espécie de área VIP, por onde também circulam criminosos e simpatizantes.
Semanas atrás, numa barraquinha de bebidas da favela, Adriano quis se exibir para os amigos. “Ele falou que era tudo por conta dele, e todo mundo que estava ali começou a beber uísque e tudo mais. O cara apresentou a nota depois, de R$ 3 mil, e deu uma tremenda confusão, porque ele não quis pagar”, revela um frequentador do local que presenciou a cena.
Os próprios traficantes chegaram a dar conselhos para o jogador. Um deles chegou a contar que mandou fazer o orçamento para colocar grades, telhas e grama sintética no campo de terra do Ordem, na Vila Cruzeiro, onde Adriano deu seus primeiros chutes no futebol.
Descobriu que, com pouco mais de R$ 100 mil de investimento, tudo estaria novo em folha e as crianças ficariam agradecidas com a iniciativa do craque. O nome estava escolhido: ‘Campo do Imperador’. Mas o jogador teria alegado que, naquele momento, não tinha condições financeiras para bancar a reforma.
A angústia familiar
Mãe e avó sofrem com as constantes escapulidas de Adriano para a Vila Cruzeiro
Rio - Órfão de pai, Adriano sempre fez tudo para dar uma vida melhor à mãe, Dona Rosilda, e à avó Wanda. Mas, mesmo após tirá-las da Vila Cruzeiro e levando-as para perto dele, numa confortável casa na Barra da Tijuca, elas sentem falta do Didico — como chamam o Imperador desde criança. E ele não cansa de deixar apertado o coração das duas grandes mulheres de sua vida. Não foram raras as vezes em que a mãe organizou grupos de oração, sempre na esperança de que o filho aparecesse. Em boa parte das vezes, Adriano não foi porque estava sem condições.
Dona Wanda é quem mais reclama. Mas não com o próprio neto. E assim, são os amigos dele que têm de ouvir os sermões. “Ele não dá notícias. Deixa de estar em casa, confortável, para ficar lá dentro do Cruzeiro. Dá mais valor aos meninos de lá do que à própria mãe”, reclama ela no ombro amigo de um dos três ‘secretários’ do jogador.
Adriano anda com eles para cima e para baixo. Rafael, o primo, Macarrão e Wagner, a quem também chama de ‘primo’, com quem cresceu e foi criado na Penha. São eles que resolvem tudo na vida do Imperador. Da simples compra de um pão na esquina, do pagamento de contas bancárias, à liberação de quem chega na portaria do condomínio onde mora. Todos vivem se xingando e se tratam com expressões como ‘cachaceiro’ ou ‘pudim de álcool’, referência às costumeiras bebedeiras. Menos Adriano, chamado de ‘Presidente’.
Esta reverência, por vezes, deixou Adriano soberbo. Certa vez, ao sair de carro sem carteira de motorista, se apavorou ao ver uma blitz. Mas passou sem problemas e ironizou: “Minha carteira é a minha cara”.
Na gíria dos amigos do craque, cerveja vira 'Danone'
Rio - Adriano já admitiu ter tido problemas com o álcool, especialmente nos tempos em que vivia na Itália. Hoje, não nega que, vez por outra, toma sua cervejinha. O problema é a frequência. Adriano costuma exagerar nas doses. Se nas noitadas não dispensa uma boa mesa regada a vodca, uísque ou até champanhe, em casa ele adora ficar na varanda com os amigos bebendo. Há um freezer sempre abastecido. Na gíria deles, cerveja virou ‘Danone’.
A serpentina que deixa o chope a uma temperatura de dois graus em 20 minutos é o mimo do craque. E dos que o visitam, claro.
Como chope gelado combina com churrasco, Adriano está sempre ‘queimando uma carne’. Mas nada de colocar a mão na massa. Volta e meia o jogador liga para uma das famosas churrascarias da região e faz a encomenda. Pobre Jair, gerente de uma delas, que tem que se desdobrar para tentar fazer tudo do jeito que o Imperador gosta.
Nesse turbilhão de álcool, uma história recente retrata a confusão que se instala entre os muros da mansão de Adriano. Num show privado do sambista Diogo Nogueira, a farra varou a madrugada e seguiu pela manhã. Às 9h havia gente chegando, enquanto uma mulher, nua, trancada num quarto, gritava desesperadamente para alguém voltar com a chave.
Imperador quase perde encontro com Lula
Quase sempre exagerando nas doses de álcool, Adriano teve dificuldades até para cumprir a agenda com o presidente
Rio - Após três dias na Vila Cruzeiro logo que conquistou o título brasileiro, Adriano voltou à casa na Barra — que ele costuma tratar como ‘barraco com piscina’ — quando seus amigos deram início ao árduo processo de convencimento: eles precisavam colocar na cabeça do jogador que seria importante que fosse com a delegação rubro-negra para ser recebido pelo presidente Lula, em Brasília, após o campeonato.
Adriano já tinha faltado à festa da CBF. “Se não quer ir, problema é seu. A carreira é sua”, chegou a repreendê-lo um dos amigos. Ele topou, mas avisou que não colocaria terno de maneira nenhuma. Trato feito. Passou o fim de semana em programas mais caseiros. Visitou a mãe e a avó, depois passou a tarde na casa dos tios, em Pedra de Guaratiba.
Até que o porre da madrugada anterior estragou todo o plano. O jogador deveria estar no Aeroporto Santos Dumont às 8h30 do dia 14 de dezembro. Não tinha condições. Às 6h, ele ainda se divertia na suíte do Sheraton, após mais uma noite regada a uísque em outra boate da Barra da Tijuca.
As ligações desesperadas do supervisor Isaías Tinoco foram ignoradas. “Mas um anjo acordou o Adriano”, lembra um parente do craque. Eram 11h. Com duas ou três ordens, Adriano já tinha conseguido fretar um jatinho para voar até Brasília. Às 12h30 ele embarcou. Posou para as fotos com o presidente, mas como prometido, sem o terno.
O estilo de vida de Adriano afetou a rotina daqueles que o cercam. “Várias vezes o Wagner (um primo) teve de brigar com o Adriano para ele ir treinar. Chegou a colocá-lo no carro bêbado e o levou”, diz outra pessoa ligada ao craque.
A preocupação é tanta que boa parte dos mais chegados ao jogador tentou convencê-lo a sair do Brasil novamente. “Aqui não tem como ele se recuperar. Ele faz o que quer no Flamengo, porque o clube deixa. Ele já frequentou médico, mas não adiantou. Na época do São Paulo, chegou a pagar R$ 1 mil por consulta. Enquanto tiver aqui, fica difícil controlá-lo”, afirma outro amigo.
Pergunto mais uma vez: É MOLE?!?