Literatura – HQ´s - História – Filosofia –

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#121 Mensagem por Maestro Alex » 12 Abr 2006, 22:11

mais um devasso...

Pietro Aretino

(1492 - 1556)

Poeta e jornalista italiano nascido em Arezzo, famoso por seus versos mordazes e até pornográficos, destinados a escandalizar seus concidadãos. De família humilde, não teve formação clássica e viveu principalmente em Veneza, cidade onde se tornou amigo de reis e papas e, no outro extremo, protetor de vagabundos e indigentes, e também onde morreu. Conta-se que enriqueceu chantageando poderosos, que temiam a agressividade de seus escritos, porém fez questão de permanecer plebeu, avesso a todos os mitos morais que sustentavam as concepções literárias da época. Famoso por suas violentas críticas aos grandes da época, aos artistas e aos religiosos, granjeou inimigos que chegaram a ameaçá-lo de morte, também ficou conhecido por seus escritos pornográficos, sobretudo em obras como I ragionamenti (1534-1536), Os Capitoli (1540), e Sonetti lussuriosi (1525). Também destacou-se como jornalista, onde publicou críticas mordentes e às vezes caluniosas no Pasquino, em Roma, e em Delle Lettere (1538-1557) e na literatura, onde, utilizando uma linguagem popular, como na tragédia Orazia (1546), e faleceu em Veneza.

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#122 Mensagem por Maestro Alex » 12 Abr 2006, 22:13

Sexo e Literatura


Manon Lescaut, As onze mil varas e Madame Bovary

A França, seguindo a sua tradição literária, desenvolveu obras-primas da novela erótica, como, por exemplo, Manon Lescaut, do Abade Prévost, no século XVIII, e As Onze mil Varas, de Guillaume Apollinaire, no século XIX, entre centenas de outros títulos.

Esses autores assinavam suas obras com pseudônimo, para fugirem da censura da época. As meras passagens eróticas, que hoje nos pareceriam ingênuas diatribes de adolescentes, naquele tempo causavam furor público e processos, como por exemplo o que enfrentou Gustave Flaubert com a publicação de Madame Bovary, também no século XIX.

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#123 Mensagem por Maestro Alex » 12 Abr 2006, 22:59

Bertolt Brecht

Hábitos de amar

Não é exacto que o prazer só perdura.
Muita vez vivido, cresce ainda mais.
Repetir as mil versões prévias, iguais
É aquilo que a nossa atracção segura:

O frémito do teu traseiro há muito
A pedi-las! Oh, a tua carne é ardil!
E a segunda é, que traz venturas mil,
Que a tua voz presa exija o desfruto!

Esse abrir de joelhos! Esse deixar-se coitar!
E o tremer, que à minha carne sinal solta
Que saciada a ânsia, logo te volta!
Esse serpear lasso! As mãos a buscar-
-Me. Tua a sorrir!
Ai, vezes que se faça:
Não fossem já tantas, não tinha tanta graça!


(Tradução de Aires Graça)

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#124 Mensagem por Maestro Alex » 18 Abr 2006, 17:40

Um conto erótico de uma escritora brasileira...

Joyce Cavalccante

Fantasia assinada

Tínhamos, não sei por que nem quando, combinado que ele ia fazer meu retrato, mas nunca dava tempo e nenhum dos dois se organizava pra conseguir uma brecha na agenda. Um dia era ele que esperava a visita de um galerista importante, outro era eu que não acreditava em duendes e tinha que trabalhar. Enquanto isso, rodando como um fundo musical, uma euforia que ainda não era concretamente um tesão; mais parecida era com a excitação pela idéia de fazer o que jamais havia feito: posar para um pintor.

Nada que justificasse tanto alvoroço. Ninguém tinha combinado que eu deveria me despir para posar. Mas, lá no íntimo, já eu partia desse pressuposto. Querendo. Imaginando muito mais. Temendo.

Até quando nos encontramos numa festa. Ele veio conversar e baixinho, rouco, como se conspirando, perguntou quando eu poderia ir vê-lo em seu atelier. Olhei para os lados pra me certificar se meu namorado não estava nas proximidades e marquei dia e hora. Selamos o acordo.

Sem nada assumir, escolhi calcinhas de cetim verde escuro quase preto, combinando com um sutiã rendado. Meias novas e um figurino irretocável, sugerindo pecado. Banho, ao começar a me aprontar, perfume gostoso espalhado pelo corpo inteiro, inclusive entre os dedos dos pés. Surpresa me critiquei: Ainda não conseguiram pintar a imagem dos cheiros.

Consumindo-me em fantasias, depois de tanta preparação, ali estávamos um em frente ao outro. Ele, de macacão salpicado de tinta de todas as cores e ocasiões, mas o rosto barbeado e, se não me engano, exalava um leve cheiro de madeira perfumada como os perfumes da moda.
Foi me explicando como fazia suas próprias tintas, como com elas invadia as telas. Segurou-me com carinho pelo queixo, a luz do sol examinou meu rosto e minha mão, para decidir qual matiz seria o mais apropriado. Pôs-se a trabalhar, enquanto eu, caladinha, sentada no único divã de veludo cor de maravilha, alisava o tecido, observando. Mais tarde veio conferir a tonalidade que encontrara para minha cor: entre cambraia e pêssego, comentou, quase inaudível. Em seguida, parecia que eu já não estava mais ali. Concentrava-se para esboçar-me.

Pincelava na tela meu rosto que não se parecia comigo de início para depois começar a parecer-se. Vinha e apalpava meus olhos com os polegares. Voltava ao cavalete. Olhava-me. Olhava a tela à distância. Examinava-me longa e lentamente; gesto sempre despudorado. Aproximava-se e me acariciava o nariz, medindo-o. Voltava a seu posto. Trocou de pincel, pegando agora um bem mais delicado. Desceu aos lábios de forma aplicada. Voltou a manipular as tintas numa paleta que trouxe para perto, e me explicou que estava inventando uma cor para meus lábios, descrevendo-os com gulosa luxúria. Experimentando a cor, passou o tímido pincel pelos contornos de minha boca, ato demorado, cuidadoso, ilícito; me deixando arrepiada, me obrigando a suspirar alto, quase me traindo. E para que ele não adivinhasse o estado de mi¬nhas calcinhas, fechei os olhos e o deixei servir-se, modular-me. Voltou à tela e depois de me pincelar à vontade, foi até a janela e decidiu que o sol já não mais o satisfazia. Continuaríamos no dia seguinte. Eu estava tonta. Rubra. Afogueada. Ele notou e indagou com cinismo se no dia seguinte eu conseguiria ficar como agora. Ria pelo cantinho da boca quando o deixei, respondendo: talvez.

Ao chegar o tal dia seguinte, ele tinha se adiantado e já desenhado meu pescoço. Contou-me que passou a noite inteira a fazer isso, me imaginando. Dizendo assim passava os dedos pelas minhas linhas, na tela, mais uma vez me arrepiando cá, me umedecendo lá.

Chegando perto ainda mais ousado, deslizou o olhar por mim inteira, descendo pela curva dos seios por entre o decote, adivinhando-os em tamanho e formato, desenhando-os demoradamente. Acariciava um depois o outro com o pincel. A partir daí me olhava com o rabo de um só olho, enquanto com a cabeça do polegar esfumava sombras em meus mamilos, que em mim se iam encolhendo, ficando durinhos. E ele a me fitar como se estivesse percebendo o arco-íris por baixo de minha blusa.

Acho que está ficando seca. Vou molhá-la mais. Estava se referindo à tinta. Deu lambidinhas nas linhas do pescoço, descendo até um dos meus peitos em figura, enquanto passava os dedos pelo outro, com ternura.

O corpo dele se avolumava também me querendo, fazendo de seu macacão uma tenda armada, assim como o meu o queria, regando-se. Mas graças à diferença eu estava absolutamente confiante que ele não sabia do que acontecia em mim, pois meu corpo não se denunciava como o dele, assim. Maliciosa, ria do que nele se passava, e ele não podia se rir igualmente de mim por ser masculino, expressionista.

Foram muitas essas sessões entre tardes ensolaradas ou escuras. De todas elas eu saía excitada, sentindo um não sei o quê, que vinha não sei de onde, e doía não sei por quê. Era tudo feito muito vagarosamente, prolongando os momentos. Fatalmente chegou o dia em que ele, já depois de ter me definido o umbigo e me acariciado o ventre com seus instrumentos, revelou minhas coxas e o que está entre elas, meu sexo, feixe das emoções mais fortes dessa vida. Me fez de pêlos louros e ralos, como sou. Me fez de pernas largas e abertas esperando sua visita, como estava. E para se certificar de que seria bem-vindo, acrescentou ao quadro duas gotinhas soltas descendo pela minha virilha esquerda, sugerindo já saber dos líquidos que de mim se geravam, mistérios da alma indiscreta que denuncia o querer feminino, cheio de ambivalências impressionistas.

Querendo comparar criação e criatura, quando o retrato ficou pronto, me pediu agora, finalmente, para tirar a roupa toda. Precisava ver-me. Eu precisava dele.

Nua, me conduziu pelos ombros, colocando-me ao lado da obra, na mesma posição da imagem. Como outras vezes já tinha feito, tomou distância para avaliar o resultado. Enquanto olhava para nós também se desnudava. Seu pincel, seu sexo já se preparavam para o ato final. Foi só quando veio a completar esse seu trabalho, satisfazendo-lhe o último detalhe, imprimindo em meu dentro sua assinatura e no canto inferior direito do quadro, seu orgasmo.

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DragonballZ
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#125 Mensagem por DragonballZ » 19 Abr 2006, 10:46

Para os feriados futuros, uma dica de leitura.

Romance nipônico: MUSASHI vol.1 e vol.2

Autor: EIJI YOSHIKAWA

LI E RECOMENDO!
::ok::

Sinopse:

Este romance épico baseado diretamente na história japonesa narra um período da vida do mais famoso samurai do Japão, que viveu presumivelmente entre 1584 e 1645. O início é antológico, com Musashi recuperando os sentidos em meio a pilhas de cadáveres do lado dos vencidos na famosa batalha de Sekigahara. Perambula a seguir em meio a um Japão em crise onde samurais condenados ao desemprego e à miséria por senhores feudais derrotados semeiam a vilania ditando a lei do mais forte. Musashi será mais um dentre estes inúmeros pequenos tiranos, derrotando impiedosamente quem encontra pela frente até que um monge armado apenas de sua malícia e alguns preceitos filosóficos zen-budistas consegue capturá-lo e pô-lo rudemente à prova. Musashi consegue fugir graças a uma jovem admiradora, para ser novamente capturado, e agora fica três anos confinado numa masmorra onde uma longa penitência toda feita de leituras e reflexões o fará ver um novo sentido para a vida assim como novos usos para sua força e habilidade descomunais. Os caminhos rumo à plenitude do ser jamais são fáceis, e em seus anos de peregrinação em busca da perfeição tanto espiritual quanto guerreira enfrentará os mais diversos adversários, tendo inclusive que sair-se várias vezes de situações desesperadoras. É numa dessas situações que, totalmente acuado, usará pela primeira vez, em meio ao calor da luta e quase inconscientemente de início, a surpreendente técnica das duas espadas, o estilo Niten ichi, que o tornaria famoso pelo resto dos tempos.
Eiji Yoshikawa dividiu sua obra em sete livros: A Terra, A Água, O Fogo, O Vento, O Céu, As Duas Forças e A Harmonia Final. Destes, os cinco primeiros são uma referência ao gorin, os cinco elementos básicos de que se compõe, segundo o Budismo, toda e qualquer matéria, ou ainda os ciclos por que passa o espírito humano para alcançar a perfeição, começando pela terra impura até atingir o estágio mais alto, o céu, ou segundo a concepção budista, a paz do nada, o nirvana.
Yoshikawa compõe portanto ao longo dessa longa obra uma magistral metáfora dos duros estágios por que tem de passar um guerreiro para alcançar a perfeição técnica que lhe permite lutar com uma espada em cada mão. De garoto selvagem e sanguinário, Musashi transforma-se aos poucos em guerreiro equilibrado, um espírito evoluído capaz de entender e amar tanto a esgrima quanto as artes, tornando-se assim o maior e mais sábio dos samurais.

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#126 Mensagem por Maestro Alex » 20 Abr 2006, 16:30

Um pouco de Bocage

SONETO ANAL

"Ora deixe-me, então... faz-se criança?
Olhe que eu grito, pela mãe chamando!"
Pois grite (então lhe digo, amarrotando
Saiote, que em baixá-lo irada cansa):

Na quente luta lhe desgrenho a trança
A anágua lhe levanto, e fumegando,
As estreitadas bimbas separando
Lhe arrimo o caralhão, que não se amansa:

Tanto a ser gíria, não gritava a bela:
Que a cada grito se escorvava a porra,
Fazendo-lhe do cu saltante pela!

— Há de pagar-me as mangações de borra,
Basta de cono, ponha o sesso à vela,
Que nele ir quero visitar Gomorra.

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#127 Mensagem por Maestro Alex » 28 Abr 2006, 10:32

momento cultural:

Você Sabia...

Napoleão Bonaparte durante suas batalhas, sempre usava uma camisa de cor vermelha.
Para ele era importante, porque se fosse ferido, com sua camisa vermelha não se notaria o
sangue,de algum ferimento, e seus soldados não se preocupariam, e também não
deixariam de lutar. Toda uma prova de honra e valor.
Duzentos anos mais tarde, Lula usa sempre calça marrom.

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#128 Mensagem por Maestro Alex » 28 Abr 2006, 17:41

voltando ao tema os artistas clássicos putanheiros...

GUY DE MAUPASSANT (1850-1893)



Um dos maiores contistas de todos os tempos, Guy de Maupassant teve uma infância e uma juventude aparentemente felizes no campo francês, em companhia da mãe, uma mulher culta, depressiva, que fora abandonada por um marido infiel. Na década de 1870, ele dirigiu-se a Paris, onde se notabilizou como contista e travou relações com os grandes escritores realistas e naturalistas da época: Zola, Flaubert e o russo Turgueniev.
Entre 1875 e 1885, produziu a maior parte de seus romances e contos. Escreveu pelo menos 300 histórias curtas, das quais algumas tornaram-se universalmente conhecidas, como Bola de sebo, O colar, Uma aventura parisiense, Mademoiselle Fifi, Miss Harriett, entre outras. De forma muito rápida, conquistou o coração do público francês e o de outros países. Talvez tenha sido, nos últimos anos do século XIX, o escritor mais lido no mundo.

A riqueza e a fama bateram à sua porta, e ele teve uma profusão de casos amorosos. No entanto, a partir de 1884 a sífilis manifestou-se em seu organismo, ocasionando-lhe uma doença nervosa feita de angústias inexplicáveis, de estremecimentos e de alucinações. Algumas dessas sensações estranhas e opressivas foram registradas em contos tão célebres quanto assustadores, como O Horla e É ele. Em 1882, após terríveis sofrimentos, tentou o suicídio. Hospitalizado, veio a morrer no ano seguinte, em estado de semidemência, com apenas 43 anos de idade.

O primeiro aspecto que chama atenção na obra de Maupassant é a sua variedade temática. Poucos escritores conseguem dar esta impressão de registro de totalidade da existência, de criação de um universo fecundo, múltiplo e quase inesgotável. Escreve sobre Paris, então capital do Ocidente, enfocando várias classes: burgueses, operários, prostitutas, boêmios, intelectuais, funcionários. Escreve também sobre a vida rural, fixando a avareza, a selvageria e a capacidade de resistência dos camponeses. Algumas de suas obras-primas referem-se à Guerra Franco-Prussiana, de 1870. No fim da vida, atormentado por pesadelos, cria histórias cheias de personagens paranóicas.

Há contos para todos os gostos: dos cômicos aos dramáticos, dos pitorescos aos trágicos. Alguns mostram a dor da passagem do tempo; outros, a alegria do presente. Há os que celebram o amor ideal e há os que cantam a brevidade do amor erótico. Muitos registram o cotidiano, alguns enveredam pelo caminho da assombração. Como um pintor impressionista, Maupassant pinta as luzes de Paris: as que reverberam no Sena, as que cintilam nos parques e as que brilham à noite nos boulevards. Luzes que envolvem as personagens nos dramas essenciais da condição humana: a paixão, o prazer, a solidão, o tédio, a morte. É o cronista da vida européia do fim dos Oitocentos, mas também um escritor de dimensão universal.

Quanto à estrutura do gênero, Maupassant fundamenta e dá prestígio a um tipo de narrativa breve, hoje chamada de conto tradicional ou conto anedótico. Caracteriza-se por uma reviravolta surpreendente, quase sempre no desfecho da história. Ou seja, o final do relato deve apresentar algo de inesperado e de impactante ao leitor. Para que esse efeito de surpresa se realize, o contista francês confere a seus textos um teor objetivo mediante a máxima economia de detalhes, da linguagem seca e direta e do diálogo coloquial. Além disso, entre suas virtudes principais situa-se a capacidade de, em poucos traços, definir caracteres e revelar a classe social dos protagonistas.

Há quem julgue Maupassant um artista de superfície, por tentar reproduzir apenas a realidade exterior, sem maior aprofundamento psicológico. Alguns de seus contos, de fato, são crônicas de época; outros, meras anedotas. Contudo, como observou um crítico, “o escritor é profundo na aparente superficialidade porque reconhece o vazio da vida de suas personagens, que buscam o prazer, mas que encontram apenas a destruição fatal”.

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#129 Mensagem por Maestro Alex » 03 Mai 2006, 17:35

Mais um escritor clássico que utilizou a obscenidade e a escatologia:

Aristófanes

(Atenas, 450 a. C.? - 385? a. C.)


Comediógrafo grego. É considerado o mais brilhante autor de comédias da literatura grega.

São poucos os dados que temos da sua vida. Da sua obra depreende-se que é homem de grande cultura literária e artística e que menospreza a ignorância e a rudeza. Intervém nas lutas e polémicas de Atenas a favor do partido aristocrático, serve-se do teatro como campo de batalha. Conservador nos seus gostos e na sua atitude política, Aristófanes transporta para o teatro as questões sociais, políticas, artísticas e religiosas da Atenas da sua época, critica com dureza e humor satírico as novidades que considera demagógicas e inoportunas. Dirige a sua enorme capacidade satírica contra os renovadores do pensamento, como Sócrates, e contra todos os inovadores do teatro, como Eurípides, que ataca pelas suas ideias democráticas. No decurso da guerra do Peloponeso, Esparta derrota Atenas. Esta situação favorece o partido aristocrático, que se instala no poder, mas a liberdade de expressão desaparece, o que modifica a atitude de Aristófanes como escritor dado que o impede que trate em cena temas políticos da actualidade. Este facto histórico determina a divisão das suas obras em dois grandes grupos: as escritas antes e depois do referido facto. Goza da estima do público e ganha em diversas ocasiões o concurso anual de teatro, mas nem sempre as suas obras têm êxito. Chegam até aos nossos dias onze comédias inteiras, além de um milhar de fragmentos.

Da primeira época são Acarnenses, na qual manifesta a sua atitude antibélica; Cavaleiros, ataque contra o demagogo Cléon, que o Salsicheiro, demagogo mais hábil do que ele, e os cavaleiros da aristocracia derrotam; Nuvens, sátira das novas filosofia e pedagogia, em que ataca Sócrates e os sofistas; Vespas, sobre a paixão que os Atenienses mostram pelos processos judiciais; Paz, obra antibelicista; As Aves, em que descreve o fantástico reino dos pássaros, que dois atenienses dirigem e que, na forma como agem, conseguem suplantar os deuses; Lisístrata, obra especialmente alegre, em que as mulheres de Atenas, dado que os seus maridos não acabam com a guerra, resolvem que, entretanto, não há qualquer actividade sexual; Mulheres Que Celebram as Tesmofórias, paródia das obras de Eurípides; e Rãs, novo ataque contra Eurípides.

Da sua segunda época são Assembleia das Mulheres (em que Aristófanes satiriza um Estado imaginário administrado pelas mulheres, no qual tudo é de todos e as velhas têm prioridade para reclamar o amor dos jovens) e Pluto, fábula mitológica em que esta divindade da riqueza, que na sua cegueira favorece os malvados, recupera a vista.

A sua linguagem, de extraordinária riqueza, é rica em jogos de palavras, incongruências jocosas e alusões directas. Serve-se sem temor da obscenidade e da escatologia.

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#130 Mensagem por Maestro Alex » 10 Mai 2006, 17:01

Mais um escritor clássico chegado em putas...


O Poeta Exilado

Est tamen humani generis iactura dolori omnibus, et, quae sit terrae mortabilibus orbae forma futura, rogant, quis sit laturus in aras tura, ferisne paret populandas tradere terras. Talia quaerentes (sibi enim fore cetera curae) rex superum trepidadre uetat sobolemque priori dissimulem populo promittit origine mira.

(Da triste humanidade o fim lhes custa: perguntam qual será da terra, a face, qual forma a sua, dos mortais vazia? Quem irá às aras ministrar incenso? Será talvez o mundo entregue às feras? O que foi dos homens será entregue aos brutos?)

Ovídio - Metamorfose, verso 245-250


Ovídio, o grande vate romano, teve, até os cinqüenta anos de idade, tudo o que um poeta pode almejar: fama, fortuna e um grande sucesso entre as mulheres. Foi então que um raio imperial o alcançou. Um decreto com o lacre de Augusto jogou-o, desterrado, para bem longe de Roma. O imperador, sempre cioso em manter uma fachada de respeitabilidade, encontrou entre os pertences da sua ex-mulher, Júlia, vocacionada à libertinagem, a Ars amatoria (A arte de amar) de Ovídio. Tratava-se de um manual de intriga e sedução escrito em versos, provavelmente no princípios do ano I, a quem o novo César atribuiu os desatinos da ex-imperatriz. Além disso, a dissolução dos costumes era combatida oficialmente pelos censores e demais magistrados. Na tentativa de manter elevada a fidelidade aos valores do Estado romano. Do dia para noite, a atrevida vida mundana de Ovídio, que trafegava nas serestas romanas como o desembaraço de um verdadeiro soberano da letras latinas (a maioria dos grande poetas, como Virgílio, Propércio e Horácio, havia morrido), fôra-se para sempre.


Confirma-se o desterro


O poeta, já no caminho do exílio para Tomos, um distante lugarejo na costa do Mar Negro, onde ele veio a falecer nove anos depois, no ano 17, não poupou lágrimas e choramingas mil - registradas no seu Tristia, uma interminável lamuria - na tentativa de demover o senhor de Roma a rever a punição. Nem quando Augusto morreu, no ano 14 , ele pode manter as expectativas de um retorno. O sucessor dele, o sisudo Tibério, também casara com uma doidivanas, cultora de Vênus, a quem os intrigantes diziam ter também aspirado as estrofes envenenadas de erotismo do pobre exilado. Assim, o poder esqueceu-se de Ovídio. Mas, felizmente, não o mundo das letras.


A Idade do Ouro

Talvez fosse o surpreendente desabar do seu belo mundo, da doce vida que ele levava em Roma, que de alguma forma contribuiu para que, num instante de premonição poética, carregasse tanto na ruptura, descrita no seu grande poema Metamorfoses (*), provavelmente terminado no ano em que embarcou para o exílio, entre a Idade do Ouro e na sua oposta, a Idade do Ferro. Antes, tudo ia bem naquele mundo mítico do bem, conta Ovídio. Não havia lei nem propriedades. Logo, insistiu o poeta, ninguém saía a cata de riquezas, nem desconfiava do outro. Nem sequer muros as moradas tinham. A fé e a justiça abundavam e ninguém temia o castigo ou o medo, nem ouviam-se ameaças de alguém. A paz era permanente, não havendo precisão de armas ou de soldados. O clima, sempre o mesmo, permitia que a natureza fosse generosa com todos. Morangos, cerejas, amoras, tudo encontrava-se à vontade. Nos rios corria leite, nas árvores, pendurados, favos de mel, doce e pegajoso. E eis que, num nada, o clima inteiro muda. Então, na emergente Idade do Ferro "todo o horror, todo o mal rebentam nela".

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#131 Mensagem por Maestro Alex » 12 Mai 2006, 10:42

Para animar a pág. 130 da versão 2.0 do Jurássic, um pouco de Bukowski, um dos ícones da literatura devassa...



Homem e mulher na cama às dez da noite – de Charles Bukowski



eu sou a fim de uma lata de sardinhas, ela disse.

eu sou a fim de um band-aid, eu disse.

eu sou a fim de um sanduíche de atum, ela disse.

eu sou a fim de um tomate fatiado, eu disse.

eu sou a fim de que fosse chover, ela disse.

eu sou a fim de que o relógio parasse, eu disse.

eu sou a fim de que a porta estivesse destrancada, ela disse.

eu sou a fim de que um elefante entrasse, eu disse.

eu sou a fim de que nós pagássemos o aluguel, ela disse.

eu sou a fim de que nós arrumássemos um emprego, eu disse.

eu sou a fim de que você arrumasse um emprego, ela disse.

eu não sou a fim de trabalhar, eu disse.

eu sinto que você não liga pra mim, ela disse.

eu sinto que nós devíamos fazer amor, eu disse.

eu sinto que nós temos feito amor demais, ela disse.

eu sou a fim de que fizéssemos mais amor, eu disse.

eu sou a fim de que você arrumasse um emprego, ela disse.

eu sou a fim de que você arrumasse um emprego, eu disse.

eu sou a fim de um drinque, ela disse.

eu sou a fim de um uísque, eu disse.

eu sinto que vamos acabar no vinho, ela disse.

eu sinto que você está certa, eu disse.

eu sou a fim de desistir, ela disse.

eu sou a fim de tomar um banho, eu disse.

eu sou a fim demais de que você tomasse um banho, ela disse.

eu sou a fim de que você lavasse as minhas costas, eu disse.

eu sinto que você não me ama, ela disse.

eu sinto que te amo, eu disse.

eu sinto aquela coisa em mim agora, ela disse.

eu sinto aquela coisa em você também, eu disse.

eu sinto que te amo agora, ela disse.

eu sinto que te amo mais do que você a mim, eu disse.

eu me sinto incrível, ela disse, eu sou a fim de gritar.

eu sou a fim de que continuasse para sempre, eu disse.

eu sou a fim de que você possa, ela disse.

eu sou a fim, eu disse.

eu sou a fim, ela disse.

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#132 Mensagem por Maestro Alex » 16 Mai 2006, 16:45

Milo Manara... vale a pena...

Clic

Publicada na Itália em 1983 e, no Brasil, pela primeira vez três anos depois, "Clic", a obra mais conhecida e aplaudida de Milo Manara, é publicada em cores pela primeira vez por aqui. O livro é um clássico do erotismo em quadrinhos e o segundo volume de uma nova coleção da Conrad Editora chamada Eros, cuja estréia foi o ótimo "Garotas de Tóquio", do francês Frédéric Boilet.

"Clic" (Conrad Editora, 56 páginas, R$ 23,00) conta a história de Claudia Christiani, uma jovem casada e recatada que, sexualmente reprimida, reage com repulsa ao assédio de um amigo de seu marido, o Dr. Fez. Ao descobrir a existência de um aparelho capaz de despertar a lascívia ao simples clicar de um botão, o doutor sequestra seu objeto de desejo e a usa como escrava sexual. Claudia passa a se masturbar em público e a fazer sexo com estranhos ao clique da máquina.

A Conrad Editora promete publicar toda a série Clic, composta de quatro volumes. Tomara que mantenham o ótimo preço deste número, pois, tirando os gibis de super-heróis, é difícil encontrar uma HQ de qualidade, colorida e bem impressa nas bancas e livrarias do Brasil custando tão pouco. O primeiro "Clic" é um fenônemo comercial: vendeu mais de um milhão e meio de exemplares em todo o mundo, virou filme francês em 1985, americano em 1997 e série de tv nos EUA.

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karlmarx
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#133 Mensagem por karlmarx » 31 Mai 2006, 11:24

Dica de leitura leve, unindo duas obsessões deste irascível comuna (sexo e comida):

INSATIABLE: Tales From a Life of Delicious Excess
By Gael Greene

"With her passion for fine food, her nose for hypocrisy and social humbug, and, above all, her appetite for love and life, Greene traces her rise from a Velveeta cocoon in the Midwest to journalist wannabe, to powerful critic of New York magazine. What timing - to be un grand fromage in the world of food, just when eating well was becoming a national obsession. Love and food, foreplay and fork play, haute cuisine and social history-all become inextricably linked as the author embarks on what seemed, at times to her, a frivolous quest to satisfy insatiable hunger."


http://www.livrariacultura.com.br/scrip ... 8CC10&uid=

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Zooboo
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#134 Mensagem por Zooboo » 05 Jun 2006, 11:11

182 páginas ???? P U T A QUE O P A R I U !!

BOM, não vou começar lendo do príncípio, mas aí vai minha colaboração ao tema:
maestroalex escreveu:
kd o cadeado?


ENQUANTO o cadeado não vêm, eu gostaria de demonstrar cordialidade aos BOPPS e indicar o site abaixo

http://cseabra.utopia.com.br/poesia/

Assim, não apenas podem mandar simples beijos para as suas queridinhas, mas tembém lhes escrever verdadeiras odes literárias, e enveredar pelo bopismo romântico erótico.

A título de exemplo, vejam o poema abaixo, como é inspirador:

Posse intemporal
Fazer amor contigo
não é espelhar teu corpo nu
no vítreo do meu espaço
não é sentir-me possuída
ou possuir-te

É ir buscar-te
ao abismo de milénios de existência
e trazer-te livre.

OU ENTÃO esse outro:

Orgasmo
beijo seus pêlos
até um pentelho descansar entredentes
chupo seu clitóris
com sabor de licor de chocolate
enfio meu gozo dentro de seu poço
e relaxo
língua com língua

Este é um poema especial para o Sr. Clinton,

O affair Clinton – moral da história
Se um dia, menina, fores achada
chupando o duro membro masculino
e se alguém exclamar – grande mamada!
não cores nem lamentes teu destino.

Cita antes a doutrina dimanada
do Congresso americano, como um hino -
não há o sexo oral, o broche é nada,
um contacto, talvez, mas pequenino...

E deixa-os lá dizer – olha a brochista!
ou olhar-te de soslaio com ar trocista
ou fingir que não te vêem, por maldade

porque a lusa moral é uma pindérica
comparada com a verdade da América
onde tudo é questão de oralidade.





Espero ter colaborado
Zooboo

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Literatura – HQ´s - História – Filosofia –

#135 Mensagem por Maestro Alex » 07 Jun 2006, 08:50

A disposição... em breve muita coisa do Jurássic 2.0 aqui...

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