Por exemplo, estive recentemente em São Paulo, cidade que muito me agrada. E aproveitei para montar uma exposição com obras em diversas partes da cidade, que teve desafiada a sua condição de megalópole em função de ter, pelo menos para um microcosmo, se transformado em gigantesca vernissage particular.
Começei a exposição com "Enchendo a Cara No Sarajevo", onde o nilhismo pós-modernista dos frequentadores daquele ponto da Augusta é contraposto a minha patética e contraditória figura de terno vomitando de forma descontrolada apoiado na parede. Dessa forma procuro instigar no observador questionamentos sobre a própria viabilidade do ser humano urbano do século XXI e sobre a existência ou não de futuro para nós.
A próxima obra, chamada "Levando Uma Puta Barata e Completamente Bêbada A Um Hotel Pulguento No Qual Ela Apagou" foi uma montagem antropológica que teve como objetivo analisar empiricamente as diferentes facetas da decadência e dar uma sensação de bem-estar ao observador, proporcionando um índex de completa e absoluta falta de esperança contra o qual é possível comparar os próprios problemas e ver que não são tão ruins assim.
"Meu Pau na Boca Da Puta Desmaiada", talvez uma das minhas obras mais controversas, explorou as consequências biológicas, sociais, físicas e emocionais de um boquete unilateral, essa expressão de profundo afeto que é frequentemente incompreendida e reprimida.
A obra que seguiu, "Esporreada Na Testa", leva a um novo patamar a questão anterior, desafiando o significado para uma mulher de "possuir" sua própria pele. Simbolicamente, ao embranquecer a testa dela com o resultado da minha paixão, eu estou explorando questões complexas de raça e cor da pele, além de desafiar minha audiência a questionar seus próprios preconceitos, prejulgamentos e visões estreitas do mundo.
"Punhetando no Metrô Ao Retornar Para O Hotel", obra seminal, intencionava empurrar as fronteiras da expressão física e inspirar reflexões naquelas três estudantes japonesas que estavam perto de mim, cuja expectativa de usar um meio de transporte público as 7 horas da manhã sem ter a oportunidade de observar um outro ser humano se masturbando foi desafiada, de forma a cultivar reflexões sobre o inesperado do dia-a-dia, e porque não, sobre o próprio conceito do que é "normal".
Após isso, trabalhei em uma obra conceitual, "Correndo sem Calças Pela Estação", uma fantástica exploração do nexus onde a tirania do policiamento é referenciada contra o vibrante pulso da individualidade e expressão livre.
Foi uma boa exposição e uma boa noite. Se alguém tiver interesse em adquirir alguma dessas obras, por favor me contate via MP. Gosto muito de São Paulo mas estou precisando de dinheiro para a fiança, quero voltar a Porto Alegre logo. Artista é sempre incompreendido pelo establishment.