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Só reparei hoje, por acaso, que esta data existe. Fiquei surpreendido com o testemunho desassombrado, simples e sem treta de uma veteraníssima trabalhadora na capital do Amazonas. Puta velha, de baixa condição e aparentemente honesta, representando certamente a maioria das trabalhadoras do sexo, que de "luxo" só conhecem a palavra.
Procurei aqui um tópico sobre o Dia da Puta e exumei este, onde deixo a singular entrevista para assinalar esse dia com "papo reto"

Iza: Profissão Prostituta
Excertos:
IZA: Eu nasci no Rio Branco, no Acre. Lá eu casei com 14 anos e desde então eu vim pra cá pra Manaus. Eu me separei com 19, e não tinha renda, então vim pra cá. Eu tenho 59 anos.
BLOGUINHO (nome do site): São 40 anos de profissão-prostituta então?
IZA: Sim. São 40 anos. E criei meus filhos com o dinheiro daqui, que o pai nunca ajudou. Eu tenho seis filhos. Eu nunca gostei de depender de ninguém. Então eu ficava alegre de poder cuidar dos meus filhos e fico até hoje. Todos são pais de família, trabalhadores. Elas casaram e eles também. Só eu que sou separada.
(...)
BLOGUINHO: E a sua família?
IZA: Meus pais sabiam (hoje eles já são falecidos), meus filhos sabem. Até porque se acontecer de alguém dizer: “Ah, mas a minha mãe não andava lá.” Não. Assim todos sabem. Às vezes eles vem aqui comigo, na labuta. Eu não tenho preconceito, se tiver um gay na minha família, não tem problema, eu aceito. Eu só não quero um traficante, um ladrão. Meu filho trabalha ali na barreira com artesanato, faz pulseiras, bijuterias, umas arvorezinhas, vai dando conta. E eu, até hoje eu faço programa, e é um dinheiro honesto. É simples. Eu faço meus programas, passo no supermercado, compro minhas coisas, alguma coisa pros meus filhos, uma fralda, um leite, e vou embora lá pra onde eu moro.
(...)
BLOGUINHO: É a sua única fonte de renda?
IZA: Num pé e n’outro, eu trabalho viajando. Eu trabalho num barco que vai até Tabatinga. Eu faço comida, sou cozinheira. Também sou arrumadeira. Agora eu não viajei por causa da minha carteira que tá vencida. Também vou pra Presidente Figueiredo tomar conta de um restaurante, passo às vezes até de ano pra lá. Quando eu tô em Manaus, venho pra cá sem falta.
(...)
BLOGUINHO: Dizem também por aí que toda mulher tem uma puta dentro de si. É verdade isso?
IZA: É verdade. É assim, o homem conversa com a mulher, ela diz que faz isso e isso, mas não faz aquilo. A outra diz que faz aquilo, mas não faz isso e isso. No nosso caso, nós fazemos isso e aquilo.
(...)
BLOGUINHO: Na sua profissão, e eu tô vendo que a senhora tem várias profissões, como está o país?
IZA: Olha, meu amor, não tá maravilhoso, mas tá razoável. Tá bem melhor do que em tempos atrás. Você pode ver que na idade que eu tô eu ainda consigo vários programas. Ainda agora mesmo, eu tinha ido fazer um, daí disseram: “Iza, a Ana quer falar contigo. Tem um pessoal que quer te entrevistar. Aí eu troquei de roupa. Aqui, o pessoal diz que é a penteadeira ambulante. Claro, eu trago tudo: escova de dente, perfume, sabonete, e o preservativo, que não pode faltar.
BLOGUINHO: Quanto à principal luta hoje das prostitutas, a profissionalização, pra senhora era bom pra aposentadoria até…
IZA: É muito importante. Foi com essa profissão que eu criei seis filhos sem ajuda do pai. Eu também queria que legalizasse essa nossa associação como Utilidade Pública. Nós precisamos disso, facilitava pra Ana conseguir mais direitos pra nós.
Vale a pena mostrar também outra curiosidade...
As comemorações do Dia Internacional da Prostituta em João Pessoa (Paraíba) incluem a Corrida da Calcinha (isso mesmo, competição de putas correndo 1.500 metros)
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Sendo que "Os três primeiros colocados receberão premiações: o 1º lugar receberá um bode, o 2º lugar três galinhas e o terceiro lugar duas cordas de caranguejo"


