Lula extraditará o Cesare Battisti? façam suas apostas....

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oGuto
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#76 Mensagem por oGuto » 04 Dez 2009, 14:34

O professor Celso Bandeira de Mello, sem dúvida, é uma referência.
Mas o Direito vai além disso.
Se assim não fosse, bastaria um parecer seu e tudo estaria resolvido.
E onde ficariam, então, algumas contradições como a que segue?
Celso Antônio Bandeira de Mello:
No direito brasileiro, nenhuma pena pode ultrapassar 30 anos. Já a Itália tem a prisão perpétua, que é a privação de liberdade mais radical. Se em casos menos radicais do que esse, a nossa norma jurídica é em favor da liberdade, como fazer no caso da prisão perpétua?
Wálter Fanganiello Maierovitch:
Na Itália, como no Brasil, o tempo de cumprimento da pena não pode ultrapassar 30 anos ( o “ergastolo” que é a pena perpétua, não existe mais). Muitos dos ex-brigadistas lecionam em universidades e, um deles, foi assessor do ex-premier Romano Prodi. Aliás, foi Prodi quem solicitou, na condição de chefe de governo de centro-esquerda, a extradição de Battisti, junto ao nosso Supremo Tribunal Federal.
O excesso é se ater a tecnicidades e sutilezas em um caso que não tem nada de sutil, o que fica comprovado ao se ver o professor, lamentavelmente, descambar para um certo nacionalismo tacanho.
Celso Antônio Bandeira de Mello:
Cabe agora ao presidente da República decidir. Se eu estivesse na pele dele, depois de tanta pressão e insultos por parte de autoridades italianas, eu não cederia. Ninguém disse aqui, por exemplo, que o parlamento italiano é mais conhecido pela Cicciolina. Ninguém disse também que o sr. Berlusconi é mais conhecido por seu apreço por jovenzinhas do que por sua intuição política. Nenhum parlamentar ou autoridade brasileira disse isso. Se dissesse, estaria tomado por uma fúria total. Seria uma grande grosseria. O que dizer, então, de um prisioneiro que é objeto de tamanha sanha?
E, deixando de sutilezas, nada como a simplicidade para se expor com clareza o que, com demasiada eloquência, se tenta ocultar.
Wálter Fanganiello Maierovitch:
Não bastasse, o ministro Marco Aurélio admitiu a legitimidade de assassinato por motivação política, num estado democrático de Direito. Ou seja, se alguém matar o presidente Lula por não concordar com a sua ideologia e posições políticas, poderá, em outro país, apresentar o entendimento do ministro Marco Aurélio, para evitar a extradição.

Segundo o direito internacional e as convenções, como até as cadeiras do STF sabem, delitos de sangue, em democracias, não são considerados crimes políticos.
Briga de cachorro grande.
Infelizmente, com perceptíveis transbordamentos de egos.
O que agora de nada adianta, uma vez que resolvida a questão pelo Supremo.
Ocasião oportuna para conhecermos melhor o nosso "estadista" Lula.


Saudações.

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Tiozinho50
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#77 Mensagem por Tiozinho50 » 04 Dez 2009, 15:22

13 perguntas da Fred Vargas ao relator Cezar Peluso (*)


Por Celso Lungaretti em 23/09/2009


O ministro Cezar Peluso tem o direito de votar segundo suas convicções, que respeitamos. No entanto, enquanto relator do processo Cesare Battisti e eminente juiz do Supremo Tribunal Federal, tem o dever de apresentar aos seus eminentes colegas uma visão objetiva dos elementos do processo que lhe foi confiado, para que esses possam pronunciar seu julgamento com todo conhecimento de causa.

Mas, há no discurso do ministro Cezar Peluso inúmeras imprecisões ou importantes equívocos. Por conseguinte, perante a gravidade extrema dessa situação, que compromete a vida de um homem, pedimos respeitosamente ao ministro Cezar Peluso, sob a forma de treze perguntas, que esclareça esses elementos essenciais. O ministro afirmou que a concessão do refúgio tinha sido absurda e que nada impedia a extradição. Abaixo colocamos algumas questões que contrariam essa conclusão e que não foram sequer mencionadas.


1. As procurações que teriam sido assinadas por Cesare Battisti aos advogados são falsas, como demonstrado em perícia que está nos autos. Por que esse elemento não foi mencionado?

O ministro Cezar Peluso afirmou que estava preenchida uma das condições que autoriza a extradição de Cesare Battisti, nomeadamente que Battisti teve direito a toda “garantia de um julgamento imparcial, justo e independente” (f. 28, f. 62 ). Afirmou aos seus colegas que Cesare Battisti foi representado em seu processo em ausência graças a “três procurações” escritas enviadas aos seus advogados, entre 1982 e 1990. O ministro acrescenta que “a autenticidade e a validade destas procurações foram confirmadas pelo Tribunal europeu, o Tribunal de Paris e o Conselho de Estado francês (f. 78 ). Além disso, diz o ministro Cezar Peluso, afirmar que a Itália não deu todas as garantias legais seria “um exercício de pura especulação ou a manifestação de uma muito radical subjetividade” (f. 42-43 ).


O ministro Cezar Peluso, no entanto, não mencionou que essas três procurações são, sem a menor dúvida, falsificações grosseiras. A falsidade foi confirmada por perícia realizada na França, que está nos autos da extradição.

A Itália sequer trouxe as procurações aos autos brasileiros. A defesa pediu a requisição desses documentos, para que fosse efetuada uma nova perícia, apenas para documentar, no processo brasileiro, a falsidade das procurações. O pedido foi negado e o ministro explicou que se recusou a examinar a questão porque, segundo ele, o STF não tem o “poder” de efetuar esse tipo de verificação (f. 77-78 ).
(...)

A falsidade destas procurações demonstra três elementos fundamentais que impedem qualquer extradição: 1) Battisti não teve direito à defesa normal exigida pela comunidade internacional 2) o forjamento destas procurações, desde a abertura do processo (1982) até o seu final (1990), prova que Cesare Battisti foi previamente escolhido por seus antigos companheiros, todos convertidos em “arrependidos” e “dissociados”, para assumir em seu lugar o papel do culpado, o que por si só assinala amplamente a sua inocência 3) Com Battisti sendo falsamente representado, seu processo todo aparece como fundamentalmente viciado.

Mas por que o ministro não diz que, pelo contrário, o advogado, Dr. Gabriele Fuga, foi de fato encarcerado? Que, mais tarde, ameaçado pela justiça italiana, foi obrigado esconder-se na França, onde veio a falecer?


2. Será a tortura um recurso normal de um Estado de Direito?

O ministro Cezar Peluso afirmou que a Itália e sua justiça seguiram escrupulosamente as regras da democracia e de um Estado de Direito durante os “anos de chumbo” (vide ff. op. citados).

Por que não mencionar as abundantes provas das numerosas torturas cometidas contra os acusados da extrema-esquerda italiana? Assim, entre outras, o suplício medieval da água ingerida à força por meio de um tubo enfiado no esôfago, ou as queimaduras elétricas nas partes genitais. A defesa apresentou diversas provas dessas torturas (testemunhos, relatórios anuais da Anistia Internacional, da comissão parlamentar italiana, fotografias), incluindo torturas cometidas durante o primeiro processo coletivo dos PAC (13 denúncias), por exemplo, a pessoa de Sisinio Bitti, inocente.

Será possível considerar que as torturas são um recurso de “reação” normal e admissível de um Estado de Direito?


3. O ministro Cezar Peluso pleiteou a culpabilidade de Cesare Battisti. Aceitaria o ministro, mediante apresentação de provas, expor os elementos de sua convicção aos seus colegas?

O ministro Cezar Peluso descreveu abundantemente os assassinatos atribuídos a Cesare Battisti pelo tribunal italiano dos anos de chumbo.

Mas o ministro não diz aos seus colegas que inexiste no processo uma única prova ou um único testemunho dessa alardeada culpabilidade. Os autos do processo italiano contentam-se em mencionar “investigações”, sem jamais fornecer um único detalhe sobre o seu conteúdo. O que, por sua vez, diz o ministro Peluso (f. 107: “As sucessivas investigações permitiram estabelecer que o autor material do homicídio de Antonio Santoro […] se identificava ao hodierno extraditando Cesare Battisti”. Ou: f. 108: “As investigações estabeleceram que […] eram Cesare Battisti e Diego Giacomin”).
Será possível que as afirmações sem provas do processo italiano sejam suficientes para condenar um homem à pena de prisão perpetua?


Os elementos da acusação são (02 90):

- os resultados dos inquéritos de polícia, nos quais o nome de Battisti não aparece uma única vez;

- as declarações dos antigos membros do grupo, “arrependidos” e “dissociados”, os “colaboradores da justiça” Mutti, Cavallina, Masala, Fatone, Barbetta, Tirelli, Berzacola, todos acusados que se beneficiaram das vantagens da delação premiada e das reduções de pena prometidas em troca de suas declarações (por exemplo, uma pena de 8 anos de prisão para o fundador e chefe Pietro Mutti, 15 anos para o co-fundador e chefe ideólogo Arrigo Cavallina, 8 anos para Sante Fatone, membro do comando que, com Giuseppe Memeo, Sebastiano Masala e Gabriele Grimaldi, matou Pierluigi Torregiani. Nenhuma pena perpétua para nenhum deles, exceto para Cesare Battisti, ausente;

- os resultados dos exames de balística (que não incriminam Battisti);
- os testemunhos, sem nada específico contra Cesare Battisti. Em diversos testemunhos, o nome da testemunha sequer é citado nos autos.

O ministro Cezar Peluso afirma veementemente a culpabilidade de Battisti, mas não expôs a fragilidade das supostas provas encontradas nos autos do processo italiano, nem as dezenas de referências à condenação política, por subversão. Como é possível enviar um homem para a prisão perpétua sem nem mesmo enfrentar essas questões ?

E como é possível afirmar com tanta certeza que não há risco de perseguição política?

O ministro Cezar Peluso acata muito fielmente a acusação italiana, afirmando que houve inúmeros testemunhos contra Cesare Battisti. Em verdade, não houve um único testemunho que permitisse identificar Battisti. Nem uma única testemunha que tenha identificado Battisti. Alguns exemplos destes testemunhos:

O homem era […] magro, […] cabelo moreno […], o rosto regular, a pele clara (homicídio Santoro, testemunho Pagano). Ou: o homem era […] de estatura bastante robusta, barba morena, espessa e abundante (homicídio Santoro, testemunho Zampieri) (12 88, anexo 14, p. 121-122). Ou, para o homicídio Andrea Campagna: o atirador era um homem de cerca vinte e cinco anos, louro […] (testemunhos Bruni e Manfredi, 12 88, anexo 14, f. 143-144). Assim é a totalidade dos testemunhos citados no processo italiano. Notamos que o atirador, tanto no homicídio Campagna como no Sabbadin, é frequentemente descrito como tendo cabelo “louro” ou “castanho-claro”. Cesare Battisti tem cabelo preto. Por que o ministro não explicou aos seus colegas que os “testemunhos” são incoerentes e, além disso, não correspondem a Cesare Battisti? Muitas vezes, para contornar o fato de que as características físicas apontadas pelas testemunhas não coincidiam com as características de Battisti, a condenação italiana apenas assume a presunção de que Battisti estaria disfarçado. Por que isso não foi mencionado, embora seja inaceitável em um processo supostamente justo?

4. Por que o ministro Cezar Peluso diz que Cesare Battisti atirou em Sabbadin?


O ministro Cezar Peluso afirmou que Battisti estava presente na loja de Lino Sabbadin, que atirou nesse homem (f. 53: “Battisti desfechou-lhe diversos tiros à queima-roupa”), e foi condenado como seu assassino (”seja enquanto executor material do homicídio Sabbadin”, f. 109). Em outro trecho (f. 108), diz que foi Giacomini quem atirou em Sabbadin.

Ora, tal acusação não está sequer na decisão italiana. Os autos do processo italiano atestam que foi Giacomini quem atirou no açougueiro, de acordo com a própria confissão do atirador.

Quem desferiu o tiro de pistola [i e., Giacomini] foi descrito como um homem de estatura média […]. O seu cúmplice [Battisti], de estatura ainda mais baixa e cabelo castanho-claro (13 12 88, anexo 14, f. 143-144).

O chefe arrependido Pietro Mutti acusou Battisti deste tiro em sua primeira versão do assassinato. Posteriormente, Giacomini confessou ter atirado em Sabbadin e Pietro Mutti então alterou seu depoimento.

Cesare Battisti foi consequentemente condenado como cúmplice, e não como atirador. Por que o ministro cometeu este erro, dizendo aos seus colegas que Battisti atirou em Sabbadin? E por que não dar nenhuma importância às contradições do delator premiado, que ia adaptando sua versão segundo a necessidade?


5. No que respeita o homicídio Antonio Santoro, por que o ministro não diz que a polícia acusou Pietro Mutti?
Cezar Peluso não emite dúvida sobre a culpa de Battisti, no que respeita ao homicídio Santoro. Mas por que o ministro não explicita que dois inquéritos de polícia, da Digos de Milão e dos Carabinieri de Udine, acusaram o chefe Pietro Mutti deste assassinato, com a cumplicidade de Giacomini e Migliorati? Antes que este mesmo Pietro Mutti, uma vez preso, acusasse Cesare Battisti em seu lugar?

6. Por que o ministro acusou Battisti de ter tirado em Antonio Santoro por “vingança pessoal”?


Por que o ministro não informou aos seus colegas que o próprio Pietro Mutti declarou: “Foi Cavallina quem primeiro mencionou o nome de Santoro. Devo dizer que foi Cavallina quem insistiu para que o sargento fosse morto.“? (16 02 90, f. 122).

A condenação italiana não fala em vingança pessoal. Ao contrário, reconheceu a motivação política dos quatro assassinatos e condenou as reivindicações políticas como propaganda subversiva.

7. No que respeita ao homicídio Torregiani,
por que o ministro Cezar Peluso defendeu a ideia espantosa de que Cesare Battisti, simples membro do grupo, planejou os dois homicídios Torregiani e Sabbadin?


Se no processo italiano está registrado que as reuniões da organização tiveram lugar no domicílio mesmo de Pietro Mutti, chefe do grupo, e de Bergamini, o duríssimo ideólogo do grupo, favorável, com Cavallina, à violência? Será possível acreditar que o fundador e chefe do grupo, Pietro Mutti (que foi um dos últimos a depor as armas e criou outro grupo armado, os COLP, após o fim dos PAC), nunca tenha participado nem planejado nenhum dos homicídios de seu próprio grupo?


8. No que respeita ao homicídio de Andrea Campagna,
por que o ministro Cezar Peluso não informou seus colegas de que a arma que matou Andrea Campagna pertencia a Giuseppe Memeo, arma que este já havia utilizado para matar Torregiani? E que este fato foi confirmado por um exame de balística?
(13 12 88, f. 154)


Por que o ministro Cezar Peluso não diz também aos seus colegas que Giuseppe Memeo deu a entender à testemunha Pasino Gatti que ele mesmo havia atirado em Campagna? ([Gatti] indica que foi Memeo quem lhe disse isso e que das suas palavras pôde apreender que ele mesmo havia atirado. Disse-lhe também nesta ocasião que a arma era a mesma que aquela usada contra Torregiani; 90, Tribunal de Milão).

9. Por que o ministro não diz aos seus colegas que as vítimas Torregiani e Sabbadin eram homens politizados de extrema direita e que haviam eles próprios matado outros homens?

É certo que Pierluigi Torregiani e Lino Sabbadin eram comerciantes, e é certo que nada, nunca, justificará seu assassinato. Mas por que o ministro Cezar Peluso não explica também aos seus colegas que Pierluigi Torregiani era um homem de extrema direita, constantemente armado, e que Lino Sabbadin, igualmente armado, pertenceu ao partido fascista neo-mussoliniano, o MSI?

Na sua primeira apresentação do homicídio Torregiani (f. 53), o ministro Cezar Peluso não fala sobre a violência mortífera de Torregiani, que anteriormente tinha causado a morte de dois homens. Tal fato, porém, permite compreender a natureza política dos assassinatos cometidos por Torregiani e Sabbadin, além da natureza política de seus próprios assassinatos como “represália contra os agentes da contra-revolução”.

Ao mencionar esses assassinatos, o ministro Cezar Peluso diz apenas que Torregiani e Sabbadin “reagiram a um assalto com armas de fogo” (f. 108, f. 114), absolvendo Torregiani do crime: “um dos delinquentes morreu por causa dos tiros, não de Torregiani, mas de um outro comensal que se encontrava no local” (f. 108). Em verdade, em 22 de Janeiro de 1979, Torregiani, jantando com um de seus amigos igualmente armado (o “outro comensal que se encontrava no local“) atirou em dois delinquentes que atacavam o restaurante “Il Transatlantico”. Orazio Daidone morreu, bem como um cliente, Vincenzo Consoli, enquanto outro ficava aleijado (vide inquéritos nos jornais italianos de janeiro e fevereiro de 1979, Corriere della Sera 5/3/04).

É verdade igualmente que Torregiani reivindicou o seu ato afixando a fotografia do ladrão morto na vitrina da sua loja. Este gesto provocativo causou comoção, a ponto de ser comentado no jornal La Repubblica.

É verdade que os relatórios desse drama são geralmente muito imprecisos, e afirmam que duas pessoas “morreram em um tiroteio”. Mas o próprio filho de Torregiani não nega que seu pai abriu fogo (vide seu livro: Ero in guerra ma non lo sapevo, 2006).

Os tiros de Torregiani e Sabbadin contra ladrões (recrudescimento de violência típico desse período) são característicos das ações dos militantes de extrema direita no contexto político da época, incentivados pelo novo partido de extrema direita, “Maioria silenciosa”. Tais atos de chacina provocaram represálias igualmente mortíferas por parte de alguns militantes de extrema esquerda. Os homicídios dos dois homens, Torregiani e Sabbadin, foram reivindicados no mesmo dia pelos PAC, com uma formulação inequívoca quanto ao seu caráter político: Siamo i Proletari Armati per il Communismo. Abiamo colpito […] gli agenti di controrivoluzione Luigi Pietro Torregiani e Lino Sabbadin (reivindicação, Veneza, 16 02 79) (”Somos Proletarios Armados para o Comunismo […]. Golpeamos os agentes da contrarrevolução Luigi Pietro Torregiani e Lino Sabbadin“). Por que o Ministro não mencionou a motivação política, que foi até condenada na decisão italiana?


10. O ministro Cezar Peluso assegura que os quatro homicídios dos PAC apresentam uma “absoluta carência de motivação política

(f. 111), pois, segundo ele, o ladrão morto por Sabbadin era um “amigo” de Battisti (f. 53), e a morte de Torregiani, “uma vingança pessoal”. Cezar Peluso não diz aos seus colegas que a polícia e a própria decisão italiana não estabeleceram nenhum elo entre os membros dos PAC e os delinquentes mortos por Torregiani e Sabbadin. Mas, uma vez que o ministro assim o afirma, poderia apresentar uma prova aos seus colegas?

O próprio filho de Torregiani, Alberto Torregiani, insurge-se quando o homicídio do pai é qualificado de crime de “direito comum”. Afirma que foi efetivamente um “crime político” (ver entrevista na imprensa italiana, 2008). Prova disso é que o governo italiano, após vinte e cinco anos de insistente luta por parte de Alberto Torregiani, aceitou conceder-lhe uma pensão a título de “vítima da subversão contra a ordem do Estado”.

11. Battisti foi condenado tão-somente em razão das acusações do chefe do grupo, Pietro Mutti,
e das declarações de seus antigos companheiros presentes, todos acusados. Esses “colaboradores de justiça” foram todos condenados, mas com penas reduzidas, ou muito reduzidas
.



Por que o ministro Cezar Peluso não especifica que Pietro Mutti, graças às suas declarações, escapou à pena perpétua e cumpriu apenas oito anos de prisão?

Por que Cezar Peluso opta por dar pleno crédito às palavras de Pietro Mutti e dos outros membros dos PAC, e nenhum crédito às de Cesare Battisti?

O ministro poderia explicar de que modo estabelece a diferença entre eles? [Uma grande diferença é que o primeiro era um chefe e o segundo um simples membro, e que os inquéritos de polícia acusaram Pietro Mutti e jamais Cesare Battisti.]

Por que o ministro Cezar Peluso não cita o próprio Tribunal italiano,
que registra em 1993, a propósito das mentiras de Pietro Mutti: “Este arrependido [Mutti] é afeito a jogos de prestidigitação entre os seus diferentes cúmplices, como quando implica Battisti no assalto de Viale Fulvio Testi para salvar Falcone, ou Battisti e Sebastiano Masala em lugar de Bitti e Marco Masala no assalto à loja de armas “Tuttosport”, ou ainda Lavazza ou Bergamin em lugar de Marco Masala em dois assaltos em Verona.“? (Corte de Milão, 31/03/1993)



Por que não mencionar as acusações de Mutti que depois foram reconhecidas como falsas?

Spina, por exemplo, foi reconhecida inocente em 1993, depois de haver sido acusada por Pietro Mutti do homicídio Santoro

Do mesmo modo, Pietro Mutti acusou Battisti do homicídio Sabbadin, antes que o verdadeiro atirador, Giacomini, confessasse ele próprio seu crime. As declarações desse homem foram a base da condenação de Battisti.

12. O ministro Cezar Peluso insiste no fato de que Cesare Battisti foi preso, junto com outros clandestinos, num apartamento onde existia um esconderijo de armas?

É verdade. Mas por que o ministro não diz que a avaliação balística provou que todas aquelas armas eram virgens? As armas apreendidas com Battisti não foram usadas em nenhum dos homicídios. Por que não achar estranho o fato de que essa prova pericial não recebeu nenhuma importância?


13. Por que o ministro Cezar Peluso nega qualquer tipo de “perseguição” contra Cesare Battisti?


Por que, sobretudo, o ministro não informa seus colegas do conhecido fato ocorrido na França em Agosto de 2004, divulgado pela mídia, quando o grupo italiano de extrema direita, DSSA, agindo por ordem dos serviços secretos italianos, programou o rapto de Cesare Battisti em Paris antes do final dos trâmites judiciais franceses? A operação tinha como nome de código: “Operação Porco Vermelho”, e as provas estão à disposição dos ministros.
Será possível julgar que tais atos permitam uma vida normal num país? E que atestam um comportamento normal por parte do país requerente?
***

Sem nem enfrentar essas questões, seria de fato impossível enviar um homem para a prisão perpetua.

________________________________________
* íntegra do artigo “Equívocos e imprecisões que podem levar um homem à prisão perpétua”, da escritora, historiadora e arqueóloga francesa Fred Vargas, que foi encaminhado formalmente aos membros do Supremo Tribunal Federal pelo senador Eduardo Suplicy
http://www.consciencia.net/?p=817

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Tricampeão
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#78 Mensagem por Tricampeão » 04 Dez 2009, 15:28

Vamos examinar a posição de outro renomado jurista, Dalmo Dallari:
http://jbonline.terra.com.br/pextra/200 ... 125326.asp
Evidentemente, devem ser levados em conta, na decisão do pedido, os compromissos assumidos pelo Brasil, tanto por meio de adesão a documentos internacionais como pela assinatura de tratados, mas o atendimento de tais compromissos não tem prioridade sobre a obrigação jurídica de respeitar e aplicar a Constituição brasileira. Agradar ou desagradar ao governo solicitante da extradição é um dado secundário no exame das disposições constitucionais, não devendo ter qualquer peso na decisão de conceder ou não a extradição.
[...]
Assim, pois, já tendo o reconhecimento da inexistência de ilegalidades, por força da decisão do Supremo Tribunal Federal, cabe ao presidente da República fazer a avaliação do conjunto de circunstâncias que cercam o pedido de extradição, levando em conta, sobretudo, as disposições da Constituição brasileira.

No caso em questão, em que o governo italiano pede a extradição de Cesare Batistti, existe um ponto essencial: os crimes de que Battisti foi acusado já foram qualificados anteriormente, pelo governo italiano, como crimes políticos. Com efeito, numa das ações do grupo a que pertencia Battisti foi morto um homem, Torregianni, e seu filho, que se achava no local, foi gravemente ferido, sendo obrigado, desde então, a locomover-se em cadeira de rodas. Um dado fundamental é que, desde então, o governo italiano vem pagando pensão mensal ao jovem Torregianni, por reconhecer que ele foi vítima de crime político. A legislação italiana prevê esse pensionamento somente para vítimas de crime político, excluídas as vítimas de crime comum.

E nos termos expressos do artigo 5º, inciso 52, da Constituição, “não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião”. Como fica evidente, o Presidente da República deverá decidir se concede ou não a extradição de Cesare Battisti, mas sua decisão não poderá ser arbitrária, devendo ser consideradas, obrigatoriamente, as disposições da Constituição brasileira. O fato de existir um tratado de extradição assinado pelos governos do Brasil e da Itália não se sobrepõe à Constituição, não tendo qualquer fundamento jurídico uma eventual pretensão do governo italiano de fazer prevalecer o tratado sobre a Constituição. Ao que tudo indica, deverá ser essa a decisão do presidente da República, que terá perfeito embasamento constitucional. Obviamente, essa decisão irá desagradar ao governo italiano, podendo-se esperar uma enxurrada de ofensas grosseiras ao Brasil e ao seu governo, como já ocorreu anteriormente, quando se anunciou que o pedido de extradição dependia de exame do Supremo Tribunal Federal e de posterior decisão do chefe do Executivo. Mas a decisão de negar a extradição não terá qualquer consequência jurídica negativa para o Brasil, que, pura e simplesmente, terá tomado uma decisão soberana, no quadro normal das nações civilizadas, regidas pelo direito.

(*) Dalmo Dallari é professor e jurista.
O renomado jurista Dalmo Dallari também afirma que, sem nenhuma dúvida, Battisti cometeu crime político.
Parece que o renomado jurista Dalmo Dallari não considera absurda a tese de crimes de sangue poderem ser considerados crimes políticos.
E, pelo visto, concorda com ele o próprio governo italiano, que paga pensão às vítimas de Battisti como vítimas de crimes políticos.

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#79 Mensagem por Tricampeão » 04 Dez 2009, 15:46

Vejamos o que a Wikipedia traz sobre Fancesco Cossiga:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Francesco_Cossiga
Provocou a hostilidade do establishment político e da OTAN, ao tornar pública a existência da Operação Gladio e o seu papel nessa organização. Suas revelações provocaram um inquérito parlamentar, em 2000, sobre as atividades da Gladio na Itália.

Foi apurado que os serviços secretos norte-americanos e da OTAN haviam realizado atividades terroristas « sob falsa bandeira», causando numerosas vítimas entre a população civil. O objetivo era culpar os grupos de esquerda pelos atos de terror, a fim de incitar a opinião pública contra os comunistas e assim justificar medidas de exceção, por parte do Estado.
O cara criou uma organização terrorista de direita para perpetrar crimes, atribuí-los à esquerda e assim justificar a criação de medidas de exceção, as tais Leis Cossiga.
Talvez os ministros do STF não tenham acesso à Internet, só possam ler os jornalões brasileiros e italianos, por isso não tenham sido informados a respeito da Operação Gladio.
De outro modo, por que haveria alguma dúvida a respeito de as Leis Cossiga serem medidas de exceção?

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HomemDeToalha
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#80 Mensagem por HomemDeToalha » 04 Dez 2009, 19:24

Tricampeão escreveu:
homemDetoalha escreveu:Por favor gente, ELE TIROU VIDAS! No momento em que ele fez isso, abdicou da sua própria
Apesar de não militar na área jurídica, entendo que esse raciocínio não encontra respaldo na legislação brasileira, que não admite a pena de morte.
Nem na italiana, que também já a aboliu.

Você não me entendeu. Eu não falei sobre pena de morte. E nem que deveria ser morto. Eu manifestei apenas a minha opinião. O que eu quero dizer é que eu acho que uma pessoa não merece mais a própria vida se ela tira a de outra(s) propositadamente.

Rapaz, não se atenha tanto a detalhes técnicos. Pra mim está claro que estão fazendo um imenso circo em torno disso. Battisti não será morto na Itália, embora ele mereça um belo castigo pelo que fez. E a Itália não é esse mostro torturador que estão dizendo, pois, se assim fosse, haveria uma imensa tentativa de fuga dos cidadãos italianos para outros lugares do mundo, não é verdade? E a tecnologia que dispomos atualmente, como celulares que filmam, por exemplo, dedurariam um império assassino na Itália. Vide o exemplo do Iran.

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HomemDeToalha
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#81 Mensagem por HomemDeToalha » 04 Dez 2009, 19:37

Tricampeão escreveu:Medida de exceção - É todo ato, de caráter político ou administrativo, num estado ou situação de emergência, para oferecer-lhe o remédio heróico e adequado, que se faz preciso no momento.
saberjuridico.com.br

Isso aqui é um troço perigoso. Pode dar margem a interpretações. O que é uma situação de emergência? Qual é o remédio heróico e adequado?

Não ficou claro ainda que a defesa do Battisti está apelando pra isso como última alternativa para ficar no Brasil e fugir de sua pena na Itália? Ele foi condenado a prisão perpétua! Não a morte. E isso foi na Itália, não no Brasil. O problema é deles, não nosso. Quem o Brasil pensa que é para decidir se a decisão da Itália é certa ou errada? Por acaso o Brasil é "mais país" que a Itália?

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#82 Mensagem por Tricampeão » 04 Dez 2009, 20:26

HomemDeToalha escreveu:
Tricampeão escreveu:
homemDetoalha escreveu:Por favor gente, ELE TIROU VIDAS! No momento em que ele fez isso, abdicou da sua própria
Apesar de não militar na área jurídica, entendo que esse raciocínio não encontra respaldo na legislação brasileira, que não admite a pena de morte.
Nem na italiana, que também já a aboliu.

Você não me entendeu. Eu não falei sobre pena de morte. E nem que deveria ser morto. Eu manifestei apenas a minha opinião. O que eu quero dizer é que eu acho que uma pessoa não merece mais a própria vida se ela tira a de outra(s) propositadamente.

Rapaz, não se atenha tanto a detalhes técnicos. Pra mim está claro que estão fazendo um imenso circo em torno disso. Battisti não será morto na Itália, embora ele mereça um belo castigo pelo que fez. E a Itália não é esse mostro torturador que estão dizendo, pois, se assim fosse, haveria uma imensa tentativa de fuga dos cidadãos italianos para outros lugares do mundo, não é verdade? E a tecnologia que dispomos atualmente, como celulares que filmam, por exemplo, dedurariam um império assassino na Itália. Vide o exemplo do Iran.
Vamos aos fatos: quando Battisti foi julgado, não havia celulares; o que havia era um governo que criou um organização clandestina para matar alguns dos seus cidadãos e botar a culpa nos seus inimigos políticos. Você confiaria num julgamento realizado por um governo assim?
Concordo que a questão seja simples e não mereça que se arme nenhum circo a respeito.
A resposta óbvia: não, não se deve confiar num julgamento realizado por um governo que criou um organização clandestina para matar alguns dos seus cidadãos e botar a culpa nos seus inimigos políticos.
Diga-se de passagem que, até onde eu sei, o Irã não faz isso.
Battisti, de acordo com as informações disponíveis, está marcado para ser assassinado por outra organização clandestina em atividade na Europa. Você o mandaria para lá, sem ter certeza de ele ser culpado de algum crime? Você o mandaria para lá, sabendo que ele foi julgado por um governo que criou um organização clandestina para matar alguns dos seus cidadãos e botar a culpa nos seus inimigos políticos?
Várias das falhas do julgamento de Battisti já foram listadas. Detalhes técnicos, é claro: por exemplo, a única prova foi o testemunho de uma pessoa que disse estar presente em todos os casos. Isso aí normalmente não é prova suficiente nem pra ser suspenso no Orkut. Mas aquele governo que criou um organização clandestina para matar alguns dos seus cidadãos e botar a culpa nos seus inimigos políticos condenou Battisti a prisão perpétua com base nisso.
Como concordamos: caso simples, sem necessidade de circo.

Os crimes cometidos pelo Gladio começaram a ser revelados em 1984, mas até hoje ninguém foi punido. Nem Cossiga, nem Andreotti, nem os subalternos. Ninguém.
Será que não deu tempo?
Não podemos suspeitar que o governo atual da Itália seja conivente com esse tipo de procedimento?

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#83 Mensagem por Tricampeão » 04 Dez 2009, 20:57

HomemDeToalha escreveu:
Tricampeão escreveu:Medida de exceção - É todo ato, de caráter político ou administrativo, num estado ou situação de emergência, para oferecer-lhe o remédio heróico e adequado, que se faz preciso no momento.
saberjuridico.com.br

Isso aqui é um troço perigoso. Pode dar margem a interpretações. O que é uma situação de emergência? Qual é o remédio heróico e adequado?
Concordamos plenamente.
O país que adota medida de exceção não é 100% confiável.
Mas ele pode abandonar tais medidas depois que tiver resolvido o problema que as originou, e aí pode voltar a ser confiável.
A Itália não fez isso. As Leis Cossiga, criadas em 1981, ainda estão valendo.
HomemDeToalha escreveu:E isso foi na Itália, não no Brasil. O problema é deles, não nosso. Quem o Brasil pensa que é para decidir se a decisão da Itália é certa ou errada? Por acaso o Brasil é "mais país" que a Itália?
Brasil greatest country in the world. Other countries have inferior potassium.
O governo brasileiro criou medidas de exceção, no passado, mas desde 1988 temos uma nova Constituição e um estado razoavelmente democrático. Estamos melhor que eles. No momento, é claro. As coisas podem mudar.
Para ficarmos iguais à Itália, basta que o Sílvio Santos consiga comprar a Globo, a Bandeirantes, a Record, o Estadão, a Folha, a Abril, o Bradesco, a Oi, a Vivo, o Beto Carreiro e o Corinthians, crie um partido político só para ele, estabeleça relações com a Máfia, ganhe as eleições presidenciais, apoie as invasões americanas em países do Oriente Médio, seja acusado de diversos crimes, dissolva o partido político e crie outro, faça uma coligação com um partido xenófobo e racista e ganhe as eleições de novo.

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#84 Mensagem por HomemDeToalha » 04 Dez 2009, 22:10

Tricampeão escreveu:
HomemDeToalha escreveu:
Tricampeão escreveu:
homemDetoalha escreveu:Por favor gente, ELE TIROU VIDAS! No momento em que ele fez isso, abdicou da sua própria
Apesar de não militar na área jurídica, entendo que esse raciocínio não encontra respaldo na legislação brasileira, que não admite a pena de morte.
Nem na italiana, que também já a aboliu.

Você não me entendeu. Eu não falei sobre pena de morte. E nem que deveria ser morto. Eu manifestei apenas a minha opinião. O que eu quero dizer é que eu acho que uma pessoa não merece mais a própria vida se ela tira a de outra(s) propositadamente.

Rapaz, não se atenha tanto a detalhes técnicos. Pra mim está claro que estão fazendo um imenso circo em torno disso. Battisti não será morto na Itália, embora ele mereça um belo castigo pelo que fez. E a Itália não é esse mostro torturador que estão dizendo, pois, se assim fosse, haveria uma imensa tentativa de fuga dos cidadãos italianos para outros lugares do mundo, não é verdade? E a tecnologia que dispomos atualmente, como celulares que filmam, por exemplo, dedurariam um império assassino na Itália. Vide o exemplo do Iran.
Vamos aos fatos: quando Battisti foi julgado, não havia celulares; o que havia era um governo que criou um organização clandestina para matar alguns dos seus cidadãos e botar a culpa nos seus inimigos políticos. Você confiaria num julgamento realizado por um governo assim?
Concordo que a questão seja simples e não mereça que se arme nenhum circo a respeito.
A resposta óbvia: não, não se deve confiar num julgamento realizado por um governo que criou um organização clandestina para matar alguns dos seus cidadãos e botar a culpa nos seus inimigos políticos.
Diga-se de passagem que, até onde eu sei, o Irã não faz isso.
Battisti, de acordo com as informações disponíveis, está marcado para ser assassinado por outra organização clandestina em atividade na Europa. Você o mandaria para lá, sem ter certeza de ele ser culpado de algum crime? Você o mandaria para lá, sabendo que ele foi julgado por um governo que criou um organização clandestina para matar alguns dos seus cidadãos e botar a culpa nos seus inimigos políticos?
Várias das falhas do julgamento de Battisti já foram listadas. Detalhes técnicos, é claro: por exemplo, a única prova foi o testemunho de uma pessoa que disse estar presente em todos os casos. Isso aí normalmente não é prova suficiente nem pra ser suspenso no Orkut. Mas aquele governo que criou um organização clandestina para matar alguns dos seus cidadãos e botar a culpa nos seus inimigos políticos condenou Battisti a prisão perpétua com base nisso.
Como concordamos: caso simples, sem necessidade de circo.

Os crimes cometidos pelo Gladio começaram a ser revelados em 1984, mas até hoje ninguém foi punido. Nem Cossiga, nem Andreotti, nem os subalternos. Ninguém.
Será que não deu tempo?
Não podemos suspeitar que o governo atual da Itália seja conivente com esse tipo de procedimento?
Entendo seu ponto. E estou gostando de nossa discussão sadia. Sem brigas.

Se o Battisti tivesse de ser morto, já teria sido faz tempo. O fato de ele estar fora da Itália não impediria isso. Lembra do russo que foi envenenado em Londres recentemente? Aquele que ousou duvidar do governo Putin? Não precisou estar na Rússia, precisou? Pois é, mas está morto. E o Trotski? Stalin mandou caçar o cara onde quer que estivesse. E conseguiu. Existem muitos casos assim. Um monte deles nem envolvem a Itália.

Organizações criminosas existem em todo canto do mundo. Se esse é o argumento, não haveria pra onde mandar o Battisti. E no Brasil não seria uma boa opção, covenhamos, no que se refere a proteção. Ou você acha que um assassino vai esquecer de matar alguém porque olhou pra bunda de uma brasileira? Ou porque tremeu de medo do nosso exército? Talvez da nossa PM (Polícia Militar)? Nós não estamos estruturados para barrar o crime organizado. Uma vez que o assassinato que o Battisti admitiu que cometeu foi nos anos 70, quase 80, por que demorar tanto pra matá-lo (a Gladio)?

Além do mais, a organização criminosa criada pelo governo pra matar civis (você diz alguns, isso implica em uma escolha, o que leva a mais dúvidas), se é que era isso mesmo, pois uma organização criminosa pode existir por qualquer motivo, referia-se ao governo da época. Ou seja, poderia fazer "sentido", pois é um troço surreal imaginar isso, só na época, pois serviria para desestabilizar a oposição ou inimigos políticos da época. Uma vez que já faz muito tempo, por que o governo atual iria querer matar o Battisti se o governo de hoje e a situação de hoje é diferente das do passado? E sabendo que o Berlusconi, o primeiro ministro do governo atual, está atolado em escândalos? Se ele matar o Battisti, acabou a vida política dele. O mundo inteiro está olhando agora. Isso já não é mais segredo faz tempo.

O Irã não faz isso? Você é que acha. Vai lá e tenta agir democraticamente pra você ver o que acontece. Se o seu comportamento não agradar o governo de lá, eles vão te enquadrar. Além do mais, o Irã ajuda a financiar a guerra, junto com um monte de países árabes daquela região, pra expulsar os israelenses do próprio país deles (Israel). Aquilo lá não é uma democracia. É um país fechado e governado por um sujeito que foi capaz de esvaziar uma reunião da ONU, pela quantidade de asneiras que fala, além de ser guiado por ideologias religiosas fanáticas, comandadas por aiatolás, que acham que são os senhores da verdade, e que provocam comportamentos agressivos de tempos em tempos. Nem o povo de lá gosta muito. Mas se abrirem a boca demais, são mortos. O Irã faz parte da lista negra de muitos países. Não podem fazer negócios com muitos deles. O próprio governo do Irã é uma organização criminosa. Sem falar nos pequenos grupinhos rebeldes que se unem pra ficar explodinho coisas por aí.

A Itália não está nessa condição. Muitos sujeitos graúdos de organizações criminosas italianas estão sendo presos na Itália. Tem muito cara sendo enquadrado lá. Não estou dizendo que a Itália é santinha, claro que não, pois santo ninguém é, mas que estão exagerando no caso do Battisti, isso estão. Os boxeadores cubanos foram mandados de volta pra Cuba sem ninguém reclamar. E rapidinho. Então Cuba não vai fazer nada quanto a isso? Uma país que ninguém sabe ao certo o seu futuro, já que o Fidel caiu e a ideologia socialista se provou falha? E se aparecer um maluco por lá? E matar os cubanos. Não seria preocupante isso? Por que o Tarso Genro não fala nada?

Repito, o Battisti não será morto lá. Se assim fosse, se houvesse essa ameaça real, o STF não empataria uma votação, mesmo com os ministros de rabo preso. Pegou prisão perpétua. Porque matou. E o Brasil deve olhar para o próprio umbigo (há muita coisa pra ser resolvida aqui) ao invés de ficar metendo o dedo onde não deve.

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#85 Mensagem por HomemDeToalha » 04 Dez 2009, 22:26

Tricampeão escreveu:Para ficarmos iguais à Itália, basta que o Sílvio Santos consiga comprar a Globo, a Bandeirantes, a Record, o Estadão, a Folha, a Abril, o Bradesco, a Oi, a Vivo, o Beto Carreiro e o Corinthians, crie um partido político só para ele, estabeleça relações com a Máfia, ganhe as eleições presidenciais, apoie as invasões americanas em países do Oriente Médio, seja acusado de diversos crimes, dissolva o partido político e crie outro, faça uma coligação com um partido xenófobo e racista e ganhe as eleições de novo.

Isso nunca vai acontecer por aqui, pois nossa cultura é diferente da deles. Os europeu são mais sérios. O Brasil leva mais no "jeitinho". Ninguém aqui deixaria quieto sermos dominados por um monopólio desse tamanho. Nem monopólio do governo que nós tínhamos no passado aguentou. Esse monopólio sempre esteve acompanhado de muita manifestação pública. Mesmo na época da ditadura. Nem sonhando isso seria possível aqui.

Agora estou decepcionado contigo. "Corinthians"? A pera aí né......rs

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#86 Mensagem por oGuto » 05 Dez 2009, 13:43

Tricampeão escreveu:O cara criou uma organização terrorista de direita para perpetrar crimes, atribuí-los à esquerda e assim justificar a criação de medidas de exceção, as tais Leis Cossiga.
Talvez os ministros do STF não tenham acesso à Internet, só possam ler os jornalões brasileiros e italianos, por isso não tenham sido informados a respeito da Operação Gladio.
De outro modo, por que haveria alguma dúvida a respeito de as Leis Cossiga serem medidas de exceção?
Ao que parece, atualmente Francesco Cossiga exerce outro tipo de influência, como talvez em nosso ministro da Justiça :
Wálter Fanganiello Maierovitch :
Dois outros fatos impressionaram e pesaram na canhestra decisão de Genro.

Um deles foi a carta do senador vitalício Francesco Cossiga em favor de Battisti. Não informaram o ministro Genro que Cossiga era o ministro do Interior (sgurança interna) quando do seqüestro e da morte de Aldo Moro, ex-chefe de governo e, à época, presidente do partido da Democracia Cristã.

Essa dupla, que tinha Moro como opositor, negou-se a aceitar a proposta das Brigadas Vermelhas para libertar Moro.

Não bastasse, no ministério de Cossiga nasceu, dentro do departamento nacional de inteligência, a Gládio. Esta, uma organização de ultradireita, responsável por uma dezena de atentados e tragédias na Itália.

A esposa e os filhos de Moro, que teve funeral de chefe de Estado, não compareceram ao velório. Isto porque apontavam Andreotti e Cossiga como os grandes responsáveis pela morte de Moro: ainda não mudaram essa convicção.

Com a carta, Cossiga, octogenário, continua na sua tentativa de limpar parte do seu curriculum vitae.
Tricampeão escreveu:O renomado jurista Dalmo Dallari também afirma que, sem nenhuma dúvida, Battisti cometeu crime político.
Parece que o renomado jurista Dalmo Dallari não considera absurda a tese de crimes de sangue poderem ser considerados crimes políticos.
E, pelo visto, concorda com ele o próprio governo italiano, que paga pensão às vítimas de Battisti como vítimas de crimes políticos.
O emérito professor Dalmo Dallari continua a honrar a sua mais do que digna e brilhante trajetória.
No entanto, todos sabemos que juristas, por questão de coerência, não raro tornam-se reféns de suas próprias idéias.
Assim, pois, já tendo o reconhecimento da inexistência de ilegalidades, por força da decisão do Supremo Tribunal Federal, cabe ao presidente da República fazer a avaliação do conjunto de circunstâncias que cercam o pedido de extradição, levando em conta, sobretudo, as disposições da Constituição brasileira.

(.....)E nos termos expressos do artigo 5º, inciso 52, da Constituição, “não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião”.

(*) Dalmo Dallari é professor e jurista.
Ora, se o eminente mestre afirma que o Supremo não reconheceu ilegalidades no pedido de extradição, obviamente também confrontando o decidido com os termos do tratado e com a Constituição brasileira, como querer que o presidente da República aprecie novamente a questão?
Estaria o professor Dallari a pregar uma mágica em que a ausência de ilegalidades se transforme numa afronta à Constituição?
Nisso, parece que a coerência ao que apregoa faz com que o jurista, ao invés de simplesmente reafirmar que a decisão final cabe ao Presidente, sugira uma revisão do decidido pelo Supremo.
Ou seja, se nas motivações que levarem o presidente Lula a negar a extradição de Battisti constar como fundamento a não possibilidade de extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião, conforme garante a nossa Constituição, ele estará revisando e modificando uma decisão de nosso mais alto Tribunal.
O que, evidentemente, extrapola a sua competência.
Muito diferente é o nosso presidente usar o seu poder discricionário para avaliar, p.ex., a quantas andam as relações do Brasil com o país que requer a extradição, para, dentro desse contexto, decidir pela conveniência ou não de cumprir o estabelecido no tratado.
Relevante consignar que discutir conveniências para o descumprimento de um tratado internacional já é fato demasiado grave, o que, para ocorrer, deverá estar fundamentado em questões excepcionais.
O que não é o caso, nas relações entre o Brasil e a Itália.
Porque, no final, o que Battisti e seus defensores parecem buscar é um indulto.
O que causa estranheza, já que tão certos dos erros cometidos pela Justiça italiana à epóca, é o fato de não perseguirem seus direitos onde se deve, na própria Itália.
A resposta talvez esteja no fato de que esse revisionismo histórico que os simpatizantes de Battisti alardeiam para justificar muitas coisas, não produza na Itália o mesmo efeito que aqui, uma vez que lá (sem entrar no questionamento qto a erros ou acertos) a história já se fez e continua a ser feita, como em qualquer país.
E a história italiana, ao que parece, já determinou qual o real papel e importância de Cesar Battisti, o que faz dele simplesmente o que é hoje: um criminoso condenado e foragido.



Saudações.

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#87 Mensagem por Tricampeão » 05 Dez 2009, 15:22

HomemDeToalha escreveu:Se o Battisti tivesse de ser morto, já teria sido faz tempo. O fato de ele estar fora da Itália não impediria isso. Lembra do russo que foi envenenado em Londres recentemente? Aquele que ousou duvidar do governo Putin? Não precisou estar na Rússia, precisou? Pois é, mas está morto. E o Trotski? Stalin mandou caçar o cara onde quer que estivesse. E conseguiu. Existem muitos casos assim. Um monte deles nem envolvem a Itália.

Organizações criminosas existem em todo canto do mundo. Se esse é o argumento, não haveria pra onde mandar o Battisti. E no Brasil não seria uma boa opção, covenhamos, no que se refere a proteção. Ou você acha que um assassino vai esquecer de matar alguém porque olhou pra bunda de uma brasileira? Ou porque tremeu de medo do nosso exército? Talvez da nossa PM (Polícia Militar)? Nós não estamos estruturados para barrar o crime organizado. Uma vez que o assassinato que o Battisti admitiu que cometeu foi nos anos 70, quase 80, por que demorar tanto pra matá-lo (a Gladio)?
Bons argumentos, sem dúvida.
Acredito que o Battisti seja arraia miúda, pelo que li; além disso, não milita mais politicamente. Não dá pra comparar com Trotski, que era um perigo para Stalin, pois escrevia e organizava militantes, criou a Quarta Internacional, etc.
Os italianos não fazem essa questão toda de pegar o Battisti, na minha opinião. Quando descobriram que estava preso aqui, fizeram sua obrigação de solicitar a extradição. Mas de forma alguma a decisão brasileira em contrário estragaria nossa relação com a Itália. Veja o caso Cacciola: o Brasil solicitou a extradição, que foi negada com base nos termos do Tratado, porque o cara tinha cidadania italiana. E boa.
A DSSA, sucessora da Gladio, precisaria de apoio logístico para atuar no Brasil, apoio que ela provavelmente não tem. Não é como a Gladio, que se ramificava por toda a Europa e conectava-se à Operação Condor na América Latina. Acredito que Battisti, no Brasil, estaria mais seguro sim. Não totalmente seguro, é claro, mas isso já é problema dele. Foi ele que escolheu vir para cá. O Brasil não tem obrigação de protegê-lo.
HomemDeToalha escreveu:Além do mais, a organização criminosa criada pelo governo pra matar civis (você diz alguns, isso implica em uma escolha, o que leva a mais dúvidas), se é que era isso mesmo, pois uma organização criminosa pode existir por qualquer motivo, referia-se ao governo da época. Ou seja, poderia fazer "sentido", pois é um troço surreal imaginar isso, só na época, pois serviria para desestabilizar a oposição ou inimigos políticos da época. Uma vez que já faz muito tempo, por que o governo atual iria querer matar o Battisti se o governo de hoje e a situação de hoje é diferente das do passado? E sabendo que o Berlusconi, o primeiro ministro do governo atual, está atolado em escândalos? Se ele matar o Battisti, acabou a vida política dele. O mundo inteiro está olhando agora. Isso já não é mais segredo faz tempo.
Um dos "alguns" escolhido para ser morto e a culpa jogada na oposição foi o Aldo Moro:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aldo_moro
Aldo Moro era o primeiro-ministro italiano. Um político de centro, aliado, portanto. Tentava negociar com a oposição. Os extremistas de direita não gostaram da história e o eliminaram, botando a culpa nas organizações de esquerda e obtendo o que queriam: o fechamento político do país.
Giulio Andreotti foi o sucessor de Aldo Moro, e Franceso Cossiga sucedeu a Andreotti:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Giulio_Andreotti
http://pt.wikipedia.org/wiki/Francesco_Cossiga
A Gladio não era uma organização clandestina. O governo italiano ajudou a criá-la. Só o povo não sabia. Cossiga foi obrigado a revelar sua existência em 1990, porque estava difícil continuar escondendo a sujeira debaixo do tapete. A revelação chocou a comunidade internacional. Uns bons anos depois, Andreotti foi encarregado de preparar um relatório a respeito
O relatório de Giulio Andreotti trata do assunto, mas só está disponível na Internet em francês:
http://www.voltairenet.org/article8387.html
A Gladio estava subordinada ao comando da OTAN.
Uma organização secreta, para matar civis e por a culpa na oposição, e ainda por cima subordinada a um organismo estrangeiro.
Aldo Moro, Giulio Andreotti e Francesco Cossiga tinham pleno conhecimento da coisa e não só não agiram como ajudaram a esconder os fatos do povo.
Aldo Moro, Giulio Andreotti e Francesco Cossiga, entre outros, são, assim, culpados de alta traição.
Como estaria hoje Andreotti, você pode se perguntar. Eis a resposta:
Em 1993, para além de vários escândalos políticos, a Justiça acusou Andreotti de delitos com ligação à Máfia e a esquemas de financiamento ilegal de partidos políticos. O seu julgamento teve início em 1995, mas Andreotti acabou por ser absolvido em 1999. É, actualmente, um dos senadores vitalícios da República de Itália.
Como estaria hoje Cossiga, você pode se perguntar. Eis a resposta:
Desde 1992 é senador vitalício na qualidade de ex-Presidente da República Italiana e após um decreto do presidente do Conselho de Ministros obteve o título de Presidente emérito da República Italiana.
Isso aí é a República Italiana.
De hoje.
Não concordo com a sua visão de que a política italiana hoje seja muito diferente da passada.
E não vejo por que Berlusconi, por exemplo, temeria ser punido por algum crime. Além da tradição italiana de acobertar ex-primeiros-ministros criminosos, o cara tem muita grana.
HomemDeToalha escreveu:O Irã não faz isso? Você é que acha. Vai lá e tenta agir democraticamente pra você ver o que acontece.
O que eu disse foi que, até onde sei, o governo do Irã não criou nenhuma organização secreta para matar civis e jogar a culpa na oposição.

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#88 Mensagem por Tricampeão » 05 Dez 2009, 15:31

HomemDeToalha escreveu:
Tricampeão escreveu:Para ficarmos iguais à Itália, basta que o Sílvio Santos consiga comprar a Globo, a Bandeirantes, a Record, o Estadão, a Folha, a Abril, o Bradesco, a Oi, a Vivo, o Beto Carreiro e o Corinthians, crie um partido político só para ele, estabeleça relações com a Máfia, ganhe as eleições presidenciais, apoie as invasões americanas em países do Oriente Médio, seja acusado de diversos crimes, dissolva o partido político e crie outro, faça uma coligação com um partido xenófobo e racista e ganhe as eleições de novo.

Isso nunca vai acontecer por aqui, pois nossa cultura é diferente da deles. Os europeu são mais sérios. O Brasil leva mais no "jeitinho". Ninguém aqui deixaria quieto sermos dominados por um monopólio desse tamanho. Nem monopólio do governo que nós tínhamos no passado aguentou. Esse monopólio sempre esteve acompanhado de muita manifestação pública. Mesmo na época da ditadura. Nem sonhando isso seria possível aqui.

Agora estou decepcionado contigo. "Corinthians"? A pera aí né......rs
Na Europa, onde os caras são sérios, foram dominados pelo monopólio e aqui não seriam? Explica seu raciocínio aí.

Vejo que o colega não admira o Corinthians. Mas é o clube de maior torcida na maior região metropolitana brasileira, correspondendo, então ao Milan na Itália, que é propriedade do Berlusconi.

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#89 Mensagem por Tricampeão » 05 Dez 2009, 15:39

HomemDeToalha escreveu:Os boxeadores cubanos foram mandados de volta pra Cuba sem ninguém reclamar. E rapidinho. Então Cuba não vai fazer nada quanto a isso? Uma país que ninguém sabe ao certo o seu futuro, já que o Fidel caiu e a ideologia socialista se provou falha? E se aparecer um maluco por lá? E matar os cubanos. Não seria preocupante isso? Por que o Tarso Genro não fala nada?
Boxeadores, até onde sei, eu, que não milito na área jurídica, não merecem asilo político.
HomemDeToalha escreveu:Repito, o Battisti não será morto lá. Se assim fosse, se houvesse essa ameaça real, o STF não empataria uma votação, mesmo com os ministros de rabo preso. Pegou prisão perpétua. Porque matou. E o Brasil deve olhar para o próprio umbigo (há muita coisa pra ser resolvida aqui) ao invés de ficar metendo o dedo onde não deve.
Entre as sumidades do STF, uma, que é o presidente da bagaça, simplesmente infringiu o regimento interno, e outra, que era o relator do caso, citou erradamente um jurisconsulto, porque não entendeu direito o que este havia escrito no seu livro. Não senti muita firmeza na decisão desses vetustos senhores.
Aliás, seria bom o Lula, depois de resolver essa parada, oferecer um plano de aposentadoria para esses cacos velhos e renovar os quadros do STF, de modo a evitar a repetição futura de erros grosseiros como os citados.

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#90 Mensagem por Tiozinho50 » 05 Dez 2009, 17:33

HomemDeToalha escreveu: Organizações criminosas existem em todo canto do mundo. Se esse é o argumento, não haveria pra onde mandar o Battisti.
Concordo com a premissa, mas discordo da conclusão. Há uma rivalidade histórica na Itália entre comunistas e mafiosos, só para teres uma idéia a “cosa nostra” se refere aos juízes anti- máfia como juízes “vermelhos” , e tem por costume literalmente dinamitá-los : a exemplo dos juízes Falconi e Boselino, o segundo, quando dinamitado, estava investigando o envolvimento do atual Premier Italiano no assassinato do primeiro.
HomemDeToalha escreveu: Repito, o Battisti não será morto lá. Se assim fosse, se houvesse essa ameaça real, o STF não empataria uma votação, mesmo com os ministros de rabo preso. Pegou prisão perpétua. Porque matou. E o Brasil deve olhar para o próprio umbigo (há muita coisa pra ser resolvida aqui) ao invés de ficar metendo o dedo onde não deve.
Eu não tenho a sua certeza quanto a integridade do Battisti em solo italiano. Sabes que fim teve o Pietro Mutti? Aquele que foi acusado pela polícia Italiana como autor dos crimes que depois os atribuiu a Battisti através da delação premiada e teve sua pena reduzida. Ninguém sabe, a pena de oito anos aplicada em 1982 já teria se esgotado, com a recente repercussão do caso Battisti, Mutti foi procurado por diversos órgãos de imprensa internacionais e não foi localizado, atualmente é dado como “desaparecido”.

Quanto ao STF, o que dizer de um Tribunal que manda soltar duas vezes o Daniel Dantas, atropelando instancias e desrespeitando o regramento jurídico vigente, por atos de seu próprio presidente, alem disso, a Ministra Ellen Gracie, mandou lacrar o HD do computador do mega-criminoso apreendido pela PF, de modo a dificultar as investigações. Os dois votaram pela extradição de Battisti

Quanto a “meter o dedo onde não deve”, não é bem assim essa estória, do jeito que expressas parece que o Brasil foi procurar o Battisti para lhe oferecer asilo, ao contrário, para azar do nosso presidente, foi ele quem veio dar as caras por aqui. Diante desse fato, é bom lembrar que existe todo um regramento jurídico que tem de ser observado, veja que muita gente critica a postura do governo, mas ninguém se atreve a dizer houve alguma ilegalidade, de modo que posso te afirmar que o Brasil nada mais fez do que cumprir a risca o que determina sua própria legislação.

Não pense que para o nosso governo não teria sido bem melhor que o Battisti fosse buscar refugio na Argentina, no entanto como ele veio pra cá, a bronca é nossa, é bom que se diga que o governo máfio-fascista da Itália não se manterá no poder pra sempre, amanhã ou depois a verdade pode vir à tona, e o Brasil, se não agir dentro da legalidade pode até ser interpelado por Cortes Internacionais de Direitos humanos.

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