Só podia ser praga de brizolista, era o que muitos diziam ao Dr. Saraiva sobre o seu filho. Outros, mais vividos, consolavam o velho dizendo que era tudo fogo de palha, que o rapaz tomaria jeito assim que constituísse família e tivesse obrigações. Mas o Dr. Saraiva não tinha assim tanta certeza quanto ao futuro do seu caçula, nem quanto à origem da esquisitice do menino. Podia até ser de nascença…
Começaram a desconfiar que o CH era meio “diferente” quando ele organizou uma greve de fome no Jardim de Infância, em solidariedade aos metalúrgicos grevistas do ABC. Os revolucionários da “Primavera de Pampers”, como ficou conhecido o movimento, resistiram heroicamente por três horas e meia, até que alguns camaradas começaram a chorar de fome e foram socorridos pelas “tias” com papinhas ou mamadeiras, de acordo com a idade.
Anos depois, enquanto todos os outros meninos colecionavam figurinhas do Zico, do Rummenigge e do Platini, CH montou seu próprio álbum, com fotos roubadas da Barsa do pai: “figurinhas” de Yuri Gagárin, de Mao Tse-tung, de Ho Chi Minh e dos heróis da Revolução Russa.
Muitos colégios tradicionais expulsaram CH, pois em todos eles o garoto criava jornais panfletários atacando a direção e os professores. Na Faculdade, formou-se praticamente sem estudar, pois acumulava funções no Diretório Acadêmico, que chegou a presidir naquela que ficou conhecida como a gestão mais radical desde 68, ou até mais radical que a de 68, segundo alguns.
Graças ao prestígio do Dr. Saraiva, CH conseguiu vários bons empregos, mas foi demitido de todos eles, por tentar organizar os trabalhadores contra a tirania dos patrões, o que, na prática, serviu apenas para reduzir o círculo de amizades do pai.
O Dr. Saraiva, por fim, entregou os pontos. CH estava fadado a ser um revolucionário, condenado a passar a vida a circular pelo CDG, por botequins e puteiros de intelectuais e reuniões do PC do B. O PC do B! Um ultraje!
Pai e filho cortaram definitivamente relações após as eleições de 2002 (depois, ambos veriam que hoje em dia o “definitivamente” está se tornando um conceito bastante flexível). O motivo do rompimento foi uma carta enviada por CH logo depois de anunciado o resultado do pleito. A epístola era de uma concisão apavorante: “Saraiva, tens dois meses para sair do país. Em janeiro, o povo baterá à tua porta para cobrar o que tu roubaste. Saudações Marxistas! CH.”
Não se sabe ao certo o que aconteceu no breve hiato em que o Dr. Saraiva e seu caçula estiveram brigados, mas hoje eles são grandes amigos, pela primeira vez na vida. CH continua no PC do B, ocupa um cargo de primeiro escalão num Ministério que preferimos, por motivos óbvios, não revelar, e vem conseguindo para a empresa do pai lucrativos contratos.
O Dr. Saraiva, ora vejam, está até cogitando filiar-se ao partido do filho…
(extraido de um blog...qualquer semelhança é a mais pura realidade, digo fixação, é ficção...porra)
Começaram a desconfiar que o CH era meio “diferente” quando ele organizou uma greve de fome no Jardim de Infância, em solidariedade aos metalúrgicos grevistas do ABC. Os revolucionários da “Primavera de Pampers”, como ficou conhecido o movimento, resistiram heroicamente por três horas e meia, até que alguns camaradas começaram a chorar de fome e foram socorridos pelas “tias” com papinhas ou mamadeiras, de acordo com a idade.
Anos depois, enquanto todos os outros meninos colecionavam figurinhas do Zico, do Rummenigge e do Platini, CH montou seu próprio álbum, com fotos roubadas da Barsa do pai: “figurinhas” de Yuri Gagárin, de Mao Tse-tung, de Ho Chi Minh e dos heróis da Revolução Russa.
Muitos colégios tradicionais expulsaram CH, pois em todos eles o garoto criava jornais panfletários atacando a direção e os professores. Na Faculdade, formou-se praticamente sem estudar, pois acumulava funções no Diretório Acadêmico, que chegou a presidir naquela que ficou conhecida como a gestão mais radical desde 68, ou até mais radical que a de 68, segundo alguns.
Graças ao prestígio do Dr. Saraiva, CH conseguiu vários bons empregos, mas foi demitido de todos eles, por tentar organizar os trabalhadores contra a tirania dos patrões, o que, na prática, serviu apenas para reduzir o círculo de amizades do pai.
O Dr. Saraiva, por fim, entregou os pontos. CH estava fadado a ser um revolucionário, condenado a passar a vida a circular pelo CDG, por botequins e puteiros de intelectuais e reuniões do PC do B. O PC do B! Um ultraje!
Pai e filho cortaram definitivamente relações após as eleições de 2002 (depois, ambos veriam que hoje em dia o “definitivamente” está se tornando um conceito bastante flexível). O motivo do rompimento foi uma carta enviada por CH logo depois de anunciado o resultado do pleito. A epístola era de uma concisão apavorante: “Saraiva, tens dois meses para sair do país. Em janeiro, o povo baterá à tua porta para cobrar o que tu roubaste. Saudações Marxistas! CH.”
Não se sabe ao certo o que aconteceu no breve hiato em que o Dr. Saraiva e seu caçula estiveram brigados, mas hoje eles são grandes amigos, pela primeira vez na vida. CH continua no PC do B, ocupa um cargo de primeiro escalão num Ministério que preferimos, por motivos óbvios, não revelar, e vem conseguindo para a empresa do pai lucrativos contratos.
O Dr. Saraiva, ora vejam, está até cogitando filiar-se ao partido do filho…
(extraido de um blog...qualquer semelhança é a mais pura realidade, digo fixação, é ficção...porra)