O relato do TD do Amigo José Inácio me inspirou a escrever um pequeno conto.
Amigo Zé não me leve a mal!
Viva a Putaria!
Recado de Batom
Mesmo sentados a uma distância considerável, Pedro e Bia trocaram olhares fulminantes. Ele, por paixão, tipo amor à primeira vista. Ela, por esporte, ou melhor, por obrigação"
Desde que a conheceu, num inferninho do Barro Preto, tomou gosto pelas habilidades incríveis da profissional do sexo. Pedro colocou as despesas na ponta do lápis e concluiu que, com o salário de professor, não daria para duas vezes por mês. "Com a outra eu queria todo dia!", pensou alto ao ver a esposa sem sal roncar numa madrugada fria, já mordido de amor.
Com a relação minguada em casa, vez ou outra, no sacrifício, ele estava decidido a se arranjar na rua.
Mesmo sentados a metros de distância, Pedro e Bia trocaram olhares fulminantes. Ele, por paixão, tipo amor à primeira vista. Ela, por esporte, pura diversão. O "seu" Bigode, cliente antigo e atuante, pagante da vez, nem pareceu se importar. Com o sorriso largo, demonstrava gosto pela situação. Até incentivou a meretriz a escrever um bilhete no guardanapo. Nesse instante, Pedro mandava ver uma porção de Batata Frita com queijo e bacon.
_"Muito bom ver você", despediu-se Bigode, entusiasmado com dose de Viagra na cabeça. Já Bia, maliciosa, pediu que o garçom de apelido Pezão entregasse a Pedro o recado marcado com batom.
Foi ao banheiro para ler o guardanapo: "R$ 100 a hora aqui nesta espelunca, R$ 800 por uma noite de amor". Abaixo do preço, o número do celular. Aquilo incendiou ainda mais o varão adormecido. Pensou no dinheirinho das economias e não teve dúvidas. Esperou o puteiro fechar tomando uma água tônica no bar da esquina, e já no entrar da madrugada, ligou para a prostituta. Do outro lado, uma voz doce: "Pensei que não fosse me ligar".
Chegou em casa às 10 horas da manhã. Deu a desculpa para esposa de que estava na Delegacia, depondo como testemunha de um crime.
Pedro ficou dois meses sem voltar ao inferninho, desanimou até de ir à Rua Guaicurus. Estorou o cheque especial, foram uns três meses para controlar.
Ontem, recebeu uma mensagem no celular: “Gatinho, é a Bia! Está lembrado? Tô com saudades! Vamos sair de novo? Faço a pernoite por R$ 700.
A paixão fulminante ficará no abril passado. Puta é Puta e vice-versa.
* depois posto na parte de crônicas