Rafinha Bastos

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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#46 Mensagem por Sempre Alerta » 08 Out 2011, 10:15

"O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz."
Aristóteles

“O preconceito está na maldade dos olhos de quem vê, e na ignorância de quem acha que sempre está com a razão.”
Leo Cruz

“O homem superior está sempre calmo; o homem inferior acha-se constantemente num estado de inquietação.”
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“Aquele que acredita saber tudo e ser o mais esperto do planeta, decepciona-se por nada. Por nada saber e por nada ser esperto!”
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“O verdadeiro idiota é aquele sujeito que não consegue perceber a própria idiotice”

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Zzom
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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#47 Mensagem por Zzom » 08 Out 2011, 13:41

"Não importa se as minas são feias. Importante é que elas dão"
Márcio "quatro dedos"

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rapaz solitário
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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#48 Mensagem por rapaz solitário » 08 Out 2011, 14:10

"A "incultura" "incenteveia" a proliferação da "incorruptância".
Por algum politico cangaceiro.



Tópico virou concurso de provérbios. :lol:

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roladoce
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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#49 Mensagem por roladoce » 08 Out 2011, 15:34

Entao vou botar também!!

"Pau no cú dos outros, é refresco" (by eu) :twisted:

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bullitt
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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#50 Mensagem por bullitt » 09 Out 2011, 02:34

Compson escreveu:Se você acha que patrocinadores (ou os ricos bem relacionados) têm o direito de mandar e desmandar no conteúdo da TV, tudo bem...

Claro que eles têm o direito (no sentido legal) e assim já não o fazem há tempos? Quem tem dinheiro investe naquilo que lhe interesse. Obviamente a TV é como qualquer outra empresa, vive de lucros. Ou seja, o programa de TV precisa de patrocínio e também do aval dos chefes da emissora, que precisam manter uma rede de bons relacionamentos, inclusive com políticos... Não é o primeiro caso sem vai ser o último. Veja o caso do Jorge Kajuru e tantos outros com a língua solta. Aliás, não precisa ser necessariamente da TV ou rádio, qualquer atividade que precisa de patrocínio pode sofrer com cortes devido a polêmicas, por exemplo, o caso do Tiger Woods.

Compson escreveu:Agora, não tente me convencer de que esse desmando é uma ação moral. Nem negue que, por essa lógica, se o Bastos tivesse mais poder que o marido da Vanessa, então ele poderia falar o que quisesse...

A liberdade de expressão permite que as pessoas falem muitas coisas. Mas não permitem que incoerência se passe por fibra moral!

Não é uma ação moral, mas não é nenhum absurdo punir o cara. Afinal existe algo moral e desprovido de interesses na TV aberta? Tem coisa muito pior que um comediante medíocre que foi ceifado temporariamente por falar merda envolvendo alguém influente no meio. Vai desde o árbitro esperando a novela acabar para que comece o jogo de futebol até os noticiários com viés político que influenciaram tantos votos.

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Carnage
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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#51 Mensagem por Carnage » 09 Out 2011, 19:16

http://www.cartacapital.com.br/destaque ... -coronel-2

O humor do coronel
Rosane Pavam 9 de outubro de 2011 às 9:40h

Comentário ofensivo revela o arcaísmo de Rafinha Bastos e sua dificuldade em fazer rir. Por Rosane Pavam.


Rafinha bastos alcançou a unanimidade. Depois de proferir na bancada de Custe o Que Custar, dia 19, uma sequência de palavras sobre a gravidez da cantora Wanessa Camargo, “Eu comeria ela e o bebê, não tô nem aí”, todos já sabem que um dos mais destacados integrantes do programa televisivo não é um comediante. Ele exercitaria, em lugar disso, a grosseria simples ou, por muita consideração, um humor bunga-bunga, inspirado no temperamento dos sultões. Talvez, ainda, para inseri-lo na história brasileira, agiria como um latifundiário diante do martírio sexual das escravas negras. E como alguém riria disso, a não ser os próprios coronéis e seus simpatizantes?

O filósofo Henri Bergson deu ainda no século XIX a mais duradoura lição sobre o riso. Bergson dizia que a risada ocorre com efeito restaurador. Ri-se, segundo ele, de quem é inferior a nós, para sanar um equívoco social. Por exemplo, uma mulher que não enxergue a idade avançada, vestindo-se e maquiando-se exageradamente, mereceria a risada, que corrigiria seu comportamento. Wanessa, cantora de sucesso, filha jovem e bonita de um compositor popular vindo de família pobre, e o futuro filho dela, pelo contrário, não seriam exemplos a merecer a correção, especialmente de Rafinha, que o público não reconhece superior a ela ou ao bebê em alguma medida.

“O objetivo da piada não é degradar o ser humano, mas lembrar que ele já é degradado”, ensinou o escritor George Orwell. Ou, como afirmou o humorista Chico Anysio a CartaCapital no ano passado: “O humor deve visar a crítica, não a graça. Ele vai ser engraçado onde puder”. A seguir o que dizem esses autores, Rafinha feriu todas as regras do funcionamento humorístico. Não que esse boxeador verbal seja o único a quem se deva apontar a imprudência, já que, ao dizer tal frase, ele se viu provocado pelo comandante da bancada do programa, Marcelo Tas. Fora este a levar o assunto – a beleza da cantora grávida – à baila de seus comentadores subordinados. O que esperava quando levantou a bola para que Rafinha nela batesse? E, especialmente, por que não o advertiu em público logo que a frase foi proferida? Sobre o episódio, ele declarou à revista Veja São Paulo: “Não gostei, isso não é piada, não se encaixa na categoria humor. É uma deselegância, uma agressão gratuita. Ele foi infeliz. Acho que o CQC precisa superar a adolescência, passar dessa fase de rebeldia sem causa”.

Para o historiador da Universidade de São Paulo Elias Thomé Saliba, autor de um livro clássico sobre o humor brasileiro, Raízes do Riso, “nem humoristas os integrantes do CQC são”, pois “humoristas são criadores de humor”. E eles também não seriam cômicos, “porque não usam a totalidade dos recursos de um cômico, o corpo, os trejeitos lúdicos, com o objetivo de provocar o riso”. O que Rafinha fez, a seu ver, não foi uma piada, antes o “resultado de mera irreverência compulsória, forçada pelo ambiente de público ao vivo, com claque de risadas, que estimula a irrestrição verbal dos comentaristas”. As cenas mais criativas do programa, o historiador acredita, são as pseudoentrevistas com políticos, que parodiam o próprio veículo da imprensa televisiva e atingem os limites do burlesco, “mas que se tornam cada vez mais raras no CQC”.

No dia 3, Rafinha, diminutivo do ator alto de 34 anos, cujo sobrenome dá pano para manga (“bastos” remetendo a basta, entre outras infelizes evocações), desapareceu da atração televisiva. Não que ele já não houvesse dito ao vivo durante esse programa que custa o que custa, 130 mil reais por minuto de inserções comerciais, de 240 mil a 2,4 milhões por merchandising interno, segundo a Folha de S.Paulo, sua intenção de “comer” outras mulheres. Mas somente quando o ex-jogador de futebol Ronaldo Fenômeno mostrou contrariedade com a frase ofensiva, dirigida à esposa de seu sócio Marcus Buaiz, a -coisa ficou impossível de aguentar.

A TV Bandeirantes, onde brilha o CQC, mostrou-se então, pela primeira vez, incomodada com Rafinha, substituindo-o por Monica Iozzi na bancada, uma decisão para amainar os ânimos, mas estranha para quem observa os fatos. Apontado pelo jornal The New York Times -como o mais influente mundialmente no Twitter-, Rafinha já dissera, durante seus shows de pé e na rede social, que a mulher feia deveria se sentir feliz quando estuprada. Embora a “piada” não tivesse sido proferida durante o programa de tevê, o ator, por conta dela, era alvo de uma representação do Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo ao -Ministério -Público. Seria, para a emissora, um funcionário cuja conduta deveria ser observada? A Bandeirantes se viu atingida agora após a alegada ingerência de Ronaldo sobre sua cúpula, pois o jogador, além de se recusar a falar ao CQC, a teria ameaçado com a disposição de trabalhar por cortes de anunciantes ao programa.

O colega de bancada de Bastos, outro ator, Marco Luque, que rira da frase no instante em que fora proferida, abaixando a cabeça balouçante e, sobre a testa, encostando uma das mãos, emitiu curiosa nota no dia 2, em que classificou a piada do companheiro de “idiota”. Luque, garoto-propaganda da mesma companhia telefônica que patrocina Ronaldo, teria sua razão para manifestar horror diante de palavras fortes. Danilo Gentili, outra sumidade recém-saída do CQC para talk show próprio na emissora, tuitou e apagou no mesmo 2 de outubro: “Sempre enxerguei algo mais significativo sendo construído por um comediante linchado por falar merda do que por um queridinho por puxar sacos”. A postagem fez a delícia de seguidores como Daniel Lima, que a parodiou no Twitter: “Sempre enxerguei algo mais significativo sendo construído por um comediante linchado por falar sacos do que por um queridinho por puxar merda”.

No dia 2, declarara o Observer, revista dominical do jornal inglês The Guardian, que Gentili representava um momento brasileiro especial, em que os comediantes estariam livres para criticar “o poder”. Um exemplo de raciocínio do apresentador, citado pela publicação, foi desenvolvido durante um show em Brasília, no ano passado: “Votar em Dilma (Rousseff) porque ela foi torturada? Eu pedi para ela ser? Um presidente tem de ser esperto. Se ela foi capturada e torturada, significa que foi uma idiota”. Outra preciosidade já saíra de um comentário seu na rede: “Entendo os velhos de Higienópolis temerem o metrô. A última vez que eles chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz”. Gentili não mostrou arrependimento pela frase com Dilma, mas, para se remediar junto à comunidade judaica, ele, mais afeito do que Rafinha aos comentários “políticos”, apresentou seu pedido formal de desculpas à Confederação Israelita do Brasil.

Em 1973, Millôr Fernandes, ilustre humorista brasileiro, sofreu um processo instaurado pelo então ministro da Justiça, Armando Falcão, por causa desta frase publicada em O Pasquim: “Jaqueline (Kennedy) nasceu de rabo pra lua e soube usá-lo”. Foi apenas um entre vários exemplos a demonstrar que os humoristas brasileiros, ao contrário do que crê o Observer, têm a tradição de criticar o poder, mesmo em tempos duros. Millôr afrontava a ditadura não em sua representação política, mas moral. Desafiava a censura federal em voga a todo escrito artístico que denegrisse alegados valores da “família brasileira”. Era humor crítico de quem vê oportunismo no fato de a viúva do presidente americano envolver-se repentinamente com um milionário armador grego.

O humor coronelístico de Rafinha Bastos, fundado no pensamento colonial escravista do Brasil, um país, portanto, de história politicamente incorreta, sem a necessidade de que os humoristas preguem agora a incorreção, não o leva a agir assim. Chico Anysio, assim como Jô Soares, sempre proferiu piadas sexistas, machistas e misóginas, mas, como lembra o historiador Saliba, quase sempre encarnando outros personagens, como oligarcas e nhonhôs: “Os preconceitos estavam lá, todos, alguns em toda a sua crueza, mas eram reversíveis, mudavam de lado a todo o momento, os papéis eram trocados, retomando o universo do burlesco”.

Depois de tudo o que houve, Rafinha tentou se explicar pela graça. Não usou de humor autoderrisório, praticado por mestres da stand-up comedy como George Carlin, incansável ao ridicularizar, entre outros, o fundamentalismo religioso de seu país, os Estados Unidos. Pelo contrário, o brasileiro reforçou o preconceito ao posar com duas mulheres de biquíni no Twitter, alegando sua felicidade na noite de suspensão do CQC. Em um vídeo, brincou de recusar carnes como baby beef e fraldinha, além de algo “para beber” numa churrascaria. Às perguntas que lhe fez o portal iG sobre o episódio, respondeu com receitas de bolo, evocando, em um processo de inversão, a censura ditatorial brasileira, que obrigava a imprensa a publicar textos culinários em lugar de notícias.

Não se sabe que tempo terá Rafinha para reinventar-se, ele que viu cancelados dois comerciais de que participaria e cinco apresentações pagas, para as quais cobraria até 20 mil reais por duas horas de trabalho. E é pena que, ao contrário de outras mulheres da história (os anos de conservadorismo teriam dificultado a ascensão feminina à condição humorística no Brasil, como acredita Saliba), Wanessa não tenha respondido à grosseria de Rafinha com uma boa piada. Humor de gênero está longe de constituir novidade. Foi praticado em frases como a da ativista Florence Kennedy: “Se homem ficasse grávido, o aborto seria um sacramento”. Ou por Ginger Rogers, exausta de ouvir falar da genialidade- de seu parceiro de foxtrote, Fred Astaire: “Faço tudo o que ele faz, só que de salto alto e andando para trás”.
Rosane Pavam

Rosane Pavam é jornalista, editora de Cultura de CartaCapital . Autora do livro O Sonho Intacto - Nas Palavras de Ugo Giorgetti e do blog Contos Invisíveis.

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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#52 Mensagem por roladoce » 09 Out 2011, 19:42

Arcaismo!!?

Os americanos fazem isso desde o final da decada de 70 se não me engano..

Tem uma mulher, que infelizmente eu esqueci o nome..rodei o google pra achar..

Ela faz humor negro, pesado, sobre racismo, aborto, homosexualismo, e tudo..

Mais mainstreem, temos cris rock, faz isso desde o inicio da decada de 90, recomendo o DVD bring the pain!!!

Aqui no Brasil, o ranço da ditadura, fazem as pessoas ficarem idiotizadas...

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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#53 Mensagem por mariana@_ » 09 Out 2011, 23:00

Compson escreveu:
Sempre Alerta escreveu:"O sábio fala porque tem alguma coisa a dizer; o tolo porque tem que dizer alguma coisa."

Platão
E a besta cita, pois precisa dizer alguma coisa, mas não tem coragem de fazê-lo com suas próprias palavras.

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#54 Mensagem por bullitt » 09 Out 2011, 23:50

Acho que alguém que realmente tem graça nesse estilo de humor é o Marcelo Adnet. Tem o Juca Chaves também.
Para me inteirar melhor, assisti alguns vídeos de comédia stand-up do Rafinha Bastos que estão no YouTube.
Bom, gosto é gosto. Da minha parte, definitivamente não acho graça alguma.

Rafinha Bastos : vocês viram ________coloque algo aleatório aqui___________?
Público: hahahaha

Antes que alguém ache que é algum tipo de moralismo da minha parte, frequentemente assisto programas na TV com humor ácido (tipo Uma Família da Pesada ou South Park)

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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#55 Mensagem por Compson » 10 Out 2011, 00:43

Carnage escreveu:http://www.cartacapital.com.br/destaque ... -coronel-2

O humor do coronel
Rosane Pavam 9 de outubro de 2011 às 9:40h

Comentário ofensivo revela o arcaísmo de Rafinha Bastos e sua dificuldade em fazer rir. Por Rosane Pavam.


Rafinha bastos alcançou a unanimidade. Depois de proferir na bancada de Custe o Que Custar, dia 19, uma sequência de palavras sobre a gravidez da cantora Wanessa Camargo, “Eu comeria ela e o bebê, não tô nem aí”, todos já sabem que um dos mais destacados integrantes do programa televisivo não é um comediante. Ele exercitaria, em lugar disso, a grosseria simples ou, por muita consideração, um humor bunga-bunga, inspirado no temperamento dos sultões. Talvez, ainda, para inseri-lo na história brasileira, agiria como um latifundiário diante do martírio sexual das escravas negras. E como alguém riria disso, a não ser os próprios coronéis e seus simpatizantes?

O filósofo Henri Bergson deu ainda no século XIX a mais duradoura lição sobre o riso. Bergson dizia que a risada ocorre com efeito restaurador. Ri-se, segundo ele, de quem é inferior a nós, para sanar um equívoco social. Por exemplo, uma mulher que não enxergue a idade avançada, vestindo-se e maquiando-se exageradamente, mereceria a risada, que corrigiria seu comportamento. Wanessa, cantora de sucesso, filha jovem e bonita de um compositor popular vindo de família pobre, e o futuro filho dela, pelo contrário, não seriam exemplos a merecer a correção, especialmente de Rafinha, que o público não reconhece superior a ela ou ao bebê em alguma medida.

“O objetivo da piada não é degradar o ser humano, mas lembrar que ele já é degradado”, ensinou o escritor George Orwell. Ou, como afirmou o humorista Chico Anysio a CartaCapital no ano passado: “O humor deve visar a crítica, não a graça. Ele vai ser engraçado onde puder”. A seguir o que dizem esses autores, Rafinha feriu todas as regras do funcionamento humorístico. Não que esse boxeador verbal seja o único a quem se deva apontar a imprudência, já que, ao dizer tal frase, ele se viu provocado pelo comandante da bancada do programa, Marcelo Tas. Fora este a levar o assunto – a beleza da cantora grávida – à baila de seus comentadores subordinados. O que esperava quando levantou a bola para que Rafinha nela batesse? E, especialmente, por que não o advertiu em público logo que a frase foi proferida? Sobre o episódio, ele declarou à revista Veja São Paulo: “Não gostei, isso não é piada, não se encaixa na categoria humor. É uma deselegância, uma agressão gratuita. Ele foi infeliz. Acho que o CQC precisa superar a adolescência, passar dessa fase de rebeldia sem causa”.

Para o historiador da Universidade de São Paulo Elias Thomé Saliba, autor de um livro clássico sobre o humor brasileiro, Raízes do Riso, “nem humoristas os integrantes do CQC são”, pois “humoristas são criadores de humor”. E eles também não seriam cômicos, “porque não usam a totalidade dos recursos de um cômico, o corpo, os trejeitos lúdicos, com o objetivo de provocar o riso”. O que Rafinha fez, a seu ver, não foi uma piada, antes o “resultado de mera irreverência compulsória, forçada pelo ambiente de público ao vivo, com claque de risadas, que estimula a irrestrição verbal dos comentaristas”. As cenas mais criativas do programa, o historiador acredita, são as pseudoentrevistas com políticos, que parodiam o próprio veículo da imprensa televisiva e atingem os limites do burlesco, “mas que se tornam cada vez mais raras no CQC”.

No dia 3, Rafinha, diminutivo do ator alto de 34 anos, cujo sobrenome dá pano para manga (“bastos” remetendo a basta, entre outras infelizes evocações), desapareceu da atração televisiva. Não que ele já não houvesse dito ao vivo durante esse programa que custa o que custa, 130 mil reais por minuto de inserções comerciais, de 240 mil a 2,4 milhões por merchandising interno, segundo a Folha de S.Paulo, sua intenção de “comer” outras mulheres. Mas somente quando o ex-jogador de futebol Ronaldo Fenômeno mostrou contrariedade com a frase ofensiva, dirigida à esposa de seu sócio Marcus Buaiz, a -coisa ficou impossível de aguentar.

A TV Bandeirantes, onde brilha o CQC, mostrou-se então, pela primeira vez, incomodada com Rafinha, substituindo-o por Monica Iozzi na bancada, uma decisão para amainar os ânimos, mas estranha para quem observa os fatos. Apontado pelo jornal The New York Times -como o mais influente mundialmente no Twitter-, Rafinha já dissera, durante seus shows de pé e na rede social, que a mulher feia deveria se sentir feliz quando estuprada. Embora a “piada” não tivesse sido proferida durante o programa de tevê, o ator, por conta dela, era alvo de uma representação do Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo ao -Ministério -Público. Seria, para a emissora, um funcionário cuja conduta deveria ser observada? A Bandeirantes se viu atingida agora após a alegada ingerência de Ronaldo sobre sua cúpula, pois o jogador, além de se recusar a falar ao CQC, a teria ameaçado com a disposição de trabalhar por cortes de anunciantes ao programa.

O colega de bancada de Bastos, outro ator, Marco Luque, que rira da frase no instante em que fora proferida, abaixando a cabeça balouçante e, sobre a testa, encostando uma das mãos, emitiu curiosa nota no dia 2, em que classificou a piada do companheiro de “idiota”. Luque, garoto-propaganda da mesma companhia telefônica que patrocina Ronaldo, teria sua razão para manifestar horror diante de palavras fortes. Danilo Gentili, outra sumidade recém-saída do CQC para talk show próprio na emissora, tuitou e apagou no mesmo 2 de outubro: “Sempre enxerguei algo mais significativo sendo construído por um comediante linchado por falar merda do que por um queridinho por puxar sacos”. A postagem fez a delícia de seguidores como Daniel Lima, que a parodiou no Twitter: “Sempre enxerguei algo mais significativo sendo construído por um comediante linchado por falar sacos do que por um queridinho por puxar merda”.

No dia 2, declarara o Observer, revista dominical do jornal inglês The Guardian, que Gentili representava um momento brasileiro especial, em que os comediantes estariam livres para criticar “o poder”. Um exemplo de raciocínio do apresentador, citado pela publicação, foi desenvolvido durante um show em Brasília, no ano passado: “Votar em Dilma (Rousseff) porque ela foi torturada? Eu pedi para ela ser? Um presidente tem de ser esperto. Se ela foi capturada e torturada, significa que foi uma idiota”. Outra preciosidade já saíra de um comentário seu na rede: “Entendo os velhos de Higienópolis temerem o metrô. A última vez que eles chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz”. Gentili não mostrou arrependimento pela frase com Dilma, mas, para se remediar junto à comunidade judaica, ele, mais afeito do que Rafinha aos comentários “políticos”, apresentou seu pedido formal de desculpas à Confederação Israelita do Brasil.

Em 1973, Millôr Fernandes, ilustre humorista brasileiro, sofreu um processo instaurado pelo então ministro da Justiça, Armando Falcão, por causa desta frase publicada em O Pasquim: “Jaqueline (Kennedy) nasceu de rabo pra lua e soube usá-lo”. Foi apenas um entre vários exemplos a demonstrar que os humoristas brasileiros, ao contrário do que crê o Observer, têm a tradição de criticar o poder, mesmo em tempos duros. Millôr afrontava a ditadura não em sua representação política, mas moral. Desafiava a censura federal em voga a todo escrito artístico que denegrisse alegados valores da “família brasileira”. Era humor crítico de quem vê oportunismo no fato de a viúva do presidente americano envolver-se repentinamente com um milionário armador grego.

O humor coronelístico de Rafinha Bastos, fundado no pensamento colonial escravista do Brasil, um país, portanto, de história politicamente incorreta, sem a necessidade de que os humoristas preguem agora a incorreção, não o leva a agir assim. Chico Anysio, assim como Jô Soares, sempre proferiu piadas sexistas, machistas e misóginas, mas, como lembra o historiador Saliba, quase sempre encarnando outros personagens, como oligarcas e nhonhôs: “Os preconceitos estavam lá, todos, alguns em toda a sua crueza, mas eram reversíveis, mudavam de lado a todo o momento, os papéis eram trocados, retomando o universo do burlesco”.

Depois de tudo o que houve, Rafinha tentou se explicar pela graça. Não usou de humor autoderrisório, praticado por mestres da stand-up comedy como George Carlin, incansável ao ridicularizar, entre outros, o fundamentalismo religioso de seu país, os Estados Unidos. Pelo contrário, o brasileiro reforçou o preconceito ao posar com duas mulheres de biquíni no Twitter, alegando sua felicidade na noite de suspensão do CQC. Em um vídeo, brincou de recusar carnes como baby beef e fraldinha, além de algo “para beber” numa churrascaria. Às perguntas que lhe fez o portal iG sobre o episódio, respondeu com receitas de bolo, evocando, em um processo de inversão, a censura ditatorial brasileira, que obrigava a imprensa a publicar textos culinários em lugar de notícias.

Não se sabe que tempo terá Rafinha para reinventar-se, ele que viu cancelados dois comerciais de que participaria e cinco apresentações pagas, para as quais cobraria até 20 mil reais por duas horas de trabalho. E é pena que, ao contrário de outras mulheres da história (os anos de conservadorismo teriam dificultado a ascensão feminina à condição humorística no Brasil, como acredita Saliba), Wanessa não tenha respondido à grosseria de Rafinha com uma boa piada. Humor de gênero está longe de constituir novidade. Foi praticado em frases como a da ativista Florence Kennedy: “Se homem ficasse grávido, o aborto seria um sacramento”. Ou por Ginger Rogers, exausta de ouvir falar da genialidade- de seu parceiro de foxtrote, Fred Astaire: “Faço tudo o que ele faz, só que de salto alto e andando para trás”.
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Rosane Pavam é jornalista, editora de Cultura de CartaCapital . Autora do livro O Sonho Intacto - Nas Palavras de Ugo Giorgetti e do blog Contos Invisíveis.
Para que tanta fundamentação teórica e histórica para explicar um fato que a autora admite ser um simples mandonismo, esse sim de inspiração "colonial", se me permitem o mesmo tipo de leviandade? Afinal, não importa a arbitrariedade, o Bastos merecia e "coronel" Ronaldo restabeleceu a ordem. Aos amigos tudo, aos inimigos o rigor dos cortes publicitários.

Por fim, normativismo humorístico é o fim da picada.

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Kengo
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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#56 Mensagem por Kengo » 10 Out 2011, 14:16

Compson escreveu:
bullitt escreveu:Se o sujeito continua repetindo frases consideradas infelizes para a maior parte do público, ele vai cair em um nicho restrito de pessoas que o admiram. Existe gosto para tudo. Tudo indica que o ego dele é maior que a polêmica. Há uma corrente de ódio contra ele? Pois é, a liberdade de expressão é bidirecional.
O que está em questão não é se é legítimo fazer campanha contra o Rafinha Bastos ou não... É claro que é legítimo!

O que está em questão é se a "punição" dele foi resultado dessa campanha ou de uma decisão pessoal de um cara que é amigo de outro cara que alegadamente controla os patrocinadores.

A questão é: (1) Bastos foi punido porque há um mínimo consenso social sobre a inadequação de seu comportamento ou (2) Bastos foi punido porque ofendeu um cara melhor relacionado do que ele?

Acho que muita gente está comprando (1) e levando (2).

Se você acha que patrocinadores (ou os ricos bem relacionados) têm o direito de mandar e desmandar no conteúdo da TV, tudo bem...

Agora, não tente me convencer de que esse desmando é uma ação moral. Nem negue que, por essa lógica, se o Bastos tivesse mais poder que o marido da Vanessa, então ele poderia falar o que quisesse...

A liberdade de expressão permite que as pessoas falem muitas coisas. Mas não permitem que incoerência se passe por fibra moral!
Compson,

Concordo com tudo o que você escreveu acima.
Não há o que discordar dessas suas palavras, como por exemplo, tem muita gente comprando o 1 e levando o 2.
Mas o próprio Rafinha Bastos, que sempre berrou aos quatro cantos, seja na Rolling Stones, seja na MTV com o Lobão, seja no twitter, que ele tinha o direito de dizer o que quisesse e quando quisesse (coisa que eu também concordo) ficou calado justo agora quando ele realmente foi cerceado, censurado...
E calado ficou tendo em mãos blogs, facebook e twiter.
Eu apenas incluiria uma nova pergunta a seu questionário:
Rafinha Bastos se calou por tomar consciência de que ultrapassou limites ou por que ficou frente a frente com ninguém menos que o Nazário?

O que mais me entristece é que eu acho o CQC uma bosta, mas o programa A Liga, ao menos para mim, é o melhor programa de reportagem hoje na tv. Nem o profissão Repórter é tão bom quanto A Liga... ela me faz lembrar de antigos programas como o Goulart de Andrade e Documento Especial, quem se lembra?

Enquanto isso somos brindados pelo pai do dito cujo vindo a público defender o filho por ele ter sido rotulado de filho do papai...rsrsrsrs

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Compson
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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#57 Mensagem por Compson » 10 Out 2011, 17:29

Kengo escreveu:Enquanto isso somos brindados pelo pai do dito cujo vindo a público defender o filho por ele ter sido rotulado de filho do papai...rsrsrsrs
:lol:
Festejamos um tempo de novas tecnologias, de informações diversificadas e on line, do acesso ao mundo em tempo real. Assistimos uma geração crescer com novos referenciais (ou sem eles), alterando fronteiras, mas com dificuldades de perceber limites. A imagem frequentemente prevalece sobre a realidade e se projetam idealizações que nos fazem reféns de marcas, de comportamentos, do consumo compulsivo por tudo que nos é "imposto" pelo "outro" que toma um significado supervalorizado. Precisamos de ídolos que traduzam estas expectativas, que representem essa nova linguagem, essa nova forma de nos relacionarmos onde ferramentas como facebook e twitter são indispensáveis.

Rafinha Bastos surgiu (como mais um e de forma intensa) para responder essas demandas. Irreverente, sem papas na língua, fez da bancada do CQC a tribuna para falar o que pensa, sem medir qualquer conseqüência, e o que muitos gostariam de dizer. Tornou-se um fenômeno: acompanhado por milhões, capa de revistas, propagandista de sucesso de produtos voltados para os jovens. Foi de forma crescente liberando sua agressividade, seu potencial ofensivo e continuou sendo aplaudido e acreditando que fazer mais do mesmo seria uma fórmula para mantê-lo no “estrelato”. Travestido de crítico do politicamente correto e em nome do humor, se arvore o direito de romper qualquer limite de civilidade e transgredir o limiar do bom senso. Tal como um "viciado" que sente o prazer da droga, mas não consegue avaliar sua capacidade de destruição, seguiu atacando impunimente até que deu efetivas demonstrações de que perdeu o controle. Primeiro declarou que as "mulheres feias não teriam do que reclamar se estupradas e sim ficarem agradecidas". Depois e por último acrescentou ao comentário de Marcelo Tas de que Wanessa Camargo está muito bonitinha grávida que "comeria ela e o bebê. Eu não tô nem aí".

De uma só vez desrespeitou valores sagrados, agrediu mães no seu sublime sentimento de maternidade e pais que tem como missão cuidarem e preservarem seus esperados e indefesos bebês. Perdeu a dignidade, a compostura para não perder a piada infame e de mau gosto.Como sogro, como pai, como avô, como empresário de comunicação e, principalmente, como cidadão, tenho crença de que a punição "temporária" de não mais co-apresentar o CQC se torne permanente porque como telespectador foi um prazer não ver um cretino continuar se utilizando de um veículo de massa para satisfazer seu próprio ego. Os trapezistas não podem acreditar que voam e os criminosos têm que ser colocados à margem da sociedade.

Rafinha, você não está nem aí, mas nós estamos aqui!

Americo Buaiz Filho
Tô falando, é só deixar essa gente falar que eles entregam o tom autoritário e a mentalidade coronelística...

Por mim, façamos uma estátua pelo Bastos só por ter provocado essa resposta!

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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#58 Mensagem por 100%tricolor » 10 Out 2011, 22:20

Pra mim levam muito a sério uma piada idiota.... as medidas q a bandeirantes tomou foram tomadas sob pressão e ameaças, para mim a retaliação do Ronaldo & cia foi uma atitude bem mais preocupante, algo pra se pensar ... tipo conosco ninguém se mete, quase mafioso...

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Carnage
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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#59 Mensagem por Carnage » 11 Out 2011, 23:23

O assunto parece ter se tornado inesgotável.


http://sul21.com.br/jornal/2011/10/o-cq ... incorreto/
O CQC ainda está no jardim da infância do politicamente incorreto

Milton Ribeiro

O humorista Rafinha Bastos foi afastado por tempo indeterminado do programa CQC. O motivo foi a deselegante brincadeira feita com a cantora Wanessa Camargo no programa exibido no último dia 19 de setembro.

As reação mais forte partiu de Marcos Buaiz, marido de Wanessa e sócio de Ronaldo Fenômeno na agência de marketing 9ine. Ele se posicionou publicamente contra a piada de Rafinha, fazendo com que o dito ganhasse enorme repercussão.

O imbroglio remete aos novos limites admitidos para o humor em nosso país. Na década de 80, Os Trapalhões, programa dominical da Globo liderado por Renato Aragão, brincava com a cor da pele das pessoas. Nos anos 90, dentro da Escolinha do Professor Raimundo, Chico Anysio debochava dos homossexuais. Ainda toleraríamos tais piadas hoje em dia?

O chargista e jornalista Arnaldo Branco diz que existe realmente “uma tendência mundial de testar os limites”. “Nos Estados Unidos, por exemplo, Stephen Colbert disse barbaridades na cara do Bush e o Ricky Gervais (que é inglês) apresentou o Globo de Ouro em estilo kamikaze. Só que aqui, se o patrocinador chia, demitem todo mundo. Não obstante, o CQC é um humor infantilizado, principalmente porque você sente os caras se comprazendo com a molecagem, com a própria ‘ousadia’ – mais do que sentindo orgulho autoral por uma piada bem elaborada”.

O CQC é uma franquia de uma produção argentina, já antiga. A sigla original significa “Caiga Quien Caiga” (Caia quem caia), cuja melhor tradução talvez seja “Doa a Quem Doer”. Durante muitos anos o programa foi apresentado na TV América argentina e reproduzida pela TVA aqui no Brasil. Os apresentadores argentinos eram muito bons e o que chamava a atenção era a total falta de cerimônia em perguntar o que o público gostaria de saber. Esta seria a principal diferença entre o original e a cópia, pois em vez de colocar os entrevistados em dificuldades por fatos de sua biografia, muitas vezes parte-se para o insulto ou a para uma saia-justa baseada numa livre-associação de trocadilhos e pegadinhas”.

O escritor e publicitário Nelson Moraes, que mantém o blog Ao Mirante, Nelson, – atualmente “em coma” –, fala sobre os insultos: “Caras como o Rafinha Bastos se valem do nicho ainda aberto de um humor politicamente incorreto no Brasil (nicho que a TV Pirata conseguiu mais ou menos preencher na década de 80). Então, ele acha que fazer apologia ao estupro, à truculência, à grosseria é preencher este nicho. Lembra o menino na escola gritando palavrões lá no fundo da classe, esperando ser mandado à diretoria pra poder chamar a professora de reacionária”.

Branco cita a questão da fórmula do programa, a qual utiliza muitas vezes perguntas capciosas a subcelebridades – e, às vezes, perde em sagacidade para elas. Branco fala em subcelebridades porque “celebridades mesmo, com poder, podem revidar, como o Rafinha acaba de descobrir”.

O chargista do Sul21 Eugênio Neves conta que viu poucas vezes o CQC por não gostar da fórmula, mas que uma vez achou tudo muito simbólico. “Era o aniversário da modelo Ana Hickmann e eles estavam na porta importunando os convidados que chegavam. Não gosto daquela gente, mas acho que eles têm direito à privacidade. Então, naquele dia, o repórter tinha no bolso um monte daquelas bombas que detonam quando a gente joga no chão. Uma hora ele se descuidou, bateu mais forte no casaco e aquilo começou a explodir descontroladamente. O cinegrafista perguntou se deveria continuar filmando e o repórter, realmente assustado, mandou aos gritos ele parar. E houve o corte. Eu achei uma bela isonomia: eles incomodando os convidados e sendo incomodados por um fato inesperado. Ou seja, quando é com os outros vale tudo, quando é comigo… Ora, se o humor vale num sentido, por não valeria no contrário?”.

Marconi Leal, redator de Zorra Total e romancista, analisa o humor do país de uma forma geral: “A nova geração, influenciada pelo humor americano, entrou em cena com uma variação do stand-up. Mas o stand-up brasileiro, ao contrário do que seus propagadores imaginam, está a léguas do americano e a milhares de léguas do inglês. Ele teve que se adaptar a sua audiência, e a audiência brasileira quer saber de piadas de sexo, de preferência que envolvam peido e palavrão – e não excluo a classe A desta preferência. Então, virou uma coisa meio bizarra onde o humor cerebral do stand-up é confundido com o insulto puro e simples, coisa própria de quem não domina uma linguagem que é estranha a nossa cultura”.

Marconi abre a questão da existência ou não de um humor nacional. “O conceito de ironia fina é estranho ao brasileiro. Preferimos ficar com o humor de tipos, que saiu do teatro, foi ao rádio com Max Nunes, desembocou na televisão (tendo em Jô Soares, Agildo Ribeiro e Chico Anysio seus maiores expoentes) e está aí até hoje, em programas como o Zorra Total e A Praça É Nossa. Como na política, cada povo tem o humor que merece. Se esse tipo de comédia fosse rejeitado pela população, esses programas não existiriam. E, no entanto, estão entre os de maior ibope na TV. Houve um período em que a televisão tentou quebrar esse paradigma, lançando programas como Armação Ilimitada, TV Pirata, Dóris para Maiores, Casseta & Planeta Urgente, Comédias da Vida Privada. Mas atualmente, com a ascensão da classe C, a tendência é a volta ao pastelão estilo novela. O Casseta & Planeta é o exemplo mais pungente disso que falo: quebrou a tradição de maneira radical nos primeiros anos e, nos últimos, vinha reproduzindo a comédia de tipos”.

Arnaldo Branco também fala da comédia de tipos brasileira ao afirmar que não há nada de ingênuo em programas como o Zorra Total, pois eles sabem exatamente a quem falam. “Pode até ser mais apelativo, mas só lá você pode ver um gigante do humor físico atuando, como Paulo Silvino. Ademais, tanto o humor popular quanto o erudito se valem de arquétipos; alguns dos clichês do Zorra são ecos distantes da commedia dell’arte. O programa está muito longe da sofisticação de um Millôr, mas também está distante da truculência de um CQC que, aliás, só é truculento com quem não sabe se defender. Toda vez que topam com o Maluf viram escada para o cara”.

O chargista Eugênio Neves chama a atenção para passividade bovina de alguns humoristas. No passado, eles poderiam até ser um contraponto ao que dizia o editorial da empresa; porém, como hoje os contratados baixam a cabeça para a orientação dos veículos onde trabalham, restaria a eles o humor a favor ou o escracho como objeto de riso. “Quando tiram sarro de algum rico suspeito, não é relevante como foi obtida a fortuna, a crítica vem pelo viés errado. Ou seja, não há a tentativa de desnudar parcialmente a vítima do humor. É um humor sem fundo, que só explora o ridículo. O humor mais nobre é o que diz o que não se pode dizer. Veja o que faz o Iotti no Rio Grande do Sul, a criminalização dos movimentos sociais é a mesma pauta de seus patrões. É triste quando a piada serve de ilustração para o editorial”.

Para Nelson Moraes, o problema específico do CQC independe da passividade em relação à emissora onde é apresentado. “Se formos olhar o formato do programa, os caras não têmtiming, estão sempre um tom acima, são canastrões que acham que textos irreverentes atenuam uma encenação mambembe. Aquilo é uma tentativa de humor. Na verdade, o Brasil ainda está no jardim da infância do politicamente incorreto. Nosso senso de humor vai de um extremo a outro — do escracho com os desfavorecidos – o que em si não é problema, se não fosse monotônico — à superproteção aos desfavorecidos — o famoso humor a favor, que é o cancro da piada. Praticamente não temos nuance, é tudo em torno disso”.

A falta de nuances também é referida por Eugênio, que o considera fatal. “Dilma é a faxineira, Sarney, o vilão onipresente, Kadafi é um ditador sanguinário e Chávez um pateta. É o humor do senso comum. Ou talvez falte informação a eles para explorar as contradições”.

Porém, o que parece preocupar a sociedade brasileira são as regras de convivência e os limites do humor. O repertório cultural, político e religioso de cada um interfere na reação, por exemplo, ao CQC. O Brasil respeitador do politicamente correto seria demasiadamente suscetível? Marconi Leal chuta o balde. “Para piorar o panorama do humor brasileiro atual, você tem o politicamente correto. Certo, o politicamente correto não é uma invenção nacional, surgiu nos EUA, enquanto nós somos ibéricos burocratas, normativos, autoritários. O estado, no Brasil, regula até como o sujeito deve escovar os dentes. Nos EUA – e não sou nenhum admirador dos americanos – se publicam biografias não-autorizadas, há produtos e marcas que são esculhambados em rede nacional de televisão, há figuras públicas que não são perdoadas ao menor deslize. Aqui, a justiça manda recolher livros do mercado, processa sicrano porque chamou fulano de feio ou gordo (e fulano ganha o processo), e por aí vai. Você sabia que não se pode fazer piada com enfermeira em meios de comunicação no Brasil? O sindicato delas foi à Justiça e ganhou esse estranho direito. Só sabe da censura quem enfrenta esse tipo de cerceamento diariamente. Daqui a pouco, a TV brasileira só vai poder exibir o padrão de cores. Tudo o que não for padrão de cores poderá ser alvo de processo”.

http://f5.folha.uol.com.br/colunistas/a ... -cqc.shtml
Saída de Rafinha esconde queda no Ibope do "CQC"
10/10/2011 - 01h20


A polêmica que envolveu Rafinha Bastos, afastado do "CQC", ajudou a mascarar a audiência do programa, que, neste ano, está oscilando para baixo. Em março, a atração marcou 5,6 pontos no Ibope da Grande SP. Em junho, bateu 6,4, mas caiu para 5,1 em setembro. Na última segunda-feira, o "CQC" marcou 4,6 pontos...

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/ ... olha.shtml
'Chupa o meu cacete', diz Rafinha a repórter da Folha

DA REDAÇÃO


Rafinha Bastos, do "CQC", respondeu hoje com palavrões a repórter da equipe da coluna de Mônica Bergamo, da Folha, quando questionado sobre piadas que fez no domingo em um show em São Caetano do Sul.

"Chupa o meu grosso e vascularizado cacete", afirmou ele à coluna por e-mail.

Ontem, durante o stand-up que fez na cidade do ABC, Rafinha fez piadas com o ator kkkkkkkkk Assunção e com a Nextel, que o contratou para anúncios publicitários.

Ao dizer que uma operadora de telefonia móvel teria um serviço usado apenas por "prostitutas e traficantes", o apresentador, de acordo com relato publicado pelo site da revista "Veja", disse: "É celular usado por traficante, e o pior é que eles sabem disso. Não é à toa que têm kkkkkkkkk Assunção como garoto-propaganda."

O ator já admitiu que usou drogas. Foi afastado do trabalho e chegou a ser internado para tratamento médico. Hoje está em cartaz em São Paulo com a peça "Adultérios" e no programa "Tapas e Beijos", da TV Globo.

Assunção não quis se manifestar sobre os comentários de Rafinha.

A Nextel disse: "Acreditamos em personalidades como kkkkkkkkk, que superam limites e que constroem uma nova história de vida. E, principalmente, em todo ser humano que acredita na transformação e na evolução".

A coluna enviou hoje de manhã e-mail ao apresentador do "CQC" pedindo que comentasse e explicasse a declaração que fez em São Caetano.

Ele enviou o xingamento como resposta. A mensagem chegou depois do fechamento da coluna.

http://www.cartacapital.com.br/destaque ... -professor
O aloprado venceu o professor
Matheus Pichonelli 11 de outubro de 2011 às 9:21h

Rafinha dormiu justiceiro e acordou estuprador. Um dos papeis havia sido tirado dele. Sobrou o outro, e foi nele em que se agarrou.


No começo do ano, pouco antes de pegar o ônibus para o trabalho, costumava tomar café numa loja de departamento – dessas que vendem de jornal a aparelho de celular. Para chegar ao segundo andar, onde funciona uma livraria, pegava a escada rolante e reparava, do alto, numa pequena aglomeração sobre um televisor. No dia seguinte, a aglomeração aumentava – era possível notar que alguns personagens voltavam acompanhados de algum amigo. Foi assim durante alguns dias: toda vez que pegava a escada rolante, notava que a pequena aglomeração havia se transformado numa pequena multidão.

Em volta da tevê, todos pareciam hipnotizados. E riam. Riam muito. Riam tão alto que fiquei curioso para saber o que tanto olhavam. Foi quando soube que o produto a venda não era a tevê, mas um DVD com as piadas feitas por Rafinha Bastos em seu show de stand up comedy.

Não sei quanto tempo o produto ficou a venda. Mas posso garantir que, enquanto deixou o DVD exposto, a megastore conseguiu reunir em semanas um público que fatalmente se acotovelaria para ver o comediante em sua casa de show. Comentei com um amigo, que tem amigos em comum com o Rafinha, e ele contou o seguinte: num dos programas semanais do qual participava na Bandeirantes, os futuros entrevistados sempre perguntavam à produção: “Mas é o Rafinha que vem?” Quando ele chegava para a pauta, geralmente para acompanhar o dia de um trabalhador ou apresentar matérias-denúncia sobre o descaso do poder público, as pessoas se preparavam, se aglomeravam (como na frente da tevê) e o tratavam como uma espécie de porta-voz da comunidade, capaz de amplificar em segundos uma queixa que, longe das câmeras, levaria anos para ser solucionada.

Mas Rafinha Bastos é um personagem. Quando entrevistava (fosse ou não orientado pela produção), fazia crescer os olhos e a voz, numa tentativa, ora forçada, de mostrar indignação. Foi assim quando mostrou a suspeita de trabalho escravo envolvendo uma grife multinacional. Ou quando pedia providências para transporte público escolar. Ou quando dava as caras em reportagens sobre moradores de rua ou comerciantes ambulantes.

Ou quando passou dias comendo a merenda de uma escola pública diante das câmeras, em casa, numa tentativa de denunciar a falta de cuidado com os alimentos dos pobres estudantes.

Sem internet, Rafinha seria como o professor que ganha os alunos com piadas e frases-feitas. Mas havia milhões na plateia, e uma trincheira na vida real. Foto: Divulgação

Rafinha Bastos era um fenômeno, embora jogasse um jogo aparentemente fácil: de um lado, crianças (ou injustiçados); de outro, um político de antemão apresentado como insensível.

Mas um fenômeno, no Brasil, precisa se resguardar em cuidados para não deixar a mostra os outros lados da mesma personalidade. Jogadores, cantores, políticos, empresários e até jornalistas gastam o que têm e o que não têm em cursos de etiqueta e manuais de mídia training: posam abraçando crianças e proferindo frases-feitas para aplausos na plateia do Faustão. Quase nunca deixam brechas: o ralho com a empregada, a piada sobre a mulher feia, a agressão aos filhos e o suborno na Receita quase nunca saem no jornal. Se sair, é pena de morte.

Foi aí que Rafinha tomou o contragolpe. Não por sua postura na vida pessoal (que poucos sabem), mas pela postura de seu outro personagem. Durante algum tempo, ele transitou entre o repórter socialmente responsável (ao menos para o público) e o piadista sem-noção, oriundo de uma escola cujo escracho vale mais que mil paródias. Se é rindo que se corrigem os costumes, o Rafinha piadista e sua trupe (sim, porque não estava sozinho) pareciam inverter ou desprezar a própria função: os pobres que continuassem pobres, os feios que seguissem feios, os ladrões que continuassem ladrões e os indignados que rissem de tudo, porque rir era o fim e não o meio.

De alguma forma, colocar puta, traficante, ator e viciado no mesmo balaio parecia engraçado. E, por um motivo aparentemente inexplicável, o mesmo ator que defendia os injustiçados dos políticos não parecia desmentir o comediante que chutava todo mundo, injustiçados inclusive.

Com o papel, ele passou a despertar antipatia nos jornalistas, que não o reconheciam como colega – e nem tinham as mesmas ferramentas para estourar miolos de mosquitos com metralhadora. Mas Rafinha não precisava dos colegas: enquanto tivesse aplauso, não precisaria da mídia nem de ninguém. Para chegar ao público, bastava falar. Tinha sua própria casa de shows e sua própria rede de seguidores, milhares de seguidores em redes sociais que o levaram a ser considerado como a personalidade mais influente do Twitter em matéria do New York Times.

Mas um dia alguém percebeu a contradição entre os dois papéis que, durante pelo menos três anos, o ator desempenhou. Havia uma trincheira em volta dele, e ele parece não ter notado: os zilhares de seguidores não o salvariam da trairagem da própria bancada do CQC. Faltava acender um isqueiro. Um dia, ele falou sobre a mulher do amigo do colega que era pago pela empresa que também bancava o sócio do marido do amigo do colega.

Bastaram quatro pessoas, uma empresa (talvez mais) e um bebê. E a velha mídia, que teme pelos seus anunciantes, acendeu a patrulha e deu o bote.

Rafinha dormiu justiceiro e acordou “estuprador”. Um dos papéis havia sido tirado dele. Sobrou o outro, e foi nele em que se agarrou, cuspindo em todos os que acreditava não precisar. Bastava, talvez, um pedido de desculpas, recorrendo, como todo mundo faz, à tal da humanidade que nos leva a cometer erros infantis, fora de contexto e tudo mais. Por algum outro motivo (também inexplicável) a resposta foi outra: receita de bolo para um, banana para outros, cacete para outros mais. Hoje, levar o “justiceiro” para mostrar as mazelas da comunidade ou mostrá-lo como anunciante pega mal. Parte da plateia evaporou.

Poucos entendem – e qualquer tentativa de explicação fatalmente cairá no moralismo, em julgamento ou fofoquinha. Muitos dirão: mas por que tanta tinta gasta com um artista se há tanta fome no mundo? Porque, mídia e espectadores, não conseguem entender a que se deve um fenômeno como Rafinha. Talvez nem ele mesmo. Por ser um fenômeno forjado na internet, embora alavancado na tevê, o assunto se torna inesgotável. Sem medo de errar, é possível dizer que hoje ninguém, nem político nem empresário nem qualquer outro artista, tenha a mesma capacidade de se tornar assunto, gerar polêmica e discussões no Brasil como o Rafinha Bastos.

Desafio quem quiser a sair na rua e encontrar mais de duas pessoas, entre 12 e 35 anos, num grupo de cem, que saibam citar duas palavras proferidas pela presidenta Dilma Rousseff na abertura da Assembleia Geral da Onu. E desafio o mesmo curioso a encontrar, nesse mesmo grupo, dois jovens que não saibam citar de cabeça ao menos uma polêmica protagonizada por Rafinha na última semana.

A polêmica alimentada na polêmica fez com que Rafinha (ou a suposta decadência dele) se tornasse tema obrigatório em qualquer site para alavancar a audiência.

'Por um motivo aparentemente inexplicável, o mesmo ator que defendia os injustiçados dos políticos não parecia desmentir o comediante que chutava todo mundo, injustiçados inclusive'

Parte do fascínio sobre o comediante tem origem na mesma pergunta: como? Como é possível?

Arrisco: Rafinha fala com a juventude, ou com adultos juvenis, que ainda são capazes de rolar de rir se alguém tropeça na frente deles em uma casca de banana. Lembra, em alguns aspectos, o professor que ganha os alunos no cursinho ou no colegial: se apresenta com piadas constrangedoras (sobre a loira, sobre a monga, sobre o lerdo, sobre o deficiente), mas dá a sua aula; fala frases-feitas, e ganha a admiração de todos; transita entre o sério e o sem-noção; tem o domínio de um público que ainda forma a opinião sobre qualquer coisa. E tem a vantagem de estar na frente de todos, o microfone às mãos. De novo, com outros recursos, parece um jogo fácil. Como jogar políticos contra um público com pena das crianças.

Mas um dia os alunos crescem. E as piadas (como a vida) deixam de parecer engraçadas. E as frases-feitas, a moral da história, já não fazem sentido. E o professor aloprado, ídolo da molecada, vira o babão em pouco tempo (mas o público se recicla, e no ano seguinte, novos alunos surgem). Vendo o Rafinha, lembro de todos os professores do colégio e cursinho que domavam as feras de 18 anos, mas que hoje não sobreviveriam a dez minutos de argumentos num reencontro de turma, dez anos depois.

A diferença é que, com os sites de compartilhamento, as redes sociais, e as páginas eletrônicas de fofoca, a sala de aula se transformou numa plateia para milhões. Com a trincheira à sua volta, cavada pelos amigos e empregadores, o tombo só foi maior. O mundo da celebridade é assim: ela se alimenta dos picos, mas também da decadência. E decreta prisão perpétua para quem errou no lance final.

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Carnage
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Re: Caiu a casa pro Rafinha Bastos (CQC)

#60 Mensagem por Carnage » 11 Out 2011, 23:25

Alguém cocorda?

http://www.blogcidadania.com.br/2011/10 ... e-o-canal/
Não mude de canal, mude o canal
Posted by eduguim on 06/10/11 • Categorized as Opinião do blog


Vivemos uma época de inversão ou deturpação de valores. Até mesmo daqueles valores consagrados por terem sido inscritos na Carta Magna da Nação como deveres dos contemplados por concessões públicas de rádio e televisão. Por conta disso, surgiu uma teoria abjeta que, se não for combatida, irá ganhando adeptos.

Com o florescimento da consciência nacional sobre o papel das comunicações e o conseqüente surgimento de movimentos sociais e políticos por sua democratização, ou seja, para acabar com o oligopólio que as mantém nas mãos de meia dúzia de famílias, e com a divulgação de como a comunicação é tratada nos países mais desenvolvidos e democráticos – onde é regulada pelo Estado sem gritaria sobre “censura” –, surgiu um discurso canhestro que prega que quem não aprova ou sente-se ofendido pelo uso que o oligopólio midiático faz de concessões públicas como a televisão, que mude de canal.

É como se os usuários de outra concessão pública, as linhas de ônibus urbanos, se inconformados com a qualidade desse transporte fossem aconselhados pelos concessionários donos dos veículos a que, se não gostam deles, que andem a pé ou de táxi. Ou como se o vizinho que ouve música no último volume a madrugada inteira dissesse aos incomodados que se mudassem.

Se tenho uma filha autista – e tenho – e vejo um “comediante” fazer piada com a sua doença, eu que “mude de canal”? Se tiver uma filha que foi estuprada – e um amigo tem – e o tal “comediante” disser que ela deveria agradecer ao estuprador, idem? Pouco importa se tais “piadas” se espalharem pela sociedade por terem sido ditas na televisão, não é mesmo?

Os artigos 220 e 221 da Constituição Federal, apesar de jamais terem sido observados, garantem ao cidadão que não seja obrigado a “mudar de canal” quando tais preceitos constitucionais forem violados pelos concessionários da comunicação eletrônica de rádio e televisão.

No Artigo 220, parágrafo 3º, item II, está inscrito que cabe ao Estado “Estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221”, o qual, em seu item IV, reza que o concessionário de televisão ou rádio deve primar pelo “Respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família”.

Alguém consideraria que a pregação de “estupro” de mulheres ou o deboche de deficientes mentais, sob a alegação de ser “humor”, inserem-se entre os “valores éticos e sociais da pessoa e da família” que devem balizar a programação produzida pelos concessionários de meios de comunicação eletrônicos? Parece que não.

Esses impérios de comunicação e seus defensores entre a sociedade civil desenvolveram uma crença em que o empresário que controla um canal de televisão, por exemplo, é dono daquela faixa de onda do espectro magnético por onde trafega o que produziu, quando, na verdade, ela lhe foi cedida para exploração comercial desde que o uso que dela faça contemple o interesse público.

Portanto, ao lhe mandarem “mudar de canal” quando você julgar que determinado programa viola os preceitos constitucionais supracitados, dê uma banana a quem diz isso e instrua o ignorante (da letra da lei) de que, quando o canal viola a Constituição, não é o público que tem que mudar, mas o canal.

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