Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#16 Mensagem por BUCHANAN'S » 11 Jan 2012, 18:01

Sera que vai ter impeachment ?


Comissão de Direitos Humanos da CMSP se reúne para protestar contra a Operação desenvolvida na Cracolândia

Ericka Perestrelo

Quarta, 11 de Janeiro 2012 - 17:54
Reunião Direitos Humanos discute operação na Cracolândia - ouça o boletim by radiowebcamarasp27

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo convocou uma audiência pública, em caráter extraordinário, para discutir a ação que está sendo desenvolvida na Cracolândia, região central de São Paulo.

O vereador Italo Cardoso (PT ) organizou o encontro, mesmo durante o recesso parlamentar, porque entende que a ação é exclusivamente policial e a situação é muito grave.

O vereador Jamil Murad ( PC do B ) presidente da comissão, afirma que a operação fracassou.

O defensor público Carlos Weis está acompanhando de perto a situação.

O deputado Estadual Adriano Diogo, ( PT ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa apoiou a audiência e vai mobilizar o Poder Legislativo do Estado de São Paulo para propor soluções.

O Desembargador Antonio Carlos Malheiros também compareceu à audiência pública e afirmou que o Poder Judiciário tem um plano para acolher os viciados da região central de São Paulo. É preciso agora a união dos órgãos públicos para colocar a idéia em prática.

O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador José Police Neto ( PSD ), esteve presente e determinou que a ouvidoria da casa fique de plantão 24 horas por dia para acolher denúncias de maus tratos contra as vítimas do crack. O telefone da Ouvidoria é 0800 - 3226272

http://www.camara.sp.gov.br/index.php?o ... Itemid=199

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Re: FHC defende descriminalização da maconha para uso pessoal

#17 Mensagem por Locador » 11 Jan 2012, 19:47

Nazrudin escreveu:São Paulo está de parabéns por ser um dos poucos Estados do país que conseguiu manter e/ou diminuir o número de crimes violentos nos últimos anos, desde a era Lula. Tem Estado no Nordeste e Norte que mais do que dobrou o número de assassinatos por habitante.

O crack, todo mundo sabe, virou uma epidemia na era Lula. A política externa dele junto aos países vizinhos, sobremaneira os cocaleiros, é a grande responsável.

Após deixar que o governo de lá usurpasse as empresas brasileiras o governo petista resolveu reinventar o adágio cristão. Antes vc. levava na cara e dava a outra face, na versão petista o Brasil ainda vira a bunda. Resolveram tirar do papel uma tal de rodovia Brasil-Bolívia que já está sendo chamada de Rodovia da coca. O Brasil entra com a rodovia e a Bolívia com a coca.

A própria configuração do crime internacional mudou. Graças ao Lula e seus amigos cocaleiros o brasil é a principal rota da coca andina para a Europa. Produção mais do que dobrou. Cada vez admiro mais os paulistas.
Pois é meu caro ,

E o maior crime do Governo Paulista foi ter feito tudo antes dos Petralhas. É claro que o plano deles era muito melhor. Só faltava colocar em ação sem avisar a PM de SP, a Prefeitura e o Governo.

Por que não começam por Brasília, onde tem cracolândia pertinho dos ministérios, ou pela Bahia, governada por petistas, onde a taxa de homicídios é mais de três vezes maior que a de São
Paulo?

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roladoce
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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#18 Mensagem por roladoce » 11 Jan 2012, 20:58

Engraçado!!

Vi um jurista justificando, que o ato era ilegal, pois, tirava do direito de ir e vir, e de permanecer no local dos drogados!!

Mais todos esses que são contra, não falam, dos crimes que advem dos drogados ali, da intimidação, da desvalorização do local e tantos outro problemas.

Esse é o problema do Brasil, as instituições brigam entre si...

Esse fato mostra mais uma vez, que é apenas briga de egos, nem de politicagem isso pode ser chamado..pois é mais rasteiro do que isso o sentimento!!!

Deveriamos fazer um teste, deixar, 300 drogados, perambulando proximo as casas desses juristas e direitos "humanos", para ver como eles ia lidar com o fato!!

É fácil falar, quando está a kilometros de distancia dos problemas, e/ou tem carro blindado e escolta armada!!!

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#19 Mensagem por Nazrudin » 11 Jan 2012, 21:17

Rola Doce, posso sugerir mandar para um certo endereço em São Bernardo?

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Cuidado com a pegadinha... não é propriamente o Lula que mora ali... mas a conta quem paga é vc!

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Tobba
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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#20 Mensagem por Tobba » 12 Jan 2012, 10:44

Não defendo político A ou B...

Não me pareceu desastrosa a ação, apenas tardia...isso já devia ter sido feito a muito tempo.
Assim como investimento em educação, criação de centros de tratamento para dependentes e etc.
Tanto se fala e se falou em segurança pública e blá blá blá e não vi um único plano de ação em substituição ao executado.
Para algumas pessoas é mais cômodo deixar os dependentes na tal da "cracolandia", bem longe da porta de sua casa em bairro nobre.
Alguém aqui já tentou convencer um dependente de crack a procurar tramamento? E conseguiu convencer?
Não se pode analisar um ato/fato isoladamente. A tomada das ruas pela PM não é a solução do problema, mas parte dela. O dependente de crack não é como o dependente de outro tipo de entorpecente, que consegue levar uma vida praticamente normal.
A tomada das ruas visa desestruturar este sistema no qual estão inseridos os dependentes deste entorpecente nefasto.
Agora, não dá para esperar que este tomada seja feita com pedidos de "com licença", "por favor", "poderia por gentileza". Seres humanos tem as mais diversas reações e cada um deve ser tratado de acordo.
Desta forma, não entendo como desastrosa as ações tomadas, pois entendo que se referem a fatos isolados. A nossa Constituição Federal garante a igualdade de todos, mas isto significa não que todos devam ser tratados da mesma forma, mas sim, que os iguais sejam tratados igualmente e os desiguais na forma de sua desigualdade.

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#21 Mensagem por Kamelo » 12 Jan 2012, 17:08

BUCHANAN'S escreveu:Lamentavel .. a dupla dinamica antecipou a operação com medo da intervenção do Governo Federal.

Os Centros de Recuperação ainda não estão preparados para tratar os dependentes.

Os nóias se espalharam por todos os cantos da cidade . Amigos que trabalham em Higienopolis estão preocupados com a manada de zumbis vagando pelas ruas até então tranquilas

Eles dizem que lugar de drogado é no centro velho , não no bairro deles que é limpo e bem cuidado.
:mrgreen: :mrgreen:
Ri muito :lol: :lol: :lol:

É como dizem é um câncer se não fazer uma boa quimioterapia ele se espalha ... Se não tem casa de recuperação suficiente capaz de suporta tamanha demanda de drogados porque foi mexer no formigueiro...
Realmente uma operação desastrosa sem planejamento grato.

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#22 Mensagem por BUCHANAN'S » 12 Jan 2012, 20:13


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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#23 Mensagem por Carnage » 15 Jan 2012, 18:10

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http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... a-paulista
Cracolandia: a falência da gestão pública paulista
Autor: Luis Nassif


O que ocorreu na invasão da Cracolância é exemplo claro da falta de ferramentas mínimas de gestão no governo e da prefeitura de São Paulo.

Com exceção de Mário Covas, nenhum de seus sucessores têm noção mínima sobre gestão, sequer o be-a-bá, quanto mais outras formas mais aprimoradas, como a gestão interdisciplinar - entre várias secretarias - ou a gestão com participação da sociedade civil.

Quando sugerido a Serra que se inteirasse de ferramentas de gestão, sua resposta - típica da arrogância despreparada - era que não precisava disso porque sabia fazer acontecer. Jamais realizou uma reunião sequer de secretariado. Houve secretário que entrou no governo e saiu sem conhecer outros colegas.

Na sua primeira gestão, Alckmin não foi melhor. A grande crise da segurança do PCC decorreu da incompatibilidade entre secretários da área - Justiça, Segurança e Administração Penitenciária - e falta de pulso de Alckmin para organizar reuniões conjuntas.

No episódio das enchentes, com Serra, outro exemplo clamoroso da falta de gestão, não se tem notícia de uma reunião conjunta sequer dos setores que compõem a defesa civil do Estado. A tal ponto que Serra entrou na campanha presidencial supondo que Defesa Civil era uma organização tipo Corpo de Bombeiros e não uma articulação das diversas organizações envolvidas com desastres.

Trabalho intersetorial consiste em identificar o problema - resolver a questão da cracolância. Depois, juntar todos os setores responsáveis - Secretarias da Saúde do Estado e do Município, PM, Guarda Municipal, Ministério da Saúde - mapear todas as etapas e definir a responsabikidade de cada um e a articulacao entre as acoes.

Nessas reuniões se estudaria, primeiro, onde alojar os desabrigados. Depois, como preparar a recepção. Finalmente, a ação propriamente dita, com agentes de saúde, primeiro, tirando os viciados. Depois, a PM e a PF entrando em cena contra os traficantes.

Finalmente, as ações de longo prazo, visando o tratamento dos necessitados.

Fala-se muito em Brasil grande, em nova etapa do desenvolvimento brasileiro, mas o maior estado do país não tem noção mínima de gestão pública. Enquanto isto, organizações que poderiam trabalhar a inteligência do estado - como Fundap, Seade, Cepam - continuam às moscas.

Faria melhor Alckmin em providenciar um estágio dos secretários paulistas com o pessoal do PAC, no governo federal, ou com os governos de Minas, Pernambuco e Espirito Santo.
http://maierovitch.blog.terra.com.br/20 ... cio-de-fhc
Muralha policial em Higienópolis para preservar silêncio de FHC

No ano passado, o ex-presidente Fenando Henrique Cardoso, que nos dois mandatos presidenciais se submeteu à política norte-americana de guerra às drogas (war on drugs) de seu guru, o então presidente Bill Clinton, virou casaca, trocou bandeira.

FHC, em busca de um palanque internacional para concorrer com o então presidente Lula, reuniu antigos presidentes e dirigentes fracassados por adesão à guerra às drogas e submissão aos EUA para deitar sabedoria quanto às novas políticas sobre o fenômeno representado pelas drogas ilícitas no planeta.

Assim, FHC subiu ao palanque adrede preparado e vestiu panos de líder progressista, a encampar, como próprio, antigos posicionamentos antiproibicionistas. Até foi preparado um documentário, do tipo laudatório para exibição em cinemas, que não se tornou campeão de bilheteria.

Dentre a turma dos “vira-casaca”, que usam a desculpa do “nós reconhecemos que erramos e agora vamos mudar”, destacam-se:

1) César Gaviria, ex-presidente da Colômbia ao tempo dos potentes cartéis de Cali, Medellín e Vale Norte. Gaviria admitiu que Pablo Escobar construísse, com recursos da venda internacional de cocaína, o presídio onde ficaria e poderia sair para passeios e dirigir, do banco de reservas, o seu time de futebol. O povo chamava o presídio de “A Catedral”, pois era o santuário de Escobar, com obras de arte nas salas de reuniões do “capo da cocaína” e sistema de segurança para evitar bombardeamento por aviões da norte-americana DEA (Drug Enforcement Administration). Mais ainda, Gaviria fazia vista grossa para a Tranquilândia, o megacomplexo onde Pablo Escobar, chefão do Cartel de Medellín, mantinha o maior centro latino-americano de refino de cocaína: o povo deu o nome de Tranquilândia, pois a polícia jamais entrava lá.

2) Ernesto Zedillo, ex-presidente que decretou a falência do México, provocou uma crise econômica internacional até então sem precedentes e assistiu a indústria mexicana das drogas ilícitas obter lucros fabulosos.

3) Kofi Annan, ex-secretário da Organização das Nações Unidas (ONU), e responsável, quando no poder, pela manutenção do proibicionismo criminalizante convencionado na sede das Nações Unidas em 1961: a convenção de Nova York continua em vigor e os estados teocráticos membros da ONU e os EUA são contrários a qualquer tipo de mudança.

Como o tempo se incumbe de revelar farsantes, aquele que se promoveu a líder das causas corretas sobre políticas nacionais e internacionais sobre drogas, FHC mantém-se, passada mais de uma semana da operação iniciada na Cracolândia, em sepulcral silêncio.

Morador do bairro de Higienópolis, popularmente dividido em Higienópolis de Cima e Higienópolis de Baixo depois da luta pela não instalação de uma estação de metrô que levaria à circulação de transeuntes indesejados, FHC foi cobrado pelos vizinhos. Afinal, a ação prevalentemente policial no bairro da Luz, onde estavam confinados os toxicodependentes de crack, resultaria na migração para Higienópolis.

FHC, o novel especialista no fenômeno das drogas proibidas pelas convenções da ONU, não se manifestou sobre o denominado Plano de Ação Integrada Centro Legal, concebido pela dupla Alckmin-Kassab, respectivamente, governador do Estado e prefeito da capital.

Pelo silêncio, nem se sabe se gostou da deferência do governador por destacar um contingente da Polícia Militar para impedir que dependentes químicos de crack, estimados em 1.664 (400 habitam na Cracolândia), ousem, ainda que assutados pela violência policial, migrar para o “aristocrático” bairro de Higienópolis.

Com tal medida protetiva, FHC, certamente, vai poder abrir as janelas de seu apartamento sem risco de assistir a cenas motivadoras de algum pronunciamento.

Pano Rápido. A meta da operação de Alckmin-Kassab é “limpar” a Cracolândia de “indesejados viciados em crack”, antes admitidos quando interessava a política de confinamento.

O “limpa” vai dispersar os dependentes para novo “pogrom” na periferia, já que uma muralha de policiais militares evitará que ingressem nos bairros vizinhos de Higienópolis e Bom Retiro.

Wálter Fanganiello Maierovitch

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#24 Mensagem por Carnage » 15 Jan 2012, 18:11

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/s ... um=twitter
Defensoria coletou 32 denúncias de abuso em ação na Cracolândia
Métodos das corporações são considerados uso de força desproporcional contra pessoas "que são pobres, miseráveis e desarmadas"

Agência Brasil | 12/01/2012 04:16


A Defensoria Pública de São Paulo já coletou 32 denúncias de abusos cometidos durante a operação policial na região da Cracolândia, no centro da capital paulista. Segundo o coordenador do núcleo de Direitos Humanos do órgão, Carlos Weis, são casos “exemplificativos” de como a Polícia Militar (PM) e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) estão agindo.

Antes e depois: Veja cenas da Cracolândia
Resultados: Apesar do medo e desconfiança, moradores apoiam ação na Cracolândia
Protesto: Grupo organiza 'churrascão de gente diferenciada' na Cracolândia
Elite: Tropa de choque paulista entra em operação da Cracolândia

Para ele, os métodos das corporações são "absolutamente exacerbados, em face das pessoas, que são pobres, miseráveis e desarmadas”. O defensor falou durante uma reunião convocada pelas comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal para discutir a ação policial que tenta acabar com o uso e tráfico de drogas no centro da cidade.

A defensoria tem mantido reuniões com os órgãos do governo estadual para tentar uma mudança na forma de atuação da Polícia Militar nas ações de combate aos traficantes e usuários de drogas na cracolândia com uso de força desproporcional, segundo relatos.

Para o defensor, o problema é mais de saúde do que de polícia. “Nós entendemos que se trata fundamentalmente de uma questão de saúde e social na cracolândia. Não tanto uma questão policial”, ressaltou Weis. Ele disse ter visto poucos agentes de saúde atuando em suas visitas à região. O defensor entende também que “as pessoas que não estiverem cometendo o crime de tráfico de drogas têm todo o direito de permanecer aglomeradas, reunidas e de não se locomover, se não quiserem”.

O diretor do Sindicato dos Guardas Civis Metropolitanos, Clóvis Roberto Pereira, disse, no entanto, que os membros da corporação são orientados a não permitir que os moradores de rua permaneçam em determinadas áreas da cidade. “Não tem nada escrito que é para bater nas pessoas, mas que as pessoas têm que sair, têm que ser retiradas”, declarou ao justificar porque algumas vezes os guardas usam a força para remover as pessoas.

Trabalhando há cinco meses na cracolândia, o desembargador Antonio Carlos Malheiros também criticou a operação policial iniciada na semana passada. “Algo que parecia nas primeiras horas de ser uma operação para caçar traficante, transformou-se em uma caçada a usuários. Um grande desastre”, disse o magistrado que coordena a área de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo.

O tribunal vem promovendo uma ação de aproximação entre os juízes e crianças e adolescentes que vivem entre os dependentes químicos na tentativa de encontrar maneiras de ajudá-los. Trabalho que foi perdido, segundo Malheiros, com a ação policial que espalhou os residentes da cracolândia pela cidade. “Nos desestruturou completamente. Vou ter que começar tudo de novo”, declarou.

O desembargador acredita, entretanto, que o inquérito instaurado ontem (10) pelo Ministério Público Estadual deverá ajudar a diminuir o uso da força contra os usuários de crack. “Tenho a impressão que depois da fala corajosa do Ministério Público ontem, as truculências tendem a ceder”.

Como resposta a abertura da investigação do Ministério Público, a Secretaria de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania divulgou nota em que diz que a operação policial faz parte de uma estratégia conjunta entre o governo estadual e a prefeitura para combater o tráfico de drogas e dar assistência aos dependentes químicos. “Desde o princípio, governo e município foram claros em relação ao cronograma e ao caráter contínuo e de longo prazo da operação. Os resultados obtidos nestes primeiros dias estão dentro do planejado”, destaca o comunicado.

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Compson
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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#25 Mensagem por Compson » 16 Jan 2012, 08:40

A César...
Reunião de Alckmin e Kassab selou uso ostensivo da PM na cracolândia

Encontro ocorrido em 1º de dezembro pôs fim à hesitação entre priorizar intervenção policial ou políticas sociais

Começo da operação também foi motivado pelo temor de que a gestão Dilma e o PT se apropriassem do tema


O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (PSD) deram aval ao uso ostensivo da Polícia Militar na cracolândia, centro de São Paulo, em reunião no dia 1º de dezembro, no Palácio dos Bandeirantes.

Troca de e-mails e uma bateria de reuniões -uma delas com cem homens, na PM- antecederam a ação.

Alckmin e Kassab debateram com secretários da área social e de segurança medidas de combate ao tráfico, incluindo a ação policial ostensiva. Até então, eles hesitavam sobre a polícia. No governo, havia a tese de que era problema social e de Kassab.

Já a prefeitura era palco de disputa entre duas correntes. Uma delas defendia que a solução estava nas políticas sociais, mas, quatro meses depois, prevaleceu a tese, compartilhada pelo secretário Januário Montone (Saúde), de que, sem repressão policial, estariam "enxugando gelo".

O comandante-geral da PM, coronel Álvaro Camilo, defendeu janeiro, pois, com a cidade esvaziada pelas férias, seria possível destinar mais policiais para a ação.

"Definimos com outros órgãos que a operação aconteceria em janeiro", disse.

A vice-prefeita e secretária de Assistência Social, Alda Marco Antonio, exibiu o modelo de tendas para viciados. Os secretários de Saúde listaram vagas para tratamento.

No dia 29 de dezembro, o núcleo de segurança desenhou a operação. A data -terça-feira, 3 de janeiro- foi fixada pelo comandante do centro, coronel Pedro Borges.

"A ação ia começar na segunda-feira. Mas como a segunda é um dia sem véspera, porque domingo é plantão, decidi esperar mais um dia para poder conversar com a tropa", afirma Borges.

Da reunião que decidiu a data participou o presidente do Conselho Municipal de Políticas Públicas de Drogas e Álcool, José Florentino Filho. Alda foi informada nesse dia.

POLÍTICA

A definição de data e hora teve combustível político. No dia 23 de dezembro, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciaram em São Paulo a participação dos movimentos sociais no plano "Crack, é possível vencer".

Atento à movimentação e sob cobrança do eleitorado, Alckmin temia que o PT assumisse a bandeira. Padilha é tido como potencial candidato ao governo em 2014.

Na prefeitura, o medo era que a União se apropriasse do programa municipal de atendimento móvel aos dependentes, hoje com 27 equipes.

Em dezembro, a gestão Dilma lançou o programa de consultórios de rua, que prevê o transporte de profissionais de saúde em uma van com a marca do governo.

A prefeitura só aderiu depois que a União abriu mão da exibição do símbolo. Até hoje, o governo federal se queixa de não ter sido informado sobre a operação.

Após críticas da Promotoria, do Judiciário e da Defensoria Pública, o governo proibiu o uso de bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar usuários.

(CATIA SEABRA E ROGÉRIO PAGNAN)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidi ... ndia.shtml

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#26 Mensagem por Trankera » 16 Jan 2012, 14:38

15/01/2012 - 23h26
Fotógrafos são assaltados ao fazer ensaio na cracolândia

DE SÃO PAULO


Um grupo de usuários de crack agrediu na noite deste domingo três repórteres-fotográficos, incluindo um repórter da Folha, que faziam uma reportagem na região da cracolândia.

Eduardo Anizelli, Daniel Kfouri e Maurício Lima faziam um ensaio fotográfico quando foram cercados por cerca de sete pessoas na rua dos Gusmões, próximo à rua Conselheiro Nébias, por volta das 19h.

Os repórteres foram ameaçados com facas e agredido com chutes e socos. Dois deles tiveram o equipamento de trabalho (câmera e lentes) e celulares levados pelos usuários.

O grupo só se dispersou depois que um morador da região, que chegava de carro no local, começou a buzinar.

Procurados pelos repórteres, policiais que estavam em duas viaturas paradas na região da avenida Duque de Caxias disseram inicialmente que não poderiam sair do local.

Tempo depois, eles aceitaram acompanhar a reportagem na tentativa de recuperar os equipamentos, mas o grupo já havia dispersado.

A PM realiza uma megaoperação na cracolândia desde o dia 3, com efetivo de mais de uma centena de policiais. De acordo com o último balanço, divulgado às 17h, 107 pessoas já foram presas, 43 foragidos foram recapturados e 2,3 kg de crack foram apreendidos.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ ... ndia.shtml
É tudo gente boa, chamar polícia pra que? :lol:

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Compson
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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#27 Mensagem por Compson » 16 Jan 2012, 14:49

Trankera escreveu:
15/01/2012 - 23h26
Fotógrafos são assaltados ao fazer ensaio na cracolândia

(...)

Procurados pelos repórteres, policiais que estavam em duas viaturas paradas na região da avenida Duque de Caxias disseram inicialmente que não poderiam sair do local.

Tempo depois, eles aceitaram acompanhar a reportagem na tentativa de recuperar os equipamentos, mas o grupo já havia dispersado.

A PM realiza uma megaoperação na cracolândia desde o dia 3, com efetivo de mais de uma centena de policiais.

(...)
É tudo gente boa, chamar polícia pra que? :lol:
Excelente pergunta!

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#28 Mensagem por kssabu1 » 16 Jan 2012, 20:25

Desastre foi não fazer nada durante tanto tempo!!!!
Tolerância ZERO!!!

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#29 Mensagem por Carnage » 16 Jan 2012, 21:45

Promotoria recua e diz que ação na cracolândia não é "desastrosa"
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ ... rosa.shtml

http://www.blogcidadania.com.br/2012/01 ... o-inferno/
Churrascão no Vestíbulo do Inferno
Eduardo Guimarães


O “Vestíbulo do Inferno” aparece na primeira parte da Divina Comédia, obra monumental do escritor, poeta e político italiano Dante Aligheri (Florença, 1265 — Ravenna, 1321). As outras duas partes são “Purgatório” e “Paraíso”.

Divina Comédia versa sobre odisséia do Poeta no inferno conceitual da Idade Média. O périplo de Dante Aligheri pelos nove círculos infernais é guiado pelo poeta romano Virgílio, que vivera quase dois mil anos antes.

Tive uma edição italiana do Inferno de Dante de capa dura (revestida de couro entalhado a mão), primorosamente ilustrada por Gustave Doré. Presente da mãe. Durante anos, vez após outra, degustava cada sílaba do verso do Poeta e cada traço da imaginação do artista.

Lembrei-me da obra medieval ao participar do “churrascão” que ONGs e movimentos sociais promoveram ontem na esquina da rua Helvétia com a alameda Dino Bueno, no olho do furacão, na Cracolândia de São Paulo.

O “Vestíbulo” é para onde vão as almas dos que não são aceitos no céu, mas que não merecem ir para o inferno. Exatamente como aqueles farrapos humanos prisioneiros de seus infernos particulares aos quais se pretendeu mostrar que nem todos os esqueceram.

Mas não foi só aos condenados que a iniciativa se deveu. Pretendeu-se mostrar ao governo do Estado (policial) de São Paulo e às suas forças de repressão que há quem não aceite os métodos que estão empregando contra aqueles que continuam sendo seres humanos.

Quem esteve lá sabe o que viu e ouviu. E eu sei. Os raros relatos de prisioneiros do crack desconfiados de que aquilo que ali acontecia não poderia ser em seu benefício – pois nada jamais é – tratam de supostos crimes cometidos por seus algozes.

Relatam que apanham até quando estão dormindo. Um deles disse que a polícia espancou alguém de seu grupo, jogou a pessoa no meio da rua e atropelou. E quando perguntados sobre o que gostariam de dizer à sociedade, dizem que apenas gostariam de parar de apanhar.

A presença da polícia, pois, era ameaçadoramente ostensiva. Entendo que até deveria estar lá para proteger os manifestantes, pessoas de classe média, a grande maioria jovem. Mas se o objetivo fosse proteger não deveria ter ficado tão longe – a uns cem metros de distância.

Então percebo que do teto de uma das bases móveis da polícia estão filmando tudo. Decido ir até lá perguntar a razão.

– Boa tarde, policial.

– O que você quer?

– O senhor poderia me informar a razão da filmagem?

– Não posso. Só o capitão (…).

– Onde ele está?

– Atrás do furgão.

Contorno a base móvel da PM.

– O sr. é o Capitão (…)?

– Eu mesmo.

– Gostaria de saber por que os senhores estão filmando o ato público.

– Em primeiro lugar, quem é você?

– Sou do Blog da Cidadania. Vim cobrir a manifestação.

– Não podemos falar.

– Por que não?

– Ordens.

– De quem?

– Não posso dar informações.

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Distancio-me alguns metros do furgão e, naquele momento, sucede uma cena no mínimo curiosa: enquanto fotografo o equipamento de filmagem e o aparato policial em seu entorno, sou fotografado. Travei uma guerra de câmeras com a PM.

A atitude pouco amistosa dos policiais, o interesse inexistente ou proibido de dar satisfações à sociedade sobre seus métodos de atuação, tudo isso deixa ver uma paranóia contra não se sabe o que. Era como se temessem um atentado terrorista.

A quem filmavam? Será que alguém iria traficar drogas em um local que tinha tantas câmeras e tanta polícia? Para que filmariam aqueles farrapos humanos que tão bem conhecem, pois de lá não saem?

Quem foi filmado, portanto, foram aqueles que levaram alento e comida a esfaimados. Mas por que? Que crime poderíamos cometer ao levar um sopro de humanidade ao inferno?

Refleti, naquele momento, que o Estado está completamente divorciado da sociedade, em São Paulo. O cidadão que diverge das autoridades locais é visto como inimigo. Por isso a polícia paulista é tão grosseira, autoritária e violenta.

As constatações deprimentes que aquela descida ao inferno causou, porém, não parariam por ali. Os zumbis do crack e os visitantes solidários pouco se misturavam. Os receptivos eram moradores de rua, mas não necessariamente usuários daquele veneno.

Alguns usuários de fato atravessavam a multidão dando encontrões de raspão, aparentemente contrariados. Fiquei imaginando se não temiam que tudo aquilo lhes fosse cobrado pelos opressores quando fôssemos embora.

Aqueles filhos de Deus rescendendo a morte, a excrementos, a álcool, com bocas desdentadas, feridas espalhadas e olhares mortiços… Como ir embora e deixá-los lá? Como sair dali sem ter feito nada? E o que é mais: como purgar a culpa por fazê-lo?

Moças e rapazes tentavam puxar canções, instilar alguma alegria no entorno – como se fosse possível –, mas não repercutia. Não havia espaço para outro sentimento além da perplexidade. E a separação tácita entre visitantes e anfitriões, mesmo estando misturados, tornava tudo pior.

Após resistir por cerca de uma hora, não suportei mais. Despedi-me de amigos que lá encontrei e saí em fuga daquele inferno. E sem olhar para trás.

Perdi a noção de tempo e espaço. Caminhei debaixo de chuva por quilômetros. Só então parei um táxi. Chegando em casa, tomei uma dose de cachaça. E mais outra. Lá pela terceira percebi o que estivera fazendo: tentara, sem sucesso, redimir-me da culpa.
http://blogln.ning.com/profile/RodrigoMesquitadeAlencar
Visita à cracolândia, no dia do churrascão dos diferenciados.
Página de Rodrigo Mesquita de Alencar


Há pouco mais de seis meses comprei uma câmera. Desde então saio para fotografar aos finais de semana, com um amigo. Estamos sempre pelo centro, mas nunca tínhamos ido à cracolândia. É natural, todos têm medo de ir até lá, a desinformação é grande. Vemos pela TV e pelos portais da internet sempre as mesmas cenas de degradação, pessoas vivendo como animais, sujas, agressivas, o que faz com que muito de nós aceitemos, sem contestação, que chamem a essas pessoas de “zumbis”.

Pois escrevo, para dizer que ontem conversei e vi vários viciados em crack perfeitamente capazes de entender a realidade em que vivem.

Paramos na Avenida Rio Branco, arredores da cracolândia, para tomar uma cerveja e ganhar coragem para fotografar na Rua Helvétia, o olho do furacão, onde se concentram a maior parte dos viciados em crack de Sâo Paulo. Eu e o meu amigo estávamos com nossas câmeras à mostra, o que fez com que Luís, um viciado em crack, se aproximasse, achando que a gente fosse da imprensa. Meu amigo o convidou para sentar, eu acompanhava a conversa distante, sem saber o que fazer com todos os meus preconceitos.

Luís, contou que era viciado em crack há mais de 10 anos. Foi quando a conversa ficou interessante para mim. Luís estava lá, de pé, com os músculos que o seu exercício diário de empurrar carrinho de papelão lhe deu. Usuário de crack há mais de uma década, vivo e forte. Ao contrário do que se ouve por aí, de que essa droga mata em poucos anos.

Luís contou que já roubou, foi preso, mas se reerguia. Não roubava mais, trabalhava como catador de material reciclável para viver. A essa altura o que havia não era mais uma experiência exótica com um crackeiro e sim uma conversa entre três pessoas. Luís nos aconselhou a assistir ao filme “expresso da meia noite”, também citou Bukowski e nos deu uma aula sobre a história do crack, até a droga chegar no Brasil. Luís queria se livrar do vício, mas lutava contra o crack sozinho. Disse por que não acreditava no tratamento oferecido pela prefeitura “eles têm dinheiro para te dar um remédio que custa 200 reais a dose e depois te jogam na rua, parceiro. Tem dinheiro pra isso, mas não oferecem uma cama para você dormir, um banho para você tomar”. Sobre a ação da prefeitura e do governo estadual na cracolândia, ele disse “eles põem a polícia lá, mas não levam o pessoal para ver um cinema”.

Fomos, com Luís, a caminho da Rua Helvétia, onde acontecia o “churrascão dos diferenciados”. Esperávamos encontrar hostilidade por parte dos viciados, que têm fama de serem agressivos. O que faltava era saber do ponto de vista deles, o por quê dessa agressividade. Não é só por conta do crack, eles simplesmente não querem ser fotografados naquelas condições, usando a droga. É óbvio, ninguém gostaria. O difícil é entender isso, pois, em muitos casos, já os desumanizamos. Foi o que ouvimos de Luís no bar, “vai lá e olha o lado humano do cara”, “e não vai com a câmera apontando”, palavras que a imprensa e a sociedade precisam ouvir, pois quando não é a câmera apontando, é a arma da polícia, o cassetete dos seguranças e o preconceito das pessoas.

A imprensa não pensa que se tratam de seres humanos ao abordá-los, querem sempre a foto mais impactante, alguém acendendo um cachimbo, de preferência sujo e degradado, um zumbi. Ou, o que é pior, a polícia entrando em ação, prendendo, abordando um viciado, para todo mundo ver e registrar.

Muito da hostilidade deles vem daí. Sentimos isso na pele, ao encontrarmos um grupo de mais de 10 usuários numa esquina. Os encontramos ao mesmo tempo em que a polícia apareceu. Foi o primeiro policial descer da viatura e todos saíram andando, fugindo dos pms, em direção à Rua Helvétia. No caminho, alguns dos viciados nos ameaçaram, vieram para cima da gente para cobrar explicações, outro veio dizendo que poderíamos tirar uma foto dele caso pagássemos.

Foi um momento de grande tensão, até aparecer o Luís para dizer que não éramos da imprensa e apaziguar os ânimos. No mesmo momento a postura dos viciados mudou e ao invés de ameaça, fomos abraçados por alguns, cumprimentados por outros, rapidamente aceitos. Caminhamos com eles por 4 quadras até chegarmos na Rua Helvétia, onde estava acontecendo o churrascão da cracolândia.

Lá, vimos muito do que se fala. Imediatamente veio a minha cabeça todo o imaginário que se tem do purgatório, junto com um cheiro nauseante de material plástico queimado. Pessoas absolutamente degradadas, algumas descontroladas, brigas e discussões entre os viciados acontecendo aqui e ali. Gente sangrando, com perfurações superficiais, gente consumindo a droga, flagrantemente, a poucos metros das viaturas policiais.

Vimos também segregação, dentro do próprio evento. Havia cavaletes e faixas separando a Rua Helvétia em duas, de um lado os dependentes, do outro as demais pessoas. Era possível transitar livremente entre as duas áreas, mas havia essa separação. Talvez ela servisse mais para controle, organização. Havia um receio natural de todos diante dos viciados, havia muita tensão no ar, de qualquer forma era desagradável encontrar uma separação ali. O bom é que foi um viciado que, educadamente, retirou alguns desses cavaletes, dizendo que ali não havia diferença entre viciados e as demais pessoas, que ali era todo mundo igual, simplesmente isso.

Vi viciados conterem outros usuários que ameaçavam agredir um rapaz com uma câmera amadora, dizendo que os cinegrafistas estavam ali para o bem deles, registrando o trabalho da polícia, pois eram dos direitos humanos.

Conversemos também com um travesti, outro que disse consumir crack há mais de 10 anos, que criticou a postura paternalista para com os viciados. Ele tinha consciência da situação em que vivia, não queria a piedade de ninguém, nem moralismo. Por falar em paternalismo, vimos gente pintando o rosto de alguns viciados, fazendo uma espécie de terceiro olho na testa deles, outros davam cartazes com frases políticas para que os viciados empunhassem. Na sua grande maioria, frases que foram pensadas por outras cabeças.

Falamos com jovens também, uns aparentando serem menores, outros, maiores, um disse fumar há mais de 5 anos. Todos diziam que depois que fôssemos embora a polícia ia chegar lá descendo a porrada. Um deles, mostrou o dente da frente, que estava mole, frouxo na boca, e disse “isso aqui, a polícia que me deu”.

O que fica dessa visita é esta experiência que só foi possível por ter conhecido o Luís e ido até lá.

O Luís nos fez romper o medo, o preconceito, sentar ao lado deles, dialogar, interagir, ouvir. Vimos usuários conscientes, críticos. Pela TV, acompanhando os noticiários, os grandes portais da internet, isso não seria possível.

O crack é uma droga relativamente nova, não sabemos ainda como conviver com ela e a postura de parte da imprensa e da sociedade, estigmatizando essas pessoas, que sempre são mostradas como animais, incapazes de falarem por si próprios, nas condições mais degradantes possíveis, não ajuda a entendermos o problema. Ajuda, isso sim, a convencer a opinião pública de que é preciso fazer uma “limpeza” na região, internando todo mundo, tanto faz onde e em quais condições.

É preciso dar voz a essas pessoas. Saber o que elas acham do tratamento que o estado oferece. Respeitá-las como seres humanos capazes de entender o problema em que vivem e de fazer as suas escolhas.

É preciso mostrar o usuário de crack por esta outra ótica à sociedade.

Não estamos aprendendo a vê-los como dependentes químicos, como um problema social, mas como marginais, animais, zumbis. O que desumaniza essas pessoas. E isso, a história mostra que é um erro gravíssimo.

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#30 Mensagem por Compson » 17 Jan 2012, 10:33

Alckmin e a polícia
Vladimir Safatle

O governador de São Paulo parece ser um daqueles que rezam pelas virtudes curativas do porrete da polícia. Não é de hoje que ele expõe a sociedade às "ações enérgicas das forças da ordem", mesmo que a eficácia de tais ações muitas vezes seja próxima de zero.

Há anos, sua polícia envolveu-se em uma operação para exterminar líderes do PCC, isso no caso conhecido como "Castelinho". "Estamos definitivamente livres do PCC", afirmava solenemente o secretário da Segurança. Anos depois, o mesmo PCC parou São Paulo em uma das mais impressionantes demonstrações de força do crime organizado.

Mais ou menos nessa época, militantes de direitos humanos se mobilizaram para exigir o afastamento de membros da polícia acusados de praticar tortura na ditadura. Expressiva maioria dessas demandas permaneceu letra morta.

Só nos anos de 2011 e 2012 vimos mais dois exemplos patéticos de atuação de uma polícia que sempre gostou de confundir segurança com demonstração histérica de força. A primeira ocorreu na USP.

Após a intervenção policial no desalojamento de estudantes que invadiram a reitoria, cresceram denúncias de maus-tratos praticados por policiais.

O último capítulo foi a recente e inacreditável cena de um policial com arma em punho ameaçando um estudante: prova cabal do despreparo de uma corporação acostumada a atirar primeiro e pensar depois. A sociedade deveria ler com mais calma os estudos que se avolumam nas universidades sobre violência policial.

Agora, fomos obrigados a assistir a uma incrível intervenção na chamada cracolândia.

Nada adianta a maioria dos profissionais de saúde mental insistir no absurdo que significa tratar uma questão de saúde pública como um problema de segurança. Nada adianta lembrar que a maioria das pessoas nessa região não são traficantes. São, na verdade, usuários, que devem ser tratados não a bala, mas em leitos de hospital. Afinal, há uma parcela da população que se excita quando vê a polícia "impondo a ordem", por mais teatral e ineficaz que seja tal imposição. Para tal parcela, a polícia é um fetiche que serve para embalar o sonho de uma sociedade de condomínio fechado.

Se tais pessoas, ao menos, se lembrassem de Philippe Pinel, o pai da psiquiatria moderna, talvez elas entendessem o valor nulo de tais ações policiais, assim como da defesa de políticas de "internação compulsória" de viciados.

Aquele que é vítima de sofrimento psíquico (e a drogadição é um deles) só será curado quando o terapeuta for capaz de criar uma aliança com a dimensão da vontade que luta por se conservar como autônoma. Não será à base de balas e internação forçada que tal aliança se construirá.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opinia ... icia.shtml

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