Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

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Kamelo
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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#31 Mensagem por Kamelo » 17 Jan 2012, 10:39

Compson escreveu:
Trankera escreveu:
15/01/2012 - 23h26
Fotógrafos são assaltados ao fazer ensaio na cracolândia

(...)

Procurados pelos repórteres, policiais que estavam em duas viaturas paradas na região da avenida Duque de Caxias disseram inicialmente que não poderiam sair do local.

Tempo depois, eles aceitaram acompanhar a reportagem na tentativa de recuperar os equipamentos, mas o grupo já havia dispersado.

A PM realiza uma megaoperação na cracolândia desde o dia 3, com efetivo de mais de uma centena de policiais.

(...)
É tudo gente boa, chamar polícia pra que? :lol:
Excelente pergunta!

É Brasil zil zil zil zil zil :mrgreen:

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Compson
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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#32 Mensagem por Compson » 17 Jan 2012, 20:41

Belo manifesto do kkkkkkkkk Assunção. Nunca mais vou fazer aquela piadinha sobre "dar um tempo na carreira"...
O que leio diariamente sobre a ação da polícia, visita das autoridades e discussões dos representantes da sociedade sobre a cracolândia, deixa evidente a dificuldade do homem em assumir e ser honesto frente a questão da dependência química no mundo ou aqui no Brasil, problemática grave e perigosa, vivida por 14% da população mundial, ou, 700 milhões de pessoas. Delegada pelo estado aos homens discriminados pela sua pobreza e raça, os administradores da produção e distribuição de entorpecentes. Quem realmente anda batendo cabeça não me parece serem apenas os dependentes de álcool e drogas, os drogados como os seres fúteis e ignorantes costumam chamar, e sim a sociedade, que se torna indecente com tanta hipocrisia e demagogia. Enquanto não nos libertarmos do nosso sentimento equivocado de superioridade aos que vivem num labirinto de desespero e solidão e enquanto não formos honestos com nossas vidas, essa tristeza vai continuar. Mas tudo bem, para quem prefere se declarar estrangeiro à essa questão. Um dia seus filhos o farão pensar sobre isso de forma humanitária. Nada como um dia após o outro. Crime é fechar os olhos àquilo que precisa de inteligência e verdade, além, claro, de amor. Nossas autoridades passeiam pela cracolândia como se estivessem no Simba Safari, olhando os animais do carro, rezando para não serem atacados. O frágil não são os senhores, são as almas em busca do nada, sem a capacidade de desenhar um caminho verdadeiro. Aliás, minto, os frágeis são sim, os senhores, por que é preciso ser forte para vencer uma tempestade e os senhores não vivem sem seus guarda chuvas de papel.
http://celebridades.uol.com.br/noticias ... suncao.htm

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#33 Mensagem por Carnage » 17 Jan 2012, 20:46

Interessantíssimo revisitar a história recente da cracolândia, ver a máxima da repetição desta de forma tão clara.

http://www.blogcidadania.com.br/2012/01 ... r-de-2005/
Situação na Cracolândia saiu de controle a partir de 2005
Eduardo Guimarães


Pesquisa efetuada pelo blog nos arquivos do jornal Folha de São Paulo revela que a atual estratégia da polícia de São Paulo para a região da cidade conhecida como Cracolândia foi usada em 2000. Já naquela época, a tática de dispersão dos usuários de crack provocou o mesmo problema de sua “pulverização” pela cidade.

O arquivo que o jornal mantém sobre o assunto – e que pode ser acessado pela internet – também mostra que a situação fugiu ao controle do Estado a partir de 2005, primeiro ano da gestão de José Serra na prefeitura da capital paulista.

O número de matérias que o jornal publicou sobre a Cracolândia desde 2000 mostra quando o problema começou a adquirir a proporção que se vê hoje. Busca da palavra “Cracolândia” no arquivo apresenta 559 resultados, sendo 143 matérias no período que vai de 2000 a 2005 (quase seis anos) e 416 matérias entre 2005 e hoje (quase sete anos).

O número de matérias sobre a Cracolândia aumentou quase 300% a partir de 2005 porque foi a partir de então que o problema se agravou até chegar ao ponto em que está hoje. E o teor dessas matérias, como se verá a seguir, permite inferir que a polícia paulista – e, obviamente, quem manda nela, ou seja, o governo do Estado – e a prefeitura são os grandes responsáveis pelo problema.

O noticiário sobre a Cracolândia acessível nos arquivos da Folha começa em 2000, em plena campanha eleitoral à prefeitura de São Paulo, quando Paulo Maluf e Marta Suplicy disputavam a sucessão de Celso Pitta.

Em 1º de agosto daquele ano, Maluf anunciou que levaria à Cracolândia o ex-comissário de polícia de Nova York Willian Bratton, que, segundo a assessoria do candidato, trabalhara no programa Tolerância Zero, que reduzira a criminalidade na cidade norte-americana, e de quem o candidato pretendia buscar “consultoria” para combater o problema.

Ocorreu, então, um fato um tanto quanto cômico. O medo da violência levou o candidato Maluf a desistir de apresentar a Cracolândia ao ex-comissário de Segurança de Nova York, que viera ao Brasil para isso, e a restringir a programação com ele a “eventos mais seguros”.

Um mês depois, ainda durante a campanha eleitoral em que Marta derrotaria Maluf e se tornaria prefeita de São Paulo, o governador Mario Covas desencadearia uma operação policial na Cracolândia que pretendia ser uma resposta às críticas do adversário de seu candidato, o então vice-governador Geraldo Alckmin, que substituiria Covas no ano seguinte, quando seu câncer se agravaria.

A matéria sobre a primeira “operação sufoco”, levada a cabo há quase 12 anos causa um déjà vu. Se tirarmos datas, nomes das autoridades e dos órgãos, parecerá que foi escrita hoje e que se refere à atual operação do governo do Estado que está sendo levada a cabo na Cracolândia.

Leia e julgue por si mesmo.

—–
http://www1.folha.uol.com.br/folha/coti ... 9160.shtml
FOLHA DE SÃO PAULO

03/09/2000

Repressão policial pulveriza a cracolândia

KARLA MONTEIRO


Na esquina escura da rua dos Protestantes com a rua dos Gusmões, centro de São Paulo, dois garotos conversam apressadamente, olhando para os lados. Um deles tira do bolso um pequeno embrulho em papel laminado e entrega ao outro. Feita a transação, o mais velho da dupla nem pestaneja: corre.

“A gente não pode mais dar bobeira. Os pauladas (policiais à paisana) estão por aí. Na semana passada, quebraram meus dentes”, diz o mais novo, mostrando o sorriso desfalcado enquanto caminha rapidamente na direção contrária à do companheiro.

A cena aconteceu na cracolândia, região onde comércio e consumo de crack eram práticas livres desde o início dos anos 90, quando a droga invadiu São Paulo. Ou, pelo menos, práticas toleradas pelas autoridades.

Nos últimos meses, o cenário mudou. Desde setembro do ano passado, o Denarc (Departamento de Narcóticos) vem promovendo repressão ostensiva no local a fim de “erradicar” a cracolândia, o que forçou a dispersão dos viciados e traficantes para outras regiões da cidade.

O resultado da investida do Denarc já pode ser medido em números: 38 hotéis e pensões usados como pontos de tráfico e de uso de crack foram fechados (e depois reabertos por decisões judiciais), 19 foragidos da Justiça voltaram para a cadeia e 176 suspeitos de tráfico, entre eles 12 menores, foram pegos em flagrante. A polícia ainda apreendeu 15 quilos de cocaína, 1.116 pedras de crack e 191 gramas de maconha.

“A ordem do secretário (estadual da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi) foi erradicar a cracolândia. Era uma vergonha ter uma Amsterdã ao lado do prédio do Denarc”, explica o delegado Ubiracy Pires da Silva, diretor da Divisão de Investigação.

O prédio está incrustado no ex-território dos usuários de crack. Segundo ele, policiais à paisana mantêm vigília 24 horas na área limitada pelas avenidas Rio Branco, Duque de Caxias, Cásper Líbero, Ipiranga e rua Mauá.

O departamento de repressão ao uso de drogas está mantendo também a rotina de uma batida policial a cada 15 dias, e rondas policiais permanentes. Quando a repressão era mais leve, viciados sentavam-se nas calçadas para partilhar cachimbos com a pedra de crack -droga barata que, segundo especialistas, vicia quase imediatamente.

“A barra pesou. Agora a gente vem aqui, compra a pedra e vai fumar escondido em outro lugar”, afirmou um usuário, que disse ter 16 anos. A reportagem da Folha acompanhou uma ronda na noite de segunda-feira (29). As ruas imundas, malcheirosas e mal iluminadas, antes entulhadas de viciados, estavam limpas. É cada vez mais difícil encontrar um dependente com cachimbo em punho perambulando pela região.

Não existem pesquisas que quantifiquem o número de dependentes que circulavam pela cracolândia. De acordo com o Denarc, 20% dos usuários seriam menores. O SOS Criança estima que cerca de 2.000 crianças e adolescentes morem ou passem o dia no centro da cidade. Deste total, 70% usam ou já usaram crack. Isso corresponde a aproximadamente 1.400 crianças e adolescentes viciados só na região central.

Com a ação do Denarc, 15 menores em média são encaminhados diariamente ao SOS, que tem capacidade de abrigar apenas 400. “Mais de 50% desses adolescentes voltam para a rua”, diz Alda Pizzini Sanchez, coordenadora do projeto Farol Não É Casa, mantido pela entidade.

O delegado reconhece que a repressão na cracolândia tem efeito pulverizador e não soluciona o problema dos viciados. Os dependentes só estão migrando para áreas periféricas do centro e bairros de classe média. Não formam mais grandes aglomerações, mas continuam consumindo crack.

Em pequenos grupos, eles espalham-se pelo Brás, Baixada do Glicério, vale do Anhangabaú, praça da República, praça da Sé, alameda Nothmann e ruas adjacentes. “Vamos começar uma investigação para saber se os usuários estão se concentrando em outro lugar”, informa.

Nas imediações do Ceagesp, região conhecida como “nova cracolândia”, os viciados também desapareceram. Segundo um feirante que preferiu não se identificar, os viciados sumiram desde a retirada, de lá, da favela conhecida como Portão Seis. “A polícia andou dando umas batidas por aqui e a meninada caiu fora. Fica um ou outro por aí ainda.”

Em São Miguel Paulista, na zona leste, outro ponto de concentração de usuários, uma obra na linha do trem expulsou os que ficavam no muro que cerca o local. “Está todo mundo por aí, pulando de mocó em mocó. Quando a polícia for embora, todo mundo volta”, comenta R.S.S., 22, usuária de crack há seis anos.

Segundo ela, está mais difícil conseguir a pedra, mas os “nóias”, como se autodenominam os dependentes, sabem onde encontrar a droga. “A boca do lixo não acabou. Só está mais sossegada. Eu não saio daqui. É a minha casa. Vim para cá com 8 anos”, diz, escondendo entre as mãos um cachimbo e um isqueiro.
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Como o problema, à época, era infinitamente menor do que hoje, quatro meses após Marta assumir a prefeitura parecia que a região do Parque da Luz e entorno passariam a viver novos tempos.

Em 29 de abril de 2001, matéria do mesmo jornal dava conta de ações da prefeitura que vinham revitalizando o centro de São Paulo após uma ação do governo do Estado que, se não funcionara completamente, devido a um problema menos grave e à ação integrada entre a administração municipal e Estadual estavam devolvendo o bairro à população.

Este trecho da matéria ilustra bem isso:

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“(…) Depois dos viciados da Cracolândia, chegou a vez das “meninas” do quase bicentenário parque da Luz, o ponto de prostituição mais antigo da cidade. O parque vem passando por sucessivas mudanças desde o ano passado. As touceiras (moitas) que davam aspecto de mata fechada foram remanejadas, tornando-o mais limpo. Para completar, foi implantado no local um circuito fechado de TV.

A segurança atraiu outras iniciativas, como a da vizinha Pinacoteca do Estado, que abriu as portas dos fundos ao parque e distribuiu diversas esculturas importantes em seus canteiros. Ao mesmo tempo, a população começou a redescobrir o espaço, repleto de peças históricas, como o ponto do bonde, a casa de chá, o coreto, e o casarão da administração, construído em 1901 (…)”
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No fim de 2001, começou a ficar clara a razão de a região da Cracolândia ter chegado ao ponto que chegara no ano anterior, o que obrigara o governo do Estado a realizar operação análoga à que está em curso hoje. Matéria da mesma Folha mostrou que policiais integravam a rede que explorava o tráfico de drogas na região.

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http://www1.folha.uol.com.br/folha/coti ... 2148.shtml
FOLHA DE SÃO PAULO

13/12/2001

Policiais são flagrados com traficantes


O Ministério Público flagrou cinco policiais do Denarc em situações suspeitas na cracolândia, região no centro de São Paulo conhecida por concentrar dependentes e traficantes de crack.

Durante 20 dias, os promotores gravaram imagens de integrantes do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos) na região. O material foi veiculado ontem à noite no “Jornal Nacional”, da Rede Globo.

O tráfico na cracolândia, segundo o Ministério Público, é dominado atualmente por dois grupos do Denarc, um liderado por Hélio Carlo Barba e outro pelo investigador José Carlos de Castilho.

Nas imagens, aparece Barba com outro policial, identificado apenas como Henrique, abordando um casal. O investigador Alessandro Ramos da Silva seria o terceiro integrante do grupo.

Em outra imagem, um homem algemado sai do carro da polícia, parado na cracolândia, é solto por Castilho, de quem recebe ainda um aperto de mãos.

Cena parecida se repete com outros dois criminosos. Castilho e o investigador Mauro César Bartolomeu soltam os homens e, depois, os cumprimentam. Um deles foi identificado na reportagem como Adilson Francisco Rocha, indiciado por tentativa de homicídio, tráfico de droga, formação de quadrilha e roubo.

Segundo depoimento de um ex-integrante do grupo de Castilho, para atuar na cracolândia é necessário pagar taxa de R$ 200, por semana, aos policiais, que cobram ainda entre R$ 1.200 e R$ 5.000 para libertar criminosos.

Segundo esse ex-integrante, o grupo de Barba vende crack embalado em plástico verde. O grupo de Castilho, em plástico branco.

Ontem à tarde, os promotores que fizeram as gravações -membros do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado)- pediram a prisão temporária dos policiais identificados a partir das imagens.

À noite, após a veiculação da reportagem do “Jornal Nacional”, eles não deram entrevistas aos outros órgãos de imprensa.

Corregedoria

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, as gravações foram mostradas ontem ao corregedor da Polícia Civil, Rui Estanislau Silveira Mello, pouco antes do pedido de prisão. O corregedor, que já investigava os policiais, segundo a secretaria, determinou que fossem imediatamente afastados.

O delegado Marco Antonio Ribeiro de Campos, que dirige o Denarc, disse ao “Jornal Nacional” que está “envergonhado”.

Os cinco policiais -todos investigadores, segundo a secretaria- devem ser acusados por tráfico de drogas, abuso de poder, extorsão e formação de quadrilha.
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Parece piada, um déjà vu macabro. O mesmo Geraldo Alckmin que anda elogiando a desastrada operação na região que seu governo destruiu, há mais de uma década já usava do seu bom e velho “embromation” ao negar a responsabilidade das desastrosas administrações tucanas que degradaram São Paulo ao ponto que se vê atualmente.

Matéria da Folha do dia seguinte à que mostrava o escândalo na polícia paulista informava que o governador “negava” a corrupção na polícia que comandava e que, tragicamente, continua comandando até hoje graças à mesma Folha e a outros veículos da imprensa paulista.

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http://www1.folha.uol.com.br/folha/coti ... 2209.shtml
FOLHA DE SÃO PAULO

14/12/2001

Alckmin nega existência de “banda podre” na polícia de SP


Mesmo dizendo sentir-se envergonhado por conta das denúncias envolvendo cinco investigadores do Denarc, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) negou ontem a existência de uma “banda podre” na polícia de São Paulo.

“Não tem “banda podre” em São Paulo. Essa expressão foi lá no Rio de Janeiro. Se tiver policial corrupto aqui, vai para a rua e para a cadeia”, afirmou.

Para ele, trata-se de um caso isolado. “Infelizmente, alguém erra, e não há nenhuma conivência com isso. Ao ser comprovado, é cadeia”, disse. Ele afirmou ainda que existe “gente séria” na polícia.

O secretário estadual da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, também disse que estava decepcionado. Segundo ele, a secretaria está tomando medidas para identificar policiais envolvidos com o crime. “Essa é uma luta permanente. Eu acabo de dizer aqui que não é um sistema perfeito, não há nada que não possa ser melhorado ou aprimorado.”

O secretário afirmou ainda que, neste ano, quase 300 policiais “que praticaram atos mais ou menos graves” do que os da cracolândia foram afastados.

Segundo Petrelluzzi, a divulgação do caso mostra que o controle da polícia é eficaz. “A polícia é a instituição mais vigiada deste país, pelo menos a de São Paulo.”

Pela manhã, Alckmin disse que esperava que os cinco policiais fossem presos ainda ontem. “Se a Justiça conceder, serão imediatamente presos.”
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O escândalo de corrupção na polícia paulista não deu em nada. A oposição petista ao governo do Estado pediu uma CPI, mas, como vêm fazendo desde 1994, o governo tucano do Estado, com a maioria parlamentar que a desorientada população paulista lhe deu, engavetaria mais uma investigação.

Em 2002, mais escândalos abalariam a cúpula do Denarc, que deveria combater a Cracolândia. Era o terceiro escândalo em menos de seis meses. A prisão em flagrante do policial Francisco Marcondes Romeiro Neto por tráfico internacional de drogas provocou a queda do delegado divisionário Ubiracyr Pires da Silva, segundo homem na hierarquia do Denarc na área de repressão ao tráfico.

Nada abalava a corrupção policial que ia erigindo, em São Paulo, a situação que se vê hoje. O governo do Estado não permitia maiores investigações e a imprensa dava uma ou outra notinha, mas não pressionava. Dessa maneira, a cidade foi sendo tomada pelo tráfico.

Todavia, ao passo que o governo do Estado se ocupava de esconder o que acontecia na polícia, a prefeitura, com Marta à frente, fazia a sua parte e o centro de São Paulo começava a mudar. As ações sociais estavam funcionando, pouco se ouvia falar na Cracolândia, o arquivo da Folha mostra que o noticiário sobre o assunto era escasso.

Matéria do insuspeito colunista Gilberto Dimenstein publicada pela Folha ao fim do segundo ano da gestão Marta Suplicy comprova que se a prefeitura não tivesse sido entregue pela população zumbi de São Paulo a José Serra e depois a Gilberto Kassab, a situação não teria se agravado e talvez hoje a Cracolândia nem existisse.

Veja:

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http://www1.folha.uol.com.br/folha/coti ... 3879.shtml
FOLHA DE SÃO PAULO

01/12/2002

São Paulo vai ser refundada

GILBERTO DIMENSTEIN


Quase ninguém acredita -e, por muito tempo, não vai acreditar-, mas um dos principais laboratórios de recuperação social no Brasil está num dos mais visíveis focos de decadência do país: o centro da cidade de São Paulo.

Não se acredita porque, em primeiro lugar, uma das modas nacionais é afirmar que o país está metido em uma pasmaceira social e que nada acontece. Pouco se conhece das articulações comunitárias e das políticas públicas inovadoras.

Em segundo lugar, os moradores de São Paulo acham, no geral, que a cidade não tem mais jeito e está condenada à degradação.

Pela primeira vez, São Paulo está alterando a forma como se expandiu desde seu nascimento, em 1554, quando se limitava a uma escola de jesuítas que ensinava indígenas no topo de uma colina.

Até 1875, pouco se alterou naquela paisagem povoada por 35 mil habitantes, quase todos aglomerados na mesma colina, protegidos das enchentes: com a chegada dos imigrantes, viu-se um ritmo de crescimento urbano inédito na história mundial, sempre em direção à periferia e abandonando o que ia ficando para trás.

A região metropolitana tem hoje 17 milhões de pessoas espremidas, acuadas e sitiadas. De símbolo de progresso, transformou-se num dos melhores cartões-postais da crise brasileira, tomada não só pela violência e pelo desemprego como por engarrafamentos, favelas, meninos de rua, ambulantes.

A decadência tornou-se especialmente visível - e dolorosa- no centro. Lugares que antes eram apresentados como sofisticados, civilizados, aprazíveis, viraram cenário de guerra e de consumo de drogas.

Nas imediações da Luz -bairro que abrigou, por muito tempo, ícones do refinamento e da riqueza-, chegou a nascer um território quase independente: a "cracolândia", onde se comprava e se consumia crack durante o dia.

Orientados pela editora de treinamento da Folha de S.Paulo, Ana Estela de Sousa Pinto, dez jornalistas recém-formados ou ainda cursando faculdade, integrantes do programa de trainees, investigaram a consistência dos planos de revitalização do centro -convidaram-me para ocupar, nesse projeto, o cargo de "palpiteiro oficial". O trabalho será divulgado na próxima quarta-feira, com o título de "Volta ao centro em 450 anos".

Os trainees concentraram-se, basicamente, no que está planejado e com recursos assegurados, no que está saindo do papel ou funcionando. Viram que se forma, na região, o mais imponente cinturão cultural do país -com salas de exposições, bibliotecas, cinemas, museus, teatros e salas de concerto- a partir da recuperação de prédios degradados. Repartições públicas, dispersas, são estimuladas a se instalar no centro pelos governos estadual e municipal; universidades seguem a mesma trilha.

Atraídos pela oportunidade de morar em apartamentos grandes e baratos -e também pelos novos ares-, os descolados e a classe média voltam para a região.

O movimento populacional é visível, mas ainda está engatinhando. É o suficiente, porém, para sustentar a aposta de que, preparando-se para completar 450 anos em janeiro de 2004, São Paulo está prestes a ser refundada graças à mudança inédita de seu crescimento e ao reencontro com sua história.

Será a terceira fundação. A primeira fundação ocorreu em 1554, com os jesuítas; a segunda, com a chegada dos imigrantes. Por ter morado em Nova York, passei a acreditar que uma metrópole, apesar de todos os problemas que enfrenta, consegue melhorar -e é, se bem que em diferente ritmo, o que já está acontecendo aqui.

A melhoria também é estimulada porque a cidade nunca teve tanto poder: além de abrigar Fernando Henrique Cardoso, que, aliás, terá seu escritório no centro, concentra os núcleos decisórios do PT, do PSDB e do PMDB. É onde mora o grupo de empresários, intelectuais e sindicalistas com mais influência sobre a futura cúpula do poder federal.

Podemos dizer, sem nenhuma arrogância, que São Paulo, síntese da diversidade brasileira, é a segunda capital da República.

Revigorar o centro é mais do que uma simples inovação urbana. Cria-se, nesse movimento, um modelo. A operação foi tramada por empresários e executivos. Uma prova do refinamento da articulação comunitária é o fato de banqueiros e bancários (ou seja, a CUT) se terem unido num projeto para cuidar dos meninos de rua que perambulam pela região. Colheram-se propostas com os melhores urbanistas de várias partes do mundo.

O movimento de recuperação urbana entusiasmou políticos, especialmente no PT e no PSDB, que dominaram o governo estadual e o municipal, investindo na reforma de prédios e na transferência de repartições públicas. Com recursos públicos e privados, surgiu, exatamente na "cracolândia", num prédio abandonado (o da estação Júlio Prestes), uma orquestra sinfônica, aplaudida mundialmente.

Apesar de dar os primeiros passos e de todos os problemas que persistem, a terceira fundação de São Paulo, favorecida pela combinação das mais diversas parcerias, revela o melhor (e talvez único) modelo de pacto para o desenvolvimento social brasileiro.

P.S. - Lula vai pagar um preço alto por ter ajudado a disseminar a sensação de que a revolução social no Brasil só vai ocorrer depois da chegada ao PT à Presidência -deu mais motivo de cobrança. Tal discurso, conveniente eleitoralmente, despreza um fato: muitos dos avanços sociais hoje disseminados se devem a experiências realizadas nos municípios do PT.
—–

As ações sociais e urbanísticas da prefeitura estavam revolucionando a cidade, mas a imprensa tucana dava duro combate a Marta ao criticar tudo e reconhecer nada. A matéria de Dimenstein foi uma das raras exceções.

As matérias sobre a Cracolândia iam escasseando, o problema estava sob controle, ainda que existisse. Havia, sim, um ou outro usuário na rua, mas não havia o consumo e tráfico ostensivo da droga que se fez hoje. A partir de meados de 2005, porém, o noticiário sobre a Cracolândia foi aumentando em progressão geométrica.

Ao fim da gestão Serra, em 2006, quando o tucano rompeu o compromisso que assumira com a população (por escrito) de permanecer à frente da prefeitura até o fim de seu mandato por pretender se candidatar ao governo do Estado, já não era possível ao cidadão atravessar a Cracolândia sem correr risco de vida.

Os arquivos dos jornais, com a história cotidiana que contam, são verdadeiras minas de ouro em termos de conteúdo capaz de mostrar como o povo de São Paulo cavou com as próprias mãos a situação de penúria em que mergulhou seu Estado e, sobretudo, a capital paulista. E o pior é que esse povo não melhorou nada, desde então.
O texto de Gilverto Dimenstein, na época do meio da adminstração petista da Marta faz pensar o que foi que aconteceu! Como uma situação em vias de se resolver degringolou tanto novamente??

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Carnage
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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#34 Mensagem por Carnage » 17 Jan 2012, 20:52

No final das contas, parece que tudo tem como raiz pura e simples a especulação imobiliária

http://www.viomundo.com.br/denuncias/wa ... obres.html
São Paulo usa o crack para segregar os pobres

por Wálter Maierovitch


O fenômeno representado pelas drogas ilícitas é complexo. Desde o fracasso do proibicionismo, convencionado na sede nova-iorquina das Nações Unidas em 1961, vários países, preocupados com os direitos humanos e com a possibilidade de colocar a segurança pública na rota da civilidade, buscaram políticas próprias a fim de:

(1) contrastar a oferta pelo combate à economia das organizações criminais, (2) reduzir danos e riscos causados pelo consumo, (3) tratar sem crueldade os dependentes químicos, (4) eliminar os confinamentos territoriais, a exemplo das cracolândias, e (5) promover a reinserção social. A dimensão desse fenômeno foi mostrada na sexta-feira 6 pelos pesquisadores da University of New South Wales, na Austrália. Em um mundo com 7 bilhões de habitantes, uma pessoa em cada 20 consome habitualmente alguma droga proibida pela ONU. Temos um mínimo de 149 milhões de usuários e um máximo de 271 milhões. Por ano, as drogas ilícitas matam 250 mil pessoas.

A maconha é a droga proibida mais usada no mundo, consumida entre 125 milhões e 203 milhões de habitantes. A propósito de escolhas políticas, a Holanda admitiu, em 1968, para cortar o vínculo entre o traficante e o usuário, a venda de maconha em coffee shops. No primeiro dia de 2012, e com a volta dos conservadores ao poder, proibiu-se a venda ao turista estrangeiro. Segundo os economistas, haverá perda anual de 10 bilhões de euros, afetando o produto interno bruto holandês.

Na Suíça, não deram certo os espaços abertos para livre consumo. Dado o grande número de extracomunitários, que fizeram dos parques residências permanentes, com aumento de roubos, furtos e violência física, ocorreu uma correção de rota: desde 1995 o país fornece aos usuários drogas em locais fechados, com assistência médica.

Sobre extinção de áreas de confinamento, em Frankfurt foram implantadas as narcossalas em 1994, ou melhor, salas secretas para uso com apoio sociossanitário. Conforme apontei neste espaço em artigo intitulado “Cracolândia, a hora das narcossalas”, houve em Frankfurt e em outras oito cidades alemãs recuperações, reduções de uso e volta ao trabalho e às famílias. O sucesso levou, na Alemanha, as federações da Indústria e do Comércio a investirem 1 milhão de euros no projeto de narcossalas.

A política exitosa de Frankfurt foi copiada na Espanha. Nas grandes cidades dos EUA, aumentou o número de postos de saúde que ofertam metadona, droga substitutiva, para dependentes de heroína controlarem as crises de abstinência. Sobre as narcossalas, a Nobel de Medicina Françoise Barre Sinoussi luta pela implantação, em Paris, do modelo de Frankfurt.

As narcossalas foram fundamentais para o resgate social dos dependentes, antes empurrados para áreas urbanas degradadas, depois transformadas em confinamentos. Na capital paulista, a região central da Luz foi, por duas vezes, território de confinamento de prostitutas, ou seja, área onde os governos fizeram vista grossa para a exploração e o desfrutamento sexual de seres humanos.

Nos anos 1950, as prostitutas foram obrigadas a migrar da Luz para o bairro do Bom Retiro. Passados alguns anos, a prostituição e o rufianismo voltaram à Luz, em um confinamento chamado de Boca do Lixo. Nos anos 90, a Boca do Lixo cedeu lugar à Cracolândia. Um quadrilátero onde habitam ao menos 400 dependentes químicos e, diariamente, 1.664 usuários compram crack de pessoas a serviço de uma rede de abastecimento que as polícias estaduais nunca incomodaram.

Na Itália, conforme atestado pela ONU, a comunidade terapêutica denominada San Patrignano (Rimini), que acolhe 1,6 mil jovens, consegue recuperar 7 entre 10 que passam voluntariamente (não se aceita internação compulsória) pelos seus programas. San Patrignano é um centro de acolhimento sem discriminações ideológica, social e religiosa. É gratuito e não são aceitas verbas governamentais. Como empresa produtiva, banca as despesas.

Para acabar com uma Cracolândia, e sem um único posto de apoio médico-assistencial no local, a dupla Alckmin-Kassab, governador e prefeito, partiram para ações policialescas. Mais uma vez, assistiu-se à Polícia Militar atuando violentamente, sem conseguir expulsar os visíveis e expostos vendedores de crack.

A dupla busca a tortura físico-psicológica. Inventaram um novo tipo de pau de arara. Procuram, com o fim da oferta, provocar um quadro torturante e dramático de abstinência nos dependentes químicos. E, pelo sofrimento e desespero, os dependentes, na visão de Alckmin e Kassab, iriam buscar tratamento oficial. Esse torturante plano só é integrado no rótulo. A meta é “limpar o território” com ações militarizadas e empurrar para a periferia distante os “indesejados”.

Pano rápido. Nesse cenário desumano, que já dura mais de uma semana, percebe-se o sepulcral silêncio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que buscou no tema das drogas um palanque para se mostrar vivo politicamente. O silêncio de FHC é a prova provada da atuação farsante, própria de oportunistas.
http://www.viomundo.com.br/denuncias/ju ... berto.html
‘Extermínio a céu aberto’

Conceição Lemes

Juliana Machado tem 28 anos, é formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), faz mestrado em Sociologia na USP, integra o coletivo DAR (Desentorpecendo a Razão) e apóia movimentos por moradia.

Na última quarta feira, 11 de janeiro, ela e a colega Dulce Sampaio voltavam para casa por volta de 23h30, quando, passando pela rua Conselheiro Brotero, na Barra Funda, perceberam três viaturas em frente ao número 215.

Pararam. Umas 20 pessoas (uma grávida de quase 9 meses) retiravam seus pertences (móveis e roupas) de dentro da casa, seis eram crianças (de 2 e 8 anos), algumas deitadas no colchão estendido na calçada. Estavam ali há oito dias, vindos da favela do Moinho, após o incêndio que arrasou parte dos barracos.

“Infelizmente, quando chegamos já não havia muito o que fazer – os ocupantes já estavam do lado de fora do imóvel – nem eles tinham condições de resistir”, contou-me Juliana. “Eu e minha colega, como observadora, ficamos para tentar garantir que não haveria a costumeira violência policial neste tipo de ação, e também mediar uma solução coletiva para aquele momento.”

“Sem opção para morar, aguardavam definição da Prefeitura da cidade de São Paulo sobre a promessa de receberem bolsa aluguel de 450 reais por 10 meses, ‘talvez’ a partir de fevereiro”, contaram-lhe. “A casa ocupada estava abandonada há muito tempo. Antes de eles entrarem na casa, um grupo de usuários de crack utilizava o imóvel.”

Juliana permaneceu ali, com eles, até 3h30. Pesquisadora de remoções forçadas, foi a primeira vez que esse tipo de tragédia urbana bateu à sua porta:

A MAIOR PARTE TINHA SAÍDO PARA TOMAR BANHO QUANDO A POLÍCIA CHEGOU

“As pessoas estavam desesperadas. Àquela hora da noite não sabiam para onde ir e como levar suas coisas, pois não havia carroças/catadores para ajudar. Elas tinham sido avisadas um pouco antes pela PM que teriam que deixar o local, pois o proprietário havia solicitado a desocupação.

A maior parte deles tinha saído para tomar banho quando a polícia chegou. Não houve possibilidade de resistir. Retiraram os móveis pacificamente. A PM alegou que a casa havia sido interditada pela Defesa Civil

Só que, passando por ali diariamente, percebi a colocação de placas de concreto apenas dois dias antes da ação da PM. Havia também três representantes do proprietário. Segundo eles, o imóvel tinha sido comprado recentemente e seria demolido. O que se apresentou como advogado “negociava” com os ocupantes, o pagamento de um carreto para levar as coisas de volta ao Moinho, onde eles ficariam na calçada, embaixo da lona.

Os ocupantes ficaram divididos. Parte queria buscar outro imóvel para o cupar e dormir aquela madrugada. Parte queria voltar ao Moinho. Mas ninguém sabia ao certo como sair daquele impasse, pois naquele horário nem as ocupações no centro os receberiam.

Não houve violência na ação da PM, porém ficou óbvio que estava ali para a defesa dos interesses do proprietário, sem qualquer preocupação com a situação dos ocupantes.

Como um dos prepostos do dono do imóvel, que se identificou como “Pedro”, se recusava a dialogar com os ocupantes, tratando-os como criminosos, a PM passou a mediar a negociação.

Logo um caminhão de lixo da Prefeitura encostou, para carregar os pertences daquelas pessoas e levá-los para a calçada e viaduto entorno do Moinho.

Numa estratégia clara de dividi-los, o representante do proprietário passou a oferecer dinheiro a cada um, separadamente. A uma mulher ofereceu trabalho, a outra pagou R$ 40. Ao final, deu R$ 200 para serem divididos entre as 15 pessoas restantes.

A estratégia de dar alguns merréis funcionou. Não permitiu uma decisão coletiva por parte deles, que arriscaram o pouco oferecido para não sair sem nada”.

SEM ORDEM JUDICIAL NEM CONDIÇÕES DE RESISTIR


“Em diversos momentos, chamei a atenção da PM e dos ocupantes para o fato daquela ação poderia ter acontecido durante o dia e não naquela hora. Só que, na cidade de São Paulo, é praxe a expulsão durante a madrugada, quando , quando já não havia qualquer possibilidade de buscar acolhimento e ajuda.

Não havia ordem judicial para a reintegração de posse, tampouco a PM apresentou o laudo de interdição da defesa civil.

Se a desocupação foi difícil? Não. A maioria dos ocupantes havia saído do para tomar banho, e os poucos que estavam no imóvel não resistiram ao assédio da polícia”.

INCÊNDIO “CRIMINOSO”, COMO VÁRIOS OUTROS


“Até então, o que eu sabia da favela do Moinho é que a comunidade havia vencido a primeira batalha judicial. Ação do escritório modelo da PUC conseguiu-lhes, em 1ª instância, o usucapião coletivo. Na prática, essa decisão suspende qualquer possibilidade de reintegração de posse, despejo, remoção por parte da Prefeitura, já que o caso está sub judice.

Só que – de novo, o só que — , no apagar das luzes de 2011, época de Natal/Ano Novo, ocorreu ali um “incêndio”.

Espalhou-se a versão de que uma usuária de crack havia sido a responsável. Em tempos de operação sufoco, é incrível a facilidade de se culpar o lúmpen do lúmpen, o cidadão de segunda categoria de tão estigmatizado e rechaçado…

Não acredito nessa versão. Para mim, foi um incêndio “criminoso”, como vários outros que tem ocorrido em favelas de São Paulo nos últimos anos. É curioso verificar que aqui acontecem incêndios quase mensais em favelas, enquanto no Rio de Jane iro, onde tem mais favelas, quase não há registro de incêndios.

Seja como for, o incêndio facilita a retirada gradual dos moradores do Moinho, pois parte deles, sem ter para onde ir, acaba aceitando a bolsa-aluguel de R$ 450 ou o cadastramento em algum programa habitacional. Em ambos os casos em bairros distantes dali. O valor da bolsa não contempla um aluguel para uma família no centro. Um quarto em cortiço, para uma família inteira morar, costuma custar cerca de R$ 800″.

ESTRATÉGIA HIGIENISTA, SIM!

“Vendo a ação policial na Cracolândia, o incêndio no Moinho, as ameaças constantes de despejo das ocupações e cortiços na região central, a presença ostensiva da PM nesses bairros e o grande pretexto da vez – as drogas – são táticas que fazem parte de uma mesma estratégia higienista.

Ou seja, varrer do centro de São Paulo a população mais pobre e abrir caminho para um projeto de transformação urbana (Nova Luz) que vai beneficiar o grande capital imobiliário, colocando a coisa pública (serviços, transporte, infraestrutura e localização privilegiada) a serviço de interesses privados, em conluio com a Prefeitura da capital e o governo do Estado de São Paulo.

A reurbanização (também chamada revitalização) do projeto Nova Luz pressupõe que não há vida naquele local. Porém, sabemos que os bairros da região são pulsantes de vida, comercio, circulação de pessoas, serviços e equipamentos públicos. Só que foram abandonados pelos governos da cidade, que deixaram de realizar a zeladoria urbana”.

MAIS UMA FORMA DE EXTERMÍNIO

“Se esse projeto de cidade se concretizar na Luz, pode significar um precedente perigoso e ser aplicado em toda a cidade.

Da mesma forma, o tratamento que está sendo dado aos usuários de crack da região pode, por sua vez, significar o recrudescimento da política de repressão e encarceramento dos usuários de drogas, começando pelos párias que não têm interesse nenhum para o capital. É mais uma forma de extermínio, primeiro a céu aberto, depois em instituições manicomiais.

Na verdade, ação policial na Cracolândia, incêndio no Moinho e despejos de ocupações na região central de São Paulo são formas de extermínio a céu aberto.

Daí a necessidade de articulação rápida entre movimentos de moradia da região central, usuários de drogas, defensores de direitos humanos, entidades, movimentos sociais, etc. Essa articulação pode ser a trincheira de resistência para disputar este projeto, que já está sendo implementado.Talvez a mobilização social, devidamente unificada, consiga minimizar os estragos que virão”.

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#35 Mensagem por Compson » 18 Jan 2012, 09:29

Carnage escreveu:No final das contas, parece que tudo tem como raiz pura e simples a especulação imobiliária
Prefeitura vai demolir imóveis na região da cracolândia, em SP
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ ... m-sp.shtml

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#36 Mensagem por Carnage » 21 Jan 2012, 14:13

Já demoliram vários. Largos terrenos baldios se espalham pela região, a espera de alguma coisa.

Na verdade isso tudo é desespero frete ao final do governo se aproximando e projeto especulativo não estar conseguindo ir pra frente. Eles tem que colocar a coisa em andamento logo, sem chance de ser revertida, antes que desocupem a prefeitura, pois sabem que pode ser difícil conseguir emplacar um sucessor que os mantenha no jogo.

http://www.cartacapital.com.br/sociedad ... l-privado/
‘O projeto Nova Luz não convenceu o capital privado’
Projeto falhou. Operação de Kassab é a sua última chance de ganhar visibilidade no caso.

Concebido como estratégia para valorizar o centro de São Paulo, o Projeto Nova Luz não conseguiu até hoje atrair o interesse do mercado imobiliário para a região. É o que afirma o arquiteto e urbanista Jorge Bassani, coordenador de grupo de pesquisa sobre a área na Faculdade de Arquitetura e Urbaismo da USP. Para ele, a operação deflagrada no dia 3 de janeiro pela Polícia Militar é uma última tentativa da prefeitura de Gilberto Kassab (PSD) de mostrar serviço ao tentar solucionar o problema dos viciados em crack, instalados há anos no bairro.

“É o último ano dessa gestão, não vão conseguir mais nada”, diz ele.

O Projeto Nova Luz existe há mais de 30 anos e nunca foi realmente implantado. Em 2010, a Prefeitura realizou concessão urbanística para a área.

O grupo de empresas vencedoras tenta agora atrair investimentos de construtoras. Antes disso, ainda na gestão Serra, um leilão para construir na área não teve nenhuma incorporadora interessada, segundo Bassani.

De concreto, o projeto demoliu alguns edifícios e abriu um canteiro de obras, responsável por espalhar os usuários para toda região da Santa Cecília, no perímetro conhecido como “Nova Cracolândia”. Agora, busca licenças junto aos órgãos de preservação ambiental e patrimônio e ligados à mobilidade, já tendo obtido parecer favorável junto ao Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo). Além disso, está sendo definido o edital de licitação para a futura incorporadora. Segundo a Secretária Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU), o projeto Nova Luz tem duração de 15 anos, nos quais quer promover uma grande transformação urbanística na área, com aproveitamento da infraestrutura já instalada. Entre as iniciativas, está a construção de moradias, creches, ciclovias, calçadas mais largas, áreas verdes e parques lineares.

Leia mais:
Truculência e política se misturam em ação na Cracolândia

Para Bassani, a operação é uma tentativa de fazer o saneamento em relação aos viciados, melhorando a visibilidade e atraindo investimentos. “Mas isso não vai resolver nada do ponto de vista do empreedimento imobiliário, porque não estão conseguindo convencer setores do capital privado”, afirma ele.

A região, diz ele, é desvalorizada tanto por causa da depreciação social quanto por características urbanísticas próprias, como o formato dos terrenos, grande quantidade de monumentos e prédios históricos e por ser Zona Especial de Interesse Social (Zeis), que exige tratamento diferenciado. “Não há especulação em cima dessa desvalia”, afirma Bassani.

“Nós queremos que aquilo seja valorizado como bem urbano e também como possibilidade de negócio”, comenta.

“Pela lógica linear do mercado imobiliário, o fato de ser ZEI dificulta o empreendimento”.

O pesquisador aponta que a operação da PM dá visbilidade tanto para o governador Geraldo Alckmin (PSDB), responsável pela atuação policial, quanto para a gestão de Gilberto Kassab (PSD), que, segundo ele, não teve grandes avanços nos últimos anos.

Assim, o plano corre o risco de cair em uma atitude eleitoreira, com grande aparição na mídia, mas sem melhorias concretas, com um trabalho a longo prazo. “Não temos perspectivas eficientes de um projeto urbano. Nesses dois anos de concessão, foi feita apenas uma demolição, que não resultou em nada a não ser escombros”, lembra. “Essa gestão vai sair completamente desmoralizada em relação à Luz”.
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... a-ifigenia
Os riscos que rondam a Santa Ifigenia

Por Suely Mandelbaum


O bairro Santa Ifigênia está em perigo de destruição pela Prefeitura de São Paulo, em proveito dos especuladores imobiliários. O estudo de viabilidade economica preparado pela FGV apresenta tabelas de valores de imóveis drasticamente sub-avaliadas a razão de 1/7 a 1/15 do valor do mercado dos imóveis residenciais e comerciais. Ora, os terrenos baratíssimos avaliados não existem na região do projeto, ou seja, só existem no relatório da Prefeitura e foram usados como premissa do projeto! Quem será responsável frente ao futuro concessionário que certamente assumirá, via o Judiciário, responsabilidade financeira dos 6/7 a 14/15 restantes frente a estes valores equivocados assinalados no processo: será o Consórcio Concremat/Cia City/FGV/Aecom? Ou, será que os representantes do Executivo e do Legislativo que aprovaram as leis serão pessoalmente responsáveis com os seus bens? Se for a Prefeitura, entendo que o prejuízo atinente a este projeto é inaceitável para o contribuinte paulistano.

Portanto, considero imprescindível que cadastramento e pericias sejam feitas para cada unidade de imóvel residencial e comercial da região de forma transparente junto ao Judiciário, com a participação de cada proprietário, e as tabelas de valores sejam ajustadas aos preços de mercado atuais e reais; considero imprescindível que os valores reais sejam usados como premissa corrigida do Projeto e como premissa para o estudo de viabilidade econômico-financeira previamente à licitação do Concessionário Urbanístico – o qual precisa ser protegido também.

Com as propriedades sub-avaliadas e sem considerar as inúmeras indenizações complementares devidas – dos lucros cessantes, dos valores reais dos fundos de comércio, dos inquilinos, dos empregados – o Consórcio Nova Luz já prevê a necessidade de uma contrapartida por parte da municipalidade no valor de mínimo R$ 350 milhões! Os terrenos baratos requeridos pelos agentes imobiliários, cujos preços de venda são estipulados no projeto, significarão graves prejuízos ao Concessionário Urbanístico que será judicialmente obrigado a pagar preços de mercado reais e atuais pelos terrenos e pelas variadas indenizações. Restará ao Concessionário Urbanístico cobrar judicialmente da Prefeitura as suas enormes perdas, o que é inaceitável para o contribuinte paulistano e o que também demonstra a inviabilidade do projeto. Com base nestas considerações, qualquer pessoa de bom senso percebe que o Projeto Nova Luz e a Concessão Urbanística da Nova Luz devem ser cancelados – a fim de evitar a falência do Concessionário Urbanístico, de evitar mais despesas desnecessárias para o contribuinte paulistano em proveito dos especuladores imobiliários e para evitar os perigos de mais uma área de terra arrasada nesta cidade. Afinal, pagar a conta de muito mais de R$ 10 bilhões, só para os especuladores imobiliários se locupletar, interessa ao contribuinte paulistano e à cidade?

Portanto, por que o projeto Nova Luz iria convencer o capital privado a assumir a concessão urbanística?
A única alternativa viável é a anulação das leis municipais 14917 e 14918 da Concessão Urbanística pelo Executivo e pelo Legislativo.

Suely Mandelbaum, Urbanista

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#37 Mensagem por Carnage » 21 Jan 2012, 14:14

http://cartamaior.com.br/templates/mate ... a_id=19395
Crack é usado por miseráveis porque é barato
A explicação é tão simples que parece óbvia, mas para o especialista Dartiu Xavier da Silveira apenas o preço define o fato de que na Cracolância se fuma o crack. A droga vicia tanto quanto qualquer outra, inclusive o álcool, e as taxas de sucesso no tratamento são as mesmas. A diferença é que, neste caso, o “ser miserável” precede o “fumar crack”. Qualquer política de combate ao uso da droga tende ao fracasso, se não for precedida de uma política social conseqüente. Silveira define o lobby da comunidade terapêutica para drogados junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) como “pesado”, e diz que a ação policial na Cracolândia é simplesmente “política e midiática”. A reportagem é de Maria Inês Nassif.

Maria Inês Nassif


São Paulo - O grande equívoco da ação policial do governo do Estado de São Paulo e da prefeitura da capital na chamada Cracolândia, o perímetro onde se aglomeram moradores de rua e dependentes de crack na cidade, definiu, de cara, o fracasso da operação: o poder público partiu do princípio de que a droga colocou aqueles usuários em situação de miséria, quando na verdade foi a miséria que os levou à droga. Esse erro de avaliação, segundo o psiquiatra e professor Dartiu Xavier da Silveira, por si só já desqualifica a ação policial.

Professor do Departamento de Psiquiatria e coordenador do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes (PROAD), Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, Silveira há 25 anos orienta pesquisas com usuários de drogas e moradores de rua, normalmente patrocinadas pela Organização das Nações Unidas, e tem sido consultor do Ministério da Saúde na definição do Plano de Combate ao Crack. Nas horas vagas, ele desmistifica os argumentos usados pela prefeitura, município e uma parcela de psiquiatras sobre usuários de drogas.

A primeira contestação é essa: o abandono social vem antes, o crack vem depois. E a política social tem que preceder qualquer ação junto a essa comunidade, inclusive a médica.

Outras desmistificações vêm a tiracolo. O crack é droga pesada, concorda ele, mas o dependente da droga tem as mesmas chances de cair no vício do que um usuário de álcool, por exemplo. “Em qualquer droga existem os usuários ocasionais e os dependentes”, diz o médico. Inclusive no caso do crack. O tratamento por internação compulsória de qualquer uma – álcool, cocaína etc – situa-se na ordem de 2%, ou seja, 98% dos usuários internados compulsoriamente, inclusive os de crack, não conseguem manter abstinência. O tratamento ambulatorial garante a maior taxa de sucesso, de 35% a 40% dos usuários tratados. Isso também vale para os usuários de crack.

Daí, outra mistificação é derrubada pelo médico: não se joga simplesmente fora os outros 60% a 65% que não vão conseguir se manter abstinentes. Do ponto de vista da saúde pública, é um ganho se o usuário se beneficiar de uma política de redução dos riscos. “O usuário não vai parar, mas pode reduzir o uso e até estudar ou trabalhar”, afirma. Isso vale também para o viciado em crack.

Por que o crack e não outra droga? Porque a população miserável só pode comprar o crack. Existem usuários de classe média, concorda Silveira, mas crack, pobreza e população em situação de rua são situações que convergem. “A gente sempre tem essa noção de que a rua é um espaço horrível, e é mesmo, mas em muitos casos a situação da família é tão agressiva que é um alivio para a criança estar fora de casa.”

Com todas essas evidências de que o problema da Cracolândia é fundamentalmente social, Silveira apenas consegue atribuir ações policiais na área e a defesa instransigente que políticos e profissionais de saúde fazem da internação compulsória como ligadas a “causas menos nobres”. Que envolvem também interesses econômicos de alguns médicos.

Veja entrevista na íntegra no link:
http://cartamaior.com.br/templates/mate ... a_id=19395

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#38 Mensagem por Carnage » 21 Jan 2012, 18:27

Abadia acusa policiais do Denarc e do Detran de corrupção.
http://www.youtube.com/watch?feature=pl ... vnBO1bjv5Q

Propina parcelada
http://www.youtube.com/watch?feature=pl ... kWDzvacG9I

O acerto de contas
http://www.youtube.com/watch?v=_fophtAi ... r_embedded

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#39 Mensagem por kank » 21 Jan 2012, 21:57

criticar a operação pq ela espalhou o problema pela cidade beira o ridiculo

reclamam pq os noias estão perto de suas casas e comercio, mas e quem reside ou trabalha na região da cracolandia é menos cidadão
pq eles tem que aguentar o problema concentrado apenas nas casas deles?
se a solução é agrupalos em apenas um local
sugiro que seja proximo a casa de quem os quer agrupados

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#40 Mensagem por Carnage » 29 Jan 2012, 15:37

O torturante método de São Paulo
Wálter Maierovitch

http://www.cartacapital.com.br/sociedad ... sao-paulo/


http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/ ... ao-da-luz/
Justiça suspende projeto de reurbanização da Luz
27 de janeiro de 2012
TIAGO DANTAS


A Justiça suspendeu, mais uma vez, o Projeto Nova Luz, iniciativa da Prefeitura de São Paulo que prevê a revitalização de 45 quarteirões dos bairros Luz e Santa Ifigênia, no centro, por meio de concessão urbanística. Na decisão, o juiz Adriano Marcos Laroca, da 8ª Vara da Fazenda Pública, alega que a população da cidade não foi consultada antes da aprovação da lei 14.918/2009, que autoriza o poder público a executar o projeto.

O governo municipal pretendia lançar, nos próximos meses, a licitação para contratar uma empresa ou um consórcio que ficaria responsável pelas obras. Em troca do serviço, a iniciativa privada poderia lucrar com a compra e venda de imóveis na região. O projeto urbanístico para a região foi apresentado no segundo semestre do ano passado. Ele levaria 15 anos para ficar pronto e custaria, ao menos, R$ 1,1 bilhão.

A decisão do juiz Laroca foi publicada nesta manhã pelo Tribunal de Justiça. Atendendo a uma ação popular movida por André Carlos Livovschi, o juiz entendeu que o processo administrativo que corre na Prefeitura para contratar as obras também deveria ficar suspenso enquanto o julgamento do processo não terminar para evitar gastos desnecessários de dinheiro público. A gestão Kassab ainda pode recorrer da decisão, que foi dada em caráter de liminar.

Em seu pedido, Livovschi argumenta que não foi feita nenhuma audiência pública antes da aprovação da lei. “A decisão política de aplicar no projeto Nova Luz o instrumento da concessão urbanística, de fato, não contou com a participação popular, sobretudo, da comunidade heterogênea (moradores de baixa renda, pequenos comerciantes de eletroeletrônicos, empresários, etc.) atingida pela intervenção urbanística”, afirmou o juiz, em sua decisão.

Em abril de 2011, a Justiça já havia suspendido o projeto, atendendo a um pedido de Ação Direta de Insconstitucionalidade (ADI) proposta pelo Sindicato do Comércio Varejista de Material Elétrico e Aparelhos Eletrodomésticos no Estado de São Paulo. Uma semana depois, a Prefeitura recorreu e foi beneficiada por uma decisão do Tribunal de Justiça, que autorizou a continuidade do projeto.

A Prefeitura ainda não se pronunciou sobre o caso.

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Carnage
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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#41 Mensagem por Carnage » 12 Fev 2012, 18:44

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... e_rc.shtml
Ação na Cracolândia impulsiona tráfico ambulante

Rodrigo Durão Coelho

BBC Brasil em São Paulo*

Atualizado em 3 de fevereiro, 2012 - 11:20 (Brasília) 13:20 GMT


A ação policial na região da Cracolândia em São Paulo, que completa um mês nesta sexta-feira, pulverizou a compra e venda de drogas por diferentes regiões da cidade, e está ajudando a consolidar a substituição do modelo tradicional de bocas de fumo por um sistema ambulante de tráfico.

Na Rua Gusmões, no bairro de Campos Elíseos, no Centro, cerca de 200 pessoas se aglomeram, em diferentes momentos do dia, no meio da rua e nas calçadas, muitas à espera da próxima passagem do "pedreiro", gíria dada ao vendedor de pedras de crack.

"Antes, era mais tranquilo porque o pessoal ficava fumando crack sentado (na Cracolândia). Agora, temos que ficar andando o dia inteiro, fumando na frente de todo mundo", disse à BBC Brasil um dependente que caminhava com o grupo "nômade".

Comerciantes locais contrataram seguranças para expulsar grupos que se formam ocasionalmente na frente de suas lojas e evitar a criação de novos pontos fixos de compra e venda.

"Não quero que eles fiquem muito confortáveis aqui", disse um segurança que atua no local. "Eles não reagem com violência. Saem, mas voltam", acrescentou.

Esse novo sistema de organização do tráfico e do consumo, mais móvel, está se mostrando um desafio para grupos que tentam recuperar dependentes como a ONG evangélica Esperança Viva, que atuava há anos na Cracolândia.

"Antes, era mais fácil encontrá-los. Agora, ficou mais difícil. Temos que ir para onde vão. Muitas vezes, achamos que estarão em um ponto, mas não estão", disse Herbert dos Santos Pinho Tavares, integrante da ONG.

Na Rua Guaianazes, também em Campos Elíseos, em plena luz do dia, uma multidão, muitos enrolados em cobertores, sujos e maltrapilhos, caminhava, na última terça-feira, devagar, aparentemente sem rumo certo.

"Parecem zumbis do clipe do Michael Jackson (Thriller)", disse o integrante de uma ONG.

Logística do tráfico

Para a secretária de Justiça de São Paulo, Eloísa Arruda, a operação foi importante para "quebrar a logística do tráfico". O governo afirma que, até 2 de fevereiro, haviam sido apreendidos mais de 63 kg de drogas na região, sendo que 3,7 kg de crack.

"Essa baixa quantidade de crack apreendida mostra que a ação talvez tenha alterado a boca (ponto de venda ilegal de drogas), que já estava decadente, mas o tráfico lucrativo é móvel, se desloca com o público. Não me parece que a quantidade tenha diminuído", disse à BBC Brasil Daniela Skromov de Albuquerque do núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

"A impressão é de que os consumidores foram varridos e o tráfico, deslocado para áreas diferentes do centro expandido", acrescentou.

Para Herbert Dos Santos Pinho Tavares, "a quantidade de drogas disponíveis para os usuários não mudou. Os dependentes foram espalhados para outras partes e os traficantes também."

A secretaria de Justiça do Estado nega que a dispersão dos usuários e traficantes tenha gerado outras Cracolândias menores.

"Isso não é verdade. Sabemos que existem pequenas formações que alguns chamam de ‘mini-Cracolândias’. Nós sabemos que elas existem na cidade e nossa disposição é enfrentá-las", disse Eloísa Arruda à BBC Brasil.

"Não é (certo) dizer que saíram todos da Cracolândia e foram para outras regiões. Uma boa parte dos que lá estavam procuraram serviços sociais", completou.

No entanto, a defensora pública Daniela Skromov diz não acreditar que a ação seja bem-sucedida já que "esse pessoal não vai deixar de consumir".

"É, no fundo, iludir a população no sentido de que o combate ao tráfico está sendo feito. Ele está sendo feito equivocadamente porque não se está priorizando a polícia de inteligência, para se descobrir os grandes traficantes."

"No longo prazo, acho que não vai funcionar. O cerco policial funciona para que as pessoas não usem (drogas) ali. Mas até quando a polícia vai ocupar aquela área?"

Herbert concorda. "A droga existe, os usuários existem e eles estão soltos por toda São Paulo."

*Colaborou: Jessica Fiorelli

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Casemiro45
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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#42 Mensagem por Casemiro45 » 12 Fev 2012, 19:04

Fui testemunha ocular de tudo que foi escrito no texto acima: o tráfico itinerante, a horda de usuários vagando em grupo pelas ruas, os seguranças com seus coletinhos, apitos e pedaço de ferro nas mãos tentando espantar esse pessoal, que é inofensivo e não mexe com os moradores ou quem está passando pelas ruas.
A presença da polícia ainda é notada na região, mas isso não inibe os usuários e traficantes. Eles andam em grupos de muitas pessoas como uma forma de se proteger da polícia. Alguns usuários se perdem do grupo, como ovelhas desgarradas, ficando para trás. Esses acabam sendo abordados pela polícia, que procura fazer seu papel, e não há muito o que se fazer, esse é o problema. Como o texto bem disse, a população está sendo enganada. O combate às drogas não está sendo feito de forma eficiente.

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#43 Mensagem por Carnage » 19 Fev 2012, 19:37

A última oportunidade de São Paulo se humanizar
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... -humanizar

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#44 Mensagem por Carnage » 02 Mai 2012, 23:17

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ ... cial.shtml
Tráfico resiste na Cracolândia após 4 meses de operação policial

DE SÃO PAULO

Às vésperas de a ocupação da PM na cracolândia completar quatro meses, a venda e o consumo de drogas permanecem intensos na região.

Cercados de usuários, traficantes podem ser encontrados na área oferecendo drogas em diversos momentos do dia, informa reportagem de Afonso Benites publicada na edição desta segunda-feira da Folha.

No início do ano, a PM dissera que em 30 dias o tráfico de crack estaria desarticulado na área. Ontem, o chefe da PM na região disse não haver prazo.

Leia mais na edição da Folha desta segunda-feira.

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Re: Operação desastrosa de Kassab e Alkmim na cracolandia

#45 Mensagem por Kamelo » 03 Mai 2012, 20:15

Carnage escreveu:http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ ... cial.shtml
Tráfico resiste na Cracolândia após 4 meses de operação policial

DE SÃO PAULO

Às vésperas de a ocupação da PM na cracolândia completar quatro meses, a venda e o consumo de drogas permanecem intensos na região.

Cercados de usuários, traficantes podem ser encontrados na área oferecendo drogas em diversos momentos do dia, informa reportagem de Afonso Benites publicada na edição desta segunda-feira da Folha.

No início do ano, a PM dissera que em 30 dias o tráfico de crack estaria desarticulado na área. Ontem, o chefe da PM na região disse não haver prazo.

Leia mais na edição da Folha desta segunda-feira.


Na verdade acho que nunca vai acabar o trafico naquela região... Enquanto tiver aqueles predios velhos , pousadas e etc ... fica dificil 8)

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