Foi na Casa Rosa, em Laranjeiras. Aniversário de um amigo. Depois da festa, juntamos um grupo e fomos lá.
Todo mundo ficou de zoação com as mulheres e eu me incomodei um pouco com aquilo.
Puxei conversa com uma mulata quetinha que devia ter uns 18 anos, ela era séria e disse que fazia tudo o que eu quisesse. Eu nem sabia o que eu queria.
Então, só pra me mostrar, subi com ela.
Quando ela ficou em pé e caminhou para a escada, vi que a garota era gostosíssima. Todos no salão pararam e ficaram em silêncio. Eu tremia. Eu tinha 18 ou 19 anos. Foi em algum momento do século 20. A camisinha era a Johntex que vinha naquela caixinha azul, com cinco dentro, sem lubrificante nem embalagem individual.
Não me lembro como foi a foda nessa noite, porque minha memória embaralha com as outras noites que se seguiram.
Fiquei indo lá fudendo com ela. O lugar era imundo, o lençol fedia, mas como eu gostava de vê-la nua. Aquilo era muito novo pra mim. O corpo nu de uma mulher.
E por dentro eu sentia que a minha perdição estava ali, bem ali, os seios, a bunda, um dia eu ia morrer daquilo.
Lembro que eu gozava em dez minutos, o resto do tempo a gente conversava, uma vez ela riu.
Minha vontade era tirá-lá de lá, levá-la pra casa e dizer pra minha mãe: "Mãe, cuida dela que eu vou casar com ela".
Depois de cinco ou seis ou sete - sei lá - oito vezes, ela sumiu.
Eu tinha até feito uma poesia, que nunca mostrei.
Tudo começou assim, foi muito por acaso.
De vez em quando eu bato com uma que me lembra ela, a pele morena, o cabelo fino e o ar compenetrado e revelando uma certa resignação.
Talvez ela se chamasse Neuci.
Em uma caderneta antiga do Curso Hélio Alonso um dia eu vi escrito o nome Neuci com um traço embaixo, e eu fiquei frio e petrificado por um momento e o coração bateu forte por isso guardei o nome e tenho quase certeza que era Neuci.
>>...Kalvin