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Assassinato de reputações, o filme
Por Mauro Marcelo de Lima e Silva em 04/02/2014 na edição 784
Resisti à tentação de comprar o livro Assassinato de Reputações: um crime de Estado, de Romeu Tuma Júnior (Editora Topbooks 2013), mas acabei cedendo quando fui informado que havia menção ao meu nome. Li-o em três dias e cheguei à conclusão de que o título correto deveria ser “Como cuspir no prato que comeu”.
São mais de 500 páginas confusas e com imprecisões temporais, recheadas de acusações sem provas, chulices, deboches e bravatas, nas quais o autor chega ao cúmulo de dizer, com todas as letras, que seu pai, o Tumão, morreu de desgosto quando o autor foi defenestrado da Secretaria Nacional de Justiça. Pasmem: ele diz isso e acredita nisso.
Na sua visão obliterada, o autor foi exonerado ou por perseguir Daniel Dantas, que diz ser amigo do governo, ou por ter achado uma conta secreta nas Ilhas Cayman atribuída (mas nunca comprovada) a José Dirceu, ou por ter “peitado” o governo ao impedir a operação Satiagraha, ou por tudo isso junto. Para justificar tirá-lo do cargo, fantasia que o governo determinou à Polícia Federal que fizesse uma ultra-super-hiper-secreta investigação, interceptando conversas telefônicas do amigo do amigo do amigo dele para chegar até a sua pessoa e depois, por determinação de Lula, as gravações foram seletivamente vazadas a determinados jornalistas e panfletadas na internet, para assim “fritá-lo” perante a opinião pública e o governo, enfim, demiti-lo. Não bastava aí uma canetada do presidente? Mas é nessa chicana conspiratória que ele piamente acredita.
Centro das atenções
Encolerizado por ter sido tirado do cargo – onde se considerava a figura central da atual República – ele quer, neste cartapácio, limpar sua honra que julgou atingida por essa investigação. Para isso, dispara sua metralhadora giratória contra o ex-presidente Lula, contra os ex-ministros Márcio Thomaz Bastos e Tarso Genro, contra a Polícia Federal e seu ex-diretor, contra o DHPP de São Paulo, contra “os maquiavélicos do PT e da PF”, contra o PSDB, contra o Judiciário, contra promotores e procuradores, contra delegados de polícia, contra membros da Secretaria Nacional de Justiça, contra o jornal O Estado de S. Paulo, além de outras autoridades e instituições.
Compara o governo a traficante de favelas e brada ter atrapalhado o projeto de poder do PT e os interesses “da banda”. Ofende, menospreza, ridiculariza e calunia o ex-presidente Lula, apontando-o como informante do seu pai, Tumão. Ok. O papa Francisco é ateu, sabiam?! O papel aceita tudo, até infâmias.
Você, leitor, nunca verá tamanho egocentrismo nessa resma. Recheado de “eu fiz”, “eu sei”, “eu prendi e mandei prender”, “foi por minha causa”, “eu avisei”, “eu sou o melhor”, “eu tinha razão”, “foi minha idéia”, “eu propus”, “eu baixei a criminalidade”, “eu mostrei quem eu sou”, “eu investiguei os mais clamorosos casos no Brasil e no exterior”, “eu fui o cara certo na hora certa”, “eu fiz e desfiz”, “eu sou competente”, “eu, experiente policial”, “eu tenho capacidade técnica”, só faltando mesmo ele dizer “esse cara sou eu”, tamanho ego, que não cabe nas 560 páginas.
Na defesa de sua reputação, que considera mais valiosa que a sua própria vida, elogia excessivamente a si e a seus atos querendo ser o centro de todas as atenções julgando suas opiniões e interesses mais importantes que os pensamentos dos outros. Que nome poderíamos dar a isso?...
Verdade falseada
Quando discorre sobre a morte do prefeito Celso Daniel, narra um verdadeiro filme, um thriller hollywoodiano com convicção baseada em achismos e especulações. Esquece que o crime foi duas vezes investigado pela Polícia Civil – instituição constitucionalmente investida no poder de investigação e capacitada para isso – que concluiu tratar-se de crime comum; mas para o autor, se ele tivesse investigado, teria esclarecido de forma diferente, pois tinha as melhores pistas, os melhores indícios e as melhores provas. Nessa trama, menciona “eu acho”, “provavelmente ocorreu isso”, “tive a sensação de que”, “acredito que”, “minha tese é”, “meu entendimento é”, “avalio eu”, “penso que”, ou seja, sua teoria é recheada de suposições e conjecturas diversas, chegando a afirmar que Celso Daniel morreu com expressão de sofrimento no rosto. Ora, como ensinado em Medicina Legal, cadáveres não têm expressão de sofrimento – algo talvez apregoado na Idade Média – pois é sabido que, após a morte, toda a musculatura do corpo relaxa, sendo impossível um cadáver estampar qualquer tipo de sentimento.
No mais fino exemplo de jactância, ele compara o Tumão, seu pai, ao Pelé da Polícia, talvez se enxergando como um Neymar desconvocado pelo Felipão...
Entre as afirmações mais absurdas, está a de que Lula foi “aluno de seu pai e aprendeu bem”, pois usou o “talento investigativo adquirido para propósitos inconfessáveis”. Chama o ex-presidente de vingativo e o acusa de criar um Estado policial e de fabricar dossiês. Afirma ter sido um “fraldão” do governo, eleito alvo pelo Palácio, precisando ser alvejado, transposto e abatido. Quando cheguei ao capítulo em que diz que ajudou seu pai a esclarecer o caso Joseph Mengele, confesso que pulei para o próximo, mas quase desisti de ler o resto, quando, na página 318, ele afirma ter ensinado ao jornalista Boris Casoy o bordão “Isso é uma vergonha!” Quanta pretensão.
Escrito a quatro mãos e quatro pés, é nítida a participação do coautor, digamos, no floreamento dos parágrafos, principalmente nas menções de leitmotif, “Razão Instrumental de Max Weber”, “leviatã de Thomas Hobbes”, “Politiburo”, “Soljenitsin”, “devir da filosofia”, “endoxa de Aristóteles” dentre outras. Destila ainda seu ódio à ferramenta de pesquisa do Google, chamado por ele de “Tribunal Superior do Google”. Será que ele sabe o que é e como funciona essa ferramenta de pesquisa, que faz a indexação de mais de 40 trilhões de páginas na web?
Talvez a única coisa correta nesse emaranhado de papéis seja o título, por meio do qual o autor – ou autores – tentam assassinar a reputação do ex-presidente Lula e demais autoridades e instituições que, pela sua ótica deturpada, tramaram pela sua exoneração.
A propósito, sou citado no livro em algumas passagens onde o autor falseia a verdade, inclusive atribuindo a si a minha indicação para fazer um curso fora do país. Ele mente. Nunca houve tal interferência. Minha conclusão? Ele – ou eles – vão precisar contratar bons advogados.
***
Mauro Marcelo de Lima e Silva é delegado de polícia em São Paulo, foi diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e é ex-diretor de Inteligência da Polícia Civil de São Paulo
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Tuma Jr só não assassina reputação porque não tem credibilidade
Postado em 04 Feb 2014
por : Paulo Nogueira
Romeu Tuma Jr, como era previsível, foi ao Roda Viva, hoje o programa mais reacionário da televisão brasileira.
Se você quer aparecer no Roda Viva fale mal do PT. Suas chances imediatamente aparecerão.
Tuma Jr estava claramente desconfortável. Arfava, suava, vagava, se perdia em frases longas frequentemente sem nexo.
O peso excessivo do entrevistado e o calor deste verão contribuíram para dar um ar opressivo à entrevista.
Tuma Jr carrega um peso morto, seu “livro bomba”, aspas. Como era esperado por todo mundo, excetuada a direita mais petrificada, o livro não deu em nada.
Ontem, o que se viu foi o triunfo da esperança: a tentativa de salvar a obra de seu destino inevitável, o lixo.
O coveiro do livro foi, curiosamente, FHC. Coube a ele liquidar a maior “denúncia” de Tuma Jr: a de que Lula foi “informante” da polícia na ditadura.
Num programa de tevê, FHC descartou essa acusação enfaticamente – e com um certo desprezo pela natureza dela e de seu formulador.
É uma acusação, de fato, desprezível. Tuma Jr invoca seu pai morto para dizer que Lula era informante. Repito: a testemunha de Tuma Jr é um cadáver.
O livro só não foi inteiramente ignorado por causa do brutal esforço da Veja, a olavete da mídia brasileira, em fazer dele uma coisa séria.
Mas a Veja, se pôde muito na era Collor, hoje pode pouco, muito pouco. Mesmo dando um espaço descomunal para Tuma Jr, nada aconteceu.
A bomba não explodiu.
Explodiria, sim, no colo do autor, se a justiça brasileira funcionasse. Mas não funciona. Você processa alguém por calúnia e a ação vai terminar em mãos amigas.
O próprio Nunes, processado por Collor há algum tempo, foi inocentado depois de chamá-lo de “chefe de bando”.
Collor ponderou que o STF o tinha absolvido de todas acusações, razão pela qual ele está em liberdade e retomou sua carreira política. Mas a juíza que avaliou o caso achou que “chefe de bando” não era ofensa. Assim funciona a justiça brasileira.
Falei algumas vezes que a sorte de diretores da Petrobras caluniados por Paulo Francis foi poder processá-lo na justiça americana, uma vez que as acusações tinham sido feitas em Nova York, no programa Manhattan Connection.
FHC, então presidente, tentou convencer os executivas a desistir da ação, mas sem sucesso. Serra, ministro, também interveio, mas como FHC fracassou.
Como a justiça americana é diferente da brasileira, Paulo Francis se viu na iminência de pagar uma indenização brutal. Atormentado, morreu do coração.
Tuma Jr, no programa, se gabou de que ninguém citado em seu livro o processou. Claro. Estamos no Brasil. Você processa, se desgasta, é acusado de censor e, como no caso Collor X Nunes, não acontece nada.
Você ainda é perseguido, depois. Francis teria com certeza aumentado o volume de suas infâmias se o processo fosse no Brasil, absolutamente confiante na impunidade.
Tuma Jr, como Francis, não tem provas. Isso lhe foi cobrado ontem por alguns entrevistadores. Ele, pitorescamente, disse que tinha escrito um livro, e não montado um inquérito, o que o deixaria sem a obrigação de provar acusações.
Imagino-o dando esta explicação num tribunal americano, e faço uma pausa para rir.
Foi igualmente pitoresca a observação de Augusto Nunes a respeito das provas. Ele disse ter visto, e as definiu como “muito contundentes”.
Bem, quem acredita em Nunes acredita em tudo.
A coisa mais próxima de evidência dada por Tuma Jr foi uma foto na qual Lula, preso, aparece fumando num carro da polícia, há coisa de 30 anos.
A foto, de extraordinária banalidade, seria a prova de “privilégios” dados a Lula em troca de informações.
Tuma Jr fala no livro em “assassinato de reputações”. Mas o que ele fez foi exatamente uma tentativa de assassinar reputação. Só não foi bem sucedido porque, fora não ter credibilidade em dose mínima, cadáveres não são muito aceitos como testemunhas, principalmente quando invocados para apoiar uma acusação que, vivos, jamais fizeram.
Ainda no campo da comédia, foi engraçado ver a expectativa – simplesmente lunática – de irmãos de causa de Tuma Jr e Augusto Nunes.
No Twitter, Lobão e Claudio Tognolli (que escreveu o livro de Tuma Jr) publicaram vaticínios apocalípticos.
O Brasil jamais seria o mesmo depois do programa, segundo eles.
Eles estavam apostando na idiotice da sociedade. Mas já faz tempo que a pessoa que faz este tipo de aposta acaba perdendo – e fica, ela sim, no papel de idiota.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidi ... n-20.shtml
Roberto Jefferson 2.0
Barbara Gancia[/b]
"Os desvios da prefeitura de S. André iam para o PT, o próprio Gilberto Carvalho me disse", afirma Tuma Jr.
Ah, esses homens públicos maravilhosos e suas ações desinteressadas, que nunca ocorrem em benefício próprio!
O Roberto Jefferson da vez chama-se Romeu Tuma Jr., autor do bestseller "Assassinato de Reputações", 70 mil cópias vendidas, nenhuma surpresa aí, uma vez que o prato servido satisfaz o apetite de uma imensidão de curiosos.
Assim como Roberto Jefferson, Tuma Jr. alega ser movido por civismo e nobreza de espírito.
Não duvido. Mas que mal há em aproveitar a onda e os 70 mil interessados no que ele tem a dizer e se eleger a um cargo público nas próximas eleições, não é mesmo?
A expressão de ressentimento, até de fúria em certos momentos, que podiam ser percebidos em seu rosto no "Roda Viva" da última segunda-feira, a mim não enganaram.
Me disseram que ele ainda nutre algum ressentimento por ter sido afastado das investigações do caso Daniel Dantas sob alegação de que mantinha contato com um criminoso chinês.
E que nunca engoliu o ódio a Lula, a quem culpa por apressar indiretamente a morte do pai, o senador Romeu Tuma, que já estava doente quando o filho foi formalmente acusado de ter vínculos com o mafioso.
O delegado foi absolvido e livrado de qualquer constrangimento, mas seu pai acabou morrendo depois de uma internação longa e dolorosa.
E agora temos o livro. Mais uma vez, sem que as consequências de acusações gravíssimas sejam mensuradas ou corroboradas por provas minimamente detalhadas. O que existe é a prova testemunhal e nenhum desmentido até agora.
É válido tentar varrer do mapa o único partido constituído da democracia tapuia por ter ele imitado o "padrão Fifa" (literalmente) de outros partidos. Mas valeria lembrar que não foram só Silvinhos Pereiras que fundaram o PT, há gente séria e pensante, discorde-se dela ou não, que ajudou a construí-lo. Parece às vezes que esquecemos que é um patrimônio de todos.
Quem será que o senhor Tuma Jr., cego de rancor, gostaria de ver tomar o lugar do PT quando ele e os Jeffersons da vida tiverem terminado de afundar o barco? A turma do Feliciano? Do Crivela?
Bem, vamos ao livro de Tuma Jr., um rapaz que insiste que o pai "redemocratizou o Dops", isto, note, em plena ditadura (é para rir?). Diz ele que Lula era informante do Dops. Até agora, não o vi revelar qualquer informação prestada por Lula ou dar o nome de alguém a quem ele tenha entregado. É para quando, Júnior?
O caso Celso Daniel ocorre em 2002 e Tuma Jr. diz que seu desfecho não ficou claro porque Lula foi eleito. Ué? Mas se o processo correu em uma vara paulista, como a PF de Lula poderia interferir? E o DHPP (departamento de homicídios)? E o Ministério Público de SP? Se havia tanta sujeira, por que ele aceitou integrar o governo Lula em 2007?
Tuma Jr. promete novo livro com provas. Acho bom, já que no "Roda Viva" deu uma de Maluf (lembra do Maluf sacodindo recorte de jornal em debate?) e sacou uma papelada para provar que Daniel Dantas deu R$ 1,5 milhão para a campanha Dilma. Sei. Até parece que todos eles não doam uma soma para cada candidato sistematicamente. Em vez de sacodir, porque não pôs no livro?
E, mais adiante, na página 263: "Os desvios da prefeitura de Santo André eram canalizados para o partido, o próprio Gilberto Carvalho me disse isso". Ora. Carvalho é conhecido pelo comedimento. Imagine se ia abrir o bico justamente para o filho do Tuma? Do Tuma, gente! Sendo que, pelo próprio ato da concepção do livro já dá para ver que o camarada é uma matraca.
Deixa ver se entendo: o PT tentava incriminá-lo por envolvimento com a máfia chinesa e o braço direito do Lula resolve se abrir com ele sobre o caso Celso Daniel? Só falta dizer que viu o Fidel Castro beijando o Paulinho da Força à força.