Nazrudin escreveu:
Meu entendimento é diverso. Parcial sim, com linha editorial clara. Parceiro é leitura pessoal que não partilho já que não recebem financiamento partidário ou estatal, a exemplo de muitos por ai.
Jornalismo é mercado, é ideologia também, mas deveria ser todo independente. Que ande com as próprias pernas.
Também leio a Folha e é um veículo mais interessante nesse sentido, de contrapor opiniões diversas no mesmo caderno.
Mas imaginemos que a Veja tomou partido de ser oposição anti-petista e resolve só colocar na capa os escândalos do desgoverno. Isso torna a matéria inválida? O escândalo menos escandaloso? É claro que no uso da linguagem pode-se tendencionar, mas na liberdade de escolha de cada um reside o valor maior.
Pra mim, o mais bacana da Veja é que, mesmo ela sendo uma revista de diversidade e não de política, consiga deixar os políticos sempre de cabelo em pé.
Nazrudin, você é um sujeito bem informado e deve saber o quanto de assinaturas e de publicidade os governos do PSDB entucham na VEJA. Alckmin, por exemplo é um baita cliente. O tratamento a clientes especiais, em uma empresa com fins comercias, deve ser diferenciado.
Meios de comunicação podem ser comparados com empresas de outros ramos? Ou eles devem atender a uma "função social" específica? Creio que a grande meta de um meio de comunicação digno desse nome deve ser a busca da verdade e da imparcialidade em suas coberturas jornalísticas.
VEJA não é revista política, mas, uma vez que aborde esse tema, deveria fazê-lo de forma imparcial, sob o risco de se tornar algo mais parecido com uma porta voz desse ou daquele partido. Não precisamos de uma VEJA pra isso. Basta acessar ao site do PSDB e leremos ali coisa semelhante. O mesmo se dá com a Carta Capital, que é flagrantemente governista.
A cobertura antipetista não tem nada de inválida, desde que o conteúdo seja verídico. A linha editorial é que acaba entregando a VEJA. Aos amigos do rei, há um determinado tratamento. Aos seus inimigos, ferro e fogo. Isso não jornalismo.
Nesse sentido, não concordo com a sua opinião de que jornalismo seja, essencialmente, mercado. Não me parece razoável que o conteúdo editorial de uma revista - ou de um jornal - seja algo parecido com outro produto qualquer. Isso porque VEJA e Carta Capital são formadores de opinião. O jornalismo, na forma de seu produto final não pode ser parcial em uma medida absurda, na medida em que é utilizado por seus leitores como ferramenta para formar seu juízo a respeito dos fatos. E, com esse juízo, o sujeita vota e aí é que temos o "X" da questão.
O que fazer então? Uma vez que censurar é algo fora de cogitação? Cobrar explicações sobre a pauta dos malucos? Confesso que essa questão me parece muito difícil. Não sei até que ponto se pode exigir que o conteúdo de determinado meio de comunicação tenha essa ou aquela formatação, a fim de que sua linha editorial seja a mais imparcial o quanto possível.
Um meio de comunicação em seu editorial, declarar o seu voto em candidato A B ou C, de modo a que isso soe quase como que propaganda para seus leitores é uma coisa normal? Não me parece que seja, mas isso é praxe em veículos como VEJA e ESTADÃO... E não é na Folha.
Linhas editorias distintas apenas ou o que se vê são veículos que levam a missão jornalística mais a cabo do que outros?