Jornal A Tarde de ontem, 30/08/2007:
Breve, breve, suspeito que um Bitch Channel vai estrear também.Rádio destinada a profissionais do sexo entra no ar
Marco Aurélio Martins / Agência A Tarde
Objetivo do projeto é contemplar minorias
Ao Vivo Zezâo Castro, JORNAL A TARDE
"Colega, você que é prostituta: se o cliente te causar má impressão, ainda na calçada, que é o seu território, não saia com ele. Confie na sua intuição feminina. Você tem direito de escolha. Depois de entrar no carro dele, você pode encontrar muitos problemas".
A partir desta sexta-feira, 31, mensagens como esta, narradas em linguagem direta, poderão ser acessadas a qualquer hora no site da Rádio Zona (www.radiozona.org.br), um projeto desenvolvido pela Associação das Prostitutas da Bahia (Aprosba) em parceria com o Ministério da Cultura, que liberou uma verba de R$ 180 mil para sua execução.
Instalada na rua das Vassouras, nª 46 , no final de linha da Praça da Se, a radio não se limitará, entretanto ao publico das profissionais do sexo. A emissora é estruturada com estúdios de gravação e computadores adaptados para produção, gravação e edição de programas.
Coordenador do projeto, o públicitário Sandro Correia explica que o foco é "contemplar todas estas minorias, que são maioria, na verdade, como prostitutas, homossexuais, travestis, afros e índio-descendentes, transexuais e outros, parcelas estigmatizadas da população tendo como cenário o Centro Histórico de Salvador", detalha.
Pago, logicamente.
Tomara que seja um Discovery free bitch channel.
Ah, tem mais, essa eu perdi ontem:
Coisas interessantes acontecem por aí, né?Daspu desfila coleção de verão em Salvador / foto: Margarida Neide
Veja galeria de fotos do desfile
Mirela Portugal
Do lado de fora do café Baobá no Rio Vermelho, uma espectadora a espera do início do desfile da grife Daspu comenta: "Tô louca pra ver, será que é como aquelas roupas da Bebel?". Talvez parte das criações não agradasse ao estilo peculiar da prostituta musa da novela das oito, como os vestidos comportados ou as camisetas com frases singelas como "A minha aranha quer comer sua cobra", "Antes do show, afine o instrumento" e "Aqui se faz, aqui se paga". Já outras peças tinham o brilho e glamour bem ao gosto da garota de Gilberto Braga.
O desfile da noite de quinta abriu com uma modelo num elegante sobretudo negro de plumas, acendendo e tragando fundo um cigarro enquanto andava sensualmente até a passarela externa ao bar, para sentar-se em frente à uma penteadeira. Ao fundo, um funk dava conta das apresentações: "Daspu é uma puta parada/Daspu é uma parada de puta". Um a uma, 25 peças das três coleções lançadas [Putarte e Copasacana são as mais recentes] eram recebidas aos aplausos pela platéia dentro e fora do bar, que não se envergonhava em demonstrar aprovação para um rebolado mais acentuado ou um peitoral mais definido dos modelos.
Mas a sacanagem da noite terminou por aí. À todo momento, desde o discurso de apresentação, todos faziam questão de confirmar que a grife surgida há 2 anos é um projeto principalmente social. Gabriela Leite, coordenadora da Rede Brasileira de Prostitutas, explica que a marca tem a intenção de dar maior visibilidade e verba para a causa. "Demos sorte em ganhar publicidade gratuita, já que a grife surgiu na época do escândalo da Daslu. O que conseguimos aqui não tem preço, é uma luta de anos começando a surtir efeito", diz.
Cabaret - Muitas botas de salto agulha, paetês, biquinis, caras e bocas depois, e em cerca de meia hora o desfile havia acabado. O evento veio à Salvador - depois de passar por Rio, São Paulo e Brasília - através de uma associação com o Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS [GAPA] e a Associação Salvador Negroamor.
Toda as roupas desfiladas são resultado de uma parceria entre prostitutas da ONG Davida e estilistas voluntários. Segundo Sylvio de Oliveira, designer e autor do nome da grife, a Daspu é para todos. "Não tem como saber se alguém é prostituta ou não apenas pela roupa". O mesmo disse Gabriela em relação aos modelos que desfilaram. "Vocês vão ter de adivinhar quem é puta e quem não é. Sou contra o gueto", diz.
Ao todo, foram 20 pessoas vestindo as criações, 10 jovens do projeto social soteropolitano Moda nas Comunidades Carentes, 3 artistas locais, 2 prostitutas e 5 modelos profissionais. O melhor de tudo é não saber exatamente quem era o que, já que todos, por assim dizer, incorporaram o papel. Além dos meninos e meninas, alguns artistas, como o cantor Jauperi e a travesti Divina Valéria, apareceram e vestiram a camisa da causa. Para quem se interessou e quer vestir a sua também, as peças da grife serão vendidas no café Baobá.
bc